Delta escrita por Rodrigo Silveira


Capítulo 2
Vigiado


Notas iniciais do capítulo

Não. O Reen não é o Percy Jackson. Bjs.



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O sol adentrou o meu quarto, obrigando-me finalmente a acordar, cumprindo a missão que o alarme do meu celular não conseguira.

Meu pai estava de pé olhando pra mim.

— Por que você não troca esse som do despertador? — Perguntou ele. — Isso nunca te acorda mesmo. Devia pôr alguma música daquela banda que você gosta. Como é mesmo? The Black White Fears? Ou então conectar em algum paredão de som.

Juro que fiquei tentado a fazer isso. Sentei-me na cama sem disposição alguma, tentando me localizar. Esse é um fato importante sobre mim: eu tenho sérios problemas de atenção. Não é déficit nem nada assim. É só que, toda vez que eu paro e penso, o resto do mundo ao meu redor desaparece. Quando eu durmo, viajo pra todo tipo de lugar, mas quando acordo, não lembro nem meu nome. Okay. Isso é exagero. Meu nome é Reen.

— Que horas são? — Eu perguntei quase sem voz.

— Quase sete. — Meu pai respondeu.

Quase pulei da cama. Corri até o guarda roupa pra procurar o uniforme escolar. Eu não podia me atrasar. De novo. Meu pai veio até mim caminhando com certa dificuldade. A prótese que ele usava em uma das pernas tinha sido fabricada pela Autobody e já não funcionava desde que a antiga Éden caiu. E isso é tipo minha vida toda. Eu já falei pra ele trocar por uma das novíssimas próteses da IRIS Corporation – A empresa gerenciava segurança e tecnologia em todas as cidades – mas por algum motivo, meu pai não confia neles. Sabe gente velha? Que só gosta de coisa velha? Pois é. Eu respeito meu pai.

— Antes de vestir a farda, não acha que falta alguma coisa? — Perguntou ele. — Quem sabe, um banho? Escovar os dentes?

Sabe esse negócio que eu falei de atenção? Pois é. É sério. Soltei a roupa no chão e fui para o corredor.

— O banheiro fica para o outro lado, você sabe, né, filhão? — Gritou meu pai.

E lá fui eu correndo para a outra direção.

[...]

Depois de tropeçar algumas vezes e engasgar com meu sanduiche, finalmente cheguei ao ponto de ônibus. Do outro lado da rua, em um prédio bem alto, havia uma enorme propaganda da IRIS transmitida em 3D. Nela, nosso presidente, Zac Nelos, um homem esbelto e albino que parece ter a confiança de todo o povo das treze cidades, falava o quão seguras e pacificas são elas, e, por causa dessa pequena distração, perdi a minha condução pra escola.

Quando finalmente cheguei à escola municipal de Nova Eufrades, fiquei ciente de que já tinha perdido a primeira aula. Os alunos estavam nos corredores, dirigindo-se para a segunda.

— Parabéns! Só está atrasado para uma aula hoje.

Virei para trás e avistei meu amiguinho mais baixo que eu, todo sorridente.

— Bom dia, Dex — Respondi, apressando o passo.

— Sabe o que tem pra hoje, né?

— Sim. — Falei, olhando de um lado para o outro, procurando a minha sala. — Aula de geografia.

— Não. Você só tem aula de geografia na terça. Hoje é quinta. Então eu mudei a direção dos passos. Dex me seguiu novamente. Acredite. Ele faz isso mais vezes do que eu posso contar.

— Vamos Reen, eu só tenho doze anos. Não posso ser o secretário de um garoto de dezesseis. Precisa se achar.

— Eu não preciso de um secretário, Dex. Sei perfeitamente para onde estou indo. — Eu falei desistindo de ignorá-lo. Tirei os fones, dando a entender que eu daria ouvidos a ele. Agora, prestar atenção, já é outra coisa.

— Sério? — Dex parou e cruzou os braços. Eu parei e o olhei de cima a baixo. Alguém que tem medo de gatos e pessoas carecas, tentando parecer adulto. — O que de mais importante você tem pra hoje?

