Amor de Estudante escrita por Joana Guerra


Capítulo 9
Morena


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada a quem comentou! Vocês já devem estar fartos das referências a músicas portuguesas (ainda que não se tenham queixado!), mas elas têm uma razão de ser. Tive a ideia inicial para a fic por conta de duas canções lusas. Na minha cabeça, “Morena”, do Tiago Bettencourt, sempre foi a música-tema da Cida ;).



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“Esta morena não sabe

O que o dia tem para lhe dar

Diz-me que tem namorado

Mas sem paixão no olhar

Tem um risinho pequeno

E que só dá de favor

Corpo com sede de quente

Mas que não sente o calor

 

Morena no fundo quer tempo pra ser mulher

Morena não sabe bem, mas eu no fundo sei

Que quando o véu lhe cai

Quando o calor lhe vem

Sempre que a noite quer

Sonha comigo também”

(Tiago Bettencourt, Morena)

 

Coimbra, 26 de Maio de 2016

— Estou ficando com cabelos brancos por causa de vocês dois! Quando não é um, é o outro!

A exasperação de Danilo tinha razão de ser. Eram seis da manhã e, embrulhado no roupão que plagiava o estilo pessoal de Hugh Hefner, o Marra corria todos os contatos do celular, esperando notícias que não chegavam.

Menos mal, se as más notícias se sabem logo, ainda havia a esperança de não ter acontecido nada com Elano.

Pouco depois da meia-noite, António tinha telefonado aflito. Elano tinha desaparecido durante o horário de trabalho, mas, ao contrário de uma Cinderela, não tinha deixado uma pista sob a forma de sapato de cristal ou de carruagem que revertia a abóbora.

Em tom de vigília, Danilo e Maria Aparecida passaram juntos as horas seguintes, esperando por uma explicação. Numa primeira fase, ambos se preparavam para repreender Elano pelo susto pregado. Pouco depois, os dois já só queriam que ele entrasse por aquela porta, como tantas vezes antes num gesto banal, para se lançarem sobre ele num abraço de conforto.

Danilo se achava capaz de assumir o papel de líder perante a crise, tomando decisões sensatas e equacionando um plano dentro da razoabilidade. Para ele, isso incluía lançar mil drones sobre o céu de Coimbra, programados para detetar a mínima presença de Elano, ou ligar para o Presidente da República, um grande amigo do tio, e colocar todos os policiais do país no encalço de Fragoso. Afinal, a Democracia contemporânea tinha que servir para alguma coisa.

Numa atitude mais ponderada, sem dizer nada a Cida, Danilo já tinha ligado para os hospitais da zona, mas ninguém com a descrição de Elano tinha dado entrada. Para a morgue, o Marra não teve coragem de ligar.

— Cida, não aguento mais. Vou pegar o carro e dar uma volta. Se o Elano não aparecer em meia hora, vou tirar o Presidente da cama e colocar os Serviços Secretos desse país atrás dele. Não é possível…

O Marra saiu sem terminar a frase e sem mudar de roupa. Maria Aparecida ainda pensou em adverti-lo para o fato, mas depois se lembrou daquela que era uma das grandes regras pouco explícitas da sociedade. Pobre é que é louco. Rico é sempre excêntrico.

O tempo se torceu e enrolou até que ela sentiu um pressentimento de passos apressados, inaudível a ouvidos humanos, mas não a um coração inquieto.

Alguém subia à torre das águas-furtadas. Maria Aparecida seguiu as pegadas invisíveis e subiu ao patamar de acesso à torre, puxando a escada e subindo devagar, para não espantar o furtivo ser a ponto de não se deixar ver.

O cômodo funcionava desde o início dos tempos como depósito para os residentes do prédio e nunca tinha existido realmente razão ou vontade de o organizar. Com um pouco de sorte ou de azar, seria possível encontrar objetos comprometedores de crimes de moradores antigos, se bem que isso é antinómico. A criminalidade tem por hábito ser bem mais organizada do que quem a pratica.

Elano estava sentado a um canto como um bicho-de-conta, com a cabeça pousada sobre os joelhos e os braços em torno das pernas. Ainda vestia o uniforme agora amarrotado e, apesar de não emitir som, Cida tinha a certeza de que ele chorava.

Os braços delgados de Maria Aparecida não tinham força para o levantar, mas o seguraram sem hesitação.

Toda ela era instinto, força encontrada e resistência perdida, predisposição para a luta e energia redobrada para ser repartida. Se Elano sofria, ela sofreria do lado dele:

— Divide comigo essa dor. Me deixa carregar com você esse peso.

O bicho-de-conta floresceu com o murmúrio espontâneo de Cida e o bom moço colocou a cabeça no colo que o amparou, narrando um conto de tempos reprimidos da sua memória, ressurgido das cinzas horas antes na copa da cozinha de um hotel.

