Amoridade: Lembranças Danificadas escrita por Ella


Capítulo 17
Ponto De Vista




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676019/chapter/17

 

Terça, 24 de Novembro (continuação).

Após voltarem para o hotel depois da confusão por causa de Taylor, a maioria vai direto para a cama logo em seguida do jantar; cansados fisicamente e mentalmente. Na sala Taylor ouve seus pais discutirem na cozinha. 

— Caramba.. Depois do que aquele ridículo do meu irmão fez ainda tenho que aguentar mais discussões babacas dos meus pais? - Reclama vendo TV. - Quer saber, vou acabar com isso. Não vou ficar ouvindo merda a noite toda.

Ela se levanta e caminha pelo corredor até a cozinha. Chegando mais perto, se esconde para descobrir o motivo da briga. Ouve-os:

— Como pode achar isso certo? - Luna indaga. - Tony deveria estar no canto dele, como sempre foi.

— O que há de errado ele ter encontrado com a Georgia no caminho? - Questiona Lucas. - Ele é maior de idade, sabe o que faz.

— Ele é um homem...

— Exatamente! Sabe o que faz. 

— E a Georgia é uma menina... - Completa Luna. - Eu não permito isso, ela é muito jovem. 

— Você deveria confiar mais no seu filho. - Aponta sério seu marido. - Se ele sente algo por ela é verdadeiro, eu sei. O Tony sempre cuidou da Geor, sei que continuaria fazendo o mesmo.

— Lucas! O Tony não pode se envolver com ela, isso é errado! - Exclama perdendo a calma. 

— Ora, por que toda essa negação? - Fica confuso. - Você não confia mesmo no nosso filho. - Assegura.

— Não é isso... - Nega.

Enquanto isso Taylor fica indignada com o motivo da discussão deles:

— Mesmo com o que passei hoje, depois do que o Tony fez, esse é o motivo da briga? - Indaga resmungando. - Que palhaçada! - Entra na cozinha. - Vocês não tem a menor empatia por mim... O Tony me humilhou hoje e vocês vem falar da Georgia e do Tony estarem saindo juntos. Ridículo! - Diz estúpida. 

— Ora, Taylor! Vai dormir. Nem devia estar acordada ainda. - Seu pai responde sem paciência. 

— Tenham empatia por mim. - Manda grossa.

— Primeiro tenha respeito por nós, depois pensamos no seu caso. - Sua mãe rebate.

— Sou a filha de vocês! - Destaca os fitando.

— Que bom que sabe disso, comece a nos tratar melhor agora. - Pede afirmando.

Taylor observa a expressão fechada dos dois, não vão ceder a seus "lamentos". 

— Que inferno! - Sai da cozinha batendo forte os pés. - Vocês não se importam comigo! - Grita subindo a escadaria para o quarto. 

Ela anda pelo corredor chateada, abre a porta do quarto e fecha batendo, olha para a cama e vê Georgia dormindo.

Taylor On.

Por que você sempre tem que estar no meio de tudo? É como se sua vida estivesse totalmente ligada com a minha, mas espera... Está mesmo. Você nasceu nessa família praticamente, essa família é mais sua do que minha. 

Observador On.

Taylor se deita na cama de uma vez, se cobre e observa o teto pálido.

Taylor On.

Se eu estivesse com a minha mente de antes, eu entenderia, eu saberia o que fazer, o que pensar, teria as minhas opiniões das coisas, mas agora ter que criar tudo isso sem saber de nada, é difícil. É como me jogar de olhos tapados num buraco sem saber se ele realmente existe, se tem algo lá para me segurar ou se vou ficar caindo até espatifar no fim. 

Eles parecem não se importar muito com o que passa na minha cabeça, mas também... São uns idiotas impulsivos. Cansada de ficar no meio deles. Eu preciso sair daqui.

Quarta, 25 de Novembro.

Observador On.

Taylor acorda tarde, toma banho e se arruma. Meio que como instinto ela ajeita a cama, guarda os lençóis e desce para tomar café da manhã. Chegando na cozinha ela vê tudo já arrumado. 

— Esses chatos nem esperaram por mim. Que seja! - Abre o armário irritada. 

— Deixei umas torradas para você no forno, Taly. - Georgia avisa entrando na cozinha.

— Não precisava, com certeza deve estar estranho como você. - Diz do nada. - Não preciso que faça coisas para mim.  

— Eu só queria ajudar, a tia já ia ajeitar a cozinha, então achei melhor preparar seu café logo para não sujar mais coisas depois. - Explica doce.

— Então não como mais, se não é para sujar nada. - Joga o pacote de pão na mesa séria. 

