Divided escrita por Pat Black


Capítulo 12
Lamentations




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Foi muito estranho encarar Rick na manhã seguinte, tanto para Sam, quanto para Linn. Uma pelo desejo insatisfeito, a outra por sentir que tinha feito algo terrível e iniciado uma situação em que machucaria as pessoas de que gostava.

Sentada e recostada no travesseiro contra a cabeceira, Sam comeu algo que não tinha sabor, apesar de cheirar bem. Sentia-se fraca e não dormira após o incidente com Rick. A lembrança fez seu estômago revirar, quando pensava na mulher grávida do lado de fora da cela e em Linn sentada a menos de um metro. Sorriu para a ruiva, tentando não se sentir uma Judas. Falhando, desviou os olhos novamente para o prato e seu conteúdo.

Quase todos tinham vindo lhe ver, demonstrando que estavam satisfeitos por ter se recuperado. Alguns mais íntimos, como Sofia e Carol, já outros tão distantes, quanto Beth e Lori. Mesmo assim, sentiu-se parte daquele bando, um pouco mais completamente pela primeira vez desde que tinham se unido a eles.

Quando Rick entrou no quarto, boa parte do grupo se retirou a pedido de Hershel.

“Deixem a menina respirar.” Pediu o ancião.

Sam se sentiu estranha ao perceber que eles poderiam lhe encarar daquela forma. Mas Chase lhe olhou por cima da cabeça de Rick e Sam gostou do brilho galhofeiro em seus olhos ao perceber que ela odiou ser comparada a uma garotinha. Contra seu humor sorriu de volta para o amigo e balançou a cabeça ao notar seus olhos brilhando felizes. E aquele foi o pequeno sopro de paz que teria durante um bom tempo.

Contudo, ao encarar Rick novamente, o ar de alegria pareceu ser sugado do quarto, deixando para trás muito de tensão, que tanto Linn e Chase, bem como Daryl, os únicos a ficar, puderam perceber, mas que legaram ao acontecido entre ela e os prisioneiros, quando Rick e Sam sabiam que muito da tensão se devia ao beijo na noite anterior.

“Linn me disse que conseguiram prender dois deles.” Sam foi direta, encarando Rick de frente, enfrentando seu olhar frio com outro igual, ou até mais potente.

“Axel e Thomas.” Rick confirmou. “É um inferno, mas precisamos decidir o que fazer com eles. Mas depende muito do que nos contar.”

Sam apertou a coberta sobre o colo, fazendo a ferida no braço repuxar e doer. Pensar que poderia ser a causa direta do destino de dois homens desarmados e cativos, lhe pareceu muito pesado, ainda que desejasse matar Thomas com as próprias mãos. Certo que eles haviam lhe retido contra vontade e sem motivos, mas podia ver nos olhos de Rick que os queria mortos e um deles não merecia.

“O tiro foi acidental.” Sam explicou quando Rick questionou, não poderia mentir. “Eles atiraram, mas não em mim.”

“Axel disse a mesma coisa quando o questionei hoje.” Rick concordou. “Ele me garantiu que Thomas atirou nas correntes que travavam as portas e você apareceu logo após.” Rick se mexeu inquieto quando os olhos dela pousaram no seu rosto. “Mas o que fizeram depois é o que conta.”

Sam balançou a cabeça e explicou sobre o encontro, que Thomas estava armado e isso parecia inibir os demais de ir contra suas ordens, com exceção de Andrew que era um filho da mãe.

“Oscar, acho que esse era o nome dele, tentou fazer Thomas me libertar, mas ele não escutou.” Sam balançou a cabeça. “Axel me ajudou e penso que ele não seja alguém ruim.” Olhou em direção a parede, depois encarou as mãos.

“O que foi?” Linn questionou tocando seu braço bom, o que fez com que Sam apertasse a mão sobre o colo para sentir a dor no braço ferido novamente, se punindo por achar não merecer a preocupação de Linn.

Rick percebeu o gesto na primeira vez e não o entendeu, mas quando ela o repetiu, seu rosto jovem demonstrou a dor que aquilo lhe causava e Rick compreendeu. Desejou tocar sua mão e impedir que ele se martirizasse sem razão, mas fizera uma promessa a si mesmo de nunca mais tocar em Sam enquanto fosse um homem casado.

