Em Más Companhias escrita por Maritafan


Capítulo 5
Cap 4 "Um mundo frio"


Notas iniciais do capítulo

Obrigada, obrigada, obrigada a Menta, amiga e beta, sem a qual "Em Más Companhias" não teria nascido. Agradeço ao Sr. D. Black pelo comentário educado. Agradeço a Pat Black que comentou e favoritou EMC. E agradecimento final a Night Crow que favoritou essa EMC. Vamos à leitura. ^^



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Os grupos estavam separados, Bizarros de um lado, Salvadores de outro. Estavam acampados nas margens barrentas de um lago próximo à rodovia, onde foram abordados pelo grupo de Negan.

Os líderes e seus imediatos estavam sentados em bancos retirados de carros sujos de sangue e poeira do último e eterno engarrafamento do fim do mundo.

Ao lado deles estava uma fogueira em brasa, bem enterrada no chão mais seco do local de negociação, onde assavam deliciosas batatas doce.

Mais afastados dos líderes e dos Salvadores, os sobreviventes do grupo nomade formavam seu próprio acampamento. Os vigias e as Cargas formavam um anel exterior ao redor dos membros mais dependentes, sendo estes cuidados pelos adolescentes e adultos mais velhos.

As crianças pequenas, totalmente indefesas se deliciavam com a parte vermelha das preciosas melancias, tão generosamente oferecidas por Negan. A casca verde e a polpa branca foram habilmente cortadas pelos velhos, que as preparavam de forma que impressionou os Salvadores que os vigiavam cuidadosamente.

Negan estava representando o papel de anfitrião cuidadoso e guia de viagens, oferecendo a comida e contando com gestos e palavreado espalhafatoso sobre as comunidades que existiam nos arredores de Washington e a Nova Ordem Mundial, em que ele, Negan, era o líder supremo.

Pov Mike Gilles, o Alfaiate

Escutando a verborragia ininterrupta do líder do grupo que os abordara de forma tão imprevisível, Mike Gilles, o Alfaiate, baixou o volume da voz de Negan, aumentando o volume de seus próprios pensamentos.

Finalmente aconteceu o que a Matilha estava esperando há dias, desde que perceberam que estavam sendo habilmente seguidos.

O fato de não terem sido atacados desde a primeira noite indicou que os caçadores eram cuidadosos e tinham planos para os sobreviventes.

Aos poucos a tensão inicial foi cedendo lugar a fria expectativa. O que tivesse que acontecer, iria acontecer.

A Matilha apenas iria reagir e se adaptar aos acontecimentos. Não adiantava sofrer pelo passado, não adiantava sofrer pelo futuro. O foco era o aqui e o agora.

Então, eles chegaram. Eram perigosos com certeza, mas não parecia ser o objetivo dos Salvadores estuprar, torturar, mutilar e matar o bando.

O objetivo com certeza era a escravidão.

Mike olhou para o bando que havia ajudado a formar e a manter desde o caos e horror dos primeiros dias da queda da civilização.

As lembranças daqueles dias se fossem deixadas correr livres em seus pensamentos poderiam paralisa-lo. Então ele extraia desse passado apenas o necessário para continuar aprendendo e sobrevivendo.

Mas parecia que o cheiro da fumaça tóxica dos carros impedidos de deixar a cidade na qual Mike Gilles vivera há três anos, quando pessoas terrivelmente feridas e de comportamento apavorante começaram a aparecer em quantidade incontrolável, jamais sairia de sua memória olfativa.

Milhões morreram pela Peste desconhecida que causou o Apocalipse. A Guerra e a Fome se uniram ao primeiro cavaleiro e continuararam o seu trabalho impecável na matança. Apenas o cavaleiro da Morte não se manteve fiel às escrituras. A Morte tornou-se estranha... Incompreensível. Não mais trazia paz, apenas terror.

Então sua líder começou a falar, a mulher que primeiro abriu a porta de seu apartamento e encarou os mortos, questionava as intenções de Negan e o preço a pagar por sua ajuda.

- Então realmente existem lugares seguros em Washington? E essas comunidades estão dispostas a acolher sobreviventes?

O homem que mais parecia um lobo em pele de cordeiro aparentava estar muito feliz, o que era muito bom para a Matilha, realmente:

_ Existem uma caralhada de ajuntamentos humanos no norte. Todos se deram muito bem no início, sendo protegidos pelos militares babacas que desviaram para esses lugares o grosso dos mantimentos que o Governo distribuiu, enquanto a porra toda funcionava, claro.

_Ter tanta comida e proteção tornou essa gente um bando de riquinhos mimados e egoístas.

Regina e a Matilha já tinham visto um lugar de gente assim.

Eles quiseram entrar e o preço que pagaram na admissão os encheu de cicatrizes e de remorso pela morte de amigos.

*******

Pov Regina Miller

Deixei Negan falar e falar e falar, não que tivesse opção, o cara adora o som da própria voz. Muito esperto, muito carismático e completamente arrogante.

No entanto, ele se esforçava para parecer simpático. Ofereceu a comida fresca, uma dádiva. Praticamente dez dias comendo insetos torrados, estavam me deixando sem apetite. Mau sinal em tempos de inanição.

A simpatia e generosidade do sujeito boca suja que deu nome a um taco, não escondiam a situação precária do meu bando: estávamos irremediavelmente ferrados.

Não que estivéssemos muito melhor antes. Passávamos fome e sede. Dormíamos congelados a noite e caminhavamos sufocados pelo calor do dia.

O desespero da situação estava lentamente minando a vontade de viver do grupo. Sentia pelos olhares de desânimo que suicídio já estava sendo cogitado pelos membros de mentalidade mais fraca.

Ser um nomade quando o inverno chegava era desesperador. Nosso primeiro inverno foi terrível, mas tínhamos um lugar seguro. Estávamos em maior número e éramos mais fortes.

O segundo inverno da Era dos Mortos que Andam foi a mais terrível experiência que tive. Nem o começo foi tão ruim. Um terço do bando morreu. De frio, de fome, pelas doenças. Morreram nas mãos dos vivos e dos mortos.

Estávamos vivendo numa Era Apocalíptica, pós - industrial, onde as grandes cidades estavam irremediavelmente perdidas.

Os recursos básicos de sobrevivência eram escassos. Não podíamos plantar e os saques eram dificultados pela fuga constante dos mortos e dos vivos.

Por tudo isso, meu pensamento para esse acordo com o Negan era: se você está se afogando, faz diferença de quem te joga a corda?

O negócio era de ocasião. De irmão para irmã como ele disse. Ele nos levava até uma comunidade de gente decente, que estivesse abrigando refugiados e nós teríamos que bancar a boa vida dele. Metade do que produziríamos. Por mim tudo bem. Não pretendia manter porra de acordo nenhum mesmo.


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Notas finais do capítulo

Nossa Senhora do Nyah, que dificultade essa edição o/



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