— Para com isso, Taly. É tão teimosa! - Sorri tentando quebrar o clima.

— Saía daqui, Georgia. Não estou afim de falar com você agora. Tenho medo de pegar sua estranheza. - Não pensa antes de falar.

— Ta... Taly... - Gagueja constrangida.

— Saía, Georgia. - Frisa. - E não preciso da sua "ajuda". - Faz aspas com os dedos. 

Georgia sai abatida. 

— Garota chata.. Se acha demais com essa voz de menina meiga.. - Resmunga.

Taylor pensa um pouco, olha ao redor devagar, vai até o forno e pega as torradas. Come com leite sentada na mesa. 

 

Depois do almoço Taylor se vê rodeada de pessoas chatas e implicantes. Anda de um lado para o outro na sala, muda os canais da TV várias vezes, não para um minuto.

— Preciso sair daqui. - Joga o controle remoto no sofá. - Ela corre até o quarto, troca de roupa e desce.

— Aonde vai? - Sua mãe pergunta a vendo sair. - Ei, mocinha! - Grita.

Taylor a ignora e sai. 

Taylor On.

Eu não estou aguentando ficar perto dessa gente, perto de gente. Minha cabeça vai explodir! 

Observador On.

Ela caminha sem destino pelas ruas desconhecidas do Peru, sem saber o que quer fazer, ela só sabe que quer se divertir. 

Entra em umas feirinhas e começa a provar roupas, bagunçar tudo e depois sair sem comprar nada, esbarrar nas pessoas cheias de sacolas de propósito para as coisas caírem, correr no meio dos carros para causar caos, discutir com os vendedores sobre o preço dos produtos. Quase satisfeita com o seu dia cheio de "brincadeirinhas", ela entra numa sorveteria e compra um picolé de morango. Sorrindo vitoriosa ela observa o caos que causou. 

Taylor anda pelo meio das barraquinhas, e de longe vê uma pulseira que chama sua atenção.

— Humm, quero! - Impulsiona caminhar até lá.  - Espera! - Para. - Isso é tão chato... Chego lá e compro, aish. Não quero mais. - Toma seu picolé. - A não ser... - Tem uma ideia. - É... Isso é legal! - Sorri de lado.

Tomada por uma grande vontade de aprontar, ela vai até a barraquinha e começa a conversar com o vendedor. 

— Então, eu queria essa azul. - Mente. 

— Eu vou ver se tem. - Ele se abaixa para procurar na sacola. 

Quando ele não vê, ela pega a pulseira que quer e coloca no bolso:

— Olha, acabei de perceber que não estou com dinheiro o suficiente. Você vai estar aqui amanhã? - Se faz de meiga.

— Vou sim. 

— Então volto amanhã para comprar. - Mente de novo. 

— Então está bem. - O senhor sorri.

Ela sorri de volta e se retira. De costas sorri vitoriosa.

— É bem mais fácil enganar os trouxas sendo meiga. - Debocha.

Mais distante da barraquinha, ela coloca a pulseira no braço. Assim que coloca, uma mão segura seu pulso. Olha para cima:

— Vem comigo! - A puxa.

— HEY! - Reclama. - O que está fazendo?

— Eu que pergunto, Taylor Alice. Roubar, acha isso bonito?! - Indaga indignado.

— Você está me seguindo? - Puxa o braço se soltando. 

— Não. Eu vim comprar umas coisas para mim, e vi você enganando aquele senhor. Roubou uma pulseira dele!

— Você comprando coisas para você, parece brincadeira... - Ri sarcástica.

— Não mude de assunto, Taylor Alice! - Diz sério. - Caralho! Roubar é algo sério, garota. 

— Foi só uma pulseira, a merda de uma pulseira. - Debate.

— Uma pulseira, depois mais outra, mais outra, depois um colar, uma blusa, um casaco. Roubar dá cadeira, se não sabia. 

— Você é muito paranoico. - Ironiza.

— Paranoico? - Segura seu braço com força. - Você tem dinheiro, poderia ter comprado, mas roubou... Por que? - Pergunta sério e a encarando.

— Hã... - Fica um pouco intimidada. - Comprar é sem graça demais, um saco!

— Sem graça? Então roubou por que é mais divertido? - Interroga.

— Óbvio. - Confirma. 

— Porra, Taylor Alice! Francamente, você virou uma garota muito ridícula! - Realça. - Você vai voltar lá agora, vai devolver a pulseira e pedir desculpas ao senhor. 

— Wow... Não! - Nega. 

— Sim, você vai. - Assegura. - Faça isso e não conto aos nossos pais.