— Ela nem me reconheceu, Cida. Que tipo de mãe não reconhece o próprio filho?

Ela não teve resposta verbal, mas continuou com os carinhos de incentivo à comunicação, abraçando, beijando e correndo os dedos finos pelos cabelos do estudante. Elano esvaziava o depósito cheio de emoções esquecidas.

Nunca antes ele tinha chorado o sumiço da mãe. O menino de nove anos sentia que tinha que ser forte por ele, mas sobretudo pelas irmãs. Ele seria bom e omitiria da sua vida quem dos filhos não quis saber. Criaria um mundo melhor, mais justo, em que mães não abandonam crianças por namorados passageiros.

 No colo de Cida, ignorante do sol que se erguia lá fora e começava a penetrar as janelas da torre, Elano chorou todas as lágrimas acumuladas ao longo daqueles anos:

— Eu nem sei quem é o meu pai de verdade, Cida. Eu nem sei quem sou.

— Você é a pessoa mais extraordinária que eu conheço. Isso já é muito, Elano.

No meio daqueles destroços esquecidos de tempos imemoriais, cobertos por poeira e marcas indecifráveis, Maria Aparecida o incentivou a tentar fazer as pazes com a mãe.

— Nem todo o mundo consegue uma segunda oportunidade.

— E se eu não quiser uma segunda oportunidade?

— Quer sim, Elano. Se você não fizer isso vai ficar pensando como teria sido para o resto da sua vida.

Ele suspirou, levantando a cabeça e apoiando as costas contra a parede. Acima dele, um raio de sol incidiu sobre uma teia de aranha antiga que reluziu como uma tapeçaria ornada. Segundo testes científicos, os fios das teias de aranha são o material mais resistente do mundo, com uma qualidade comparável ao aço.

 Elano tinha a certeza de não ser possível remendar determinados golpes usando teias de aranha ou qualquer outro material de resistência comparável. Para esses casos, os fios necessários ainda teriam que ser inventados.

Maria Aparecida também se encostou na parede, espalmando a palma da mão direita na mão esquerda dele e entrelaçando com força os dedos. Onde um começava, o outro acabava e renascia.

— Elano, você não precisa aceitar tudo o que ela fez, mas precisa perdoar.

Ele deixou tombar a cabeça no ombro dela, pedindo carinho sabendo que já tinha compreensão. Cida continuou com os afagos como se não existisse mais ninguém no mundo para além dos dois.

Com um beijo na testa de Elano, ela sacramentou a confissão diferida. Ele se sentiu absolvido, professando contra o pescoço dela:

— Tudo me parece escuro sem você por perto.

Por Elano, Maria Aparecida também se sentia capaz de também ser um Errol Flynn de capa e espada.

Ela reforçava esse pensamento enquanto se deslocava com passos hesitantes através daquele bairro da periferia da cidade. Cada povoação tem o seu lado menos luminoso. Aqueles tristes blocos cinzentos de apartamentos necessitando urgentemente de obras de conservação eram a chaga de Coimbra.

Era a primeira vez que Cida se encontrava naquela zona da cidade. Como aqueles olhos de borboleta não instilavam medo a uma mosca, não lhe tinha sido difícil descobrir com um funcionário do hotel a morada de Maria Neide Fragoso.

Apertando a bolsa contra o tronco, Maria Aparecida avançou por entre um grupo de jovens de aspeto duvidoso, que a dissecou com raio-x no olhar enquanto preparavam a dose da tarde.

O elevador do prédio estava avariado e ela subiu com cuidado as escadas que necessitavam de uma limpeza a fundo. Pelo caminho encontrou gente de olhar vazio, como fantasmas que ainda não sabiam que o eram.

Ela bateu na porta pretendida, sabendo que era o dia de folga de Maria Neide. A senhora não devia estar habituada a receber visitas, atendendo à confusão dentro do pequeno apartamento, mas Cida não deixou que ela lhe fechasse a porta na cara.

As Marias não se conheciam, mas identificaram as histórias trocadas sobre o que as unia. 

— Eu reconheci o Elano. Claro que reconheci. Ele saiu da minha barriga.- esclareceu muitos minutos mais tarde Neide, sentada na única poltrona enquanto Cida ocupava o sofá – Mas eu tive vergonha.

— Vergonha de quê?

— Vergonha de que ele visse que a mãe é faxineira. Larguei os meus filhos, mas não mudei de vida.

Cida não conseguiu evitar subir o tom de voz, se esquecendo da contenção elegante ao descobrir dentro dela que, se as circunstâncias se justificassem, também seria dona de um lado barraqueiro:

— O destino fez com que a senhora encontrasse o seu filho do outro lado do mundo. Não vai falar com ele?

— Não consigo. Vai me fazer mal.

