Uma Odisséia em Outra Terra escrita por Curupira


Capítulo 2
Mas um homem sozinho . . .


Notas iniciais do capítulo

O capítulo inicia com um paralelismo meu com a Odisseia de Homero, a métrica original foi preservada, é o único trecho em inglês do capítulo.
A mudança na narração é proposital.



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But one man alone …

although his heart yearned the return to his loved previous land

the mighty lustrous goddess and the glorious god, held the hero back,

with them an agreement was formed, great effort made his feet stand

cross all the land, know all my people, they said in an unison yack

return to us when you have established new parameters,

this world is calling for you ---- Sophrosseus, go find the travelers.

 

As suas pálpebras semicerradas se moveram aos poucos, sentia-se como se tivesse passado por um longo sono, duas vozes melódicas recitando versos antigos ainda podiam ser escutadas em sua cabeça. O atordoamento anterior foi passando aos poucos, finalmente pôde olhar ao seu redor. Um amplo espaço pode ser visto, sendo a planície predominante e as formações rochosas somente vistas em tom azulado no fim de seu campo de visão. O ar era estranhamente revigorante, porém sentiu-se mais pesado, como se tivesse ganhado algum peso enquanto dormia. Voltou a atenção para seu próprio corpo, mas parecia manter seu tamanho original.

O homem se levantava e tentava se lembrar qual seria a próxima coisa a se fazer nessa estranha situação, enquanto isso um flash momentâneo passou por sua mente, as vozes de um casal retornam, as palavras se repetem, como se tivessem por missão fixarem entre os seus pensamentos. O atordoamento piora. São dois seres fantásticos, vestidos na mais delicada vestimenta que já tivera notícias, o tecido delicadamente se despojava no corpo de ambos, e como se flutuassem, falavam cantando na mais doce voz que ouvira.

As misteriosas palavras, pareciam um cântico ou uma profecia. Uma profecia que citava seu nome, Sophrosseus, isso é, a sua própria profecia.

Sophrosseus se questionou sobre a natureza do local, onde morava, existiam poucos parques, e nenhum teria uma extensão tão grandiosa, talvez tivesse sido raptado e levado a zona rural, provavelmente deve ser isso, pensou.

Logo, um terrível pânico se instaurou, para que o raptariam? Verificou cada centímetro de seu corpo desnudo, depois verificou suas roupas que deitavam-se no chão próximo. Nada foi encontrado, nenhum arranhão, nenhum pertence. “Provavelmente fui roubado. Roubado”.

“Preciso seguir uma direção minimamente raciocinada”. O sol estava a pino, calculou que deveriam ser em torno das 12 horas da tarde, isso o daria no mínimo mais 6 horas de claridade para achar um abrigo. Como já havia notado, não havia um único sinal de civilização, e mesmo que fosse no interior de seu país, deveriam existir estradas na proximidade. Tentou prestar atenção aos sons ao seu redor, mas tirando os sons de alguns animais e do vento, nada mais ouviu, entretanto com novos esforços percebeu que mais ao longe, parecia haver uma área mais ampla, provavelmente deve ser parte de alguma plantação local. “A domesticação das plantas, é uma das formas mais básicas de civilização, mas é o suficiente para me guiar nesse vasto campo”.

Logo encontrou uma trilha que levava até um pequeno vilarejo. Algumas habitações já se faziam visíveis, podia contar 30 habitações no total. “Estranho, para que existe uma larga plantação, se existem poucas habitações ao redor e nenhum indício de grandes estradas capazes de carregar as mercadorias? Uma grande cidade deve estar próxima, sorte grande.”

Chegando na vila, encostou no primeiro muro que encontrou, tirou um pouco o tênis, e sentiu o tão merecido alívio. Retomou o olhar aos céus e se indagou se o Sol não parecia estar exatamente na mesma posição. “Já há algum tempo de caminhada, pelo menos deveria ter se movido um pouco, mas enfim, quanto mais demorar para escurecer melhor será. Caso eu encontre alguém legal o suficiente para me indicar as direções corretas, talvez ainda hoje chegarei em casa.”

