If I Die Young escrita por Kaya Levesque


Capítulo 12
Guns and Roses


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bom com vocês? Finalmente estou de volta numa quinta-feira, como prometido. Não tenho muito o que dizer aqui, BUT quero agradecer os reviews do capítulo passado, sério, vocês fazem todo esse rolê de escrever valer à pena. ♥ Boa leitura!
Guns and Roses – Lana Del Rey



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Carol: Your dad used to hit you and then he got himself killed.

(s06ep02, JSS)

 

Pelo resto da tarde, acabei num lugar que não ia há tempos: um grande carvalho perto de minha casa. Pendurado em um dos galhos, havia um balanço que Pete e Tobin haviam colocado para as crianças, e foi lá que fiquei até muito depois do Sol se pôr. Ele ficava nas sombras da árvore, então não tinha como alguém me ver, a não ser que passasse muito perto, o que quase nunca acontecia; aquele era um dos pontos mais esquecidos de Alexandria.

Voltei para casa apenas à noite, quando comecei a ficar com fome. Evitei as pessoas pelo caminho, andando rápido e mantendo a cabeça baixa. Logo, estava no gramado de casa, e então na porta. As luzes da sala estavam acesas e haviam mais vozes vindas de dentro do que de costume, o que achei estranho.

Abri a porta hesitante e a conversa diminuiu até parar quase completamente.

— Spencer? — perguntou Deanna.

Pendurei meu casaco no gancho, caminhando para perto da escada e olhando para a sala. Lá, Deanna estava de pé perto de uma janela enquanto Rick, Tobin e um homem negro conversavam. Pelas descrições, aquele devia ser Morgan, o velho amigo de Rick que estava presente quando o homem achou os andarilhos na pedreira.

— Não — respondi. — Só eu.

Ela assentiu e pareceu lançar um olhar a Rick que não entendi bem. O pai de Carl me olhou e então virou-se para os outros:

— Continuem sem mim — pediu.

Os dois homens assentiram e retomaram o assunto, ao passo que Deanna paenas se voltou para a janela. Rick acenou para a cozinha e o segui hesitante até o cômodo, parando perto do balcão.

— Emily — disse ele. — Vejo que está melhor.

Assenti, ainda desconfiada.

— Não tão ruim quanto antes — falei.

Rick deu um sorriso minúsculo.

— Vou direto ao assunto — disse. — Ainda não começamos a construir os novos muros e há coisas que precisamos definir. Precisamos de todas as pessoas que saibam pelo menos um pouco sobre engenharia nisso e Deanna mencionou que você estava treinando para substituir Reg.

— Sim — confirmei, curiosa com o rumo daquela conversa.

— Nós gostaríamos que você se juntasse à equipe — disse.

Baixei os olhos e encarei o chão por alguns segundos. Eu estava aprendendo arquitetura com Reg antes, e sabia que tinha potencial; aquela seria uma ótima desculpa para ficar fora de casa, ambiente que eu procurava desesperadamente evitar; e o esforço mental não me deixaria pensar em outra coisa.

— E todos concordam com isso? — perguntei, apenas para ter certeza. Rick deu de ombros.

— Carter não acha uma boa ideia, nem Morgan e Michonne — contou. — Eles estão dizendo que o luto é muito recente. Mas a escolha é sua. Além disso, Tobin disse que você faz contas melhor do que qualquer um que ele conhece.

— É verdade — confirmei e Rick riu. Assenti, começando a me sentir animada pela primeira vez em dias. — Eu quero.

O homem balançou a cabeça e começou a voltar para a sala.

— Vamos sair amanhã, cedo — avisou ele, antes de sair.

Sorri para mim mesma e voltei-me para a geladeira. Após uma pequena busca, achei o pedaço que escondera de Spencer – famoso por devorar a comida que outras pessoas guardavam – e o engoli rapidamente. Depois, comecei a colocar a cozinha em ordem, coisa que ninguém parecia estar interessado em fazer nos últimos dias. Varri o chão, lavei a louça e lustrei o balcão, sabendo que aquele serviço me deixaria cansada o suficiente a ponto de dormir pelo menos parte da noite.