Maria Aparecida não era pessoa capaz de sentir ódio, mas naquele momento sentia uma grande revolta interior. Como é que Maria Neide tinha a coragem de dizer aquilo quando tinha sido ela a magoar tanto o filho? Cida sentia que se Elano fosse atacado, ela atacaria também.

Ela não vazou a vista da mulher incapaz de ver as consequências dos seus atos, mas enfiou o dedo na ferida o mais que conseguiu:

— A senhora precisa ouvir algumas verdades.

Maria Aparecida já não era uma cria de uma gata assustada, mas uma leoa em toda a sua glória de topo da cadeia alimentar, digna de toda a atenção de Maria Neide enquanto discursava em tom antagónico de político justiceiro que ocupa o púlpito principal:

— A senhora não sabe o que perdeu. O Elano é o cara mais incrível que eu já conheci. Íntegro, justo, honesto, corajoso, batalhador. E ele se fez sozinho. A senhora tem a sorte e o privilégio de ser mãe dele e está deitando fora essa nova chance.

Cida podia ter sentido medo quando entrou no bairro, mas naquele momento era Maria Neide quem sentia temor das palavras reais atiradas como setas pela garota:

— O Elano e as suas filhas merecem uma explicação. Por uma vez na vida, por favor pense primeiro neles.

Se passaria muito tempo até que Elano Fragoso descobrisse que tinha sido Maria Aparecida a responsável pelo primeiro passo que Maria Neide deu na direção dos filhos, mas nessa época já todos corriam na mesma direção, lado a lado como é característico em famílias.

Dias mais tarde, Danilo corria sozinho quando entrou precipitadamente no restaurante, ignorando a bizarrice das pinhatas pendendo do teto.

António tinha claramente perdido a cabeça ao decidir fazer uma noite temática inspirada na cultura mexicana, o que obrigou os funcionários a equilibrarem coloridos sombreros na parte superior do crânio. Elano até gostou da experiência, mas o bom gosto dele para adereços de cabeça sempre tinha sido duvidoso.

Não dava para levar Elano a sério com aquele extravagante adorno. A primeira coisa que Danilo fez foi lançar aquele disco voador para bem longe.

— Cê tá louco, Marra?

— Com aquilo não dava para falar com você sem rir na sua cara e eu tenho pressa. Pedi para o Davi hackear o email do Conrado. Não me olha com essa cara de bundão, que você já sabe como funciona: só é crime de eu for apanhado, certo? E mesmo assim…

Elano não tinha outra cara para apresentar perante a situação, ainda que a sua reprovação se transfigurasse em plena atenção:

— O que é que o Davi descobriu?

— Cara, o Conrado reservou o melhor quarto daquele hotel para hoje. Champanhe. Morangos com chocolate. Ele já tentou de tudo, mas é hoje que aquele filho da mãe vai fazer o impeachment da virgindade da Cida, sem direito a votação popular. O escambau se a gente vai deixar, Elano! Por Deus e pela minha família!

Estariam eles realmente no direito de intervir na vida dos outros? Tudo o que faziam era pensando no supremo interesse de Maria Aparecida. Aquela seria uma das poucas ocasiões em que um regime ditatorial é preferível à democracia de quem decide sem ter todas as informações.

— E aí, cara? Vai ter golpe ou não vai ter golpe?

O Marra estava ficando impaciente enquanto observava os neurónios do estudante de direito em guerra com as suas reticências morais.

Por Elano, existiria sim um golpe de estado ou, mais concretamente, um golpe de capoeira na cara de Conrado Werneck. Vontade de lhe cuspir na cara não lhe faltava.

O duo chegou em tempo recorde à entrada principal do hotel, mas o dinheiro Marra não resolveria o problema de acesso aos pisos superiores. Todos os quartos estavam ocupados, não sendo possível reservar um deles, e aquele hotel congregava os últimos funcionários imunes a subornos, independentemente dos montantes em questão.

— O que é que a gente faz agora?- perguntou Danilo enquanto guardava o maço de euros no bolso.

Elano tinha uma ideia, ainda que de pouco provável execução:

— A gente ainda pode tentar uma coisa.

Maria Neide Fragoso aproveitava a pausa encostada na parede da parte traseira do prédio, enquanto enrolava um cigarro. Não era propriamente uma surpresa ver Elano, já que se tinham encontrado por ali antes, mas em vez do filho vir acompanhado por aquela garota de quem Neide tinha aprendido a gostar, ele apareceu seguido por um garoto desconhecido.

O Fragoso mais jovem explicou sucintamente o pedido para que ela lhes permitisse o acesso aos quartos, mas não convenceu facilmente o instinto materno: 

— Se me descobrem, perco o emprego, Elano. O que é que você quer que eu faça?

Ele deixou cair a máscara de força, pedindo de olhos rasos:

— Quero que a senhora seja a minha mãe pelo menos uma vez na vida. Me ajuda, por favor.

