If I Die Young escrita por Kaya Levesque


Capítulo 10
Coming Down – Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá! Primeiramente, feliz décimo capítulo da fic!!! Vocês viram o trailer da sétima temporada de TWD? Eu sofri mil mortes, sério, o role vai ser louco.
Segundamente, If I Die Young é um bebê com 3000 visualizações e uma recomendação!!!!! Obrigada à linda da Astérope por recomendar a história, você não tem noção de como eu fiquei quando vi. Além disso, todo mundo que tá acompanhando e favoritando, até as fantasmas, obrigada por tudo! ♥
Aliás, hoje, 28/07, é o aniversário de metade da minha dupla preferida de escritoras. Agatinha, meus parabéns pelo décimo quinto dia do seu nome, continue sendo essa pessoa/escritora/amiga maravilhosa. (Folhinha canadense de outono.)
Enfim gente, boa leitura!!!
Coming Down – Halsey



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Lori: Look at me. Do I look worried?

Carol: You look disgusting.

(s03ep02, Sick)

 

A primeira coisa que registrei foi a claridade. Como eu havia conseguido dormir com a luz acesa? Pisquei algumas vezes e senti várias pontadas atrás dos olhos, que doeram quando eu os movi. Fechei-os novamente e encarei o teto acima de mim, constatando que era irritantemente branco, num tom diferente do que eu geralmente via ao acordar. Aquele não era meu quarto.

Eu me sentia dormente de certa forma, sem muito controle de meu corpo, como se houvesse recebido uma anestesia geral. No entanto, assim que meus sentidos começaram a voltar, percebi o quão seca minha boca estava. Passei a língua pelos lábios, afim de umedecê-los pelo menos um pouco, mas foi quase inútil. Então comecei a olhar em volta, procurando algo para beber.

Após uma rápida espiada ao meu redor, movimento que, estranhamente, me deixou tonta, vi que havia uma agulha em meu braço. Segui o fio ao qual ela estava ligada e meus olhos pararam em uma bolsa quase vazia presa a um suporte de metal. O líquido pingava da bolsa, correndo pelo fio e gotejando em minhas veias. Havia uma cadeira ao lado de onde eu estava deitada, e, em cima dela, um livro com a capa virada para cima. Tornei a descansar a cabeça nos travesseiros, respirando fundo algumas vezes.

Aquela era a maca na qual Tara estava quando eu fora visitá-la com Carl... quando? No dia anterior? Não, fora de manhã... que horas eram? Tentei levantar o braço pesado e dolorido para afastar as cortinas por trás da cadeira com a ponta dos dedos para visulizar a janela, mas antes que pudesse, ouvi passos na escada.

Virei-me para ver Eric entrar em meu leito com uma xícara de alguma coisa fumegante. Ele mancava por causa da tala em sua perna, mas seu rosto pálido se iluminou ao me ver acordada. O homem caminhou para mim, deixando a caneca em uma mesa de metal perto de minha cabeça que comportava algumas seringas, uma toalhinha e mais uma bolsa com o mesmo líquido transparente.

— Emily — falou em voz baixa, como se não quisesse me assustar. Sorri fracamente e ele passou a mão por meus cabelos algumas vezes. — Como se sente?

— Com sede — respondi. Minha voz soava rouca e travada, o que me assustou um pouco.

O homem fez sinal para que eu esperasse e saiu novamente, retornando com um copo de papel. Ele me ajudou a sentar, e esperou enquanto eu respirava fundo de olhos fechados, torcendo para a náusea ir embora. Quando me senti um pouco melhor, peguei o copo, tocando os lábios ressecados antes de tomar um gole.

Olhei para Eric, percebendo seu olhar preocupado sobre mim.

— O que aconteceu? — perguntei, sem entender sua expressão.

— Maggie disse que é algum tipo de choque emocional — disse ele. — Você chegou na reunião já parecendo muito transtornada, e quando Rick tentou conversar, você... caiu. Ele amparou sua queda e te trouxe aqui.

E então a sensação de ter levado um soco voltara. Eu finalmente percebera por que estava ali e lembrara o motivo para meu surto repentino.

