Em Más Companhias escrita por Maritafan


Capítulo 7
Cap 6 "Mercadorias e Valores"


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo descritivo. Precisava tirar logo o pessoal da beira daquele lago e bota-los na estrada.
Esperava desenvolver melhor o estado de espirito do personagem Tony, mas o infeliz é raso como uma colher de chá.
É um capitulo de transição, espero desenvolver melhor a história de agora em diante. ^^



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Pov Tony Catalano

Essas pessoas me davam calafrios. O jeito como agiam. Como falavam uns com os outros, não pareciam mais humanos.

Talvez fossem os "famintões" mutilados que os acompanhavam, amarrados em fila e carregados como camelos. Ainda por cima havia "raper" escrito a faca em seus rostos decompostos.

Talvez fosse o modo de falar, misturando palavras de francês e inglês. No dialeto "creole" da cidade de Nova Orleans. Isso quando falavam. Eram silenciosos, sussurrantes.

Pensar na distância que esse povo percorreu desde o extremo sul dos Estados Unidos até aqui nos arredores de Washington não me admira que tenham regredido tanto.

Talvez seja ainda a comida que comiam. Rãs. Depois dos pequenos se fartarem com as melancias que trouxemos e os mais velhos fritarem as cascas e misturarem com uma ração de proteína qualquer, os adolescentes altos e muito magros começaram a pescar rãs na beira do lago.

Da estranheza nascia a desconfiança. Eles pareciam tão selvagens porque tiveram que se adaptar para sobreviver. Ao ambiente e às pessoas. Tudo era muito hostil.

O desgraçado do Negan lia facilmente o meu mal estar com aqueles selvagens e debochava:

"Parece que o Tony aqui não aprecia a culinária francesa." Negan disse quando uma velha trouxe tijelas chinêsas com pernas de rãs assadas e farofa de casca de melancia.

A líder dos selvagens encolheu os ombros, não dando importância ao que eu pensava de seu grupo, e agradeceu a velha: "Merci, maman."

"Pelo menos não é bife de perna de gente." Disse Regina, com a voz carregada de ironia. "Se você descer até Savannah, talvez ainda encontre esses pratos mais apetitosos." Completou ela, depois que um gole de água empurrou para baixo a farofa.

"Cadê a porra da tua educação, Tony?! Agradeça esse caralho e coma." Negan se emputeceu, enchendo a boca com as rãs e gostando.

"Obrigado, madame" Me obriguei a dizer, provando a comida. Não estava ruim. Era bem preparada e até tinha opções de tempero: molho de alho ou de pimenta oferecidos pelo homem baixinho e troncudo que acompanhava Regina. Eu escolhi molho de alho.

Esse cara é o pior deles. Parecia quieto e inofensivo, como o Bruce Banner antes de se transformar no Hulk. Mike, esse era o nome dele. Provavelmente o executor do bando.

"Você disse que o sul está perdido?" Negan continuou a conversa interrompida minutos antes pela chegada da comida. "É isso mesmo?"

Regina confirmou: "Hordas de ambulantes e carcaças de comunidades pilhadas e incendiadas pontuaram as estradas e rodovias em nosso caminho para o norte."

"Eles tentaram continuar, mas os seres humanos não sobrevivem sem o mínimo de cooperação."

"Grupelos de homens violentos e transtornados foi só o que encontramos. Eles não levam nem mulheres nem crianças. Muitos inocentes foram mortos pelos próprios militares, enquanto ainda estavam na ativa."

"Os homens que sobreviveram continuaram a matança. Matam todos os que consideram inúteis. Às vezes é uma sorte morrer antes que eles achem que você pode ser útil a eles"

Percebi que era uma questão referente a nós, os Salvadores. Pela primeira vez que eu me lembre, Negan ficou quieto olhando para mim. Eu era um coletor de gente. Um "farejador". Deveria ser capaz de convence - los de que não éramos uma ameaça. Pelo menos não como os outros foram.

"Cuidamos da nossa gente, madame. Procuramos ajudar quando possível os bandos que encontramos nas estradas. Tudo tem um custo muito alto. E esperamos retorno das pessoas que ajudamos a se alçar em segurança."

A mulher me olhou com aqueles olhos verdes que me deixaram muito desconfortável. "Um filho da puta" foi o que os olhos me disseram.