Ela ajudou. Com o cartão de acesso de Maria Neide e a certeza de Davi quanto ao número do quarto, Elano e Danilo chegaram à porta disputada tardiamente.

Eles não tiveram dúvida de que o quarto já estava a ser utilizado, atendendo aos ruídos de gemidos abafados que se escapavam do seu interior.

Nada como um bom clichê. Um momento de extremos exige de fato medidas desesperadas.

— Cara, cê ainda fuma?

Por um instante, Danilo não compreendeu a linha de raciocínio de Elano. A cara de culpado do Marra denunciou a sua culpa, bem como a voz que lhe saiu estridente e titubeante da garganta:

— Quem, eu? Nunca mais. Escutei direitinho os seus sermões.

Não era com a saúde de Danilo, mas sim com a vontade de tratar da saúde de Conrado que Elano se preocupava quando esticou a mão:

— Me dá o isqueiro, Marra.

Danilo entregou o objeto e Elano trepou pelas costas do amigo até se equilibrar precariamente nos seus ombros, qual número de circo improvisado, encostando o isqueiro aceso contra um dos detetores de fumo. Se aquilo funcionava nos filmes, também teria que funcionar naquela situação.

Hilariamente, correu quase tudo na perfeição enquanto o alarme disparava, bem como começava a jorrar água por todos os lados.

 No meio da confusão de gente se atropelando pelos corredores, os garotos viram Conrado saindo do quarto como veio ao mundo, segurando com a mão uma pequena toalha de linho branco bordada com as iniciais do hotel.

Atrás do Adão atual surgiu a sua Eva moderna, com apenas uma calcinha substituindo a folha de parreira e segurando com as mãos uma camiseta contra os seios, a única peça de roupa que conseguiu arrebanhar com a pressa da saída.

Bafejados pela boa sorte, a presença de Elano e Danilo permaneceu desconhecida quando os dois abriram a boca ao reconhecerem a companhia de Werneck.

Não era Cida o par de Conrado, mas sim Isadora. Em que ponto é que os caminhos daquelas personagens tinham divergido naquela noite, para ser a Sarmento a ocupar o leito da armadilha do playboy?

Encharcados até aos ossos, os garotos procuraram o caminho da saída de emergência, se misturando com os hóspedes que procuravam o caminho para rua.

Na porta já os esperava Neide, puxando os dois pela orelha para os desviar do caminho dos bombeiros que entravam no edifício.

O Sherlock Holmes e o Hercule Poirot fracassados seguiram pelo caminho para casa em silêncio, tentando descobrir qual a pista ignorada na resolução daquele quebra-cabeças. Eles tentaram evitar um golpe que nunca tinha existido.

Foi Elano a abrir a porta de casa, enquanto Danilo assoava o nariz tiritando de frio. A habitação não estava vazia.

Recostada no sofá, com a descontração de quem não tem dívidas a quitar, Maria Aparecida lia um pesado volume. Tal como a própria, a desculpa pela invasão também era inocente:

— Achei que não ia incomodar. A Ariela está ouvindo música no último volume e eu precisava acabar esse livro o quanto antes.

Horas antes, Conrado tinha feito chantagem emocional com ela, para a convencer a passar a noite com ele no melhor hotel da cidade. A oferta que teria feito muitas garotas ilusoriamente felizes, apenas a tinha feito se desiludir ainda mais com o namorado e a responder negativamente.

Se ele realmente gostava dela, porquê insistir tanto naquele ponto?

Não era a primeira vez que ele agia assim. Conrado não lhe dava o espaço necessário, não a compreendia e não a aceitava. Desde a noite em que Werneck a tentou forçar a uma intimidade para a qual ela não estava pronta e ela teve que fugir correndo, Cida percebeu que não se sentia segura dos reais sentimentos entre eles.

Maria Aparecida continuaria a empurrar com a barriga aquela situação até perceber o que fazer com aquilo.

Naquele momento, Cida já tinha percebido que Elano e Danilo se tinham voltado a meter numa encrenca, atendendo ao estado de desalinho dos dois. Pareciam dois pequenos cachorros esquecidos horas a fio debaixo de chuva. Ela riu, levantando o sobrolho em interrogação:

— O que é que aconteceu?

Ocupando cada um o seu lugar do lado de Maria Aparecida, os garotos se enterraram no sofá, trocando um olhar de compreensão pela vergonha passada. Danilo espetou a mão aberta sobre o rosto enquanto Elano deixou tombar a parte posterior da cabeça sobre o encosto do sofá, libertando a verdade em resumidas palavras:

— Nada, Cida. É que nós somos dois idiotas.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo vai demorar um pouco mais para sair. No próximo capítulo: Dá para contar um conto de fadas sem um baile no palácio? Spoiler: é o fim de Cinrado.