Desde o princípio escrita por Ckyll


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Hey amores
Começo o capítulo agradecendo a minha adorada Leticia Chase pela recomendação a fanfic, além de ser uma leitora fiel de todas as minhas histórias, também foi uma das primeiras a comentar a primeira versão de Desde o Princípio.
Muito obrigada, Let ♥
Boa leitura



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Em alguns momentos ele tinha que se obrigar a parar de pensar em Atena.


Era quase assustadora a forma como ela tomava espaço em sua vida, a cada noite naquele bosque, a cada palavra, a cada vez que se aninhava junto a ele, mais perto do que permitira qualquer outra chegar. Ele não estava acostumado com tamanha proximidade, não fora do sexo, mas com Atena não havia nada carnal, embora pouco a pouco o desejo fosse se revelando dentro de si.


Quando não estava com ela, estava pensando nela. Enquanto cuidava de seu reino, que estava um caos graças a uma revolta dos monstros marinhos, ele não conseguia deixar de pensar o que a deusa de olhos cinza estaria fazendo. Sentia-se como alguém obcecado por algo, e ele sabia como aquilo era perigoso, por isso tentou, inúmeras vezes, distrair-se nos braços de outra.


Não conseguira, porém, pois ela estava em sua mente. E parecia extremamente errado, de uma forma que nunca fora antes, deitar-se com uma ninfa ou náiade com Atena em sua imaginação. Ele ficava mais frustrado a cada dia, e lutar contra monstros era uma boa forma de descontar toda a maldita tensão que ela lhe provocava, mesmo sem perceber.


Estremecia só de lembrar a pele morna e macia da deusa, ou a delicadeza de sua cintura que ele percebera ao segura-la por ali. Sonhava, nos momentos em que voltava a seu palácio e era vencido pela exaustão, com os lábios rosados e cheios da deusa da sabedoria, como seria beija-la? Ela sussurraria o seu nome, se ele a pressionasse contra seu corpo? Ou fugiria, assustada com o tamanho de seu desejo?


Guardou para si tudo isso, incapaz de se aproveitar da confiança que a deusa lhe dera, embora isso jamais tivesse sido um problema com qualquer outra. Quando aqueles pensamentos o atormentavam, o deus ia caminhar pela praia, algumas vezes acompanhado por Marcie, que uma vez curada não o deixava em paz. Gostava de ver a menina saltitando quando as ondas vinham em sua direção, do riso quando a água salgada molhava seus pés, de sua alegria contagiante em fazer estrelinhas pela areia, demonstrando toda sua agilidade física.


Naquela tarde, porém, ele fora sozinho. Precisava pensar, e apenas na solidão de uma praia poderia fazê-lo sem perturbações. Era apenas ele e o mar, que também era parte dele, uma parte profunda e cheia de segredos que nem ele mesmo sabia se estava pronto para descobrir. O céu era cinza, como os olhos dela, e Poseidon pensou se isso era algum tipo de provocação do destino, ou apenas Zeus de mau-humor.


Então um barulho desviou sua atenção do céu, havia uma mulher se banhando nas águas, e ele sequer percebera a presença até vê-la. Era bonita, tinha cabelos escuros e cacheados, a pele era bronzeada, e enquanto ela se aproximava dele sem qualquer hesitação. Ela sorriu, como se o conhecesse há tempos, e sentou a seu lado, como se fossem bons amigos. Nas horas seguintes eles conversaram, dois desconhecidos, e nenhum nome foi dito. Eram dois iguais, não um deus e uma mortal, e apenas quando o manto de Nyx começou a se estender no céu, Poseidon percebeu o quanto havia falado.


― Conte a ela. ― a mortal aconselhou, logo após ele contar sua confusão de sentimentos em relação a Atena. ― Diga a essa mulher tudo o que sente.


― Se fosse tudo tão simples. ― ele riu, e a mulher o encarou, aqueles olhos cor de âmbar cheios de malícia e diversão.


― As coisas são simples, nós apenas complicamos por medo. ― ela levantou, e o deus repetiu o movimento, a mortal sorriu, como se soubesse de muitas coisas, mas não fosse revelar nada. ― Conte a ela, se não der certo, ao menos não vai viver com a culpa por não ter tentado.