De vez em quando, eu tinha vislumbres da pequena reunião no outro cômodo, e o modo como Deanna agia estava começando a me preocupar. A mulher se limitou a ficar perto da janela, encarando através do vidro e raramente dizendo uma palavra ou duas. Presumi que estivesse esperando Spencer, mas ela continuou a olhar para fora mesmo depois que o rapaz chegou, e finalmente entendi que sua muralha havia caído. Devia ser assim que Deanna se comportara nos últimos dias, quando não estava perto de mim, mas aparentemente não havia mais necessidade de fingir agora.

No final da reunião, fiquei responsável por gentilmente expulsar todos, levando-os à porta e mantendo-a aberta até que não houvesse mais ninguém dentro da casa. Deanna já havia subido para seu quarto, alegando estar cansada, e Spencer agora assaltava a geladeira, distraído. Restou-me então ir para meu quarto e me preparar para dormir.

Aquela noite foi melhor do que a anterior. Eu consegui dormir mais, embora ainda tivesse sonhos perturbadores dos quais não me lembrava direito ao acordar. No entanto, ao ser despertada pelo som do relógio pela primeira vez em meses, consegui sentir algo que não reconheci de cara: animação.

Levantei-me, espiando através da janela por trás das cortinas antes de ir até o armário e pegar um jeans e um casaco azul marinho. Desci as escadas quase quicando enquanto prendia meus cabelos num coque e pensava na última vez em que estivera animada daquele jeito. Fora no dia da festa, quando eu descia os mesmos degraus com Enid para fazer doces para a ocasião. Pouco tempo havia se passado desde aquela noite, mas parecia um milhão de dias atrás; uma outra vida para uma outra pessoa.

Spencer estava praticamente desmaiado numa poltrona na sala, mas ergueu os olhos ao me ouvir descendo. Ele acenou com a cabeça para mim e se levantou um pouco grogue, efregando os olhos.

— Vamos — chamei, indo em direção à porta e pegando meu casaco. Ele me seguiu, e logo estávamos andando juntos por Alexandria.

— Onde você se escondeu ontem? — perguntou Spencer. — Te procurei a tarde inteira.

— Pra quê? — perguntei.

— Queria visitar o cemitério — disse ele. — Ainda não fui, mas não quero ir só.

— Ah — falei, desviando os olhos. — Eu também não fui. Acho que podemos ir hoje à tarde, Deanna me pediu pra plantar flores lá. Quer me ajudar?

Ele apenas assentiu, sem falar mais nada, e logo estávamos chegando aos portões, onde encontraríamos o resto das pessoas. Teríamos de sair, então foi organizada uma espécie de caravana para que todos pudessem ir juntos.

À frente, estavam Rick, Abraham e Glenn, aparentemente acertando os últimos detalhes. Spencer se aproximou do carro com Heath e Scott e o segui, distraída. Eles começaram a conversar, e mesmo não prestando atenção, não era difícil adivinhar que tratava-se de uma enxurrada de pêsames e condolências em Spencer.

Observei ao redor, tentando não me incomodar com a situação. Haviam diversas pessoas ali, a maior parte parecendo apreensiva. Vi Jessie falando com Paula, Aaron despedindo-se de Eric e Ron apenas observando, mais afastado de todos.

— Certo, pessoal — disse Rick lá na frente, subindo na parte de trás de um dos carros para que todos conseguissem vê-lo. — Eu sei que é assustador sair por esses portões, mas é algo que temos que fazer. Rosita, Carl e Daryl vão passar distribuindo armas para aqueles que sabem usar, e é importante que todos façam o máximo de silêncio possível lá fora, porque não queremos atrair nenhuma atenção indesejada.

Enquanto Rick continuava seu discurso, alguém me cutucou e virei-me para ver Carl me estendendo um revólver que havia tirado de uma sacola de pano. Senti as borboletas voltarem a voar em meu estômago quando meus olhos encontraram os dele, mas fiz meu melhor para fingir que não ligava. Ignorei a arma e acenei para a faca que Rosita me dera, agora presa em uma bainha à minha cintura. Mesmo assim, o garoto continuou estendendo a arma e peguei-a de qualquer maneira, fazendo-o sorrir.

