Desde o princípio escrita por Ckyll


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hey amores!

Boa leitura

nos vemos nas notas finais.



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Capítulo 2

Em poucas horas de vida, Atena sabia de muitas coisas.

Seu nascimento tinha acontecido há exatas 6 horas e 19 minutos, quando Hefesto tinha aberto a cabeça do rei dos deuses e dado a sua filha a chance de escapar dali, armada com uma lança e escudo, com uma armadura completa. Sim, tinha sido um nascimento memorável.

Dali em diante começou uma longa trajetória de cumprimentos e apresentações, Atena conhecia quase todos os deuses que vinham até ela, pelas lembranças de Zeus ela vira muitas coisas, nem todas muito agradáveis, poderia recitar o nome de cada ninfa do Olimpo.

Naquela noite seu pai insistira em apresenta-la formalmente aos outros deuses, o que ela considerou apropriado, pois sentia que deveria se familiarizar com todos. Os irmãos e filhos do senhor dos céus se reuniram naquele salão, a maioria tinha sido simpático, fazendo Atena sentir-se bem recebida e queria. Exceto por um. Nem mesmo Hera e seu olhar raivoso a incomodara tanto quanto o olhar indiferente do deus dos mares, Poseidon.

Ele era exatamente como a deusa já esperava, arrogante, agia como se fosse mais importante do que qualquer um, não se curvava a ninguém. E por algum motivo a lembrança daqueles olhos verdes a encarando com indiferença, e até mágoa, não saíram da mente da deusa da sabedoria.

Aceitou de bom grado a oferta de Apolo e Afrodite de um tour pela cidade dos deuses, sem importar se já havia passeado o suficiente nas últimas horas, precisava escapar do olhar de Hera e Zeus.

― Atena, você me ouviu? ― o deus-sol indagou, tentando chamar a atenção da loira, mas o olhar dela estava focado em uma sala entreaberta. ― Venha, vou leva-la ao meu templo. É magnifico, dourado, com muito brilho e muitas estátuas de mim.

― Ah não, ela vai para o meu templo. ― Afrodite protestou, apesar da pose birrenta, ela era bela de uma forma atordoante, mesmo Atena não conseguia encara-la por mais do que alguns instantes sem corar.

― Cresça, Afrodite. ― ele provocou, e a deusa deu um sorriso perverso.

― Não me desafie, Apolo. Ou posso fazer com que ninguém se apaixone por você durante um século.

― V-você não faria isso. ― o pânico na voz dele fez Atena rir, Afrodite sabia como assusta-lo.

― O que há naquela sala? ― Atena questionou, interrompendo a discussão, ambos viraram na direção que a deusa apontou e fizeram caretas.

― É o depósito. ― Afrodite gesticulou com desdém, e Apolo revirou os olhos, oferecendo uma informação mais completa.

― Onde guardamos os pergaminhos, tudo sobre os deuses, e sobre o mundo está lá. Todo o conhecimento, por assim dizer. Raramente vamos até lá, só serve para entulhar coisas.

― Ou seja, um tédio. Vamos ao meu templo. ― a deusa do amor tentou levar a loira pelo corredor, mas Atena não estava interessada em ir a outro lugar se não aquele depósito.

― Eu estou cansada, vou encerrar a noite por aqui. Prometo que visitarei seus templos amanhã... ― foi necessário um grande esforço para se manter firme em sua decisão com as expressões deles.

― Irá ao meu templo primeiro, é fácil de encontrar, o mais belo de todos, tal como eu. ― foi com aquelas palavras que Atena contestou o quão convincente Afrodite podia ser, de repente se viu corando, mesmo sem saber o motivo.

― Pare de persuadi-la, Afrodite! Isso é jogo sujo! ― Apolo protestou, afastando a outra da meia-irmã e eles seguiram pelo corredor, discutindo e se provocando, até desaparecer.

