Garota Valente 3: Guerra Civil escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 7
Resgate ao Soldado Invernal


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Me desculpe a demora. Estava me dedicando um pouco mais à Fredom, que está, aliás, muito bom.
Espero que gostem!



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Disse meu pai que havia se aposentado. 

Eu e mamãe nos registramos e continuamos nos Vingadores, mas o time estava abalado e em constante conflito. Meu pai havia saído naquela manhã. Isso foi poucos dias depois de Lion me levar para conhecer nossa futura casa. Eu estava no complexo treinando com Hope. Scott também havia saído também e eu já estava começando a achar isso estranho. 

— Está tudo bem com você? - perguntou Hope, que já havia observado que eu não parecia bem. 

— Mais ou menos, mas não se preocupe. - respondi, anda em posição de ataque pronta para mais uma luta. 

— Sei como é. - ela deixa os braços caírem ao lado do corpo e caminha até mim enquanto relaxo também - Isso me lembra de quando perdi minha mãe e meu pai se afastou de mim. Sei como é ver o fim de uma família, e é assim que você vê o time. Mas não vai ser assim para sempre. Eles vão ver que estão errados, não se preocupe! 

— E se nós estivermos erradas? - perguntei. 

Não sei o que deu em mim quando perguntei, mas eu já estava considerando a hipótese. 

— Meri, eu não acredito que você disse isso. 

— É, tem razão. Esquece. - bufei. 

Hope virou de costas e foi beber água enquanto eu pensava em alguma coisa para não me lembrar desse questionamento. Talvez se Krys não estivesse em missão, eu poderia ligar para ela, e foi o que eu fiz. Ela estava em casa, e mais do que eu, também precisava de um tempo. Assim, nós duas combinamos de nos encontrar no Central Park, em uma arvore que eu e meu pai as vezes nos sentávamos (chamávamos ela de "Arvore Forca"). Ela ficou feliz em poder desabafar, coisa que eu também precisava. 

Na base mesmo, tomei um banho, me troquei e entrei no carro. O caminho foi um pouco longo, mas tive bastante tempo para pensar. Estacionei meu carro perto e caminhei até a arvore, que tinha um banco ao lado. O dia estava lindo e o ar puro, embora eu estivesse tensa. 

Meri! - ela chamou, então me viu e se sentou ao meu lado – Aconteceu alguma coisa? 

— Não! Quer dizer... sim. Mas é o de sempre. 

— Meu marido fugiu com a irmã dele para fazer parte de uma resistência e você acha que a sua família está se destruindo? O meu pai é um foragido e... 

— Uma... resistência? - perguntei confusa. 

Krys suspirou. 

— Peet se referiu a eles como "Contra-Registro". Brincou usando a expressão "TimeCap". - riu seca – Ele me contou pouco, mas o suficiente, e por isso eu pedi que a S.H.I.E.L.D. me afastasse do caso. Não sou nem louca de entregar a minha família. 

— Meu pai também foi. E eu tô com medo. Nunca pensei que algo assim poderia acontecer. 

Minha amiga solta uma risada. 

— Uma vez, fui convocada para uma missão. Depois, Phill pediu diretamente a mim que eu recusasse, pois era muito perigosa. Meri, eu sou uma Rogers, não fujo uma luta. Mas a coisa foi complicada e May quase morreu. Tomei uma surra, mas completei a missão e salvamos meio milhão de pessoas de uma cidade prestes a ser explodida. 

— Uau, isso foi a quanto tempo? 

— Uns dois anos. E logo depois que eu voltei, estava exausta e péssima por causa do que aconteceu. Pietro descobriu e me chamou para sair. Eu não me lembro quanto tempo depois daquela missão foi o encontro, mas foi pouco tempo e ele não disse onde seria. Naquela noite, ele me levou até um arranha-céu e invadimos o terraço. Jantamos e observamos as estrelas. Foi quando eu enfim percebi que aquele era o homem que Deus separou para mim. 

— Tenho uma memória assim também. Algo ruim acontece, mas Deus nos lembra de que não estamos sós. E bom, eu penso nisso sempre que estou mal. Foi a primeira missão da mamãe depois que Lene e Gale nasceram. Eu fui pega e torturada para render informações, já que era uma missão secreta. Sabe que a Rússia é o lar da brutalidade, então eles não pegaram leve. 