Carl se afastou sem dizer nada e senti meu peito murchar como um balão furado quando vi que ele estava se aproximando de Enid. A garota estava parada perto de Olivia e fez algo parecido com sorrir quando ele se aproximou. Desviei os olhos para que nenhum dos dois me visse encarando e prendi a faca novamente em meu cinto, colocando as mãos nos bolsos do casaco e indo em direção a Ron.

Caminhei calmamente, sem fazer contato visual com mais ninguém e ignorando qualquer coisa que Rick ainda estava dizendo. Ron estava encostado numa das caminhonetes que não usaríamos e, ao dar uma boa olhada, sua aprência me assustou um pouco. Haviam círculos escuros em volta de seus olhos, o que indicava noites mal-dormidas, e ele parecia ainda mais pálido do que quando me visitara na enfermaria.

— Ei — disse, a voz rouca.

— Oi — falei. — Tudo bem?

— Não — respondeu ele. — Você usa armas agora?

Dei de ombros.

— Não pretendo — admiti. — Rosita apenas me ensinou o básico. Por que a touca? — perguntei para mudar de assunto; não queria falar sobre Pete, não queria pensar em como me sentira quando recebera a notícia de sua morte e não queria lembrar com quem estava. Ron passou a mão por sua cabeça, onde uma touca preta cobria seus cabelos.

— Estou tentando fugir dos cortes de cabelo da minha mãe — respondeu ele.

— E isso inclui se esconder da luz do Sol no quarto? — perguntei, sentindo um sorriso brincar em meus lábios. — Você está muito branco, mais branco do que o aconselhável.

Ron encolheu os ombros.

— É mais confortável lá — explicou. Balancei a cabeça.

— Você precisa sair mais — comentei. — Por que não fica com Mickey? Paula gosta quando você vai lá.

— Mickey está todo estranho comigo — respondeu o garoto, fazendo uma pequena careta. — Outro dia eu disse que precisava dar uma mijada, e ele falou “não se preocupe cara, eu faço por você”. Acho que demorou um tempo até perceber que isso nem faz sentido.

Dei uma risada longa, e Ron acabou me acompanhando. Era bom rir novamente.

— Você vai? — perguntou ele, indicando os portões.

Virei-me e vi que as pessoas começavam a se mover em direção aos carros, todos parecendo um pouco hesitantes. Assenti e voltei a olhar para Ron.

— Pois é — respondi. — Precisam de alguém pra fazer as contas.

Ele assentiu.

— Nesse caso, você é a pessoa certa — garantiu.

O garoto sorriu para mim, de verdade dessa vez, e devolvi o gesto, feliz por tudo estar normal entre nós. Eu teria lhe dito isso, mas antes que pudesse, ambos ouvimos Spencer gritar:

— Vamos Emily, você tem tempo pra namorar depois — disse em alto e bom som.

Senti o sangue subir à minha cabeça ao perceber que as pessoas agora se viravam para mim e Ron. O rosto do garoto tornou-se vermelho sangue e não pude deixar de rir de sua expressão envergonhada. Ele também deu uma risadinha sem graça.

— Eu falo com você mais tarde — prometi.

Dei as costas ao menino e comecei a andar até a picape onde Spencer me esperava, evitando os olhares curiosos das pessoas à minha volta. Elas deveriam estar confusas, claro, afinal seria muito estranho caso realmente houvesse algo entre mim e Ron, considerando que o pai dele havia matado Reg. Franzi as sobrancelhas por estar pensando naquilo e entrei na picape, fazendo uma careta para Spencer.

Infelizmente, Scott e Heath já estavam na parte da frente, então sobrou para nós dois a caçamba do carro. Logo, Annie se juntou a nós com Francine e Betsy. Elas olharam para mim, e eu não sabia se ficava feliz por não haver pena em suas expressões, ou incomodada com seus sorrisos estranhos.