Parei e pensei por um instante. Juro que não consegui lembrar-me de nada. Tirei meu celular do bolso e olhei o calendário. Alguma coisa eu tinha que ter anotado. Foi aí que o desespero se fez no meu rosto. Olhei pro Dex, que deu um sorriso largo. Em seguida, passei correndo por ele.

— Boa sorte na final de FLYERSTEP! — Dex berrou acenando, mas eu não ia dar aquele gostinho pra ele.

[...]

O único momento do meu dia em que eu encontrava um foco era quando eu estava jogando FLYERSTEP. Eu até poderia passar horas e horas tentando explicar como esse jogo funciona, mas eu ia falhar e tudo o que você veria é um idiota pisando em um chão quadriculado enquanto uma música Techno toca. Meu corpo se movimentava de forma tão voraz que você nunca ia pensar que sou lesado como realmente sou.

Depois de alguns sets, tivemos uma pausa no jogo. Apesar de ser a final do interclasses, não havia muitas pessoas para apreciar a partida. Dex veio correndo até mim, todo prestativo, com uma garrafa de água. Tomei um gole, recuperando o fôlego. Em seguida, afundei o rosto em uma toalha, limpando o suor.

— Tá uma partida quente, né? — Dex perguntou, animado. No fundo, eu sabia que ele não fazia ideia de como um jogo de FLYERSTEP funcionava. Dex estava ali por mim. Porque era meu amigo. Valorizo isso, mais agora do que nunca.

— É — Concordei. — O cara da outra escola tá furioso comigo porque eu me atrasei.

Dei uma bagunçada no cabelo tigelinha dele e voltei ao jogo.

Ganhei a partida e um cumprimento nada amistoso do outro garoto. Em seguida, Dex correu animado para me dar os parabéns, junto de alguns professores que tinham que fingir que se importavam. No meio de alguns apertos de mãos, meus olhos perdidos encontram alguém na arquibancada.

Ele estava sentado um pouco curvado para frente. Um cara negro, talvez mais velho que eu; achei que fosse do segundo ou terceiro ano. Ele olhava para mim fixamente. Depois, levantou-se e saiu da quadra, sempre me olhando com um semissorriso no rosto.

— Ei! Mané! Tô falando contigo. — Gritou uma menina na minha frente, me trazendo de volta à realidade — Sou Lea Vinsyl.

— Ela é do jornal da escola. — Disse Dex, com aquela animação que eu nunca conseguiria ter.

— Tá, valeu. — A garota, um pouco mais baixa que eu, deu alguns tapinhas, de leve na boca de Dex para que ele se calasse, deixando o meu parceiro sem reação.

Se tem uma coisa que desmoraliza alguém é tapa na boca.

— Ah. Oi. — Falei. Eu já tinha visto Lea algumas vezes, nos corredores. Acho que ela era popular ou algo do tipo – Eu conheço ela, Dex.

— Que ótimo pra você. — A “gentil” menina tirou um gravador do bolso e quase enfiou na minha boca, esperando que eu falasse sei lá o quê - E aí, como é ser o campeão da interclasses de FLYERSTEP?

— Bom, é... Legal. Eu acho. — Respondi, com a completa consciência de que parecia um idiota falando. Mas fazer o quê? Eu realmente estava sem jeito. Fiz até questão de passar a mão nos cabelos pra parecer mais estúpido.

— Certo — Ela baixou a mão e o gravador, e saiu da quadra caminhando como se fosse uma modelo.

— Ela até que é gatinha, — Reparou Dex enquanto ria. — Mas é bossal e se veste igual uma secretária.

Dessa vez, fui eu quem o calou com alguns tapinhas na boca, ele tinha merecido. Confesso que em nenhum momento tirei os olhos de Lea. Nesse instante, um peteleco atingiu minha orelha.

— Ai. — Reclamei, me virando para ver quem tinha feito aquilo.

