Desde o princípio escrita por Ckyll


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Hey amores!

Sinto muito pela falta de capítulos semana passada, minha péssima falta de sorte me deixou um pouco impossibilitada de escrever. Porém, cá estou eu! E espero que gostem do capítulo.

Boa leitura.



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Poseidon adorava os mares, e sentia falta quando ficava longe. 

Desde que se encantara por Atena mal era visto em seu palácio, passava a maior parte do tempo no Olimpo, e pouquíssimas horas cuidando de seu reino. Estava se tornando displicente, e era exatamente isso que não se podia permitir, não precisava de ninguém apontando falhas em seu reinado, e tampouco de Zeus reclamando em seus ouvidos sobre sua irresponsabilidade. 

Mal conseguia suportar o irmão caçula, rei dos céus ou não, era apenas um cretino arrogante. Vinha sendo atormentado por ele com aquela história de casamento, como se aquilo fosse um tipo de solução miraculosa para todos os problemas do deus. Poseidon poderia repetir cada palavra do irmão, se quisesse, mas não perderia seu tempo com aquilo. 

Tinha um reino para cuidar, e monstros para colocar ordem. 

De alguma forma lidava melhor com monstros do que com outros seres, talvez por sua infância em meio aos telquines, ou até por seu temperamento explosivo - e por vezes cruel. Criava muitos deles, admitia, de seus romances com ninfas poucos de sua prole não tinham uma natureza monstruosa, Hera costumava dizer que eram frutos da fúria do deus dos mares, e talvez ele tivesse que concordar. 

Entre reuniões com generais e audiências com os súditos, ele encontrava alguns momentos para respirar, e sua mente vagava para um rumo que ele já aceitara ser inevitável: Atena. A simples menção do nome dela o revirava por dentro, uma sensação que jamais se acostumaria, e que esperava jamais perder. Dormir junto a deusa da sabedoria tinha sido uma experiência inusitada, pode permanecer por horas ao lado dela, observando seu rosto, e imaginando como seriam as coisas entre eles.

Percebia a hesitação dela em contar a Zeus sobre o romance que tinham, e não podia culpa-la, já imaginava o senhor dos céus esbravejando, mas Poseidon apenas enxergava diversão nisso. No entanto, controlava a própria ânsia em prol da insegurança dela, deixando que as coisas fossem lentamente, como nunca antes fora com outro alguém. Era assustador, e fascinante, a maneira como ela lhe despertava, não lembrava a última vez que tinha respeitado tanto alguém, dormir na mesma cama e se contentar apenas com a inocente proximidade que ela lhe oferecia.

Era intenso, apesar de quase casto, cada toque. Havia algo na insegurança e na certeza que ela carregava, na confiança que depositara nele ao abraça-lo, mesmo depois que os pesadelos a assombraram. Tinha passado muito tempo admirando o rosto adormecido de Atena, adorando seus traços e aquelas sardas clarinhas salpicadas em sua pele de tom marfim, recordado a suavidade dos lábios rosados contra os seus.

― Majestade? ― uma náiade entrou no escritório, arrancando o deus dos mares de seus devaneios, e depositando sobre a mesa um “lanche” que ele não lembrava de ter pedido. ― Já passa da hora do almoço, pensei que estivesse com fome.

― Sim, um pouco. ― murmurou, e quando colocou a bandeja sobre a mesa do rei, a serva inclinou-se discretamente, dando uma visão privilegiada de seus seios num decote avantajado num vestido tão leve. ― Onde está a mãe de Marcie?

― Na cozinha, tentando colocar ordem nas coisas. ― ela respondeu, despreocupada, e o deus engoliu em seco ao vislumbras um dos mamilos dela. ― Pensei que gostaria de um pouco de companhia.

― Companhia... ― O deus refletiu sobre aquilo, encarando a náiade e finalmente desviando o olhar dos seus seios, ele a reconhecia, era mesma com quem estivera em seus lençóis semanas atrás. Apesar do desejo desperto pela visão de seu corpo, ele não conseguia recordar a sensação de estar com ela, sua mente sempre seguia o rumo que o levava de volta a única que desejava, a deusa da sabedoria. ― Tenho uma reunião em alguns minutos, creio que sua companhia não será necessária.