Logo, a picape começou a andar e me abracei, tentando manter o frio longe. Meu casaco não era o suficiente para afastar as baixas temperaturas, e logo senti meus dentes começarem a bater. A paisagem passava rapidamente por nós enquanto íamos para o ponto entre as estradas de Marshall e Redding, mas dei a sorte de não ver nenhum andarilho entre as árvores; aquilo certamente teria me deixado mais nervosa do que eu já estava.

Finalmente, chegamos ao ponto mais extremo de Alexendria. Paramos bem em uma das saídas que daria para a comunidade, e de longe pude ver o muro de Reg não tão reforçado quanto os outros. Desci do carro tentando controlar minha mandíbula e respirando fundo. As pessoas se espalharam pelo lugar, aparentemente já sabendo suas funções, e me restou apenas ir até Tobin, que havia colocado uma mesa e dois bancos ali perto e agora espalhava vários papéis em cima da mesma. Ele sorriu ao me ver.

— Se não é minha matleta preferida — disse. Sorri brevemente.

— Então, o que eu faço? — perguntei.

— Quero saber quanto de material teríamos que usar para cercar essa estrada até em casa — disse ele prontamente. — Rick vem querendo fazer isso, mas acho que não vai ser possível. Preciso do valor exato de toras e placas, tem o tamanho delas em algum lugar no meio disso tudo. — Ele gesticulou para a papelada. — São três quilômetros até Alexandria. Além disso, estavam falando sobre construir muros ao redor de toda a tragetória dos andarilhos, então me avise se der.

Assenti.

— Considere feito — falei. Tobin sorriu.

— Obrigado — disse ele, antes de se afastar.

Pelo resto da manhã, cuidei de minha tarefa, distraída com todo o resto. O primeiro desafio foi encontrar as medidas no meio dos papéis inúteis e desorganizados de Tobin. Quando finalmente me sentei para fazer as contas, tive de lidar com o barulho do que acontecia à minha volta: pessoas gritando umas com as outras, placas de ferro e toras de madeira sendo movidas e colocadas no lugar e motores de carro, tudo se misturando em meu cérebro e me impedindo de pensar direito. Ninguém parecia preocupado em seguir o conselho de Rick sobre barulho, e não o ouvi reclamar nem uma vez.

Suspirei, exasperada enquanto amassava mais uma folha cheia de números que haviam se tornado muito confusos. Prendi uma parte do cabelo para trás e dobrei as mangas de meu casaco azul, encarando as contas no papel que pareciam zombar de mim, e subitamente fiquei com raiva. Se não conseguia fazer alguns simples cálculos de quantidade, como me tornaria uma arquiteta de verdade? Esse pensamento me fez pegar a caneta e voltar ao trabalho.

Finalmente, por volta da hora do almoço, alguém se sentou na mesa à minha frente. Ergui os olhos para ver Jessie me encarando com a mesma expressão que tinha quando eu ia a sua casa para ficar com Ron. Ela sorriu ofegante para mim, mostrando as covinhas em suas bochechas, e retribuí o gesto.

— Vejo que arrumou um jeito de ajudar também — comentou, olhando os papéis à minha frente e bebendo um gole do que quer que estivesse no copo em sua mão.

Dei de ombros.

— Não é nada demais — falei. — Não acho que vá ajudar os muros que já estão sendo construídos de qualquer forma.

Ela assentiu.

— Pelo menos você não está como o resto de nós — disse ela, fazendo uma pequena careta. — Acho que se eu tiver que cavar mais um buraco para as estacas, meus braços vão cair. O lado bom é que as pessoas estão falando que, nesse ritmo, acabaremos em três dias, então talvez meus braços aguentem.

Eu ri e Jessie me acompanhou.

— Não são vocês que estão tentando fazer cálculos no meio dessa zona — comentei. — O que você está bebendo?

— Água — respondeu a mulher, estendendo-me o copo. Aceitei, só então percebendo o quanto minha boca estava seca. Jessie baixou os olhos enquanto eu bebia alguns goles, então olhou em volta. — Incomoda, não é? — perguntou de repente.

Franzi a testa.

— O quê? — indaguei. A mulher deu de ombros, voltando a olhar para mim.