— Já lutei com russos. Não é legal. 

— Pois bem, minha mãe fez questão de me resgatar. O Capitão América e a Feiticeira Escarlate estavam lá, mas a Viúva Negra tomou o resgate da Valente como uma missão pessoal. Me soltaram, eu tentei lutar ao lado deles, mas estava fraca e ferida. Wanda foi atingida, seu pai estava lutando contra vários caras ao mesmo tempo, os outros estavam na base, já que achamos que eles não seriam necessários... 

— Grave erro. - ela comentou. 

— Então um dos caras que estavam me torturando apontou uma arma para mim enquanto eu me reerguia. Minha mãe se jogou na frente, eu gritei, uma flecha o acertou antes, ele morreu, e quando ele caiu, eu vi com meus próprios olhos outro atirando contra o Gavião Arqueiro. Meu pai caiu e minha mãe atirou no outro, que aliás, era o último. No quinjent, meu pai estava em uma maca, minha mãe sendo tratada e eu desmaiando de fraqueza e dor. Ninguém disse nada durante a volta. Então, recebemos os devidos cuidados e fomos para casa em silêncio. 

— Uau, você caprixa nos detalhes. - respondeu Krystal – E você disse que as histórias eram parecidas. 

— Porque eu ainda não cheguei nessa parte. - respondi com um leve riso, e então continuei – Naquela noite não consegui dormir. Fiz o que eu fazia quando era criança e tinha uma tempestade, o que era comum em DunBroch: fui para o quarto dos meus pais, e sorte minha que a porta estava destrancada. Quando cheguei, vi que eles tinham meus irmãos nos braços e os faziam dormir. Pediram que eu ficasse com eles e me deitei entre um e o outro. Nós cinco dormimos juntos naquela noite, e foi o momento em que eu percebi que eu sempre teria o amor e o carinho da minha família, mesmo que o mundo desabasse. Não houveram palavras, apenas o amor de pais e filhos. De uma família. 

— Uau, isso... é lindo! 

— Aquele foi o momento mais especial da minha vida. Nós cinco, se abrigando um no outro. Até mesmo meus irmãos, que não entendiam bem, dividiam o amor da nossa família. 

— E agora, nossas famílias... 

— É. - concordei, quase lendo sua mente – Mas isso não vai durar. 

Meu celular tocou. Minha mãe. Atendi e ela logo foi direta: 

— Filha, volte para a Base agora. Apareceu um problema. 

— Pode ser rápida e resumir tudo? 

— O Rogers quer soltar um prisioneiro perigoso e recruta-lo para o time dele. 

— Ele não faria isso. - afirmei, confusa. 

— É um pouco complicado, mas é verdade. Ande logo. 

Desliguei o telefone e me levantei. 

— Tenho que ir, Krys. Seu pai está nos causando problemas. 

— O que foi dessa vez? 

— Vai soltar um criminoso. 

— Meu pai fala muito de um tal de Bucky, o Soldado Invernal. 

— Então já sabemos quem é... 

— Merida, por favor: se for o Bucky, escute o Capitão. 

Parei um instante para pensar em uma resposta.Ela via Steve mais como seu pai do que uma ameaça, o que não ajudava agora. Então assenti e segui para meu carro. Cheguei na Base, me troquei e parti para a missão junto com os outros. E eu não me lembrava de ver o Quinjent tão vazio. Estávamos eu, minha mãe, Tony, Hope, Rhody, Visão e Peter. Nosso time estava em pedaços e isso me deixava preocupada. 

O lugar era uma base da Hidra num lugar cheio de gelo. Nem me pergunte como Tony descobriu que eles estariam ali. O lugar era muito frio por fora, mas por dentro, nem tanto assim. O uniforme esquentava o suficiente. Vagamos pelo lugar, que era assustador, o que me trouxe de volta às ruínas do Triskelion onde lutei contra Jen. Nos espalhamos e vagamos em silêncio até achar alguém envolvido nisso. 

