Dreams escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 1
Concludente


Notas iniciais do capítulo

Categoria: Divergente
Notas da história: as personagens Alison Owl e Rachel Ward pertencem a Arborescente (outra fanfic, de minha autoria). Entretanto, essa humilde one não tem relação alguma com a long.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/675380/chapter/1

Para Rachel, aquele seria mais um dia entediante de trabalho. Não tinha muita emoção em sua vida, desde que passou no treinamento da Erudição. Tinha passado com uma pontuação não muito alta, mas satisfatória, e decidiu trabalhar como cientista, na sede.

Desde então, ela esperava não precisar por mais avaliações, embora isso fosse algo um pouco improvável, considerando que estava na facção da sabedoria, onde ela era testada a todo o momento.

Ela poderia aceitar qualquer tipo de avaliação, embora fossem cansativas, mas ela não esperava que isso interferisse na sua vida, como fez. Ela deveria se acostumar com isso, afinal, a Erudição era a facção da razão, e não da emoção.

Estava com Alison, mexendo nos diferentes tipos de líquidos coloridos, dentro de tubos de ensaio, quando sua supervisora passou caminhando pela sala. Sua mera presença foi o suficiente para que todos parassem de fazer o que estavam fazendo, esperando para ver o que ela fazia ali.

— Quem está com 21 anos aqui? — ela perguntou.

Alison e Rachel entreolharam-se, confusas, antes de levantar seus braços, junto com outros quatro garotos.

— Deixem suas coisas aí e acompanhem-me — ela disse, virando-se para sair da sala.

Rachel tirou suas luvas e avental apressadamente, indo atrás da mulher.

— Algum problema? — perguntou Alison.

— As pessoas que leram os livros da iniciação, como deveriam ter feito — dava para notar o sarcasmo na voz da mulher — Sabem o que acontece com nossos membros da facção aos 21 anos. Vocês farão um teste de compatibilidade.

— Compatibilidade sanguínea? — perguntou Rachel, franzindo o cenho.

— Compatibilidade amorosa — especificou.

Alison precisou puxar o braço de Rachel, para que ela não parasse de andar, pela surpresa. Tinha ouvido mal, ou ela faria um teste para ver com qual cara ela ia namorar? Ou, pior, casar? Aquilo só podia ser algum tipo de brincadeira...

— Será uma simulação? — perguntou um dos garotos, como se aquilo fosse natural.

— Um questionário — respondeu a supervisora, Rachel não tinha a menor ideia de qual era o nome dela.

— Mas... Como é isso? O resultado vai ser entre nós, ou qualquer...? — deu uma cotovelada em Alison, que sussurrou — O que foi? Estou curiosa!

— Seria impossível se fosse apenas com vocês — Alison corou sob o olhar repreensor da mulher — Sem perguntas estúpidas, por favor!

Essa era uma das coisas que Rachel mais odiava na Erudição. As pessoas.

— Seremos obrigados a nos casar com quem for escolhido? — ela atreveu-se a perguntar.

— Não. Vocês podem escolher se dedicar exclusivamente ao trabalho. Estamos fazendo isso para lhes ajudar! — disse a mulher — Se a próxima geração for pequena, a sociedade diminuirá até a extinção.

“O mesmo discurso de sempre” pensou Rachel, mas permaneceu calada. Apesar de tudo, tinha escolhido aquela facção, e precisava respeitar os ideais dela.

Entramos em uma sala, parecida com a de um colégio, tinha caneta e papel em cima das mesas.

— Vocês tem 20 minutos — ela disse, antes de sair da sala.

— Não vai conferir se vamos colar? — murmurou Alison, ninguém riu. O pessoal era meio sério demais ali.

Rachel sentou-se calmamente em seu lugar, embora, por dentro, ela não estivesse tão tranquila. Olhava ao redor da sala, pensando em uma forma de fugir, embora soubesse que era inútil. Não acreditava que faria um teste para, simplesmente, depois poder escolher não se casar, ou algo do gênero. Aquilo não fazia sentido, e coisas sem sentido não existiam na Erudição.

Sem opções, ela pegou a caneta, tirou a tampa, colocando-a no outro extremo, e começou a mordê-la, demonstrando o nervosismo, enquanto lia as questões pessoais da folha. Eram pessoais demais, aquilo parecia um certificado para conferir se você é ou não divergente... Ou algo assim.

“Aqui estão uma série de frases que podem ou não descrever você” ela começou a ler, silenciosamente “Por favor, escreva um número de 1 a 9 antes de cada frase para indicar o quão característica ou não característica de você cada frase é. Você deve avaliar como você é agora, não como você foi no passado ou espera ser no futuro. Use a escala de avaliação a seguir”.

Ela observou o significado de cada número, e afastou a caneta dos dentes, olhando como todos estavam concentrados. Ela só tinha 20 minutos, era melhor começar, embora não estivesse empolgada para isso.

