O Irmão Do Meu Sócio escrita por pequenaapaixonadaporletras


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Ponto de Vista do Lysandre



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Tem uma semana que Elle está conosco e tenho que admitir que ela é bem mais agradável do que eu achei que seria. Assim que percebeu que Rosa não estava muito confortável em se tornar sua amiga, tomou uma atitude mais fria para com minha cunhada, mesmo que ainda fosse muito educada. Tem passado mais tempo na minha companhia e na de Leigh, mas ela sempre fala de trabalho e de moda com ele. Leigh disse que eu componho e, desde então, a garota adquiriu um leve fascínio pela minha pessoa. Não sei se isso é bom ou ruim, exatamente. Apesar de seus esforços contínuos para ser discreta e bem simples, ela tinha manias de uma verdadeira dama e alguns fotógrafos estavam chegando a escalar o muro para tirar algumas fotos dela.
Boss era um problema no dia-a-dia, mas ajudava mais do que tudo nessas horas. Todos sabem que o cachorro é dela e ninguém tem coragem de tentar nada contra ele. Mas o pequeno rottweiler é alguma espécie de guarda incrivelmente bravo, mesmo que ainda seja relativamente pequeno. Porém, nada disso o torna menos letal. Quando Elle estava tentando sair para comer outro dia e um fotógrafo muito atirado começou a tirar fotos de uma distância nada confortável, o cachorro lhe deu uma mordida tão forte que a menina teve que me pedir para retirá-lo da perna do fotógrafo. O homem saiu desesperado assim que eu tirei o cachorro, alegando que ia processar a família Karnezis toda.
    - Não tem nenhum problema? – perguntei.
    - Não,  meu pai tem os melhores advogados do mundo. Ninguém nunca ganha um processo contra nós, especialmente porque não costumamos agir fora da lei. – ela disse enquanto acalmava o cachorro que não gostava nada de mim.
Essa é uma das ocasiões nas quais eu me lembro de que ela é rica, muito rica. Porém, na maior parte do tempo, ela é só normal. Ela come em casa como todo mundo na maioria das vezes, se veste relativamente parecida com Rosa e é bem-humorada, embora muito sem-noção. Ela faz perguntas extremamente íntimas para pessoas que mal conheceu. Como, por exemplo, ela me perguntou no segundo dia em que estava na minha casa como eu costumava gostar das minhas namoradas: com a pele mais exposta ou mais cobertas. Embora Leigh tenha me alertado de que Elle não pensa muito antes de falar, eu realmente ainda me surpreendo.
A parte dama de alta sociedade é, na verdade, um tanto estranha. Ela dedica pelo menos cinco horas todo dia à prática de instrumentos. Desde a flauta até a guitarra, ela tinha trazido de tudo no seu avião particular. Lia em sete línguas diferentes e, se você a perturbasse quando ela estava com fome ou com muito sono, começava a falar húngaro ou francês. Além disso, seus movimentos eram bem leves e seu gosto era muito refinado. Quando suas compras chegaram pela primeira vez pelos correios para a casa (após insistir que deveria ajudar pelo menos nisso, já que era hóspede aqui) comprou todo tipo de coisa que eu nunca tinha visto: vinagre balsâmico, flor de sal defumada, trufa branca, trufa Madeleine, foie gras, carne kuroge wagyu e barriga de atum gordo. A maioria dessas coisas eu nunca tinha comido e não gostei de grande parte delas, mas ela as comia com a mesma facilidade com que tomava iogurte.
    - Você está divagando mais do que o normal essa semana. – alertou Castiel, sentado no banco do parque e me olhando atentamente – Está pensando naquela garota de novo? Olha que vou achar que se apaixonou. – ele sorriu maliciosamente.
    - Não é isso, é só que eu nunca tinha convivido com alguém tão... – eu parei, buscando a palavra correta.
    - Esnobe? – perguntou Castiel.
    - Bem educada. Refinada. Já te disse que não é esnobe. – falei calmamente.
    - É bom saber que não tem uma opinião maligna sobre mim. – disse uma voz calma atrás de nós.
Quando nos viramos, Elle estava ali, com a coleira do cachorro na mão e um sorriso leve no rosto, o tipo de sorriso que ela dava para as fotos. Usava um vestido verde claro e saltos brancos, além de um sobretudo bege e um colar dourado que parecia caro em seu pescoço. Boss não parecia feliz em estar ali: ele rosnava para tudo ao seu redor, e estava obviamente tenso, ao contrário da sua dona, confortável e feliz como sempre. Seu cabelo estava preso para trás, mas tinha algumas mechas soltas. Ela parecia uma princesa. Quer dizer, não observando isso porque gosto dela nem nada do tipo, mas ela realmente parecia a filha de um multimilionário.
    - Eu vim lhe avisar que a reforma da loja está acabada, e planejamos fazer a reinauguração amanhã. Postarei hoje mesmo nas minhas redes sociais, para garantir que encha de gente. – ela sorriu calmamente – Só tenho alguns desenhos prontos, mas devem servir de mostra. Fora disso, Rosalya está me ajudando a costurá-los.
    - Nesse ritmo, não teremos muitas peças. – observei.
    - Não precisamos ter mais de dez para a mostra. Além disso, preciso de alguns modelos prontos antes de realmente contratar uma equipe de costureiras. Estou pensando em comprar uma fábrica aqui perto e importar meu pessoal de confiança. – ela disse calmamente – Eles se baseariam nos modelos já feitos por mim para ajustar tudo.