E ali estava ele. Sungro, capitão do time de basquete, olhando pra mim de cima. Isso era fácil, já que ele tinha quase o dobro do meu tamanho.

— Sabia que hoje era nosso dia de usar a quadra, né? — Falou ele com a voz cheia de testosterona.

— É — Respondi, olhando-o da forma mais imponente que um garoto franzino de dezesseis anos podia. — Mas a diretora Sali resolveu dar espaço para a gente da interclasse.

— Qual é — Disse Sungro, apontando para a quadra — Música? Chão brilhante? Homens de verdade só precisam de uma bola pra jogar. E esse seu uniformezinho? — Falou, referindo-se ao meu short. — Foi a tua irmã que te emprestou?

Concordo que não era o short mais másculo do mundo, só que naquela hora eu fiz que ia para cima dele, mas os músculos extremamente definidos de Sungro convenceram-me que seria uma ideia estúpida. Dex se pôs entre nós dois.

— Pessoal? O sinal já tocou. Acho que não vai querer perder mais uma aula, né, Reen?

Os músculos rígidos de Sungro se atenuaram e ele finalmente prestou atenção no minúsculo garotinho abaixo dele.

— É. Vai pra tua aulinha aí. — Disse ele, virando-se para sair como se nós dois fossemos dispensáveis. — Agora, se quiser ser macho mesmo, me procura, eu jogo uma parada que é só para os fortes.

Quando teve certeza de que Sungro estava longe o suficiente para não vê-lo, Dex apontou o dedo do meio para ele. Eu fiz o mesmo. Somos duas vidas loucas. Vivendo intensamente.

— Qual é a desse cara?

— Testosterona. Eu acho. — Respondi, dando de ombros. — Vem. Me ajuda a arrumar minhas coisas.

[...]

Durante as duas aulas de gramática, a mente saiu pra passear novamente. Peguei-me imaginando quem seria o garoto do ginásio que me olhara daquela forma. Nunca o tinha visto antes. Talvez fosse um novato. A última coisa que eu queria era um psicopata maluco ou revolucionário na minha vida.

Assim que as aulas terminaram, reencontrei Dex nos corredores.

— Ei. — Chamei. — Viu aquele cara no jogo? Olhando pra mim o tempo todo?

— Não — Dex respondeu, até porque ele também estava olhando pra mim o tempo todo.

— Sério. O cara parecia hipnotizado, sei lá.

— Hum. — Dex deu uma risadinha disfarçada. — Você conquista todo tipo de gente, hein.

Dei um soco no braço dele. A última coisa que crianças de doze anos são é inocentes.

— Sei que tu tem tuas fontes, Dex. Descobre pra mim. Um cara negro, quase careca, do terceiro ano, ou segundo, sei lá.

— Tá interessado nele mesmo, né?

Dessa vez, o soco foi um pouco mais forte, fazendo Dex cambalear. Enquanto descíamos pela escadaria da saída da escola, vimos Sungro do outro lado da rua. Minha postura descontraída mudou imediatamente.

— Vamos? — Chamou Dex — Vai passar lá em casa? Uma partida de Devils Online? Ou podemos ir até o parque, na Fortaleza.

— Amanhã. — Respondi. Não estava com vontade nenhuma de subir na casa da árvore nem de jogar nada. Eu também fazia coisas só pra agradar Dex, mas hoje, por algum motivo, Sungro estava me tirando do sério.

— Não vai brigar com ele, né? — Dex me alertou — Sabe que não consegue.

— Obrigado pelo apoio, Dex. Até amanhã.

Ele seguiu pela calçada, olhando algumas vezes, até que desapareceu, virando a esquina. Atravessei a rua indo onde Sungro estava. Sua cabeça estava coberta com o capuz do blusão que vestia.

— O que você é? Um mafioso? Qual é a desse capuz aí? — Perguntei abrindo os braços, como quem espera por uma briga. Às vezes me impressiona como eu consigo ser idiota. — Não quer que ninguém te veja apanhando de mim? Pode vir.

