Desde o princípio escrita por Ckyll


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Hey amores
Depois do belo bug que deu na fic, e de eu quase ter morrido do coração, tenho que agradecer a equipe do Nyah por ter resolvido isso tão rápido.
Boa leitura!



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Ao entrar no quarto, Atena hesitou por alguns instantes. 

Não tinha certeza do que estava fazendo, ou mesmo do que estava pensando - se é que estava pensando direito, só queria manter o deus dos mares a seu lado por mais alguns momentos. Poseidon ainda segurava sua mão, e permanecia em silêncio enquanto eles se esgueiravam pelos corredores, a deusa sabia que corria o risco de dar de cara com Zeus a qualquer momento, mas apesar do medo em seu interior, estava gostando de ser um pouquinho inconsequente. 

Até estarem a sós.

Virou para encarar aqueles olhos verdes, e viu ali a forma como ele a observava, sentiu a pele se arrepiar em antecipação e a ansiedade crescer em seu interior. Não falou enquanto trancava a porta, embora soubesse que ninguém iria até ali, quando se voltou para o deus dos mares, foi enlaçada pela cintura. 

O beijo que veio depois disso em nada lembrava os que trocavam no bosque, era intenso e cheio de desejo, sem qualquer medo ou restrição. Atena retribuiu tudo àquilo à sua maneira, um tanto inexperiente, mas vibrante e com vontade, subiu as mãos até os cabelos do deus e puxou os fios entre seus dedos. O som que escapou de Poseidon fez o coração da deusa acelerar, aquele era o som de um deus enlouquecido, e ela era a causa de tudo aquilo. Como não se sentir exultante? Estava dividida entre o prazer do beijo e a própria alegria particular. 

Não sentia mais sono, ou cansaço, mesmo a necessidade de ar parecia insignificante. Puxou Poseidon para mais perto, e ele a ergueu em seus braços, dando a chance da deusa enlaçar as pernas ao redor de seu quadril e pressiona-lo contra si. Aquilo era o que Afrodite tanto dizia? A paixão? O desejo? Atena poderia entregar-se a ele naquele momento, enquanto os lábios do deus dos mares abandonavam os seus e desciam por sua pele. 

Ela poderia, mas não o fez. 

E de alguma forma, Poseidon sabia que eles não iam além daquilo. Apesar do desejo explicito em cada gesto, cada beijo, cada toque, ao leva-la para a cama tudo se tornou mais brando. E a deusa suspirou, ao mesmo tempo em que ele a beijava mais devagar, com carinho, como se quisesse lhe mostrar que poderia ser gentil, quando a hora chegasse. 

Queria aquilo, mais do que imaginava ser possível querer alguma coisa, mas não estava pronta. Em seu interior sabia que aquele era um grande passo, e que precisaria de mais tempo. Tempo esse que não sabia se teria. Temia não que Poseidon tentasse força-la a algo, mas que ele cansasse de esperar. Temia que, a qualquer momento, aqueles beijos não fossem o suficiente, que saciasse seu desejo com outras, o que para ele não era tão difícil. 

Temia não ser o suficiente. 

— Não precisa ser agora. — o deus dos mares murmurou, como se pudesse ouvir os pensamentos dela, Atena ergueu o olhar para ele. 

— Você é uma contradição ambulante. — respondeu, com um sorriso, e enquanto o deus se afastava e deitava a seu lado, Atena se arrumou na grande cama. 

— Eu sei. — ele a puxou para mais perto, e a deusa se aninhou ali, Poseidon escondeu o rosto naqueles cabelos loiros, aquela proximidade era novidade também. 

― Podemos só dormir juntos? ― ela detestou a forma como pareceu insegura, e quase suplicante, mas quando ele assentiu, pareceu não prestar atenção nisso. Atena fechou os olhos, sentindo-se mais confortável. ― Boa noite, Poseidon.

― Boa noite, Atena.

Não demorou que ela adormecesse escondida nos braços do deus dos mares, sentia-se protegida do resto do mundo. Porém, havia algo do qual Poseidon não podia protegê-la: Sua mente.

A noite foi tomada por pesadelos, Atena provou a pior mistura de sensações, e todos os seus medos diante de seus olhos. Viu Zeus, furioso e decepcionado, a flagrando nos braços do deus dos mares. Viu Poseidon se afastando, cada vez mais, quando ela refreava seus desejos. Viu, e não compreendeu por que, Medusa junto a ele, em clara cumplicidade, e aquilo quase a partiu.

Contudo, sua mente guardou o pior para o final. Viu sua própria lança manchada de icor, e os olhos assustados de seu amante, enquanto suas grandes mãos tentavam estancar o ferimento que ela provocara. As imagens seguintes eram um borrão, corpos que se moviam juntos, suspiros e sons apaixonados, vozes sussurrantes de mulheres chamando o nome dele.

Quando finalmente acordou, com o coração acelerado e respiração rasa, o espaço a seu lado estava vazio, e todo seu corpo entrou em alerta.

― Poseidon?

― Aqui.

O deus dos mares voltou ao quarto, fechando as grandes janelas da sacada, e caminhou até a cama. Tão logo se colocou ao lado dela, tomou Atena nos braços, ela adorava a forma como não precisava falar o que sentia, eles se comunicavam no silêncio.

― Tive um pesadelo. ― confessou, num murmúrio. Recebeu um beijo suave no rosto, e se aninhou junto ao deus.

― Sei como é, tenho muitos. ― Poseidon a pegou em seus braços, colocando Atena junto a si como se ela fosse uma criança assustada. ― Às vezes nem consigo dormir.

― Por isso estava fora da cama?