Ela o olha.

— Se eu devolver e pedir desculpa, não conta para eles?

— Não. Não conto. - Afirma.

— Então tá.

Taylor volta até a barraquinha.

 

Chegando em casa, Luna está na sala com Mex, veem um filme num canal qualquer. 

— Aonde você foi? - Pergunta a Taylor assim que entra. A vê séria. - O que aconteceu? 

— Eu roubei uma pulseira, Tony viu e me mandou devolver e pedir desculpas. Disse que se eu fizesse isso não contaria a vocês. - Diz rápido, andando sem parar.

— Ei, espere aí. - Sua mãe a segura. - Você roubou uma pulseira? 

— Você ouviu o que eu disse? Tony não ia te contar. - Sublinha.

— Isso não se faz, Taylor. É errado! - Exclama preocupada.

— Sim, eu sei! - Se solta puxando o braço. - Não precisa falar mais essas coisas para mim, seu filho já fez isso. E parem de me segurar. - Manda irritada.

— Só queremos te ajudar, Taylor Alice. - Tony esclarece.

— Não preciso da ajuda de vocês. 

— Que bom que não precisa, porque já estamos cansados de tentar te ajudar. Eu tolero suas reclamações, sua falta de educação, suas respostas frias e secas, sua grosseria, mas essa sua atitude de roubar... Isso eu não vou tolerar. Pode ir para o seu quarto agora, e só saía de lá quando eu mandar. Vai descer para jantar e depois voltar de novo para lá. Ficar criando raízes naquele quarto até segunda ordem. Anda, suba logo! - Luna perde a paciência. 

— Isso não é justo, Tony não ia te contar nada e só briga comigo. - Reclama.

— SUBA! - Grita.

— Ótimo! Pelo menos lá eu fico longe de VOCÊS! - Berra subindo a escadaria. Ouve resmungos vindos da sala.

— Não ia me contar? 

— Eu estou tentando ganhar a confiança dela...

 Taylor entra no quarto e bate a porta. 

Taylor On.

Que inferno! Não posso fazer nada que reclamam, de tudo, de tudo! É um saco estar presa aqui, com essas pessoas e essa vida sem graça. Se desse para entrar em coma para fugir disso tudo eu entrava, agora, deitada nessa cama, e ninguém mais iria me incomodar. 

Eu sinceramente não sei o que fazer, é tedioso demais estar aqui, parece um labirinto sem saída e sem graça. Dou voltas e voltas na mente, mas não acho nada, só fico mais confusa. Eu nem sei quem sou... 

Observador On.

Taylor apaga deitada na cama enquanto reclama da sua vida. Acorda entediada, e com calor:

— Céus!- Tira a blusa ficando só de sutiã. Está muito quente! - Se abana. - Vou tomar um banho. 

Ela se levanta e tropeça em algo, caindo no chão. 

— Porra! O que é isso? - Puxa de debaixo da cama. - Uma mala? - Abre. 

Dentro tem vários álbuns embrulhados por jornal.

— São... Álbuns de fotos? - Desembrulha. 

Taylor se interessa pelos álbuns e começa a vê-los. Cada foto. 

São fotos com sua família, com Tony, com Georgia, de viagens, em casa, datas comemorativas e em todas as fotos ela parecia feliz com sua vida.

Taylor On.

Eu era tão feliz... Sorria sempre, amava todos. Por que não sinto mais nada disso? Por que isso teve que acontecer? Eu não entendo, eu não sei como viver com eles, essa vida não é a minha mais. 

Tantas fotos lindas... Quem tirou?... Eu tirei... Tem minha assinatura em várias. A Georgia disse que eu amava tirar fotos, mas não gosto mais, é perda de tempo tentar de novo. Eu não sei o que fazer, eu nem consigo agradar a minha família, eu só irrito todo mundo e falo coisas sem pensar, não sou mais a Taylor que eles conhecem, e nem sei se quero voltar a ser. Minha cabeça não para de doer, é uma merda isso, viver sem saber quem é, só queria que isso acabasse logo. 

Fotos mais fotos, eu não acredito que eu era assim, uma menina perfeitinha da família, anti-social, só com uma amiga, e agora que não aguenta mais conviver com eles. Acho que vou pirar! Eu formo uma imagem na minha cabeça de quem eu sou e eles me dizem outra coisa, oposta ao o que eu formei, eu tenho que ficar me formando toda hora, eles estão me deixando mais louca. Eu quero sair daqui, quero me divertir e ficar longe da antiga Taylor ou vou explodir. 