Flashes daquela noite inundaram minha mente. O choro de Judith, a melodia da caixinha de música, os olhos de Carl, minha corrida desesperada, o ar frio queimando minha garganta, o cérebro de Pete espalhado no chão, a poça de sangue ao redor de Reg...

Dessa vez, não consegui segurar a náusea, que veio com tudo. Senti o vômito em minha garganta, e Eric deve ter percebido, porque tirou o copo de minha mão e chutou uma lata de lixo para perto de mim no exato momento em que eu botava pra fora tudo o que havia em meu estômago. Por coincidência, não era muita coisa; apenas um líquido amarelo que provavelmente era o último resquício de suco gástrico em meu corpo e os poucos goles d'água que eu conseguira beber.

Eric deu algumas batidinhas leves em minhas costas, segurando meus cabelos.

— Bote pra fora — disse.

No entanto, eu havia acabado. Limpei os lábios na toalha em cima da mesa e comecei a chorar descompassadamente, soluçando alto. Eric sentou ao meu lado sem dizer uma palavra, apenas segurando minha mão, enquanto esperava que eu parasse.

Demorei vários minutos somente para me acalmar e mais outros tantos para interromper os soluços que sacudiam meu corpo. No momento em que parava um pouco, eles logo retornavam e mais lágrimas caiam. Pelo menos a náusea não voltou, o que foi bom.

Quando finalmente consegui parar, Eric se afastou e pegou mais água para mim.

— Vou pedir para alguém avisar a Deanna que você acordou — informou ele.

— Por que ela não está aqui? — perguntei, a voz ainda frágil.

— Ela esteve ocupada — disse ele. — Há... muitas coisas acontecendo, e foi tudo de uma vez. Mas ela vem mais tarde, estamos nos organizando em turnos.

— Quem?

— Eu, Deanna — listou ele. — Spencer, Denise, Maggie e Rosita.

Franzi a testa. Estava estranhamente contente por haver tantas pessoas cuidando de mim, mas era um pouco estranho, principalmente considerando que eu mal conhecia Rosita.

— Por que tantas pessoas?

— Como eu disse, há muitas coisas acontecendo — disse ele vagamente. — Todos estão muito atarefados, por isso ninguém pode ficar muito tempo.

— Ótima explicação — comentei, bebendo mais um gole d'água.

Eric deu uma risadinha sem graça.

— Desculpe — falou. — Apenas não quero que se estresse.

Assenti, olhando-o compreensivamente e fiz uma careta, sentindo meu estômago roncar.

— Estou morrendo de fome — comentei.

— Carol fez uma sopa pra você — informou Eric. — Quer que eu pegue?

— Claro — respondi.

Logo, o homem havia tornado a mancar escada abaixo. Concentrei-me em respirar fundo, impedindo-me de pensar, e encarei a cortina a meu lado, cantarolando alguma música aleatória. Meus olhos ainda doíam e me perguntei se havia algum remédio para melhorar aquilo; eu falaria com Denise mais tarde.

Eric voltou com um prato fundo que exalava um cheiro maravilhoso de frango. Ele tornou a se sentar na cadeira e pegou uma colher. Eu ri.

— Posso comer sozinha, obrigada — falei.

Ele ergueu uma sobrancelha, debochado.

— Tem certeza? — perguntou, olhando sugestivamente para minhas mãos. Só então percebi que ambas tremiam.

— Tudo bem — cedi.

Eric encheu a colher, parecendo contente consigo mesmo, e apenas comi por vários minutos. A sopa estava ótima e eu tinha certeza que seria capaz de devorar três pratos como aquele sem problemas. Porem, quando acabei, Eric não fez nenhuma menção de descer para pegar mais. Suspirei, lembrando-me do que dissera a Enid sobre comer muito quando ela chegara.

— Então, o que está acontecendo? — perguntei para mudar de assunto. O homem me olhou, hesitante. — Sério, você não vai conseguir esconder de mim por muito tempo.

Eric suspirou.

— Bom, antes de ontem quando fomos enterrar Pete...

— Espera — interrompi, confusa. — Antes de ontem? Há quanto tempo eu estou aqui?

— Dois dias hoje — respondeu. — Maggie disse que demoraria de três a cinco dias para você se recuperar.