Ele assentiu, e Atena esperou que dissesse qualquer coisa, mas o se ocupou em coloca-la de volta sob os lençóis e acariciar suas costas, suavemente. O ritmo de seus dedos sob a pele pálida provocava certa sonolência, mas antes que seus olhos voltassem a se fechar, a voz da deusa escapou num pedido.

― Prometa nunca me deixar.

― Atena. ― o tom dele era como se ela tivesse dito um absurdo, porém Poseidon se rendeu, não querendo perturba-la ainda mais. ― Prometo sempre estar com você, de qualquer maneira.

Não era exatamente o que havia pedido, mas não pode retrucar, pois segundos depois seus olhos se fecharam, e Atena adormeceu novamente.

Quando a manhã chegou foi a vez dela escapar dos braços do deus, que dormia pacificamente a seu lado. Poderia passar muito tempo admirando seu rosto, quase sempre marcado por expressões de fúria e agitação, agora sereno como um lago, e não como o mar que ele era. Tentou sair da cama sorrateiramente, mas Poseidon apertou os braços ao redor de sua cintura, mantendo a deusa ali e demonstrando que não estava tão inconsciente assim.

― Nada de fugir. ― ordenou, e aquela voz sonolenta trouxe a mesma agitação da noite anterior à deusa da sabedoria, quando se voltou na direção dele encontrou aqueles olhos verdes entreabertos.

― Eu nunca fujo. ― ela provocou, embora tivesse sido pega no flagra. O deus riu, puxando Atena sobre seu corpo, e ela se acomodou ali.

― Posso acreditar nisso.

Por alguns momentos eles apenas ficaram ali, encarando-se enquanto a sonolência do deus era substituída por um sorriso cheio de promessas e provocações. “Posso me acostumar com isso” Atena pensou. Acordar junto a ele todas as manhãs, provocações e a visão do deus dos mares em meio aos seus lençóis. Não era a pior forma de começar o dia.

Obviamente, apenas pensou sobre aquilo, não deixou uma palavra escapar. Preferia manter seus devaneios sobre um futuro onde Poseidon e ela acordavam juntos, como um casal de verdade e não amantes que se escondiam dos olhares dos outros, somente para si mesma. Era melhor apenas sonhar, isso não fazia mal a ninguém.

― Tenho que ir ao meu templo. ― Contou, temendo que ele pudesse ver o dilema que se passava em sua mente através dos seus olhos.

― É muito cedo. ― ele resmungou, e a envolveu num abraço. Atena escondeu o rosto em seu ombro e respirou fundo, guardando seu cheiro, sorrindo ao sentir que ele fazia o mesmo. ― Fique comigo.

― Nós temos compromissos. E você tem um reino para cuidar. ― riu quando o deus resmungou, e com isso se afastou, devagar. ― Vamos nos encontrar mais tarde, à noite. Então serei toda sua.

― Você sabe como ser convincente, Atena.

O café da manhã foi cheio de olhares de desconfiança do senhor dos céus, enquanto Atena sentava junto a Héstia, e Poseidon chegava com Deméter a seu lado, os olhos de Zeus passavam de um para o outro, como se tentasse entender algo – ou visse algo ali. Não tardou para que Poseidon fosse embora, despedindo-se de Atena no jardim, a deusa teve de encarar o pai, que a aguardava dentro do palácio.

― Você e Poseidon parecem bastante próximos. ― ele comentou, e Atena sorriu com tranquilidade.

― Sim, creio que estamos nos tornando amigos. ― não era uma total mentira, eles eram amigos, também. Porém, Zeus ainda a encarava com curiosidade, e até um pouquinho de preocupação.

― Não desaprovo uma amizade entre vocês, contanto que não vá além disso. Já estou em busca de uma pretendente para ele...

― Pretendente? ― Aquilo chamou a atenção da deusa, e talvez isso fosse o que o senhor dos céus esperava.

― Ele é um rei, minha querida. Por mais que eu deteste meu irmão, acredito que um casamento o faria bem, quem sabe ele causasse menos estrago se tiver uma esposa com quem se preocupar? ― Zeus caminhou junto a ela, e Atena teve de fazer um grande esforço para manter a expressão tranquila. ― Casos são casos, Poseidon tem muitas amantes, passa mais tempo com umas do que com outras, mas nunca muda. Ele precisa de uma rainha. Espero que isso não interfira na amizade de vocês.

― Não, meu pai. Isso não irá interferir. ― ficou orgulhosa por sua voz ter soado firme, ao mesmo tempo em que um breve sorriso se abriu em seus lábios. ― Era apenas isso que queria falar?

― Sim. ― por alguns instantes Zeus pareceu confuso, como se esperasse outra reação da deusa, mas Atena fez uma elegante reverência e lhe soprou um beijo.

― Tenho que ir, estarei em meu templo. Talvez com Ares, nos vemos mais tarde.

Com isso a deusa seguiu seu caminho, saindo do palácio principal, e dirigindo-se ao único lugar que era, de fato, seu: O templo. Medusa estava por ali, parecia muito ocupada para notar sua chegada, e enquanto afundava em seu trono, Atena se permitiu pensar claramente.

Zeus suspeitava de algo sobre eles, e buscava uma pretendente para o irmão, Atena não podia imaginar a reação de Poseidon a tudo aquilo, mas em seu interior as sensações de seu pesadelo tornaram a aflorar.

Esperava que fosse apenas medo bobo, e não o princípio do fim.


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Notas finais do capítulo

Agora as coisas estão começando a chegar naquela parte que dói, mas é aquele ditado: Vamo fazê o que?
Adoraria tagarelar sobre o capítulo, mas estou com muito sono.
Nos vemos nos comentários
Beijos, Ckyll



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