Delta escrita por Rodrigo Silveira


Capítulo 1
Ato I


Notas iniciais do capítulo

Esse prólogo se passa quatorze anos antes da história original.



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   Prólogo

Aquela noite

Setembro de 503 D.A.

Alarmes, alarmes, alarmes.

O som dos alarmes policiais soava insistentemente. O barulho se misturava com o som de gritos vindos de todos os lados. As chamas consumiam toda Éden, a capital das cidades celestes.

Erik Javes e seu companheiro cientista, Von Grower, esforçavam-se para destruir todos os seus instrumentos de trabalho no laboratório.

— Acha que eles conseguem nos achar? — Perguntou Erik, receoso, enquanto puxava cabos por todas as partes, liberando faíscas incandescentes.

— Bem, esse é o seu trabalho, você é o nerd dos computadores aqui. — Respondeu Grower. — Conseguiu limpar nossos dados no governo?

— Sim. — Respondeu.

Muitos anos de trabalho estavam sendo apagados para sempre diante do repentino ato insano dos dois e de alguns outros membros da equipe de estudos biológicos da cidade. Policiais poderiam surgir a qualquer momento e interceptá-los. Erik tomou em suas mãos a papelada intitulada “Experiência Delta” e atirou em uma fogueira que eles mesmos haviam provocado.

Antes que pudessem abrir a porta da sala em que estavam, um guarda arrombou-a com violência, e Erik foi arremessado ao chão.

— Onde ela está? — O homem de uniforme branco da polícia gritou com ódio entre os dentes.

— Desculpe, — Falou Grower com certa ironia, velada por um sorriso. — de quem está falando, meu bom homem?

— Janine! Onde ela está? — O suor percorria no rosto negro do guarda, fruto de muitos salvamentos e de uma pressão psicológica absurda.

— Morta. — Grower respondeu. Antes que o sorriso pudesse preencher o rosto do cientista, o homem avançou sobre ele, segurando-o pelo jaleco. Grower não teve tempo de reagir. Erik levantou-se desesperado e jogou um frasco de ácido remanescente da sala de materiais químicos, fazendo-o soltar seu companheiro.

Era quase possível ver os ossos entre a carne derretida de seu rosto enquanto ele berrava em desespero. Impedindo-o de fazer mais alarde, Erik acertou a cabeça do indivíduo com um extintor.

— Boa. — Gargalhou Grower. — Vamos deixá-lo assando aqui. Ainda há mais uma criança.

Eles correram por entre os corredores do laboratório. Havia corpos no chão de pessoas sufocadas pela grande quantidade de fumaça. Erik até podia ouvi-los engasgando na tentativa de gritar socorro. Ao longe, os dois escutaram o choro de uma criança entre o crepitar das chamas na madeira.

— Aqui! — Gritou Erik, afoito, abrindo a porta.

Eles entraram na sala e se depararam com a figura de um menino aparentando ter cerca de dois anos de idade. Os olhos grandes e chorosos da criança encontraram os cientistas.

— Zero três. — As palavras saíram da boca de Grower como forma de reconhecimento. Ele parecia estar um pouco decepcionado ao ver o menino. — Infelizmente não temos mais tempo para você. Seus irmãozinhos já estão na nave. Ruben já vai partir.

Ouviu-se uma gigantesca explosão. Ao longe, os passos dos guardas.

— Temos intrusos. — Grower falou, virando-se para a porta. — Acha que consegue dar conta do recado?

Erik recuou.

— Você quer dizer...

— Matar, jogar no lixo, como você desejar. Livre-se. É tarde demais. O casalzinho não vai nos esperar. Acha que dá conta do recado? Cinco minutos para decolagem, Erik. Cinco minutos.

Grower saiu e fechou a porta. Barulhos de tiros soaram, abafados.

Erik tomou a criança nos braços e abriu a porta. Então, ele se deu conta do que ele e seus companheiros haviam causado. Grower não estava ali. Nem outros policiais. Do lado de fora do laboratório, tudo o que o cientista pôde ver foi a gigantesca capital devastada. Nenhum dos enormes prédios e monumentos estava mais de pé, e a cidade, que reinava sobre todas as outras no céu, agora caía, despendendo do enorme sustentáculo que a mantinha nas alturas com as outras cidades, rumo à imensidão do abismo que outrora fora o antigo mundo.

Desde então, passaram-se quatorze anos.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso, espero que gostem. O próximo capítulo já está aí. Pronto pra começar a aventura?