Atena foi tomada por alívio, então entrou naquela sala e mergulhou num mundo particular. Haviam tantos pergaminhos, tantas histórias e informações, era como o paraíso para sua mente avída. Descobriu-se ali uma leitora voraz, em uma noite leu metade dos pergaminhos que haviam no depósito, e cuidadosamente os organizou, de prateleira em prateleira, até que o dia amanheceu.

Tomada pelo cansaço abandonou seu refúgio, seguiu pelos corredores do palácio de Zeus, sem qualquer preocupação de que pudesse dar de cara com Hera, sua mente estava tomada por tudo o que tinha lido, uma verdadeira overdose de informações. Dormiu por muitas horas, seus primeiros sonhos eram confusos, e quando acordou mal recordava do que se tratavam.

Foi em busca de Zeus, tomada por ideia, queria permissão do pai para algo. Como era de se esperar ele estava no grande salão, os outros tronos foram retirados, um sinal de que a reunião fora um evento extraordinário.

― Quer usar o depósito? ― o senhor dos céus arqueou a sobrancelha escura quando a filha contou seus planos, ele tinha notado o sumiço de Atena após a reunião, e preocupou-se por ver a deusa sair junto com Apolo e Afrodite.

Para uma deusa recém-nascida aqueles dois eram má influência na certa.

No entanto, pouco pode fazer para impedir, ele tinha um grande problema naquele momento: Hera estava ignorando Zeus, completamente furiosa com o marido, saíra do grande salão esbravejando algo sobre castra-lo se tentasse chegar muito perto.

― Sim, é um bom espaço, só pouco aproveitado. Perdoe-me em dizer, meu pai, é displicente de vossa parte deixar o deposito abandonado daquela forma.

― Está me chamando de displicente? ― seu tom se elevou, mas diferente dos outros filhos, Atena não recuou. Apenas encarou Zeus com paciência, e ali o rei dos deuses notou um pouco de sua ex-mulher: Métis.

― Sim, de certa forma. Se lá guardam a história dos deuses, mas nem sequer se dão ao trabalho de organiza-lo, são todos displicentes que não valorizam a própria história, e dessa forma não demorará para que todos caiam no esquecimento.

― E o que sugere que eu faça, Atena? ― havia insolência na voz de Zeus, ele queria ver qual seria a solução miraculosa da filha, e ignorou o quão profundamente as palavras dela adentraram em sua mente.

― Permita que aquele lugar fique sob os meus cuidados e prometo, jamais irá se decepcionar com meu trabalho. Eu ensinarei, aprenderei, tornarei os deuses e os mortais melhores. Apenas diga sim. ― a certeza em sua voz não era convencimento, Atena sabia bem de suas capacidades, ela poderia tornar tudo melhor, se Zeus permitisse.

Ele ponderou, por um longo momento, e ao contrário do que era esperado, Atena não se mostrou ansiosa. Ela esperou, pacientemente, até que Zeus suspirou e assentiu.

― Certo, faça o que bem quiser. Porém, lembre-se de suas obrigações, que vão muito além de pergaminhos.

― Sim, meu pai. ― ela parecia querer retrucar, e ali estava a rebeldia natural de Zeus, como o pai: Atena não gostava de receber ordens ou ter sua capacidade questionada.

De volta ao depósito, a deusa se ocupou em arrumar outras prateleiras, Apolo deixara outros pergaminhos ali sobre música e Atena começou a junta-los, então lhe surgiu uma ideia. Ordenou a uma ninfa que lhe trouxesse linha e agulha, também um corte de couro resistente, e assim que tinha tudo em mãos começou a trabalhar. Na grande mesa espalhou seus materiais, pegou as folhas que Apolo tinha lhe dado, então juntou todas e começou a costura-las no couro, fazendo assim um encadernado que chamou de “livro”.