“Sam, há algo que precisa nos contar?” Linn perguntou com doçura, tocando no braço da mais jovem.

Sam entendeu suas preocupações, mas balançou a cabeça em negativa antes de continuar.

“Não aconteceu nada, além do que contei, mas...” Sam parou e pareceu escolher as palavras. “Direi isso como certeza, sabendo que posso estar condenando alguém, mas não posso aceitar que uma pessoa assim tenha oportunidade de ferir um dos nossos.”

Rick gostou de saber que ela os encarava como um só grupo depois de tudo, quando temeu que tê-la deixado para trás nas galerias pudesse distanciar os três ainda mais.

“Mas...” Ela continuou. “... O modo como ele me olhou... Thomas...” Sam hesitou e apertou a mão novamente. “Ele teria tentado algo se houvesse tido oportunidade.”

“Desgraçado, filho da puta!” Chase ofegou com raiva, aproximando-se, sentando na cama e tocando em sua perna escondida pela manta.

“Tem certeza?” Daryl perguntou.

Dixon estava encostado à parede e parecia não gostar que pudessem condenar um homem por uma impressão.

Sam sorriu sem humor, algo estrangulado e dolorido.

“Já vi aquela olhar antes.” Falou olhando direto para Daryl. “Tenho certeza.” Daryl pareceu não acreditar e Sam não pode conter a raiva. “Acha que estou me deixando levar pelas aparências?” Perguntou entre dentes.

“Só não quero matar alguém por que você acha que ele lhe olhou com segundas intenções.” Daryl rebateu. “É muito fácil julgar alguém pela capa. Não estou querendo livrar a cara daqueles malditos, mas é a vida de alguém que está em jogo aqui e não sou um assassino.”

Rick sabia que muito na recusa de Daryl se devia a seus próprios complexos. Por que as pessoas sempre o compraram pelo que sua aparência dizia, antes de dar oportunidade que ele demonstrasse o quanto podia ser honrado e leal. A ideia de que estivessem julgando alguém pelo mesmo motivo lhe ofendia.

“Daryl...” Rick começou, mas Sam não o deixou continuar.

“O que quer que eu diga para acalmar seus escrúpulos Daryl?” Ela perguntou com aquele tom que Linn e Chase conheciam e odiavam. Duro, sem piedade, muito frio e nada combinando com sua jovem aparência.

Daryl continuou lhe encarando, as mãos cruzadas sobre o peito e seus olhos fuzilando a garota pelo modo superior com que lhe dirigia a palavra.

 “Quer que eu diga que ele me tocou? Que me violou?” Daryl cerrou os lábios e não respondeu. “Ele não fez, mas queria.” Sam explicou com ódio, mas não alterou a voz ou gritou. “Eu sei o que é desejo e o que é lascívia, por que já passei por isso. O primeiro, aceita um não como resposta; e o segundo não se importa a mínima que berre sua recusa enquanto tenta violar seu corpo.”

Um silêncio pesado seguiu a sua declaração.

“Não quero que nenhum de vocês tome uma atitude que não estão dispostos a carregar pelo resto de suas vidas.” Sam quebrou o silêncio e resolveu ser ainda mais crua nas palavras seguintes. “Mas eu já fiz isso antes e não dou a mínima em enfiar uma bala na cabeça de um bastardo que, se tivesse oportunidade, teria me estuprado.”

Sam olhou para Rick, e este parecia chocado com suas palavras e o tom usado, algo tão diferente da forma frágil e delicada como ela sussurrou seu nome na noite anterior e pediu que não a deixasse.

“Mas a decisão é sua xerife, e vou concordar com ela, mesmo que discorde de você.” Completou olhando para Rick.

Foi um avanço, Rick sabia e os demais também. Mas o ar estava pesado. Sam podia sentir a consternação de todos diante do inevitável, ao terem que tomar uma decisão drástica e muito cruel. Uma ação que nenhum deles, nem mesmo Sam ou Rick, haviam tomado antes sem estarem em uma luta em que matar o morrer se mostrava a única alternativa.

“Não temos nenhuma outra escolha.” Rick soprou.

Silêncio.

Daryl se mexeu incômodo.

“Quanto ao Axel?” Chase perguntou demonstrando que o destino de Thomas já estava decidido e aceito.

“Podemos mandá-lo embora.” Daryl opinou detestando que mais uma morte pesasse em sua consciência.

