Desde o princípio escrita por Ckyll


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey amores.
Bem vindos a fic, boa leitura.
Nos vemos nas notas finais.



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Poseidon estava sentado em seu jardim, sim, ele tinha um jardim no meio do oceano. Uma das inconveniências de ser deus dos mares era que ele tinha de morar ali, por isso tinha até mesmo seu majestoso palácio que ficava a uma curta distancia de seu reino. Podia parecer loucura, mas essa era a realidade dele, ele era um deus, nada era realmente impossível ou até mesmo louco demais em sua vida.

O rei dos mares observava as pessoas que passavam pelo jardim, gostava de deixa-lo aberto a disposição do povo, assim sempre tinha companhia, as vezes ser rei o deixava bastante solitário. Era só mais uma tarde tranquila, tritões nadavam e riam, nereides cantavam em algum lugar por ali, pessoas que moravam no fundo do mar passeavam, uma tarde pacífica afinal.

 — Lorde Poseidon. — uma voz sobressaltada fez com que o deus virasse para olhar quem o chamava.

— O que há, Sebastian? — Poseidon perguntou assim que reconheceu o criado.

O homem parou diante do deus dos mares, apoiou as mãos nos joelhos e respirou ofegante.

 — Lorde Hermes deseja vê-lo, meu senhor, disse que é urgente. — explicou.

— Hermes é? Bem, descanse um pouco, Sebastian. Irei ver o que ele quer.

O criado assentiu e sentou no banco de coral lixado, o deus dos mares seguiu de volta para dentro do palácio. Poseidon nunca falava muito sobre aquilo, no entanto era orgulhoso do lugar onde vivia, principalmente porque ele mesmo projetara, havia decidido que seria do seu jeito, e dera muito certo no final. Todo seu orgulho foi substituído por apreensão ao encontrar Hermes na sala do trono.

Embora Hermes fosse o deus mensageiro raramente aparecia por ali, talvez porque era bem mais fácil encontrar Poseidon entre os mortais, o deus adorava passar horas nas praias conversando com pescadores e se certificando de receber suas oferendas a cada vez que um barco deixava o porto.

Analisou a expressão do sobrinho, Hermes era muito parecido com a mãe, o que na opinião de Poseidon era uma vantagem, tinha o mesmo sorriso sapeca e a mesma expressão de quem estava prestes a aprontar algo. Não era novidade, Hermes estava sempre aprontando.

— Hermes. — chamou assim que entrou no grande salão. — O que o traz aqui?

— Poseidon, trago um comunicado de lorde Zeus. — o deus mensageiro falou, retirando uma carta de sua bolsa de couro.

— Qual foi o problema dessa vez? — Poseidon questionou.

— As informações das quais precisa estão na carta, apenas entrego. — Hermes deu de ombros fazendo o deus dos mares rolar os olhos.

— Certo, eu irei ler. Apenas isso?

— Sim, até mais ver, tio. — o outro se dissipou numa fumaça clara.

Poseidon não prestou atenção, apenas assentiu enquanto abria a carta, que na verdade era um pergaminho, o emblema da águia estava acima do pequeno texto que se seguia. Segundo as palavras ali uma nova filha de Zeus nascera, o deus dos mares não entendia por que tanta surpresa pelo nascimento de mais uma filha do senhor dos céus, as crias de Zeus praticamente brotavam por todos os lugares. Ainda assim Zeus convocava todos seus irmãos a comparecer ao Olimpo, ou quase todos, Poseidon tinha certeza de que, como sempre, Hades fora excluído daquilo.

Não gostava de ir ao Olimpo, ele ajudara os irmãos durante a guerra contra os titãs, após Zeus liberta-lo juntamente com os irmãos do estômago de Cronos, o senhor do tempo, rei dos titãs. Poseidon havia ajudado, em parte porque era justo, em parte por vingança, Cronos tinha que pagar por tudo o que fizera. Dez anos, dez longos anos de guerra até que eles conseguissem vencer após cortar o pai em milhares de pedaços e joga-lo no tártaro.