Sungro deu um peteleco no meio da minha testa. Os olhos dele estavam um pouco estranhos. Escuros. Drogado? Não dava pra dizer. Ele chamou a minha atenção, levantando o queixo para as câmeras de monitoração da IRIS, instaladas em alguns lugares dos prédios próximos. Todas as imagens iam para a capital, Nova Éden.

— Tô te chamando para uma parada séria, Zé Mané. Não é pra se agarrar no meio da rua. – Sungro deu uma risadinha perdida.

— Tá drogado, Sungro? – Perguntei, me afastando da calçada.

— Quer mudar tua vida, Reenzinho? Jogar O jogo? Chega mais na Avenida Campo Limpo. Sabe atrás do posto? Lá tem uma câmera da IRIS que não funciona. Chega lá depois das nove. Isto é, se não estiver dormindo, bebezinho.

Dito isso, Sungro pôs as mãos nos bolsos do blusão vermelho e saiu pela calçada. Fiquei olhando-o partir até que virou a esquina. Depois, virei-me para atravessar até a frente da escola novamente. E então, lá estava ele. Sentado no último degrau da saída. Uma mão cobrindo a outra. Dessa vez, o garoto negro pareceu nem perceber que eu estava lá. Tomei meu caminho de volta pra casa me perguntando se tinham inventado o dia dos malucos e eu não estava sabendo.

[...]

Assim que cheguei em casa, encontrei meu pai apoiado próximo ao fogão, preparando o jantar.

— Erik Odon, o senhor podia ter pedido comida pronta. — Disse, colocando minha mochila sobre a mesa.

— Eu gosto de cozinhar. Mesmo com essa perna de alumínio.

Ele caminhou e sentou-se vagarosamente à mesa, perto de mim que estava de pé.

— Se perdeu de novo, Reen?

— É — Eu menti.

Meu pai deu uma risada descansada, olhando para a panela que tinha deixado cozinhando no fogão.

— Acho que realmente vou ter que pagar o Dex pra te deixar em casa.

— Ah. Tá bom. — Disse, debochando enquanto saía da cozinha.

— Não esqueceu nada, Reen Kosh?

— Não. — Afirmei, mas com certa dúvida.

— Então devo acreditar que essa mochila jogada na mesa é minha?

E então eu voltei.

[...]

Batidas eletrônicas preencheram meus ouvidos vindas dos fones enquanto eu repousava sobre a cama, ainda de uniforme. Meu pai sempre me educou desde pequeno a respeito de praticar esportes e de não usar drogas. Obviamente não iria entrar no “jogo” de Sungro. Não havia vantagens. E, como eu disse, não gosto de jogos.

Sentei-me na cama. Tinha algo me incomodando. Peguei o celular e troquei a música. Coloquei ue me deixasse mais relaxado. Depois troquei de novo. O relógio marcava oito e meia. Levantei e fui até o guarda-roupa. Realmente tinha algo errado comigo. Talvez eu tivesse aderido ao dia de ficar maluco. Tirei um casaco laranja e uma calça jeans, atravessei o corredor escuro e fui ao banheiro.

As luzes da casa já estavam todas apagadas. Meu pai, muito provavelmente, estava dormindo. Hábitos saudáveis. — Ele sempre dizia — Acorde cedo. Durma cedo. Consegui sair de casa sem problemas.

Desde que me conheço por gente, de vez em quando sinto essa inquietude. Eu saio por aí, pra andar, pensar. Invariavelmente o Dex me acha e me leva de volta pra casa. Talvez fosse aquilo que me tirara da cama naquela noite. Pensei em ver o Dex. A mãe dele me amava.

Na teoria, o GPS do meu celular serviria pra me guiar. Antes que você pergunte, andar com um aparelho desses durante a noite já não era problema com o monitoramento da IRIS, os caras vigiam tudo mesmo. Já não tem assaltos por aqui faz um bom tempo. Mas ainda assim, consegui me perder. Por algum motivo que ainda desconheço, minha inquietude me fez ir até o lugar onde Sungro tinha me chamado.