“Não. Prefiro mantê-lo sob minhas vistas.” Rick contrapôs. “Observá-lo por um tempo e lhe dar algumas tarefas. Seria melhor do que viver preocupado com o que ele poderia fazer quando estiver livre ou quem ele poderia trazer até aqui.”

Linn e Chase abanaram a cabeça em concordância e, pela primeira vez, não aguardaram a posição de Sam sobre um assunto, aceitando Rick como ela parecia ter feito.

“Cuidarei de Thomas.” Rick falou se erguendo e Sam sentiu as entranhas darem um nó.

“Posso fazer isso.” Chase se prontificou mais que disposto.

“Obrigado, Chase.” Rick disse. “Mas é minha obrigação.”

Linn suspirou satisfeita. Chase nunca tinha matado uma pessoa e ela sabia que, mesmo sendo corajoso, aquilo pesaria em seu coração pelo resto da vida. Rick, no entanto, já havia matado antes, em autodefesa é claro, porém, havia matado alguém.

Sam colocou as pernas para fora da cama e sentou quando Rick e Daryl se foram. Respirando com facilidade sem a presença maciça de Rick e de tudo o que apenas olhar para ele lhe fazia recordar, desejar e se lamentar.

“O que está fazendo?” Linn perguntou se aproximando quando ficou de pé.

Sam suspirou e olhou de esguelha para Chase, depois encarou Linn com um olhar que dizia muito sobre necessidades urgentes e incontroláveis depois de mais que um dia presa a cama.

“Oh!” Linn ofegou.

Teve vontade se sorrir, mas ao olhar para Linn ouviu sua voz confidenciando todo o desejo que sentia pelo xerife e seu estômago revirou pela traição, ou o que achava ser uma.

Sentiu-se um pouco tonta, a aparência desgrenhada lhe dando um ar de fragilidade, apesar de não se importar muito com isso, nem mesmo enquanto Rick estava no quarto. Desequilibrou-se quando tentou dar um passo e Chase a segurou com carinho.

“Estou bem.” Disse, apenas por teimosia.

“Não está não.” Chase lhe repreendeu.

Em um movimento rápido e sem muito esforço, ele carregou Sam no colo e a levou para fora, em direção aos banheiros.

“Sempre quis fazer isso.” Ele brincou.

“Mas não comigo.” Ela rebateu lhe olhando duro, desejando que ele a colocasse no chão, principalmente quando passaram por Rick que conversava com Hershel, Glenn e Maggie, próximos as escadas.

Chase lhe encarou com um misto de vergonha e censura. Sam atingira um nervo exposto. Colocara em palavras algo que os dois sempre souberam sobre os sentimentos do amigo, mas que Sam e ele nunca chegaram a discutir.

Sam, em seus braços, se permitiu analisar Chase como nunca fizera antes. Ele era bonito, musculoso e possuía olhos azuis muito expressivos. A barba cerrada, os cabelos curtos e as tatuagens no braço lhe davam um ar másculo que qualquer um, homem ou mulher, não poderia se negar em perceber.

Mas o mais importante sobre Chase, para Sam em particular, era o fato dele ser confiável e leal. O homem que a carregava nos braços, nunca, jamais passaria dos limites, ou pensaria em si mesmo em primeiro lugar, em qualquer situação, mesmo que isso lhe custasse à vida.

Quando ele por fim a colocou no chão, ela viu a cabeleira vermelha de Linn assomar na esquina do corredor e se perguntou como a amiga podia ser idiota e não perceber que Chase sempre a contemplava como se a acariciasse, algo diferente de como olhava a qualquer outra mulher do grupo. Ou no por que da ruiva não perceber que ele sempre estava arranjando motivos para tocá-la e apenas estar ao redor dela.

Virou antes que Linn se aproximasse e entrou no banheiro. A dor em esconder o que acontecera entre ela e Rick impelindo-a a se afastar de sua melhor amiga, por que não podia lhe encarar sem sentir que lhe traía de alguma maneira. Raciocinou que seria bem mais simples se Linn apenas percebesse Chase e retribuísse o amor que o amigo lhe dedicava. Mas nada nunca era simples.

“Foi um belo espetáculo.” Linn murmurou para Chase.

Por um segundo ele não compreendeu, depois sorriu e cruzou os braços, flexionando os músculos.