— Ah — falei, surpresa. — Certo, continue.

— Deanna não queria enterrar Pete aqui — contou Eric. — Então Rick foi com o recém-chegado para o lado de fora...

— Recém-chegado? — interrompi novamente.

— Sim — respondeu Eric, sem paciência. — Aaron e Daryl o trouxeram e ele é algum amigo antigo de Rick. Posso continuar ou você vai continuar fazendo perguntas a cada frase?

— Certo, desculpe.

— Então eles foram enterrá-lo e acharam um lugar enorme cheio de andarilhos — continuou. — Eu não estive lá, então não sei bem como é, mas há centenas deles. Rick disse que foi o que manteve Alexandria de pé esse tempo inteiro, porque os desviava da comunidade. — Ele deu uma pequena pausa. — No entanto, eles ficaram preocupados, porque aparentemente, o que está impedindo os andarilhos de virem são caminhões gigantes que estão perto de cair. Então agora todos estão trabalhando numa estratégia para guiá-los para longe da comunidade.

— Uau — falei, após uma quantidade apropriada de minutos.

— É — disse Eric. Balancei a cabeça lentamente.

— Eu fico apagada por dois dias e quando volto as coisas estão assim? — perguntei. — Vocês precisam de Jesus.

Eric gargalhou, fazendo meus ouvidos estalarem e balançou a cabeça.

— Alguém veio me visitar? — perguntei.

— Várias pessoas — disse ele, e achei um pouquinho de alegria para sorrir. — Mickey e Ron vieram ontem de manhã, Enid e Aaron passaram a tarde aqui, Daryl veio com Rick e Michonne à noite, Maggie, Glenn e Carol, hoje de manhã, e Carl saiu um pouco antes de você acordar.

Dei um sorrisinho bobo à menção de Carl, repreendendo-me em seguida. Com tudo que estava acontecendo eu ainda achava espaço para sorrir que nem uma criancinha porque Eric dissera um simples nome. No entanto, aquilo significava que se eu houvesse acordado um pouco antes, teria visto Carl pela primeira vez desde aquela noite e não sabia como me sentir sobre isso. Sim, eu queria vê-lo. Muito. Mas não naquela situação, principalmente dado nosso último encontro. De certa forma, fiquei feliz que ele havia saído antes que eu acordasse, embora um pouco decepcionada.

Meu sorriso não passou despercebido por Eric, que ergueu uma sobrancelha, olhando-me sugestivamente.

— Não pergunte — implorei. Ele riu.

Depois daquilo, concentrei-me em conversar apenas trivialidades com Eric. Não queria pensar sobre Pete, muito menos Reg, nem sobre Carl, então perguntei sobre o clima, as pessoas e, em geral, o que havia acontecido enquanto eu estivera fora. Ele me contou sobre Morgan, o amigo de Rick; sobre Tara, que havia melhorado consideravelmente; e sobre Heath, Scott e Annie, que haviam voltado de sua ronda.

Um pouco mais tarde, Eric anunciou que estava na hora da mudança de turnos, e assenti, um pouco triste. Eu sempre adorei conversar com o homem porque ele tinha um senso de humor ótimo e inabalável.

No entanto, pouco depois de ele ter se despedido e desaparecido nas escadas, Deanna subiu. A mulher parecia mais cansada do que eu já a vira em todo o tempo que morara com ela, mas ainda assim pareceu encontrar ânimo e sorrir como não fizera desde Aiden. Imitei o gesto, sentindo um nó se formar em minha garganta ao pensar em Aiden, e, principalmente, em Reg.

Acabamos, nós duas, chorando juntas sem dizer uma palavra. Era bastante reconfortante ter ali alguém que sabia pelo que eu estava passando e não fazia questão de dizer nada. A mulher apenas segurou minha mão, como Eric fizera, e soluçou comigo por um bom tempo.

Depois do que pareceram horas, conseguimos parar de chorar. Meus olhos pareciam ter sido substituídos por suas bolas de golfe e eu podia sentir meu nariz escorrer. Devia estar linda. Deanna olhou para mim e fez o que eu menos esperava que fizesse: riu.

— Você está horrível — disse.

