Garota Valente 3: Guerra Civil escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 8
Bônus: Natasha Barton


Notas iniciais do capítulo

Olá! Capítulo bônus que não é exatamente bônus... mas vamos chamar assim.

Não sei se vocês observaram, mas eu só atualizo depois que alguém (qualquer leitor da fic) comenta a fic. Repararam? Um comentário! Se uma pessoa estiver comentando a história, é o suficiente para continuar.

Espero que gostem!



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Clint, Merida, Elinor e Gale.

Essas são as pessoas que me fizeram chorar. Chorei quando Merida se foi e todas as vezes que ela voltou pra mim. Chorei de emoção quando dei a luz aos gêmeos Elinor e Gale. Mas uma coisa que eu não achei que ia me despedaçar tanto e me fazer abraças o travesseiro e soluçar, foi quando Clint me deixou por causa de uma suposta guerra civil.

Eu sei, eu sei. Muitas lágrimas para uma Viúva Negra. Mas e se essa Viúva Negra tiver uma família a zelar? Essas eram as únicas pessoas por quem eu chorava de verdade: meu marido e meus filhos. Ao menos quando Clint saiu pela porta, eu sabia que Merida não ia me deixar. Ela estava firme em sua decisão. Já havia conversado com ela sobre o assunto.

Minha preocupação? Ela é muito apegada ao pai.

Para Merida, o maior vingador de todos os tempos era e sempre seria o Gavião Arqueiro. Eu achava normal da parte dela. Meri nunca foi a garota mais cor de rosa do mundo, mesmo sendo uma princesa. E é como Kate dizia: "Arqueiros devem permanecer unidos". E a Viúva Negra se tornava apenas uma BFF pra conversar de trocar conselhos.

Agora eu tinha um medo era de perder o que me arrisquei pra conseguir: um lar.

Batidas na porta do quarto, minutos depois de Clint sair e eu começar a chorar em silêncio. Sei que é Merida, mas meu coração insiste que ele mudou de ideia e voltou para mim. Enxuguei minhas lágrimas e atendi a porta para minha filha preocupada.

— Mamãe?

— Eu tô bem, filha. - disse séria.

— Justamente por saber que você não está bem, eu não perguntei.

— Meri, escute: os problemas entre eu e seu pai não precisam passar para você. Já escolheu seu lado, certo? E não foi por causa de um de nós.

Ela olha pra baixo e morde o lábio. Conheço essa expressão dela. Ou eu estou errada e ela escolheu seu lado por minha causa, ou ela está questionando suas convicções.

— Sim, você tem razão. - ela admitiu – Mas não pense nem por um segundo que ele não te ama mais.

— Eu sei, Merida.

— Lene e Gale vão precisar de explicações amanhã. Vai usar o típico "seu pai está confuso"?

— Possivelmente. Como eles estão?

— Consegui faze-los dormir.

— E o que seu pai disse a eles?

— Que ia sair por um tempo, mas voltaria. E que amava eles.

Ri. Por que não imaginei? Clint sempre foi tão otimista, diferente de mim. Eu era mais racional. Beijei a testa de minha filha mais velha e disse.

— Boa noite, minha princesa valente.

— Boa noite, mamãe. - ela respondeu, se retirando.

Fechei a porta do quarto e deitei na minha cama, me lembrando de como tudo começou. Bom, não exatamente tudo. Digamos que eu estava quase certa no dia do meu casamento.

Flashback On:

Era de noite quando a festa acabou e eu estava louca pra tirar aquele vestido cheio de babados e remover toda a maquiagem. O bom era que eu e Clint já estávamos indo para o hotel onde passaríamos a lua de mel. Ele mal entra no carro e arranca a gravata e o paletó. Só depois começando a dirigir. Quando o carro saiu do jardim do sítio onde foi o casamento, desfiz meu sorrido e o encarei seriamente:

— Estamos ferrados.

— Por que?! - perguntou confuso.

— Acabamos de cometer a maior loucura das nossas vidas, Clint! - acabo começando a rir – A gente se casou!

