Beatriz escrita por Revoltada


Capítulo 2
Acidente


Notas iniciais do capítulo

Oii coelhinhos e coelhinhas,
No último capítulo fiz uma brincaderinha, e nesse eu usei as palavras que vocês me disseram. Bia f Pego, só a sua que eu usei em português, sorry :) Obrigado as Bias que comentaram e a minha Geek Linda. Welcome para os novos.
Esse vai para todas as Bias que me acompanham.
Boa Leitura.



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Já passava da meia noite  quando o barulho de passos pra lá e pra cá cessaram. A menina passou a mão pela testa e limpou algumas gotinhas de suor que lá se encontravam, olhou em volta e deu um pequeno sorriso triste, pelo menos ela poderia deitar-se agora, a casa já estava arrumada. Todo dia era a mesma coisa, parecia que quanto mais tentava mais ele se afundava na tristeza em um tipo de luto eterno. Enquanto fazia seu caminho até o quarto esbarrou em um vaso que ficava no corredor. Uma garrafa de wisk que se apoiava nele caiu no chão, fazendo a gemer em cansaço. Era a terceira da semana, além das dezenas de cervejas que já havia catado naquele dia.  Quando finalmente conseguiu chegar no quarto e tomar seu tão esperado banho escutou o barulho da porta abrindo e um andar pesado pela casa.  "Ao menos ele não está bêbado" pensou.  

Já no outro quarto habitado pela casa, o sujeito se deitava na cama sem ao menos se dar o trabalho de tirar o terno. Esfregou os olhos e olhou para a marca na parede, onde outrora um porta fotos ficava, um casal sorrindo entre beijos. Ele não aguentaria se tivesse de ver o lindo sorriso dela toda noite. Sentia falta de sorrir, sabia que não era um bom pai, a perda havia se encarregado disso. Levantou-se da cama e retirou o sapato, andando cuidadosamente entrou no quarto da menina. Ao mesmo tempo que lhe machucava o jeito que ela sempre estava arrumando as suas bagunças, o fazia se sentir grato por ainda não ter sido abandonado. 

 A filha tinha entrado em um sono profundo assim que deitou a cabeça no travesseiro. O homem ficou ali, observando durante algum tempo. Por fim se deu por derrotado e depositando um singelo beijo na cabeça dela foi dormir. 

««« 

Sentiu um aroma diferente no ar, um cheiro bom de café da manhã. Estranhou, "quem estaria cozinhando?". Já fora da cama, caminhou até a cozinha  e a encontrou fazia, contudo a mesa estava posta para ela: Três panquecas com maple — um tipo liquido feito de uma folha, bem parecido com o mel, que os canadenses usam, uma jarra de suco e um xicara de café com leite. Algo floresceu dentro dela, uma lágrima caiu pelo seu rosto. Parecia um simples e pequeno gesto, mas ela sabia que na verdade era enorme, e tinha nome: Esperança. Tomou o seu café da manhã como se fosse o seu último, saboreando cada parte dele. Fora seu pai que fizera. "O meu pai!" 

Depois de ter limpado tudo pegou a mochila e colocou seu uniforme dentro. Calçando o tênis de corrida jogou a mochila nas costas e saiu da casa trancando-a. Enquanto corria pela rua pensava naquele dia, não sabia se fora real,  o seu coração ou os dois, mas estava disposta a realmente tentar. O pequeno ato lhe revigorou, havia desanimado com o tempo, porém agora deixaria de fazer só pela sua mãe e faria por ele.  

Os pensamentos estavam tão tumultuados que não percebeu o carro que virava a esquina ao mesmo tempo que ela atravessava. Seus olhos ficaram esbugalhados e seu corpo travou, só ouvia o som dos pneus sofrendo atrito com o chão no instante em que o motorista tentava freiar desesperadamente. O choque teria sido bem maior, se o carro estivesse em um velocidade um pouco mais alta. O impacto a jogou no chão fazendo  a bater a cabeça.  O motorista saiu apressadamente do carro na tentativa de socorrer a garota, pegou o celular e ligou para ambulância. Um menino, mais ou menos da idade dela — jugou que ter uns 17 — saiu de dentro do carro e chegou bem perto dela. Ele observou o corte por onde o sangue fluía, preocupado  tentou falar com a moça do olhar meio vago. 

— Você está bem? 

Ela só olhava para ele, ou pelo menos tentava, pois o sol lhe ofuscava a visão. Não conseguiu pronunciar um sim. Sua cabeça doía, ia por a mão quando o menino lhe impediu. 

— Hey, cuidado. Tem um corte não tão bonito aí, você não vai querer que infeccione. Já chamamos a ambulância. Consegue se levantar?  

— Nã... ai...hm...— Tentou falar, mas estava com tanta dor que só conseguiu gemer. 

As sirenes começaram a se aproximar, até que o local se encheu de carros vermelhos e pessoas vestidas como enfermeiros. Um senhor com cabelos grisalhos e um sorriso familiar se aproximou. 

— O que temos aqui?  