Zeus ficara com os céus quando decidiram dividir seus territórios, Poseidon com os mares e Hades com o mundo inferior, e apesar de tudo Zeus ficara com a melhor parte, afinal se tornou senhor dos céus e rei do universo. A verdade era, apesar de tudo Poseidon não gostava de estar ali, o Olimpo devia ser território neutro, mas era o lar do irmão, e lá Zeus sempre acreditava dominar tudo  e todos.

Ele era um completo babaca em pensar assim.

O deus dos mares não deu importância ao chamado, ou convocação do irmão, tinha coisas mais importantes a sua espera. Seguiu para fora do salão do trono e foi trabalhar um pouco, tinha mais o que fazer do que ir conhecer mais uma prole de Zeus.

A noite chegou rapidamente, o palácio de Poseidon era um ponto luminoso em meio ao oceano, o deus dos mares estava em sua cama, passava um pouco das sete horas da noite, mas ele estava exausto. Depois de horas de reuniões com comerciantes de seu reino, generais, e oferendas, ele precisava se distrair, e o conceito de distração de Poseidon era mais interessante do que o da maioria. Ao lado do deus uma bela náiade dormia, sua pele levemente azulada ainda recoberta de uma fina camada de suor, ela agarrou-se ao senhor dos mares e deu um sorriso preguiçoso ao sentir os lábios dele deslizarem por seu pescoço.

 — Meu senhor, pensei que já estivesse saciado. — murmurou, não estava realmente reclamando.

— Nunca estou realmente.

— Pensei que tivesse que ir ao Olimpo.

— Dane-se o Olimpo. — Poseidon resmungou, pronto para voltar ao que realmente lhe interessava quando uma voz o interrompeu.

— Sabia que havia algo muito importante lhe atrasando, tio.

— Que inferno, Apolo! — o deus dos mares reclamou ao ver o sobrinho sentado num canto do quarto, a pobre náiade tentou cobrir sua nudez, mas tinha certeza de que o outro já vira demais. — Há quanto tempo está aí?

— Graças ao deuses pouco, não estou afim de presenciar certas cenas. — o rapaz loiro riu.

— Eu acho que irei me retirar. — a ninfa murmurou antes de juntar apressadamente os trapinhos que chamava de roupa e escapar do quarto.

— Tem ideia de quanto tempo eu demorei para conseguir conquista-la? – Poseidon continuava a resmungar enquanto se vestia e saía da cama.

— Não, mas com certeza não vale a bronca que Zeus te dará se não aparecer. — Apolo deu de ombros e levantou. — Vamos lá, tio. Tem algo que você precisa ver.

— Não estou nenhum pouco ansioso para ver a nova cria de Zeus.

— Pare de resmungar e vamos logo!

Poseidon rolou os olhos e terminou de vestir a camisa, não era incomum que apesar de tudo os sobrinhos aparecessem para “vê-lo’’, ou melhor dizendo, coloca-lo em alguma de suas confusões. Uma das grandes vantagens de ser um deus era a capacidade de se “tele transportar’’ para qualquer lugar, idealizou seu templo no Olimpo e segundos depois estava lá, Apolo com certeza seguira direto para o grande salão, mas Poseidon não tinha tanta pressa.

Sentou-se a beira de uma das fontes de seu templo, fora colocada ali para facilitar a locomoção do deus entre seu reino e o Olimpo, embora Poseidon não fizesse qualquer questão de estar ali, preferia ficar entre os mortais, ao invés da “família olimpiana”. Observando a água límpida da fonte o deus suspirou de forma triste, o que lhe faltava afinal? Ele era Poseidon, o senhor supremo dos mares, indomável, poderoso, sozinho.