Negan deu uma gargalhada e confirmou: "O que o Tony quer dizer com essa merdalhada educada dele é que somos uns filhos da puta, madame. Mas temos regras, entende? Se seguirem as regras e o acordo, nada de mal acontece àqueles que encontramos. Pelo menos não de nós. Não metemos o caralho na vida de ninguém. Teu grupo segue as tuas regras, enquanto a madame segue as minhas."

"Nao somos estupradores, madame. Pra que forçar, quando por uma lata de sopa e um lugar seguro se consegue o que quer, não é mesmo?!" Negan disse isso com o sorriso mais canalha do mundo.

"As pessoas fazem qualquer coisa por segurança." O mantra dos Salvadores, parecia ser o mesmo da Regina First.

Aquele grupo incomodo e bizarro parecia que não tinha nada a oferecer no momento. Negan até deu uma olhada a mais nas moças. Mas quando uma delas abriu o casaco e mostrou os peitos mutilados de mordidas e arranhões, ele desistiu de levar qualquer uma delas com ele.

Ninguém explicou como aquela moça ficou daquele jeito, mas não era a única pelo modo com que se olharam. Aquelas pessoas tinham muitas cicatrizes, algumas visíveis. Mas as piores com certeza marcavam suas almas.

Era um grupo muito rápido em montar acampamento e desmonta - lo. Nosso caminhão de carga já estava na rodovia, bem como uma vintena de errantes. Era hora de ver como os Bizarros matavam.

A segurança dos pequenos era prioridade. Amarrados com "slim" ás costas dos poucos membros armados do grupo, ficavam distante de qualquer perigo mais imediato.

Os primeiros a agir eram as duas jovens e o rapaz com os arcos. Flechas de plumas pretas derrubavam aqueles mortos que estavam mais próximos.

A matança agradava ao Negan. Podia ouvir o pulso do desgraçado acelerar a metros de distância.

As crianças maiores, com bastões de cricket, derrubavam pelas pernas e depois finalizavam os mortos esmagando as cabeças podres. Havia outras crianças que manejavam cordas como se fossem chicotes, com meia tesoura grande amarrada nas pontas.

Os membros adultos do grupo, não mais que nove, mais a Regina, matavam com machados, facões e martelos. Eram muito eficientes. Alguma sorte os ajudou no caminho. Mas a vontade de sobreviver os ensinou o que precisavam. Os tornou eficientes e um perigo para nós.

Eles se espalharam e se reuniram derrubando todos os mortos em minutos. Quando chegaram ao caminhão que iria transporta - los até a segurança que ansiavam, era hora de se despedirem de suas cargas, seus camelos hediondos. E de separar o que seria útil aos Salvadores.

"Então chegou a hora da triste despedida." Uma mocinha alta, de cabelos embarrados, cantarolou enquanto enfiava uma faca na tempora da errante mutilado que seus amigos haviam descarregado momentos antes.

Eles estavam no limite. Não havia mantimentos exceto um pouco de cereais, tipo aveia e soja, e rações de proteína, que no passado eram usados pelos marombeiros de academia.

O grupo não parecia se importar enquanto estranhos vasculhavam seus pertences em busca de algo de valor. Desde que seu povo não fosse tocado é claro.

Mas numa mochila, que pertencia ao rapaz que chamavam Gill, os Salvadores encontraram o que gostavam: duas barras de um kilo cada de erva e pornografia adulta. As pessoas riram. Negan meio debochado e os Bizarros compreensivos.

"Não há nada de sinistro num rapaz gostar de erva medicinal para relaxar as dores e sexo para aliviar a tensão do dia." Regina era a compreensão em pessoa.

"A única medicina que teremos por muito tempo será a natural." E mostrou a Negan frascos de tinturas de plantas que podiam ser usadas para dores no corpo, cicatrizar feridas, limpar a casa de carrapatos e pulgas.

Regina garantiu que antes das neves chegarem poderia preparar uma quantidade significativa destas beberagens para entregar como tributo pela ajuda prestada ao seu grupo.

Esses coisas tinham mais valor que enlatados vencidos e carne bichada que a maioria das comunidades nos pagava para que as deixássemos em paz.

Conseguimos acomodar todos na caçamba de um caminhão de carga aberto, protegido por lonas. Nossa mais valiosa mercadoria, os sobreviventes.

Agora, eu precisava descobrir para onde Negan pretendia leva - los.


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Notas finais do capítulo

Espero não ter sido um suplício lerem esse capítulo árido. Espero melhorar no próximo. Tipo, mais interação entre os personagens. Mais Bizarros! ^^



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