— Eu sei disso! Quem teve que pedir a mão de uma russa teimosa cinco vezes mesmo?

Soltei uma risada. Eu estava feliz em cometer a maior loucura da minha vida, se fosse com ele. Clint era o único louco na qual eu fazia questão de participar de suas loucuras insanas e arriscadas. E eu fazia isso com o maior prazer. Era um dos mil motivos para ama-lo.

— Eu estou pronta para encarar qualquer coisa com você, Clint. Qualquer coisa.

— Eu não queria enfrentar uma vida a dois com ninguém, a não ser você, Natasha.

Eu só não o beijei naquele momento porque ele estava dirigindo.

Flashback off:

Quando acordei naquela manhã, não quis levantar. Foi a primeira vez que isso aconteceu em toda a minha vida. Estava pensando no que aconteceria se Meri se aliasse ao seu pai. Nunca admitiria a ninguém, mas queria acordar daquele pesadelo descobrir que nada daquilo foi real. O pior de tudo era que ele ainda me amava. E eu o amava também. Enrolei pelo que pareceu alguns minutos e me levantei.

Fiz a higiene matinal e desci as escadas, de onde pude ver a mulher que minha filha Merida se tornou. Sorri ao observar ("É, você não fez um trabalho tão ruim quanto achou que faria, Natasha!"). Ela cuidava de seus irmãos com todo amor e brincava com eles e Elora no meio da sala. Eu a imaginava com seus filhos, mas a ideia de ser avó me causava arrepios. Não conseguia me imaginar com uma criança me chamando de "Vovó". E olha que, no começo do meu "gostar de crianças", eu se quer gostava de um "Tia Nat".

— Meli, onde está a mamãe? - perguntou Gale.

— Ela ainda está dormindo. - respondeu ela.

— Mamãe nunca dorme tanto. Ela sempre acorda antes da gente. Até no fim de semana! - exclamou Lene.

— Acontece que eu estudei numa escola especial e aprendi muitas coisas sobre a cabeça das pessoas. - ela diz, abaixada, fazendo parecer uma coisa realmente interessante – E acontece que quando as pessoas ficam muito tristes, elas querem ficar sozinhas. A mamãe está triste e prefere ficar sozinha agora, mas ela logo vai voltar. Sabe como ela é, certo?

— Ela está triste porque o papai abandonou a gente, não é?

— Sim... quer dizer, Não! Elinor, o papai não nos abandonou! Ele ainda ama cada um de nós! Isso pode ter deixado a mamãe triste, mas aposto que logo ela vai ficar bem! Lembram de quem ela é?

— Sim! Sim! Sim! - disse Gale empolgado, me arrancando um sorriso – Ela é a Viúva Negla!

— Quando eu crescer, quero ser a Viúva Negra! - disse Elinor, e senti que era minha vez.

— Ah, filha! Você é um amor, mas não vai querer ser eu. - falei, descendo as escadas e logo a pegando nos braços.

— Pol que não? - perguntou Gale.

— Porque a mamãe fez coisas que eu não quero que vocês façam. E isso inclui você, Merida.

— Sim, mamãe. - disse, fingindo estar chateada – Boa tarde.

— Dez horas da manhã agora é tarde?

— Pros seus padrões, dez horas da manhã é noite! - rimos - Está se sentindo melhor?

— Não muito, mas me recupero. A quem você puxou mesmo para aceitar rápido 17 anos de mentiras sobre quem eram seus pais verdadeiros?

— Papai? Ele que é tranquilo e se não tivesse puxado esse lado dele, teria tido um troço.

— E teria recusado o pedido de casamento do Lion.

— Talvez.

— Seria cruel. Ele deu uma festa. Imagina se você tivesse dito "não"?

— A festa seria da minha formatura! - deu de ombros.

— Lion ficaria arrasado. - percebo que as crianças não estão prestando atenção e pergunto algo mais... intimo - Ansiosa para a vida a dois?