Ao mesmo tempo que tinha essa atmosfera nostálgica, também me lembrava o frio que senti no meu coração quando estava naquela base da S.H.I.E.L.D. e só consegui dormir quando minha mãe se deitou ao meu lado e cantou para mim a música de um filme. Um detalhe em meu traje que poucos se lembravam: eu tenho uma espada. Foi apenas sentir a presença de alguém que a tiro de seu suporte e ela quase arranca a cabeça do perseguidos. 

— Pai?! 

— Meri, o que faz aqui?! 

— Eu é quem pergunto! 

Tiros e lutas. O barulho repentino do confronto nos assustou. 

— Os outros vieram, não é? - perguntou meu pai. 

— Sim. Eu vim com eles. 

Guardei minha espada e segui junto com ele em direção à confusão que se instalava perto de uma máquina arcaica que parecia ser de criogenia. Lá, os Vingadores restantes lutavam contra o Capitão América, Falcão, Mercúrio, Feiticeira Escarlate e, acredite ou não, Kate Bishop. Ela se juntou a eles. Eu não podia acreditar! 

Pela primeira vez, eu não sabia quem era o inimigo. Só comecei a atacar os rebeldes quando quase fui atingida por uma flecha de Kate. Minha paciência se esgota e nem percebo que Steve não estava mais lá. Assim que uma flecha explosiva deixa Sam atordoado, alguém puxa o braço que usei para apontar e soltar a flecha. Numa fração de dois segundos (ou talvez um pouco mais), guardei meu arco e usei o braço que ela segurava de apoio para minha chave de perna (golpe que minha mãe me ensinou). Com ela no chão, me levantei e ela fez o mesmo em seguida. 

— Não acredito. - Bishop disse decepcionada – Achei que fossemos amigas! 

— A culpa não é minha! - afirmei – Estou fazendo o certo, você é quem quis se unir a eles sem necessidade. 

— Sua traidora. E ainda inocente?! Não leu o que assinou?! 

— Eu não tive escolha. 

— Ah, tinha sim. Seu pai escolheu outra opção. 

— Pra mim, se tornar uma criminosa não é uma opção. 

Voltamos a lutar, sem armas dessa vez. Não sabia que ela tinha um uniforme. Pra mim, ela só era treinada pelo meu pai, não que ela fosse o substituir. Isso era um pouco surpreendente. Mas sou mais forte que ela. Sempre fui. Ela tem uma mira espetacular, mas eu tenho habilidades em luta também.  Nossa luta foi curta, porque logo tive que encarar alguns outros, um a um. 

Não gostava daquilo. Não queria bater nos meus amigos. 

Me afastei um pouco da zona de combate. Reparei que alguns também se afastavam e depois voltavam. Mas o que me deixava inquieta eram meus pais lutando um contra o outro. Observando a cena, meu coração sangrou e doeu mais do que nunca. Então, Steve volta junto à um homem de cabelos escuros e bagunçados, mas isso não chama minha atenssão de primeira. O que chamou foi seu braço de metal. 

— Soldado Invernal. 

O nome sai sussurrado de meus lábios, mais em um pensamento alto do que uma dedução em voz alta. Era ele! 

"Se for o Bucky, escute o Capitão" A voz de Krys ecoava em minhas memórias, tentando me convencer de que estou do lado errado. 

E estou? 

— Hey! Valente! - chamou Stark - Está esperando o que?! 

— Me desculpe, tio Tony. 

Aquela luta foi uma das várias vezes que minhas flechas acabaram e eu apelei para minha espada e meus golpes. Os rebeldes recuaram, o que foi difícil. Não conseguimos prender nenhum, e matar? Nem tentávamos. Eu não podia me distrair, mas ouvi mais à frente que meu pai disse pra minha mãe, antes de fugir, que voltaria pra casa e confiava nela, ou seja, não haveria nenhuma armadilha esperando por ela. 

E na volta inteira, minha mãe estava com raiva. Eu perguntava se estava tudo bem, e ela não respondia. Naquele ponto da história, eu não sabia que papai tinha falado com ela. Eu via fogo saindo dos olhos verdes dela. Mas sabia também reconhecer alguém de coração partido. Já senti isso, mesmo sendo um mal entendido. Quando achei que Lion era meu assassino, pensei que nunca mais seria capaz de amar. Acho que minha mãe pensou o mesmo. Nós somos muito parecidas. 