— Todas essas pessoas te olhando como se você fosse um gatinho machucado — respondeu ela. — Como se você fosse a pessoa mais digna de pena no mundo, como se eles também não houvessem perdido coisas. É ridículo.

Assenti, concordando. Eu apreciava que as pessoas me desejassem suas condolências, mas também queria que soubessem que eu estava tentando passar por aquilo – que eu era mais do que as coisas ruins que me aconteceram. Fazia sentido falar sobre aquilo com Jessie porque ela era um perfeito exemplo da situação.

— Estou preocupada com Ron — falei. Jessie balançou a cabeça, franzindo o cenho.

— Eu também — disse. — Ele não tem saído de casa, não quer conversar e está com raiva o tempo todo. Há dias que eu não o ouço falar mais de quatro palavras por frase.

— Eu espero que ele melhore — falei, sinceramente. Precisava ter meu melhor amigo de volta. Jessie assentiu, e então sorriu para mim.

— Você pode ajudar — disse. — Hoje foi a primeira vez desde que o pai dele morreu que eu o vi sorrir de verdade e foi graças a você.

Sorri um pouco sem graça, baixando os olhos ao lembrar do que Spencer havia dito. Jessie suspirou, levantando-se.

— Acabou o intervalo — disse. — Mas obrigada.

A mulher me deu mais um vislumbre de suas covinhas, então foi se juntar aos outros.

No meio da tarde, a construção estava bem mais avançada do que eu imaginei que estaria. As vigas estavam em seus devidos lugares, e já haviam cerca de seis placas de pé. As pessoas pareciam mais confiantes de que aquilo daria certo, e consegui até ouvir algumas risadas.

Assim como os outros estavam dando cabo de seus trabalhos, eu consegui terminar o meu. Após refazer todos os cálculos apenas para ter certeza, constatei que mal tínhamos material suficiente para terminar o muro no qual trabalhávamos. Não seria possível cercar o caminho até Alexandria, muito menos a trajetória dos andarilhos.

Porém, antes que eu pudesse me levantar para falar com Tobin, Rick largou sua conversa com Deanna, que aparecera apenas há algumas horas, e deu alguns passos à frente, encarando a floresta.

— Carter — disse, alto o suficiente para que eu escutasse. — Pensa rápido.

Levantei do banco e pude ver o que Rick observava. Alguns andarilhos, menos de uma dúzia se aproximavam de onde Carter e mais algumas pessoas colocavam vigas. Aproximei-me de Deanna, parando a seu lado, a mão no coldre preso à minha calça, e sentindo meu coração martelar contra as costelas.

Logo, as pessoas vieram para ajudar. Daryl, Michonne, Rosita e mais alguns vieram correndo ao encontro do grupo, mas foram impedidos por Rick, que ergueu uma mão pedindo para que parassem.

— Usem suas pás — sugeriu Rick. — Armas atrairão mais.

— Ajude-nos! — pediu Carter, parecendo aterrorizado. Atrás dele, David ergueu sua arma, trêmulo.

— Vocês podem fazer isso — encorajou Rick. — Vocês precisam, todos.

Dei mais alguns passos à frente apertando ainda mais a arma quando Sturgess tentou se afastar de um dos andarilhos e acabou no chão. Carter e o resto do grupo observavam acuados, ao passo que mais mortos apareciam por entre as árvores.

— Morgan, vai! — disse Rick.

Assim, todos atacaram de uma vez só. Morgan correu até o que já fora um mulher de meia-idade e arrancou metade de seu rosto com apenas um golpe; Daryl lançou uma flecha que atravessou a cabeça de um andarilho; Michonne cortou dois crânios no meio com um só golpe; e Rick, Rosita e Abraham atacaram de maneira convencional, armados de faca. Logo, todos os corpos estavam no chão e todos do grupo de Carter observavam a cena, parecendo amedrontados. O loiro ajudou Sturgess a se pôr de pé e encarou Rick, franzindo os lábios.

Senti uma mão em meu ombro e virei-me para ver Deanna.