“Verdade?” Perguntou sorrindo levemente, satisfeito consigo mesmo.

“Beth suspirou como se vocês fossem o casal mais fofo do mundo.” Linn continuou.

“Como assim?” Chase não entendeu.

“Acho que Beth pensa que você está interessado em Sam.” Linn encostou a parede, cruzou os braços e encarou Chase bem profundamente.

“Não me importo com o que Beth pensa.” Chase deu de ombros.

Linn ficou calada, olhando para o amigo como se o estivesse vendo pela primeira vez. Notou seu rosto bonito, os braços fortes expostos pela camiseta branca, o sorriso zombeteiro que voltara a exibir assim que Sam ficou melhor e imaginou se Beth poderia ter notado, em semanas, o que ela não percebera em oito longos meses, sobre um interesse dele em sua melhor amiga.

“O que foi?’ Ele perguntou notando sua avaliação.

“Nada.” Linn murmurou. “Estava pensando que você e Sam fariam um bonito casal.”

“Sou muito velho para ela.” Ele argumentou, mas não disse nada em contrário sobre estar interessado na morena ou não.

Linn sabia que ele não era velho para Sam ou qualquer outra, até mesmo Beth. Um homem nunca seria muito velho para uma mulher, contanto que ela já tivesse completado dezoito.

“Sabe que isso não é verdade.” Linn expôs cruzando uma perna sobre a outra, o que fez o macacão cinza se ajustar um pouco mais as suas formas.

“Não sente calor com essa coisa?” Chase perguntou fazendo uma careta para o macacão.

Linn não se deixou enganar, ele apenas queria mudar o rumo da conversa.

“Quantas vezes você vai me perguntar a mesma coisa?” Ela respondeu como sempre.

“Pelo tempo em que você usar essa coisa feia.” Ele replicou de forma usual.

A brincadeira sobre o macacão seguia velha, mas, pela primeira vez, Linn deu uma olhada na peça de roupa, depois uniu as sobrancelhas imaginando se ele estava certo e a merda do macacão lhe deixava pouco atraente.

“Acha mesmo que ele me deixa feia?” Ela perguntou ainda se analisando, alheia ao olhar de puro desejo que Chase lhe deu.

“Não.” Foi o único que ele conseguiu dizer sem se trair.

Ainda assim, sua voz saiu rouca, revelando muito do como ele se sentia quando Linn estava por perto, e o tanto que devia se policiar para não demonstrar o que gostaria de fazer com ela, com ou sem aquele macacão ridículo.

Encararam-se por um momento e Linn pensou perceber alguma coisa na face do amigo, mas Sam saiu do banheiro e Chase se voltou para lhe apoiar.

“Obrigada, mas não precisa me carregar novamente, posso caminhar.” Sam avisou estendo a mão para impedi-lo de se aproximar.

Chase sorriu e lhe ofereceu o braço, enquanto Linn seguia ao seu lado. Eles pareciam ter feito algum acordo entre si para não lhe deixarem sozinha, rodeando-a com sua preocupação e carinho. Sam compreendeu. Apesar de estar sempre achando formas de se machucar, ela nunca estivera doente ou ferida de verdade, desde que havia machucado a perna há nove meses. Linn nunca tivera que lhe cuidar depois que se separaram de Rick e Chase nunca precisara desde que se juntara a elas. Em verdade era sempre o oposto, Sam sempre estava cuidando deles.

Gostou da sensação, sentiu-se especial e amada e os amou ainda mais por isso.

Quando se aproximaram das escadas, o caçador desceu.

“Daryl.” Sam chamou.

Ele apoiou a besta as costas e lhe contemplou de lado. Sam percebeu o ressentimento em seus olhos e suspirou parando ao seu lado. Erguendo a mão tocou em seu braço.

“Desculpe-me.” Pediu, lamentando o modo como tinha se dirigido a ele durante a deliberação sobre os destino dos prisioneiros.

Ele pareceu surpreso a principio, depois meneou a cabeça levemente assentindo. Deu um passo para ir, desistiu e voltou para perto dela.

“Tem certeza?” Perguntou.

Compreendia que ele ainda tinha dúvidas. Podia entender isso. Havia algo em Daryl que fazia Sam crer que ele tivera que lutar a vida toda contra estigmas e preconceitos. Por esta razão precisava não ter dúvidas de que ela não tinha se deixado levar pelas aparências.