A surpresa em seu rosto foi substituída por decepção, ainda assim ela assentiu e fez uma reverência antes de se afastar, finalmente o livrando da visão de seus seios, e saindo do escritório. Poseidon balançou a cabeça, se contasse aquilo a Hades era certo de que o irmão daria boas risadas sobre a situação, mas não podia se arriscar a deixar que tal história caísse nos ouvidos alheios, tinha uma fama que o perseguia, e não sabia até onde ia a confiança de Atena.

No fim da tarde ele foi para a praia, caminhando por muito tempo, esperando o momento em que Apolo levaria os cavalos da carruagem solar para se banharem no mar. Novamente encontrou aquela mulher, e dessa vez, quando ela se aproximou, o deus não sentiu qualquer incomodo.

Tornaram a conversar, e como era fácil contar a desconhecida tudo o que agitava sua mente, e se refletia no mar. Havia, porém, uma hesitação instintiva que o impedia de revelar quem era. Os mortais costumavam clamar por ele quando se viam diante do mar, ou quando a terra tremia, entoavam cânticos, faziam oferendas, sempre buscando conseguir apaziguar sua cólera, conseguir algo do deus. Eles pediam, muitas vezes coisas absurdas, por isso costumava andar entre eles sob um disfarce, observando, ouvindo, buscando compreender.

― Se a ama tanto, e seu irmão tanto o pressiona para que se case, por que não o faz de uma vez? ― a mortal indagou quando o deus contava, da melhor maneira possível, a insistência de Zeus sobre o maldito casamento.

― Eu não... imaginei isso. ― confessou, até um pouco envergonhado. Estivera tão compenetrado em como se livrar da situação que sequer imaginou a solução tão evidente. ― Porém, o pai dela jamais permitiria.

― Não tem como saber disso se não pedir.

― Acredite, eu sei.

Sabia melhor do que ninguém que Zeus jamais aceitaria aquilo, e temia sobre como o rei dos céus tentaria impedir. Havia sido um pensamento assim que o deixara acordado em meio a madrugada, quando os pesadelos o despertaram, sua mente ainda tomada pelo terror e medo decidiu tortura-lo um pouco mais. Observando Atena dormir, bela e pura sob a luz do luar, sua mente se voltou para Perséfone por motivos que ele sequer conseguia explicar.

Recordou a mocidade da deusa, no momento em que sua beleza despertara, e seu corpo ganhara as formas graciosas de uma mulher no primor da juventude. Tinha perdido as contas de quantos deuses a desejavam, de quantos quiseram pedir a jovem deusa em casamento, mas Zeus os impedira. Ele tomara Perséfone para si, exigindo ser o primeiro, lhe arrancando a inocência em uma única noite. Por isso, quando Hades sequestrara a deusa da primavera, Poseidon ficara feliz, sabendo que por enquanto ela estava longe das mãos e perversões de Zeus.

Duvidava que ele tentasse a mesma coisa com Atena, mas não podia se permitir arriscar. Por mais corajosa que ela fosse com sua lança e escudo, por mais que conseguisse derrubar qualquer deus com suas estratégias e forças, seu amante não conseguia deixar de enxergar a fragilidade por baixo daquilo. Era aquela insegurança que via nos olhos dela quando se aproximava demais, era a forma como ela o beijava, era sua beleza e sua pureza. Temia que Zeus desejasse aquilo, e que Atena não pudesse recusar.

― Imagina um futuro com ela? ― a mortal, que sequer olhava para ele, arrumava os cabelos longos e cacheados, molhados pela água do mar.

― Um futuro? ― aquela pergunta fez com que franzisse o cenho, e percebeu que não, não havia imaginado.

― Uma vida ao lado dela, nos momentos bons e ruins. Imagina-se vivendo pelo resto de seus dias com essa mulher?

― Sim.

Ele conseguia imaginar naquele momento, uma eternidade ao lado de Atena. Percebeu que desejava aquilo, tê-la consigo todos os dias, ouvir suas ideias e histórias, leva-la mundo a fora, quem sabe lhe dar um bosque? Havia tantas coisas que queria com ela, só com ela.

― Então, arrisque-se. É melhor do que não tentar.

E como da última vez ela levantou, como se aconselha-lo fosse sua missão e estivesse cumprida, então piscou e se afastou correndo. O deus dos mares permaneceu sentado na areia, mesmo quando o sol se pôs, e a escuridão tornou as águas sombrias e misteriosas, então levantou e caminhou para o mar, desaparecendo em meio as ondas.