Virou a página e assustou-se ao confirmar que eram 122 questões. Como poderia finalizar em apenas 20 minutos? Era melhor começar logo...

Cada questão parecia associá-la a uma facção. “Eu sou atencioso e cuidadoso com outras pessoas” era muito Abnegação. “Eu sou sofisticado em arte, música ou literatura”, com exceção da última, era uma clara inclinação para a Amizade. Além de que várias questões pareciam ser o inverso de outras.

Aquela avaliação era perfeita para descobrir a personalidade das pessoas, um teste sem falhas.

Exatos 20 minutos depois, a supervisora voltou para dentro da sala. Ocorreu a Rachel que, talvez, eles não se preocupassem com “colas”, mesmo quando era um teste como aquele. Pessoas com conhecimento jamais pediriam cola, e os eruditos eram orgulhosos demais para dar o seu conhecimento a outras pessoas.

— O resultado não tem dia exato — dizia a supervisora, enquanto pegava as folhas — Receberão em seus apartamentos. Agora, podem voltar ao trabalho!

— Tem poucas pessoas de 21, não? — perguntou Alison, enquanto elas saíam.

— Talvez seja separado em setores — Rachel deu de ombros.

— Mas se o resultado pode ser de outros anos... Separariam em setores? — Alison parecia em dúvida, mas Rachel também não tinha a menor ideia de como era aquilo.

O resultado demorou uma semana para chegar. Uma semana de tortura para Rachel, que só podia pensar no quanto aquilo tudo era estranho. Se ninguém mais havia comentado, era porque só ela tinha percebido, isso se os outros preferiram não comentar. Afinal, eles eram eruditos, não francos.

Segredos existiam, e não havia uma lei proibindo-os. O conhecimento deveria ser espalhado, mas cada um deveria busca-lo, não esperar recebê-lo com facilidade.

Alison foi correndo para o apartamento que Rachel habitava, sozinha. Dependendo de seu cargo, você podia receber um quarto ou apartamento. Apartamento poderia ser com um parceiro de quarto ou não. Sendo cientista, ela também fazia experiências em casa, ou seja, qualquer outra pessoa poderia sabotar, mesmo que acidentalmente.

— Eu abro primeiro ou você? — perguntou Alison.

— Você está mesmo nervosa com isso, não? — suspirou Rachel.

— Ah! Sei lá... — murmurou Alison, os olhos fixos no envelope — Vai que é um cara bonito...

— Ou vai que é um cara feio pra caramba — argumentou Rachel.

— Pelo menos, vai ser inteligente — deu de ombros, como se não se importasse, embora não convenceu muito.

— Abre logo! — disse Rachel.

Alison olhou uns momentos mais, antes de rasgar, sem cuidado.

— Leia! — disse Rachel, revirando os olhos para o suspense que a amiga fazia para si própria.

— Não me apresse! — ela resmungou, nervosa.

Por fim, ela abriu a carta e começou a ler, inexpressiva.

— E aí? — murmurou Rachel.

— Eu sei quem é ele! — ela exclamou, como se recém lembrasse, repentinamente — É um garoto lindo! Ele é 2 anos mais velho... Isso quer dizer que o teste dele não deu ninguém.

— Mas isso não quer dizer que não esteja namorando — contradisse Rachel.

— Pode namorar alguém que não dê no teste? Provavelmente, farão outro teste de compatibilidade, ou coisa assim — Alison revirou os olhos — Não importa! Ele é lindo!

— E o primeiro passo é de vocês — Rachel lembrou-lhe.

A amiga empalideceu, no mesmo instante.

— Você acha que... Ele também recebeu uma carta? — sussurrou.

— É claro! — disse Rachel, revirando os olhos.

— Ele também é cientista... Fica no laboratório do lado do nosso... — continuo divagando..

— Acho que alguém já se apaixonou — brincou Rachel, recebendo uma almofada no rosto — Ei!

— Pare de enrolar! Vá ler a sua carta — repreendeu.

— Inverteram os papéis... — murmurou Rachel.

— Mesmo que você não esteja a fim, eu estou curiosa.

— Do jeito que sou, e´capaz de pegar o cara mais feio da Erudição!

— Pelo menos, vai ser inteligente...

Rachel olhou atravessado para ela, que deu de ombros.

Resolveu ler logo a carta, para poder expulsar a amiga. Não tinha um nome, o que a aliviou completamente, jogando a carta na cara de Alison, que pareceu decepcionada.

— Ah! Mas, assim como aconteceu comigo, um dia, aparecerá um cara compatível — exclamou Alison, com a animação renovada — E eu estarei aqui, do seu lado, para jogar na sua cara.

Rachel não pôde dizer nada, pois a sua amiga apressou-se a sair do apartamento. Provavelmente, iria pensar em um modo de falar com o garoto.

Jogou-se de costas no sofá. Como se não bastasse aquilo, suas preocupações não sumiriam tão cedo. Afinal, quando menos esperasse, a carta poderia chegar. Só esperava que tivesse um limite de tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dreams" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.