“Sim.” Respondeu e ele assentiu novamente, um pouco mais satisfeito por notar a certeza que Sam parecia emanar.

“Daryl?” Rick chamou, parando a entrada.

Dixon meneou a cabeça e se afastou indo na direção de Rick e Glenn.

De onde estava Rick encarou Sam ao lado de Linn, depois se virou e se foi, com os amigos apertando o passo para segui-lo.

Passou a mão pelo rosto quando avançaram pelas galerias e percebeu que esta tremia levemente, não só por que estava caminhando para firmar o destino de um homem, como também por que se sentia mal desde o momento que abandonara a cela de Sam na noite anterior e, o pior de tudo, pelo tanto de esforço que foi preciso para não retornar.

A princípio quisera culpar a relação deteriorada com Lori pelo seu lapso. Depois quis desculpar a si mesmo imaginando que só a tinha beijado por que Linn o deixara com desejo. Até mesmo formulou uma desculpa em que Sam seguia sendo a culpada por lhe tocar e se oferecer. Mas no final teve que ser realista: A culpa fora sua e apenas sua.

Poderia ter se afastado, poderia ter se recusado, mas apenas deixou-se levar, não por causa de Lori ou Linn, há não ser por descobrir que desejara uma garota que, se dava conta, era tão jovem que o fez sentir-se como um canalha e um devasso.

Ainda tinha a mente tomada por recriminações e lamúrias quando entrou no bloco e escutou um grito, um homem pedindo ajuda.

Correram os três para a entrada das celas, para se deparar com T-Dog caído em frente ao catre de Axel. O prisioneiro estava com os braços para fora das grades, apertando sua garganta com as mãos espalmadas e encharcadas pelo sangue do amigo.

“T-Dog.” Glenn gritou avançando, afastando as mãos de Axel e cuidando de analisar a ferida. “Oh, meu Deus!”

“O que aconteceu?” Rick perguntou apontando a arma para Axel, enquanto Daryl verificava o local, depois de descobrir que Thomas havia sumido.

O prisioneiro se afastou erguendo as mãos ensanguentadas, os olhos muito abertos.

“Tentei ajudá-lo.” Respondeu com voz trêmula. “Thomas o atacou e fugiu e eu tentei ajudá-lo.”

“Daryl, precisamos do Hershel.” Glenn pediu e este teria ido, mas Rick o segurou pelo braço e abanou a cabeça, em um gesto dolorido de negativa.

T-Dog ainda tentava respirar quando Glenn tinha tomado o lugar de Axel, mas agora não se mexia, por mais que o coreano tentasse ajudá-lo.

Rick se abaixou ao lado de Glenn e tocou seu braço.

“Ele se foi.” Anunciou com voz pesarosa.

Glenn tentava ressuscitá-lo, mas a pressão em seu peito e a respiração boca a boca não surtia efeito.

“Glenn...” Rick pediu.

O coreano se afastou do corpo e se escorou ao gradil, colocou as mãos no rosto e ofegou tentando conter o choro.

Rick observou T-Dog, depois se voltou para Axel com ódio.

“Cara, eu estaria ainda preso aqui se tivesse ajudado o Thomas a fazer isso?” O prisioneiro usou de lógica.

Rick deduziu que não.

“Daryl tire ele da cela.” Rick pediu. “Precisamos voltar para o Bloco C.” Avisou quando Axel foi empurrado para fora, desviando do corpo no chão e se encostou a parede.

“Não podemos deixar o T aqui.” Glenn falou olhando para as mãos sujas de sangue.

Rick avaliou a situação, não poderiam levar T-Dog agora e o tempo para lamentações teria que esperar.

“Ajude-me.” Pediu a Glenn agarrando T-Dog pelos braços. Glenn o segurou pelas pernas e ambos o colocaram na cela de Axel. “Esperem-me lá fora.” Rick pediu, colocando o silenciador na automática.

Glenn na hesitou em sair, empurrando Axel para que seguisse na frente.

“Adeus companheiro.” Daryl falou dando as costas e se afastou também.

Rick deu dois passos para o lado e ergueu a arma, vacilou um segundo, depois atirou. Foi como se tivesse tocado uma campainha. Um segundo depois o som ensurdecedor do alarme da prisão disparou.


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Notas finais do capítulo

Lamentations - Lamentações