Em casa, tomei um banho e vesti uma camisola de ceda branca, que batia nos meus joelhos. Troquei mensagens com Lion, que me confortou mesmo à distância, mas preferi que Krys não soubesse. Então, ouvi suaves pancadas em minha porta. Me levantei e a atendi. 

— Meri, eu e Gale não conseguimos dormir. - pediu Elinor. 

— O que foi, maninha? - perguntei, a pegando no colo. 

— Papai e mamãe estão fazendo muito barulho. A gente tá com medo. - disse, me encarando com aqueles lindos olhos verdes. 

— Tá bem. Vamos para o seu quarto. 

O problema é que quanto mais perto do quarto eu chegava, mais alta a briga dos meus pais. Não conseguia entender o que falavam, graças à paredes e a porta fechada, mas eu sabia que estavam brigando. E estavam furiosos. Foi o momento que nunca imaginei que aconteceria, mas quando essa coisa toda de LRS começou, passei a temer sua chegada. 

Deitei meus irmãos no tapete entre as camas, cada um de um lado meu, e os abracei. Ficamos apoiados em um puf, tentando dormir e esperando que eles parassem de brigar. 

— Meli, conta uma histólia? - pediu meu irmão. 

— Claro, Gale. Havia um reino muito antigo. E nele haviam quatro príncipes... 

— Mas essa histólia tem bliga! - reclamou o loirinho. 

— Não queremos histórias com brigas. 

— E que tal sobre... 

A porta do quarto se abre, me interrompendo. Meu pai estava lá, de casaco boné e óculos escuros, como se querendo se esconder. Estava abatido, mas seguiu e me chamou. Me levantei e o abracei. Estávamos de lados opostos de uma guerra, mas ele ainda era meu pai. Meu herói. 

— Meri... eu sei que você está decepcionada... 

— Decepcionada? Pai, você nos traiu. Simplesmente não entra na minha cabeça que você trocou os Vingadores por aquilo! Como?! 

— Já estou falando a muito tempo que não estou de acordo com isso. 

— Você disse que se aposentou. 

— Eu sei. Mas eu não podia ver tudo acontecendo e não fazer nada. 

— Claro. - revirei os olhos – Se não, não seria você. 

— Não pense que estou pedindo pra você vir comigo... 

— Eu já disse! - interrompi, ainda falando baixo - Mas ficar é o certo a fazer. 

— Sim. Como seguir uma tradição. Como um casamento arranjado. Obedecer sua mãe, a Elinor, era o certo a fazer. Não é? 

— Isso não tem nada a ver. Aquele casamento era injusto comigo. 

— Essa lei também. - ele respondeu – Mas é o que eu acabei de dizer: não quero fazer sua cabeça. 

Encarei o chão e logo ele me abraçou. Correspondi com força, desejando que ele mudasse de ideia. As palavras, falando do casamento arranjado na qual fui imposta, fugi e precisei transformar minha mãe em urso para que ela visse que estava errada, faziam sentido. Mas aquilo não foi real. Foi o T.A.I.T.I. e essa lembrança foi implantada na minha cabeça. Me afastei e pedi. 

— Por favor, fica. Fica com a gente, papai. 

— Não posso. Quero que cuide da sua mãe e dos seus irmãos. E se sua mãe falar o que não deve, diga a ela que a pesar de tudo, eu ainda a amo demais. Isso não é pessoal. Não precisa se tornar. 

— Eu sei. Obrigada. 

Assim, papai seguiu quarto a dentro e abraçou seus filhos. Não queria deixar sua família, mas em sua cabeça, ele não tinha escolha. Enquanto o observava se despedir dos gêmeos e jurar voltar, refletia em tudo o que acontecia e na posição que tomei. Aceitei aquelas condições sem nem saber o que pediam ou o que eram de fato. Será que Lion estava certo? Será que eu não era a mesma Merida que já fui? Ao olhar me no espelho, era a princesa de DunBroch, a vingadora Valente, ou alguma outra coisa? Então, meu pai saiu do quarto e da casa, me deixando com um questionamento em mente: 

Será que realmente estou do lado certo? 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e, mais uma vez, me desculpe pela demora. Não deixem de comentar!