— Bom, seria bom sair da linha de fogo entre você e papai. - suspirou triste – E o Lion conseguiu um lugar para morarmos. Jen tinha um apartamento de luxo e pretendia morar lá, só ela e suas coisas da Hidra.

— Vai morar num quartel general da Higra, basicamente.

— Adaptado para uma Vingadora. - ela respondeu.

— E a lua de mel...

— Não quer falar do que aconteceu ontem?

— E me transformar na sua paciente? Não, filha. Obrigada.

— Compreendo. - seu celular toca e ela logo mira a tela – Lion. Tenho que atender. Estamos discutindo assuntos sobre o casamento. E não me refiro à cerimônia e festa. Ele está procurando um curso de detetive ou um emprego, e depois disso, vemos o restante.

— Estão certos. - falei, me afastando e voltando para meu quarto.

Acho que Merida nem viu quando saí. Estava conversando com o noivo. Tirei o pijama e vesti algo para ir à Base. Só que, quando abri o closet, dei de cara com uma blusa que eu jurava tê-la perdido. Era branca e de alça. Tinha mais de vinte anos. Meu palpite era vinte e cinco. Não estava muito bem conservada e eu não fazia ideia de como ela havia ido parar lá. Não usaria, mas ela me trazia a nostalgia da última lembrança que tinha de usa-la: quando contei à Clint que estava grávida.

Na época, morávamos em um apartamento. Ao longo de nosso casamento, nós moramos primeiro no apartamento dele, depois em uma fazenda escondida quando Merida nasceu, e voltamos para o apartamento quando ela se afastou por segurança. Quando ela voltou, fomos para uma casa e depois... aconteceu o que aconteceu com ela e, com uma casa tão grande, não conseguíamos não pensar nela. Voltamos pro apartamento, depois para a base junto com Merida e agora, a casa onde estávamos com ela antes daquela noite.

Naquela época, morávamos no apartamento dele.

Flashback On:

Era noite e ele estava com os Vingadores. Fui liberada (contra minha vontade) daquela missão para ir à uma clínica e descobrir o motivo de enjoos frequentes e tonturas completamente estranhas. Eu juro que ri da cara do médico quando ele disse o que eu tinha. Quando ele chegou, todo machucado, mas já tratado e sem o uniforme, me encontrou no sofá com raiva, encarando o documento que comprovava meu maior pesadelo.

— Nat? - ele chamou, se sentando ao meu lado – Aconteceu alguma coisa? O que você tem?

— Leia. - ordenei, entregando o papel na sua mão e ele me obedeceu.

— O que é "Beta HCG"? - perguntou.

— O Exame. - respondi seca.

— E esse "Positivo" significa o que?

— Quer dizer que que tô... - aquela palavra simplesmente não conseguia sair da minha boca.

— Você tá...

Me levantei com raiva.

— Quer dizer que nossas vidas nunca mais serão as mesmas, eu vou passar por uma faze que achei que nunca passaria, de noites acordada, férias de meses contra minha vontade, o resto de frieza que me restou quando você invadiu meu coração vai pelos ares, eu tô apavorada pela primeira vez na minha vida e também não sei o que fazer! Resumindo: eu tô grávida.

— Vo... você está grávida?! - perguntou surpreso e confuso – Eu achei que era impossível!

— Também achei! - respondi.

Clint se levantou, me abraçou, me pegou no colo e me rodou, enquanto eu o mandava parar e ele ria. Ele deu apenas uma volta, pois acabou reclamando de dor e se afastando um pouco.

— Não acredito! Vamos mesmo ser pais?! - perguntou sorrindo.

— Está... feliz?

— Obvio! Acho que nunca estive tão feliz na minha vida! - exclamou empolgado, apoiando suas mãos em meus braços.

— Clint, por favor! Você sabe o que isso significa?!

— Que vamos ter um bebê, e ele vai crescer e ser como nós!

— Exatamente! E se ele for um palhaço de circo ou uma assassina impiedosa?!

— Você acha que eu sou um palhaço de circo?

— Bom, hoje não...

— E você? É uma assassina impiedosa?

— Já fui! E se...