Se levantou, contornou a construção onde estava, e entrou efetivamente na vila. Agora podia contar mais claramente as habitações, deveria haver o dobro do que previra antes, mas nenhuma das casas parecia ter algum sinal de qualquer maquinaria. “A mecanização já devia ter se espalhado por todas as regiões. Não tenho ideia onde estou”.

Mais alguns passos foram dados até o primeiro vilão¹ ser encontrado, era uma criança, inferi pelo tamanho da mesma, mas alguma coisa na sua aparência era desconcertante. Fiquei a encarando por alguns segundos, logo ela percebeu e também me encarou. Congelei, primeiro senti uma espécie de náusea, o que foi se transformando em uma inusitada curiosidade.

Assim que voltei dos meus pensamentos sensoriais, percebi a ridícula ação que havia cometido, provavelmente ela deveria receber esses olhares indiscretos constantemente por conta de sua exótica aparência, eu a observar com tamanha indelicadeza só faria a pequena se sentir pior, nesse momento me enchi de arrependimento, como um balão que se enche com ar, ou água, ou hélio, enfim, como um balão. Tentei disfarçar, perguntei se ela sabia onde os adultos se encontravam, pois precisava de algumas informações. Ela apontou algumas pessoas no campo, que eu havia passado despercebido, e um homem do outro lado da rua, que estava a caminhar. Agradeci e fui me encontrar com a pessoa do outro lado da rua.

Fiz um leve assovio, ele retornou o gesto. Eu percebi que as mesmas peculiares características físicas da garota logo atrás de mim, também se faziam presentes nesse ser tão distinto. Seus olhos eram excessivamente afastados de seu peculiar nariz, a pele estava envolta em algum tipo de oleosidade viscosa, o que fazia com que a luz solar refletisse mais em sua pele, dando a impressão de um corpo plastificado.

Tentei o cumprimentar, mas ele parecia se recusar, então minha palma da mão entreaberta para um chacoalhar se transformou no aceno mais simples e objetivo da história humana, pude naquele instante demonstrar toda a magnificência do processo evolutivo, e com toda determinação em mim instaurada o mostrei meu polegar opositor direito. Com toda beleza que Darwin permitiu que ele tivesse. 

Seu olhar de curiosidade, se transformou em uma estranha expressão receptiva. Finalmente pude dizer:

— Com licença, o senhor pode me informar onde estou ou pelo menos, onde fica a cidade mais próxima?

— . . .

Talvez seja mudo, a sua aparência singular deve ser uma doença genética, e como é a segunda pessoa que vejo com tal nesse lugar, talvez tenha acometido a todos. Uma epidemia? Um novo tipo de vírus? Será que o governo tem novamente nos privado de informações essenciais sobre a saúde

—. . . pública.

  Acho que disse algo em voz alta. Me exaltei, mas quem não se exaltaria? As epidemias estão cada vez mais comuns, pandemias, eu diria. Já vivi o suficiente para ver muitas pandemias

Por que nunca aprendi a linguagem de sinais? Finalmente decidi não privar todo meu embaraço e comecei a empreender um tipo banal de mímicas.

Depois de tentar desenhar no ar a geometria das casas, balancei meus braços tentando dar a impressão de grandiosidade. Repetia as mesmas palavras movendo a boca levemente:

—C-I-D-A-D-E G-R-A-N-D-E

Estiquei meus dois braços para a frente de meu torso e com meus dois punhos fechados, segurei um objeto imaginário. Fiz com que meus joelhos se curvassem de forma com que minhas pernas formassem um arco característico.

O homem deu alguns passos para trás, parecia estar terrivelmente assustado. Comecei a dar algumas galopadas, e saltando de forma alternada, eu gritava e fazia onomatopeias que prefiro não proferir. Ele finalmente pareceu compreender, apontou para uma direção que parecia indicar o fim da vila. Agradeci e segui meu caminho.

O senhor permaneceu com uma expressão séria, balançou um pouco a cabeça em negação e continuou andando. Eventualmente cheguei no local apontado.

— Onde, onde...

 Eu gaguejava, tentando recolher meus pensamentos.

 - Onde caralhos eu estou?


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