Com isso ela correu pela areia, em direção a vila mais próxima? Poseidon não sabia, apenas observou enquanto ela se afastava, até desaparecer. Olhou para o céu, a noite tinha chegado, era hora de ir ao Olimpo.


A impaciência sempre foi uma característica do deus dos mares, mas naquela noite, a cada minuto do atraso de Atena, ele foi tomado por ansiedade. Milhares de perguntas surgiram em sua mente, ela não costumava se atrasar, Atena se mostrara impecável em tudo o que fazia, e tinha uma pontualidade admirável. Quando ela finalmente chegou, foi incapaz de resistir ao impulso e toma-la nos braços, apertando contra seu corpo como se temesse a possibilidade de a deusa evaporar.

 

Mais uma vez ele a ouviu, porque gostava da voz dela, porque temia o que deixaria escapar se tentasse falar. Atena tinha aquela voz que te fazia querer ouvir o que ela dizia, que tomava sua atenção, sutilmente, como tudo nela. A interferência de Zeus já era esperada, mas foi a reação dela a ideia de um romance entre os dois, rindo como se fosse um absurdo, quase fez sua coragem cair por terra.


Teve que perguntar, ela jamais pensara na mera possibilidade de um romance entre eles? E viu, naqueles olhos cinza toda a incerteza, talvez não a mesma que ele sentia, mas o suficiente para fazê-lo tentar.
Um beijo, e foi como se tudo fizesse sentido. Os casos vazios, as noites em que encarava o espaço em sua cama, todos seus devaneios sobre família. Tudo isso existia, a possibilidade, era como se todo aquele vazio existisse apenas para que ela o preenchesse.


“Acho que estamos em um romance”, ela tinha falado, com aquela voz quase sussurrante, e pelo resto daquela noite, ele se perdeu nos lábios e nas palavras da deusa da sabedoria.


Nos dias seguintes o mundo era o mesmo, mas ao mesmo tempo melhor, o deus dos mares até chegava a acreditar nas baboseiras de Afrodite de que o amor tornava tudo melhor. Os encontros com Atena continuaram, assim como o segredo sobre seu romance, e Poseidon preferia não questionar o temor da deusa com a inevitável realidade de contar aquilo a Zeus.


― Tenho uma nova sacerdotisa. ― Atena contou, aninhando-se a ele. O bosque já se tornara mais do que o refúgio deles, Perséfone os flagrara ali uma vez, mas tinha fingido não vê-los e seguiu saltitante para longe.


― Eu soube, os deuses não param de falar dela. ― era até engraçado ver tantos deuses encantados por uma só mortal, aquilo podia acabar numa guerra, se a mulher já não tivesse feito seus votos a deusa da sabedoria.


― Não quero nem imaginar o que dizem, mas espero que não criem muitas esperanças, ou terão que se entender comigo.


Poseidon sorriu, embora soubesse que a ameaça ali era real, ele não corria riscos. Sequer tinha encontrado a tal sacerdotisa que, aquelas horas, devia estar recolhida em segurança no templo de Atena.


― Faça picadinho deles. ― murmurou enquanto descia os lábios pelo pescoço da deusa, aos pouquinhos a respiração dela se alterou, e todas as suas ameaças se desfizeram em suspiros. ― Não deixe sobrar nada.


― Não deixarei. ― ela respondeu, e o puxou para tomar seus lábios, com o passar dos dias Atena se tornara uma criaturinha menos tímida, e mais exigente. Agora não tinha vergonha em beija-lo, ou em determinar seu próprio ritmo. Poseidon deixava-se levar pelos beijos lentos, ao tempo em que as mãos da deusa subiam por sua nuca, as unhas curtinhas arranhando a pele até que os dedos se emaranhassem nos fios escuros de seu cabelo.


Por vezes tinha de se afastar, como naquele momento, quando o desejo falava mais forte e as carícias inocentes dela faziam seu corpo esquentar. Atena o encarava com um pouquinho de medo, como se tivesse ultrapassado os limites, e ele respirava devagar antes de continuar.