Quando chegou ao Olimpo sentia que algo havia mudado, porém não percebia o quê, era como se todo o lugar estivesse mais agradável, as musas cantavam, sátiros tocavam flautas de bambu, ninfas saíam do bosque para se divertir. O rei dos mares apreciou aquilo, sentindo no peito a leveza por seu esclarecimento, e seguiu seu caminho ao bosque da primavera. Não houve impaciência em esperar Atena, e quando a deusa surgiu, ele lhe ofereceu uma rosa branca.

― Pensei que não pudéssemos arrancar as flores. ― ela comentou, embora tomasse a rosa em suas mãos.

― Eu disse pisotear, Perséfone não vai se ofender por essa rosa.

― Talvez sim, ela é a mais bela que já vi.

― Ela me fez lembrar você. ― confessou, e Atena o encarou de forma inquisitiva, arrancando o resto das palavras do deus. ― É bela e pura, como você.

Atena o encarou por alguns instantes mais antes de baixar o rosto, as bochechas tomaram um tom rosado e o deus dos mares pensou jamais ter visto algo tão belo quanto aquela mulher diante de si. Estendeu a mão e ela segurou, foi recebido pelo toque morno e suave que só ela tinha, e entrelaçou seus dedos antes de puxa-la para si. “Como se fossem moldados um para o outro” Afrodite dissera uma vez, “É assim que se sente quando está junto da pessoa certa.”

Pensou se a deusa da sabedoria também sentia a mesma coisa, mas não ousou perguntar. Atena se aninhou junto a ele, sempre tomando cuidado para que Poseidon não esmagasse sua rosa, com o rosto escondido em seu pescoço, ela contou sobre seu dia. O deus se perdeu na suavidade e cadência de sua voz, poderia ouvi-la falar por toda a eternidade, jamais cansaria daquele som.

― Zeus veio me alertar sobre nossa amizade essa manhã. ― ela murmurou, e isso chamou a atenção de Poseidon, porém o deus não interrompeu a carícia suave que fazia na pele dela.

― Imaginei que ele fosse fazer isso uma hora ou outra.

― Disse a ele que somos apenas bons amigos. ― ela mordiscou o lábio inferior, insegura se deveria continuar a falar. ― Então ele disse que estão em busca de uma pretendente...

― Ele está, não eu. ― interrompeu, então se repreendeu internamente por agir assim, por que aquele era um assunto tão delicado para ele?

― Eu sei, meu pai parece acreditar firmemente que você precisa de uma esposa.

Poseidon não sabia o que dizer quando ela o olhou, cheia de questionamentos que não conseguia expressar, medos mudos que a faziam hesitar em lhe dizer o que se passava em sua mente. Necessitando escapar daquele questionamento, ele se inclinou para beija-la, e foi correspondido no mesmo instante. De alguma forma tudo se tornou urgente e intenso, desde os beijos apaixonados até as mãos que percorriam seus corpos, explorando, necessitando sentir, estar cada vez mais perto.

O gemido baixo que escapou de Atena quando o deus a puxou para seu colo foi o suficiente para fazê-lo estremecer de desejo, e também de medo de estar indo longe demais. Ele afastou seus lábios da pele pálida e a encarou, os olhos cinza cheios de paixão, e sem qualquer hesitação foram o suficiente para que ele voltasse a falar.

― Seja minha. ― pediu, e a deusa sorriu daquela forma que apenas ela conseguia, lenta e timidamente, como o sol surgindo entre as nuvens de um céu nublado.

― Eu sou sua. ― ela respondeu, e isso quase era o suficiente, porém seu corpo ansiava por mais, seu coração implorava por isso.

― Seja minha, Atena. ― tentou novamente, e dessa vez sentiu mais firmeza em suas palavras pois a deusa o encarou com curiosidade, e até um pouquinho de diversão.― Quero que seja minha pelo resto da eternidade.

― Eu... ― o entendimento surgiu nos olhos de Atena, e antes que todo seu ser se desfizesse diante daquela tempestade, o deus dos mares continuou.

― Case comigo.

 


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Notas finais do capítulo

Adoraria tagarelar aqui, mas tô com sono.
Amo vocês.
Beijos, Ckyll



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