— Tem alguns carros voltando — disse, impedindo-me de ouvir o que Morgan falara a Rick. — Está na hora de você e Spencer irem.

Assenti.

— Mande Spencer na frente, quero falar com Tobin primeiro.

A mulher concordou, começando a andar em direção a seu filho e guiando-o aos carros, onde algumas pessoas já se aglomeravam. Apertei os lábios enquanto ouvia as vozes de Rick e Morgan atrás de mim e andei em direção a Tobin, parado ali perto.

— Emily — cumprimentou ele. — Fez o que pedi?

— Duas vezes — confirmei. — Não temos material suficiente para cercar o caminho e volta a Alexandria, nem para murar o dos errantes. Deixei todos os cálculos na mesa, caso você queira checar.

O homem assentiu, pesaroso.

— É uma pena — comentou. Mudei o peso do corpo, apoiando-o na perna esquerda e cruzei os braços.

— Escute — disse. — Isso não era realmente importante, era?

Tobin franziu os lábios.

— Para essa construção? — perguntou, retoricamente. — Não. Para outras que possamos a vir fazer? Extremamente.

Assenti, tornando a olhar a parte dos muros que já estava sendo erguida.

— Então não há muito que eu possa fazer aqui, certo? — perguntei.

— Não — disse ele, após um suspiro. — Rick e Deanna pensaram que este seria um bom jeito de distrair você depois de tudo que aconteceu.

Suspirei, mais agradecida do que irritada; aquilo realmente não me permitira pensar muito.

— Tudo bem — falei. — Mas começando amanhã, eu quero algo de verdade pra fazer.

Tobin riu.

— Vou separar algumas vigas para você carregar, que tal? — sugeriu o homem. Eu sorri.

— Perfeito.

Despedi-me dele antes de seguir para um dos carros, onde Specer segurava a porta para mim. Agradeci por não ter que voltar na caçamba da picape e apenas olhei as árvores se tornarem machas verdes ao nosso redor enquanto passávamos rapidamente por elas.

Assim, logo havíamos chegado a Alexandria. Spencer e eu nos despedimos de Scott e Barbara, que haviam voltado conosco, antes de seguirmos à nossa garagem, onde eu guardava minhas coisas para jardinagem, e ele me ajudou a tirar algumas mudas de rosas de nosso próprio jardim. Colocamos as sete rosas vermelhas com raízes e tudo em um carrinho de mão que Spencer carregou enquanto seguíamos para o cemitério.

— Você pode me ajudar a cavar os buracos — sugeri a ele quando paramos ao lado dos túmulos de Reg e Aiden. Spencer apenas assentiu, parecendo mais triste do que eu já vira e franzi as sobrancelhas, jogando um pazinha para ele.

E por algum tempo, apenas cavamos sem dizer nada. Nenhum de nós dois parecia inclinado a conversar, então apenas deixei o silêncio reinar, sendo quebrado ocasionalmente pelo barulho das pás e um ou outro palavrão que Spencer dizia ao se machucar.

— Como você está? — perguntou-me quando começamos a replantar as rosas. Dei de ombros, suspirando.

— Não sei — falei. — Um pouco cansada. E você?

— Mais cansado que você — respondeu ele, após bufar. — Passei o dia inteiro carregando coisas pesadas e cavando buracos no chão.

Rolei os olhos, rindo enquanto colocava a última rosa no lugar. Assim, nós dois largamos as pás, tiramos as luvas e observamos nosso trabalho por algum tempo.

— Acha que ela vai gostar? — sussurrei para Spencer.

— É claro que vai — garantiu.

Ele deu algumas batidinhas em meu ombro antes de se afastar, pegando o carrinho e indo em direção a nossa casa. Eu o segui após dar uma última olhada nas rosas, e sorri; eram vermelhas, como no quadro.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo à primeira vista pode parecer meio enchimento de linguiça, mas vai ser importante, eu prometo! Além disso, não rola jogar todos os acontecimentos daquele meio-tempo entre a quinta e a sexta temporada num capítulo só, então tenham paciência com a tia, ok? Enfim, aguardo vocês nos reviews! Beijnhos e até o próximo capítulo!



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