― Sinto muito. ― ela murmurou, podia ser jovem, mas não era tola. Sabia bem ao tipo de relação que o deus estava acostumado, e aqueles momentos com ela eram quase um romance casto.


― Algum dia vou me acostumar com isso. ― respondeu, sorrindo para aliviar a insegurança dela, mas por dentro fervia. Queria tantas coisas, tinha perdido as contas de quantas vezes sonhara com Atena, e jamais ousaria contar tudo o que fazia com ela em seus sonhos.


― Eu espero que não.


Ali estava o sorriso que ele tanto gostava, Poseidon a puxou para mais perto, colocando a deusa em seu colo e Atena se ajeitou ali. Voltou a beija-la, passando os braços ao redor do corpo da deusa, pressionando contra si como se pudesse uni-los num só.


― Durma comigo essa noite. ― o pedido veio baixinho, e Atena o encarou por um longo instante, como se tentasse entender as intenções por trás daquelas palavras. O deus viu muitas dúvidas passando por aqueles olhos cinzentos, e por fim ela apenas murmurou.


― Creio que ainda seja muito cedo, para nós dois.


Ele assentiu, incapaz de pressionar ou ir além daquilo. Contentou-se com o fato de ter Atena ali, entregue em seus braços, e desfrutou disso até que o amanhecer viesse, e fosse hora dos amantes se separarem mais uma vez. Dessa vez, porém, Poseidon permaneceu no Olimpo, e depois de seguir ao palácio que construíra ali, e do qual raramente fazia uso, adormeceu quase que prontamente.


Por todo o dia teve de aturar os olhares de Zeus, e perguntas de tantos outros sobre sua presença ali. Ele observou Atena, enquanto ela andava de um lado para o outro, acompanhada por ninfas e deusas, ou quando ela sentava junto a uma fonte, e deixava-se descansar para ouvir o canto das musas. Pensava se ela estaria disposta a abrir mão daquilo, do Olimpo, para viver com ele em seu reino. Por vezes sentia-se como um simples e tolo adolescente mortal, e a culpada disso tudo era ela.


Com sua presença também vieram os mexericos, o deus ouvia os cochichos de que ele estava em busca de conquistar uma deusa, ou que dormira ali e companhia de uma ninfa, o que ele tanto fazia nos bosques se não persegui-las? Era inevitável imaginar se Atena também ouvia tais histórias, mas durante boa parte da manhã a deusa da sabedoria se escondia em sua biblioteca, e só saía de lá ao entardecer.


E ele estava a sua espera.


Enquanto a deusa passava, distraída com os pergaminhos que carregava e finalmente desacompanhada, Poseidon a pegou pelo braço, e que sorte ter bons reflexos, pois no mesmo instante a deusa revidou tal ato com um tapa.


― Quem ousa... ― ela estava enfurecida, então notou o deus dos mares, que não sabia se devia temer, mais sorria como um menino travesso. ― Poseidon?


― Calma, eu vim em paz. ― risonho, ele a puxou para si, Atena prontamente uniu seu corpo ao dele, como um encaixe perfeito, como se fossem moldados um para o outro.


― Desculpe, eu pensei que... ― Tentou explicar, mas por fim corou.


― Não quero suas desculpas, quero seus beijos.


Com isso inclinou-se em direção a deusa, e essa não hesitou em receber seus lábios, quase deixando cair os pergaminhos quando foi puxada para um canto. Estavam escondidos, mas qualquer um que passasse perto demais dali os veria, então a verdade sobre eles correria as ruas do Olimpo mais rápido do que o vento.


― Acho melhor a gente parar um pouco. ― ela murmurou, sendo a deusa racional que era, preocupada que fossem vistos naquele enlace apaixonado. Poseidon não estava, de fato, nem um pouquinho preocupado. Seus lábios desceram pelo pescoço da deusa, entre beijos e mordiscadas, num ritual de adoração a Atena – que nem ela mesma sabia, ou resistia. ― Poseidon...