    - Mas isso pode levar semanas. – eu falei.
    - Por isso quero que todos tirem suas fotos agora. Eles começam a falar de nós, damos tempo para que a notícia se espalhe, para que as pessoas viajem e para que as meninas implorem aos seus pais por modelos meus. Então, quando eu lançar, não vão durar minutos na loja. – ela disse com simplicidade.
    - É um plano. – eu disse impressionado pela sua engenhosidade.
    - Ah, eu pensava como você. Minha prima me ligou e me deu alguns conselhos. – ela disse e então olhou para Castiel – Olá. Você parece ter uma opinião bem formada de mim, apesar de não me conhecer.
    - Se você está incomodada, se muda. – resmungou Castiel.
    - Na verdade, é preciso muita coragem para se manter assim diante de alguém que você acabou de denegrir. É ótimo conhecer você. Já sei com quem contar para quando quiser uma discussão interessante. – ela disse.
Castiel me olhou, me lançando um olhar de “Ela está falando sério?”. Eu dei de ombros de volta. Eu não sabia dizer se ela estava o enfrentando ou brincando, sendo rude ou somente fazendo observações práticas. Na verdade, ela não revelava muito com aquele seu olhar distante e seu sorriso de revista. Eu definitivamente não gosto desse sorriso. Não é como se fosse falso nem nada, mas é só... Educado, sem emoção. Então um garoto começou a chegar perto de nós e Boss começou a latir alto.
    - Você é Elle Karnezis? – perguntou nosso colega Nathaniel.
    - Sim. Olá. – respondeu Elle diplomaticamente.
    - E ela faz sucesso entre os nerds? – perguntou Castiel depreciativamente.
    - Seu pai é incrível. – prosseguiu Nathaniel, ignorando o comentário do meu amigo ruivo – É uma honra conhecê-la. Sou Nathaniel. – ele estendeu a mão para Elle.
    - Você já sabe quem eu sou. – ela sorriu e apertou a sua mão – E esse é o Boss. – ela apontou para o cachorro, que latiu alto – Ele não gosta de ninguém, então não precisa achar que é pessoal. – ela disse enquanto abaixava para acariciar a cabeça do cachorro.
    - Está na cidade para negócios? – insistiu Nathaniel.
    - Poderíamos ver assim. Sou a nova sócia do irmão de Lysandre, na loja de roupas. – ela disse.
Por um momento, toda a empolgação no rosto de Nathaniel sumiu. Ele ficou sério, quase desapontado. O sorriso que antes estava ali, simplesmente virou um torcer de boca que demonstrava clara decepção. Eu me perguntei se ele estaria pensando o mesmo que o meu irmão me disse quando ela aceitou “É um favor para um amigo, não é uma jogada muito inteligente”. Mas, do jeito que o loiro estava, ele parecia achar que aquele favor era pedir demais. Eu comecei a ficar tenso.
    - Mas... Isso não faz parte dos negócios do seu pai. – disse ele.
A expressão de Elle se tornou sombria, quase irritada por um segundo. Mas mudou tão rápido, que me perguntei se realmente tinha visto aquela face. Ela simplesmente despejou mais uma vez seu sorriso ensaiado. Eu realmente odeio esse sorriso ensaiado. A loira cautelosamente colocou uma mão dentro de um dos bolsos do enorme casaco e olhou para baixo, para o cachorro que rosnava insistentemente para Nathaniel.
    - Pois é, mas eu não sou meu pai. – ela disse.
    - Mas é a única que pode assumir tudo o que ele vai deixar. – ele disse, franzindo o cenho – Você deveria focar em aprimorar habilidades que lhe serão necessárias.
    - Aí, isso nem é da sua conta, nerd. Vai dar uma volta, ler um livro. Não tá vendo que a garota não quer conversar com você? – perguntou Castiel rudemente, se pondo de pé e do lado da loira.
    - Isso não é da sua conta também. – disse Nathaniel.
    - Eu agradeceria imensamente se não me perguntasse sobre o meu pai e seus negócios. Eu não sou ele. Não tenho nada a ver com isso, nem quero. – disse Elle.
Eu fiquei chocado. Aquilo não era nada do estilo dela. Ela estava sendo quase rude com Nathaniel, e ele nem tinha falado nada demais. Mas ela parecia tensa como uma leoa prestes a atacar. Sua expressão se tornou séria e ela definitivamente não estava feliz. Nem tentou impedir Boss quando ele investiu para morder Nathaniel, que deu um pulo de susto. Por fim, entendendo sua deixa, o loiro pediu licença e foi embora. Quando ele estava numa distância considerável, ela suspirou e virou-se para agradecer Castiel. Ele assentiu.
    - Eu sei como é, ter que lidar com as expectativas dos outros quando não se quer nada disso. – ele respondeu simplesmente.
    - Então fico honestamente feliz em ter lhe conhecido. – ela lhe lançou um sorriso.
    - Na verdade, eu não te disse meu nome, então você não me conheceu nem formalmente ainda. – disse meu amigo.
    - Algumas coisas você nem precisa dizer, Castiel. – ela sorriu mais uma vez.
Aquele não era o sorriso de página de revista que ela usava normalmente. Era um sorriso de verdade, que fazia suas bochechas ficarem rechonchudas e formava dobras no canto dos olhos. De repente, ela parecia ultra fofa. Mas então Boss latiu novamente e ela pediu licença e se foi, evitando que o cachorro arrancasse um pedaço da perna do ruivo.
    - Você tem razão. – disse Castiel, observando ela se afastar – Ela não parece tão ruim assim.
Eu não sei porque, eu não gostei daquele comentário.


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Notas finais do capítulo

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