Atrás do posto de gasolina da Avenida Campo Limpo, havia alguns tanques em que se colocava lixo. E eles estavam lá. Reconheci Sungro, apoiado na parede, vestindo o mesmo blusão que estava de manhã. Dos outros que estavam ali, nunca tinha visto nenhum deles na vida. Eles me olharam de cima a baixo e depois balançaram a cabeça negativamente.

— Esse aí é o cara? — Um dos rapazes falou com Sungro. Ele tinha a voz seca como se estivesse morto. Constatei que era um drogado. — É só um moleque. Não dá conta de segurar a barra que é a Revolução.

Sungro caminhou até mim e passou o braço sobre meu ombro como se fôssemos melhores amigos.

— O moleque é novo, mas se garante. Né, Reen?

Revolução. Não sei muito bem qual a deles, mas não é coisa boa. Naquele instante, arrependi-me amargamente de ter me levantando da cama. Sorri para os caras com meu jeito de babaca. A tentativa de parecer confiante falhara miseravelmente.

Dois caras surgiram atrás de mim. Eles me seguraram e levantaram minha blusa deixando meu abdômen à mostra. Sungro veio com um liquido verde em um frasco de vidro.

— Relaxa. Vai ser rápido. — Falou ele. Seus olhos brilhavam enquanto ele observava o liquido.

Em seguida, contra minha vontade, expressa em meus berros, ele injetou o liquido em mim. Minhas mãos estavam suadas e frias. Eu realmente não sabia o que estava acontecendo.

Sungro olhava pra mim com um rosto ansioso. Seus olhos estavam muito escuros. Talvez fosse efeito do líquido. Nunca o tinha visto assim.

Minhas pernas fraquejaram. Os dois caras me soltaram e eu caí de joelhos no chão.

Luzes.

Vermelhas e azuis. Elas preencheram o beco. Era a polícia. Ordens de rendição foram dadas. Eles apontaram armas pra gente.

Sungro me agarrou pelo casaco e me puxou como se eu fosse um escudo. Eu quase engasguei quando ele me levou para a parte da frente do posto. Lá, Sungro se agachou comigo próximo aos tanques. Ele estava eufórico, seus pulmões subiam e desciam rapidamente. Um sorriso largo mostrando os dentes.

— Eles não vão nos pegar. Não vão. — Sungro repetia sem parar pra si mesmo.

Seja lá o que ele fez comigo, eu realmente estava com medo. Chorando, inclusive. Não conseguia me livrar das mãos do Sungro e ele parecia nem estar mais prestando atenção em mim. Não era aquilo que eu planejava para uma noite de quinta.

Escutamos alguns tiros. Os policiais chegaram à frente do posto. Todas as outras pessoas já tinham esvaziado o lugar.

O céu escureceu. Naquele momento, algumas das câmeras que faziam o monitoramento da área foram atingidas por descargas elétricas. Sungro levantou e me puxou junto. Eu poderia dizer que tinha feito xixi nas calças, mas vamos poupar esses detalhes.

— Aí! — Sungro berrou — Até Deus tá com a gente. Essa merda de governo corrupto tem que acabar! Esses merdas da IRIS não têm direito de vigiar o que nós fazemos. Anarquia!

Eu não saberia dizer o que houve depois. Um raio atingiu os tanques de gasolina que explodiram.

Jogado ao chão, alguma coisa fumegava ao meu lado. Eu podia sentir o cheiro de queimado. A minha visão tornou-se turva e se distanciava um pouco. O zumbido em meus ouvidos crescia até não poder mais escutar os alarmes das sirenes ou o crepitar das chamas que consumiam tudo. Acho que morrer deve ser assim. Antes que o ar deixasse meus pulmões e minha vista escurecesse, ele estava ali.

— Então é ele. — Disse um dos caras do beco. Ao seu lado o cara que me observara na escola olhando fixamente de novo.

— Sim. — Ele falou, com um largo sorriso no rosto.


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