— Isso vai depender de como vamos cria-lo.

— Eu não vou ser uma boa mãe. - admiti – Enquanto crianças brincavam de boneca, eu aprendia a usar uma arma.

— Pode usar isso para, se for uma menina, afastar os pretendentes dela! - brincou meu marido.

— Clint! - repreendi.

— Nat... me escuta: você não pode dizer isso. Você tem um instinto protetor e um amor incondicional quando se explora esse seu sombrio coração. Não pode jogar a toalha antes do jogo começar!

— Eu não nasci pra isso. Nunca vou conseguir.

— É claro que vai. Agora coloca a mão na barriga e diga: "Eu...", complete com seu nome completo.

— Não vou fazer isso. - falei rindo.

— Anda logo ou não vou comprar sorvete de chocolate amanhã pra comemorar.

— Eu compro!

— Você não está afim de fazer seu marido feliz, não é?

Revirei os olhos e levei minha mão ao ventre, e ele cobriu com sua mão.

— Eu, Natalia Alianovna Romanoff Barton...

— "Juro ser a melhor mãe do mundo..."

— Juro ser a melhor mãe do mundo.

— "Porque se eu não for, o pai do bebê me mata."

— Porque se eu não for, o pai de bebê tenta me matar e eu o mando para o hospital".

Rimos e ele se abaixou, beijando minha barriga. Aquele gesto arrepiou minha espinha de cima abaixo. Naquele momento, percebi a beleza do que eu estava vivendo. Um ser humano crescia dentro de mim. Ele podia ter meus olhos e os cabelos de Clint, ou o contrário, ou ser igual a mim e gostar de arco e flecha, e quem sabe não ter nada a ver com nenhum de nós e ter características dos avós que ele nunca conheceria. Então, Clint se levantou e me beijou cheio de paixão e amor.

Foi quando eu percebi que o que estava acontecendo comigo era na verdade a coisa mais perfeita que poderia acontecer.

Flashback Off:

Uma lágrima atinge a blusa. Não posso me permitir chorar. Enxugo e jogo a blusa de qualquer jeito dentro do closet. Mas não tirei aquela cena da minha cabeça nem quando cheguei na Base. Meus colegas me encaravam e viam meu rosto vermelho, mas sem o menor sinal de que eu estava abatina naquele momento. Minha postura fria retorna.

— Natasha? - perguntou alguém atrás de mim enquanto eu encarava alguns computadores da base. Me virei bruscamente.

— Visão, estou ocupada.

— Está procurando a base dos Rebeldes?

— Tão óbvio?

— Bom, você lutou contra seu marido ontem. Provavelmente está péssima.

— Obrigada. - digo com sarcasmo.

— Ah, antes que eu me esqueça: Merida ligou e pediu uma cópia dos Acordos de Sokovia. Ela disse que viria aqui logo. É para eu me preocupar?

— Por que seria? - perguntei confusa.

— Não acha que ela pode mudar de lado por causa do pai dela...

— Merida não vai mudar de lado. Ela está bem convicta do que é certo.

— Eu não sei bem como lhe dizer isso, mas dês do início, eu achava que ela ficaria ao lado do pai. E ela me pareceu bem dividida quando lutamos.

— Mas ela não está. Merida tomou sua decisão.

— De acordo com você, sim. Mas cuidado para não acabar falando por ela algo que não é da natureza de sua filha.

Visão estava certo. Eu e Merida tínhamos semelhanças, mas também éramos muito diferentes. Uma clara diferença? Ela é mais impulsiva e Rebelde. Eu podia esperar isso dela. Me sentei na cadeira que estava perto e comecei a pensar. Suspirei e decidi pensar em mim um pouco e levantar a cabeça diante do acontecimento da noite anterior. Levantei o nariz e pedi:

— Sexta-Feira? Me avise quando Merida chegar. Quero falar com ela.

— Sim, Sra. Barton. Algo mais?

— Quero que me chame pelo meu nome de solteira.

— Claro, Srta. Romanoff. - ela respondeu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!