― Hm? ― Foi com grande esforço que ele se afastou, mas não sem antes deixar um pequeno presente na pele da deusa. ― Certo, entendi. Público demais. Vejo você no jantar?


― Sim. ― Atena respondeu, e deixou um beijo, breve demais, nos lábios do deus antes de se afastar e desaparecer.

 

No jantar daquela noite Hera conseguira a proeza de reunir a família, o que significava dividir a mesa com os frutos dos casos de Zeus, e se fosse ela a preparar a comida, Poseidon estaria verdadeiramente preocupado com o que teria sido colocado ali. Por sorte Deméter tinha preparado o banquete, e quando o deus dos mares se juntou as irmãs na mesa, sentou junto a Héstia, que em sua forma de criança, parecia mais do que feliz em vê-lo ali.


O que ele tinha pensado ao pedi-la em casamento?


Sua atenção foi desviada para a chegada da deusa da sabedoria, Atena sentou junto a Apolo, e embora aparentasse estar muito tranquila, lançou ao amante um olhar furioso por alguns breves instantes. Tudo transcorria tranquilamente, até o momento em que o deus-sol olhou para a irmã, e como o grande tagarela que era falou em alto e bom som:


― Atena, isso é um chupão?


Ela engasgou por alguns instantes, sendo socorrida por Deméter que lhe dava tapinhas nas costas e resmungava sobre a mania dos jovens em não mastigar direito. De fato havia no pescoço da deusa uma marca, feita pelo deus dos mares em meio a seus beijos, e esse tentava esconder seu sorriso por trás do cálice de Néctar.


― Você está bem, Atena? ― Zeus questionou, parecendo verdadeiramente preocupado com a filha, mas seu olhar não se desviou da marca em sua pele.


― Sim, meu pai. Estou bem. ― ela sorriu, como se nada tivesse acontecido, então virou-se para o irmão. ― E não, Apolo. Isso não é um chupão. Essa mancha surgiu de repente, creio que algum inseto do bosque tenha me picado, talvez eu deva parar de visita-lo.


Por alguns instantes ela e o deus dos mares trocaram olhares, mas só ao fim do jantar, quando todos haviam se dissipado e Zeus não estava mais a vigiar, Atena puxou o deus dos mares para um canto e lhe deu um tapa no ombro.


― Ei! Por que está me batendo? ― Questionou, quase inocentemente.


― Eu deveria te bater mais! Uma marca, Poseidon? ― ela praticamente rosnou, mas em nada intimidou o deus dos mares, que a abraçou apertado e sorriu.


― Sim, uma marca. Tinha de ver sua cara quando Apolo falou.


Atena rolou os olhos, mas pareceu decidir que não valia tentar brigar com ele, e se deixou envolver. Permaneceram enlaçados num dos corredores do palácio, mesmo com o risco de alguém vê-los, e as noites sem dormir pareciam recair sobrea deusa, pois ela esforçava-se para manter seus olhos abertos.


― Acho melhor te levar para a cama. Sem passeio pelo bosque hoje. ― o deus a segurava, como se Atena pudesse cair, mas ela estava bem agarrada a seu corpo.


― Você vai embora? ― ela perguntou, naquela voz mansa e sonolenta, e quando o deus assentiu, agarrou-se ainda mais as vestes dele. ― Venha. ― com isso ela começou a puxa-lo, e Poseidon franziu o cenho, sem ter certeza do que aquilo queria dizer.


― Para onde nós vamos? ― não pode deixar de perguntar, Atena sorriu sobre o ombro, e parecia mais atenta do que segundos atrás.


― Para o meu quarto.


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Notas finais do capítulo

O capítulo ficou gigantesco, né? Espero que não tenha ficado cansativo, tentei encaixar as coisas da melhor forma.

Peço que ignorem os erros, eu vou revisar depois, mas precisava postar hoje pra estabelecer o dia certo: segunda e quinta serão dias de att de DOP.

Tô postando pelo 3g, então já sabem, só responderei os reviews quando voltar pro wi fi

Agora vou dormir (finalmente)
Espero que tenham gostado
Nos vemos nos comentários?
Beijos, Ckyll.



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