— Meu motorista estava me levando a escola quando dobrou a esquina e ela apareceu do nada. Ele tentou freiar, mas já era tarde demais. 

— Tem um corte bem feio na sua cabeça, por que não cuidamos dele? — ela tentou mexer a cabeça em afirmação — Não tente se mexer, querida. Vamos colocar você em uma maca e examinar para ver se não têm nada mais. 

O senhor chamou outras pessoas e elas colocaram a jovem na maca com um protetor de pescoço.  Levaram ela para o hospital e o menino se ofereceu para acompanhá-la, visto que estava sozinha.  Lá examinaram o resto do corpo, limparam o corte e fizeram um curativo. Recebeu alguns remédios para dor e chamaram o seu pai. Enquanto esperava o resultado dos exames, o menino entrou no quarto. 

— Olá... Se sente melhor? 

— Um p... pouco dopada. A dor passou, obrigada por me acompanhar. 

— Acho que era o mínimo, afinal fui eu quem te atropelei. — disse sem graça— Qual o seu nome? 

—Beatriz! Oh meu deus... filha? Me ligaram, você está bem? Como se sente? Quem fez isso? Meu deus, sabia que não devia deixar você ir correndo para escola!  — O pai entrou pelo quarto desesperado, sua cor havia desaparecido com a notícia e piorou com a visão da sua filha com um curativo na cabeça e os lábios brancos, tirando por um pequeno fio vermelho de sangue. 

— Pai... e... eu estou bem. 

O enfermeiro entrou no quarto com os exames na mão e viu as costa do sujeito,  imaginando ser o pai da menina. Durante todo esse tempo o jovem foi esquecido no quanto do quarto.  

— O senhor é o pai dela? — sem olhar para o cara continuou falando —A situação não é crítica, ela sofreu somente alguns cortes do impacto com o chão — enquanto o enfermeiro explicava, o pai começou a estranhar a voz, melhor, a reconhecer. "Será que pode ser? Não é possível! Ou é?" Se virou lentamente e abriu a boca. — Tenho certeza que uma pequena série de analgésicos resolverão. 

— Constantino? 

O senhor levantou a cabeça com o som do seu nome. 

—Pietro? É você mesmo? Como mudou! Faz tanto tempo que não o vejo, uns qu... 

— Quinze anos. 

Constantino juntou as peças ,como se as engrenagens do seu cérebro só começassem a funcionar nessa hora. Se ela era filha dele, então possivelmente... 

— Ela é a minha neta? Beatriz Coppole, como não relacionei antes?! 

A menina olhou confusa para o senhor que falava sozinho e o pai que parecia perdido, então se lembrou do menino. E deu um sorriso fraco, como se pedisse desculpa por te se esquecido. 

 — Papai? 

— Por que ela não tem o meu sobrenome? Por que ela não temo sobrenome da Kiera? 

— Mas eu tenho o sobrenome da minha mãe! Eu tenho Campos, só não o uso, ele está no meio. Beatriz Campos Coppole. Desculpa, o que o senhor disse que sou sua? 

— Oh, minha querida — o pai que estava calado até agora falou, e via se um brilho em seus olhos, um liquido cristalino.  — Beatriz, esse é o pai de sua mãe, seu avô Constantino Campos. 

— Avô? — Os dois jovens perguntaram juntos, o que chamou a atenção para o canto. 

— Quem é você? 

— Olá, prazer. — o menino se levantou e cumprimentou com um aperto de mão o pai — Eu estava no carro que atropelou a sua filha e acompanhei ela até aqui. Meu nome é Apollon Marinho, mas pode me chamar de Lon.  

— Foi você quem atropelou a minha filha? Saia daqui agora! Anda! — Pietro gritava para o rapaz, deixando a filha com medo. Murmurando um pedido de desculpas Apollon saiu do quarto. — Se ela está bem a levarei agora. 

— Você ainda mora no mesmo lugar? 

— Sim, — foi Beatriz quem respondeu — gostaria de passar lá amanhã, Senhor Constantino? 

— Bia... 

— Eu adoraria conhecer a minha neta. Irei com prazer. 

— Adeus, Constantino, te vejo amanhã. 

O pai pegou a menina e a levou de volta para casa. Chegando nela pegou o telefone e ligou para um antigo amigo. 

— Rafael, é você? Preciso de um favor, na verdade quero lhe dar um trabalho. 

Eles haviam se conhecido há muito tempo atrás, no exercito. E Rafael era o que Pietro consideraria por "amigo", o cara em quem mais confiava. Mesmo que não tenha o visto desde o mês que se seguiu funeral da sua esposa. A verdade era que Rafael era o único que realmente entendia o sentimento de perda. Só lhe falta assim como Pietro conhecer o sentimento de felicidade e isso eu garanto, eles estavam prestes a conhecer.

 


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Notas finais do capítulo

Jogo número dois:
1º Pra quem não comentou no outro e quiser participar: Fale o seu nome.
2º Comida Favorita.

A minha comida favorita é massa, todas as massas.
Até o próximo,

Rafa