Está muito calor! Estou suando, não aguento mais, preciso sair daqui! 

Observador On.

Ela joga os álbuns dentro da mala de qualquer jeito, veste uma blusa que acha jogada no quarto, e sai sem fazer barulho. Caminhando com cuidado pelo corredor, ela prende o cabelo, desce os degraus devagar,  olha para os lados vendo se não tem ninguém e vai até a porta dos fundos, abre lentamente e sai. Mal coloca os pés do lado de fora e já seguram seu braço.

— Aonde pensa que vai? 

— Você me persegue! - Ela o encara.

— Não vou te deixar fazer alguma besteira, Taylor Alice! - A segura mais forte.

— Você é o pior irmão de todos! - Tenta mexer com ele.

— Posso conviver com isso. - Conta sem se importar. 

— Eu vou sair daqui. - Impulsiona sair. 

Ele a segura mais forte:

— Você não vai a lugar algum, além do mais, está de castigo. - Relembra.

— Eu preciso sair daqui. - Puxa o braço várias vezes descontrolada. 

— Aonde quer ir, Taylor Alice? O que quer fazer? - Indaga a vendo atordoada.

— Eu não sei, ir para casa talvez, não sei. - Fica desnorteada.

— Ir para casa? Não tem ninguém lá, Toronto não tem ninguém, sua família está aqui, sua vida está aonde sua família está, Taylor Alice. - Informa preocupado.

— Eu não disse que a minha casa é em Toronto. - Responde séria. 

— E aonde é?! - Questiona surpreso.

— EU NÃO SEI, TONY, EU NÃO SEI. - Ela grita com dor de cabeça e confusa. 

Ele engole seco, ela deixa algumas lágrimas caírem sem querer. Tony a puxa e a abraça preocupado.

— Não me abrace. - Ela se solta rápido. - Eu não quero sua piedade. 

— Então que seja. Entre para jantar. - Abre e entra no quarto de hotel deles. 

Taylor respira fundo, e entra uns minutos depois do irmão. No corredor ela é surpreendida por Mex:

—  Então você quer se divertir... - Sorri de lado.

— Hum? Tem alguma sugestão de como eu posso fazer isso? - Pergunta vendo sua expressão.

— O que acha? - Ironiza sorrindo. - Vai ter uma festa esta noite, começa de 23h. Eu sei como chegar lá. Se quiser ir é só me encontrar no elevador às 23h20. 

— Mas não começa de 23h? 

— Sim, mas é sempre bom chegar um pouco mais tarde. Bom, o convite está feito, fiz minha parte. Você é boa em sumir, então não vai ser problema sair escondido. - Sorri com os olhos e sai.

 - Melhor convite.... - Ela resmunga e sorri.

Depois do jantar Taylor volta para o quarto como sua mãe mandou, mas era tudo que ela queria, já que formou um plano na mente e está tudo indo conforme ele.

Todos vão dormir cedo para viajarem bem no outro dia, Taylor finge que já está dormindo quando Georgia entra no quarto. Espera quase meia hora depois que ela se deita, pega um casaco e sai em silêncio. Não há sinal de vida e está tudo apagado, é perfeito para não verem ela, com as portas trancadas Taylor pula a janela da sala que dá para a sacada, caminha pelo corredor até o elevador e encontra Mex. 

— Sabia que ia vir! - Diz quando a vê. 

— Eu sei. 

— Vamos. 

 

3 horas da madrugada.

Taylor chega no hotel rindo à toa com Mex. Eles abrem a porta e está destrancada. Na sala encontram todos acordados, que olham para eles surpresos:

— Taly, aonde foi? - Georgia pergunta preocupada. 

— Eu fui me divertir, e deveria fazer o mesmo, garota estranha. - Diz debochando.

— Taylor, pare com isso, já chega! - Sua mãe perde a paciência. 

— Já chega uma bosta, eu vou gritar. Não aguento mais isso, nem vocês. São chatos, ridículos e insuportáveis. - Reclama.

— Você bebeu, Taly?! Não devia ter feito isso. - Geor conta.

— Por que? Por que é errado? Ora, vocês vivem me dizendo "é errado", tudo que eu faço é errado. Porra! Eu não vou parar só por causa de vocês. 

— Taylor... - Sua mãe fica pasma.

— Essa garota passou do limite. - Seu pai paralisa.

— Shiiu... - Ela olha para Mex e tem uma ideia. - Vão me dizer que isso é errado também? 

Ela vai até Mex, o segura com a mão em seu pescoço e o beija; na frente de todos o agarra. Ele retribui o beijo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amoridade: Lembranças Danificadas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.