Estava tomada pela satisfação, mal podia esperar para mostrar aos deuses aquilo que criara, então ouviu um barulho, em algum lugar do depósito e levantou. Caminhou silenciosamente, com seu projeto de livro entre as mãos, pronta para arremessa-lo no intruso.

De repente estava diante de um par de olhos verde-mar que a encarava de volta com curiosidade.

Poseidon estava ali.

― Ah, é você.

― Sim, sou eu. Olá, Atena.

A voz dele era exatamente como ela recordava, ao que parecia a indiferença que fora tão evidente na noite anterior desaparecera, e Atena não pode evitar a desconfiança em relação ao deus que, como as águas sob seu domínio, era totalmente imprevisível.

― O que faz aqui? ― indagou quando o silêncio se tornou constrangedor, Poseidon arqueou a sobrancelha como se tentasse entender o que havia por trás daquela pergunta. Ele também era desconfiado? Bom saber.

― Vim em busca de um pergaminho que Apolo escreveu tempos atrás, é sobre um chá que cura uma doença mortal que os deixa salpicado de vermelho.

― Sarampo, é assim que se chama a doença.

― Sério? Eu tinha apelidado de pintança.

A deusa teve que se esforçar para não rir, tentando esconder o sorriso que ameaçava surgir em seus lábios, caminhou entre as prateleiras e remexeu entre os pergaminhos, ela sabia onde estava o que ele procurava.

― Por que está atrás de um chá para isso? Deuses não tem sarampo.

― A filha de uma de minhas servas está doente, é uma criança adorável, embora irritante algumas vezes, estou procurando o chá para ela. ― ele respondeu, distraidamente começou a segui-la, remexendo nos pergaminhos até ganhar um olhar de repreensão da deusa.

― Você veio até o Olimpo em busca da receita de um chá para uma serva? ― ela não pode evitar lhe lançar um olhar cético que fez o deus rir.

― Eu vim até o Olimpo em busca da receita de um chá para a filha da minha serva. ― corrigiu, e Atena revirou os olhos cinza antes de voltar a procurar entre os pergaminhos, só então Poseidon notou com o que a deusa pretendia ataca-lo. ― O que é isso que tem aí?

― O que? Isso? ― ela balançou o encadernado, e o deus dos mares assentiu. ― É um projeto pessoal.

Subitamente ela sentiu vontade de proteger o que tinha criado, mas Poseidon não fez qualquer gesto de tentar bisbilhotar o que a deusa tinha em mãos, apenas assentiu e sorriu quando ela lhe estendeu um pergaminho.

― Esse deve servir, mas sugiro que procure Apolo e peça instruções sobre como ministrar a medicação.

― Isso é, se eu conseguir encontra-lo fora da cama de alguma musa.

Isso fez Atena rir, um som límpido que provocou uma onda de satisfação ao deus, então eles se encararam por alguns instantes, como se faltasse algo a falar, então a deusa pigarreou, constrangida.

― Bom, tenho que continuar o meu projeto.

― Sim, e eu tenho que ir. ― Poseidon saiu de seus devaneios e fez uma reverência a deusa antes de se afastar.

― Adeus, Atena.

― Adeus, Poseidon.

Quando ele saiu, Atena voltou a sua mesa, e ao seu projeto com o livro, mas nem isso a distraiu de seus pensamentos. Era peculiar que o deus dos mares viesse estivesse buscando ajudar uma serva, uma vez que deuses eram particularmente egoístas, aquele gesto o fez parecer bom aos olhos da deusa da sabedoria.

― Biblioteca. Esse é um bom nome para esse lugar.

E com isso fechou o livro, satisfeita por concluir seu trabalho. O anoitecer tinha chegado, era hora de encontrar a família olimpiana mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

*tira as teias de aranha e acende a luz* OLÁ
Eu voltei, depois de um ano de bloqueio fodido, finalmente consegui escrever DOP!
Espero que tenham gostado do capítulo.
Nos vemos nos comentários?
Beijos, Ckyll.



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