Dei uma gargalhada que doeu em meu olhos e ouvidos, mas não me importei. Foi quase uma crise histérica que também acabou em algumas poucas lágrimas.

— Não estamos as duas?

— É verdade — concordou a mulher, passando a mão em meus cabelos.

Baixei os olhos, sentindo a tristeza chegar novamente, e encarei Deanna, as sobrancelhas franzidas.

— Eu sinto muito — falei. — Pelo Reg, é tão injusto...

Ela balançou a cabeça e parei de falar, fitando-a.

— Nós o enterramos — contou. — Ao lado do túmulo de Aiden. Você pode vistá-lo quando estiver melhor. A primavera está chegando, talvez possa plantar algumas flores lá. Margaridas, lírios, folhados, o que quiser

Assenti, sorrindo fracamente.

— Como você se sente? — perguntei a ela.

— Cansada — respondeu Deanna. — Frustrada. Triste. E você?

— Vazia — falei.

A mulher inclinou a cabeça, apertando os lábios e segurando minha mão com força.

— Você não precisa se sentir assim — disse. — Sei que vai ser difícil de enfrentar isso, mas não podemos nos dar por vencidas.

Assenti lentamente, sentindo minha cabeça doer.

— Eu posso tomar alguma coisa para dor? — perguntei.

Deanna balançou a cabeça negativamente.

— Por enquanto, só soro — disse. — Foi ideia de Maggie porque você estava ficando desidratada demais.

Suspirei, frustrada.

— Queria poder fazer algo — reclamei. — Pra me distrair um pouco. Ou pelo menos dormir. Parece que fui atropelada por um caminhão e pisoteada por vacas.

Deanna riu.

— Vai ter muito o que fazer quando sair daqui — disse. — Se decidir ajudar, claro.

— Eric me contou o que Rick esteve fazendo — informei.

A mulher assentiu lentamente.

— Escute, eu vi como você ficou quando ele brigou com Pete — disse ela, cuidadosamente. — E depois que você simplesmente chegou do nada na reunião, eu me senti a pessoa mais terrível do mundo. Não queria que você tivesse visto aquilo, desculpe. Mas o que importa é que Rick sabe o que está fazendo e vai manter Alexandria a salvo, por isso...

— Eu sei — interrompi. — Quer dizer... Eu falei com Reg sobre isso. Ele também não concordava em mandar Rick embora.

Deanna ergueu as sobrancelhas.

— Também? — repetiu. Assenti, sem graça.

— Sim — falei. — Eu não queria que ele fosse. Não queria que Judith e Carl ficassem sem o pai, porque sei o quanto é ruim crescer sem um.

Aquilo fez Deanna rir novamente. Eu a olhei com as sobrancelhas franzidas e ela se apressou em explicar:

— Reg e eu, nós... sabíamos que você não é nossa filha. No entanto, às vezes ele dizia que achava fácil de esquecer. Era como se houvéssemos criado Aiden e Spencer e você houvesse chegado depois, como a menininha que não conseguimos ter.

Ela sorriu, os olhos marejados, e senti o nó voltar a apertar minha garganta. Ficamos alguns minutos em silêncio enquanto eu processava algumas coisas. Sim, meus pais haviam morrido há muito tempo para que eu tivesse uma chance de viver. Mas, mesmo que eles não estivessem presentes enquanto eu crescia, haviam tomado forma em Deanna e Reg, que me criaram como se eu fosse deles. E aquela foi a melhor coisa que alguém poderia ter feito por mim.


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Notas finais do capítulo

Como vocês viram, esse não foi lá muito agitado nem teve nada de tão interessante. Desculpem por isso, eu não considerei que dividir o capítulo tiraria parte das coisas legais. De qualquer forma, deixem reviews dizendo o que acharam, Deus tá vendo vocês lerem sem comentar.
Mas enfim gente, aqui eu finalizo esse post duplo. Não sei quando vai ter capítulo novo por causa de todas aquelas razões que falei nas notas passadas, então peço desculpas adiantadas pelo atraso. Mas, independentemente de quando saia, eu tenho 83% de certeza que vai ser numa quinta, então marquem aí nas suas agendinhas. Boa volta às aulas pra quem volta (pro inferno) na segunda.
Beijinhos e até e próximo capítulo!