“Não pense nisso” ordenou a si mesmo. “Não tenha uma crise de autopiedade agora”

Levantou-se rapidamente e seguiu em direção a sala dos tronos, deixando para trás seus pensamentos sobre sua atual condição. Sem qualquer pressa caminhou pelas ruas do Olimpo, a cidade dos imortais —, lar dos deuses, tinha suas ruas quase sempre cheias. Sátiros corriam de um lado para o outro, as musas tagarelava, ninfas saiam de suas árvores para conversar, o olhar de Poseidon cruzou com algumas delas, ouvindo-as suspirar o deus sorriu, ele podia até estar “sozinho” mas tinha charme o suficiente.

Foi o último a chegar, o que não era novidade, seguiu em seu ritmo para dentro do grande salão, os grandes tronos reluziam com a luz das tochas e da lareira, o deus dos mares acenou para Héstia que encolhia-se junto ao fogo, a mulher deu-lhe um sorriso tímido e tornou a olhar as chamas.

— Que tal juntar-se a nós, Poseidon?  — a voz de Zeus cruzou o salão, seu tom era petulante e irritado, como sempre usava para falar com o irmão mais velho, o deus dos mares encarou o irmão com habitual tranquilidade, dando um sorriso que lhe mostrava toda rebeldia que escondia-se por trás daquela fachada.

— Com todo prazer, irmãozinho. — respondeu, seguindo em direção a seu trono, ficava próximo de Zeus, ao lado de Ares, os tronos distribuíam-se pelo salão formando um U, fazendo com que os deuses pudessem se encarar e houvesse grande espaço para debates.

Poseidon ouvia apenas parcialmente o que o irmão falava, filtrando apenas as informações que lhe interessava, manteve seu olhar focado no teto enfeitiçado onde o céu noturno exibia todas as constelações.

— Imagino que já estejam a par o que aconteceu comigo esta tarde. — o senhor dos céus falou, alguns o olharam com curiosidade, isso trouxe a necessidade de explicar. — Há dias sofria com uma enorme dor de cabeça, era insuportável, por isso pedi ajuda de Hefesto, pedi que abrisse minha cabeça e visse o que estava havendo.

— Ah sim, uma marretada, e o doce gosto da vingança.  — Dionísio brindou com seu cálice cheio de vinho em direção ao deus do fogo, fazendo Hefesto arquear a sobrancelha, escondendo o pequeno sorriso que se formou.

— Ocorreu que, da ruptura crida saiu uma pessoa. — Zeus continuou, sem importar-se com o comentário do filho ou os olhares incrédulos. — Uma garota, aquela que nasceu pronta para batalha, minha filha com Métis.

— Pensei que Métis estivesse “morta”. — Poseidon resmungou antes de encarar o irmão de forma acusatória pelo que fizera com a esposa.

— A criança sobreviveu, nasceu esta tarde, como uma linda e poderosa mulher. E agora assumirá seu lugar nessa família. — Antes que mais alguém pudesse falar ou questionou, Zeus acenou para a ninfa diante das grandes portas, que foram aberta prontamente. — Athena, minha filha. Junte-se a nós.

Todos viraram para olhar a mulher que entrou de forma decidida no salão, Poseidon foi o último a olhar em direção a ela, mas com certeza foi o único a encara-la por tanto tempo. O perfume dela foi a primeira coisa que chegou a ele, o sutil aroma de flores, nada enjoativo como das outras, era equilibrado e agradável. Ela era baixa, não tanto, mas com certeza menor do que Afrodite, mas sua beleza era o que mais chamava atenção. Seus cabelos eram loiros, como ouro, caiam em cachos sobre os ombros dela, sua pele pálida tinha poucos sinais. Seu rosto era belo, mas não de forma exagerada, ela tinha uma beleza serena, seus lábios rosados e cheios, nariz delicado, e seus olhos, que eram cinza, como uma tempestade acima do oceano.

— Pai.  — ela curvou-se diante do senhor os céus, era óbvio sua admiração por Zeus, isso com que ele sorrisse orgulhoso.

— Levante-se, minha filha. — a ordem saiu num tom suave, sendo obedecida no mesmo instante, Zeus colocou a mão sobre o ombro da loira e virou-se para os outros presentes no salão. — Irmãos, deem as boas vindas a Athena.

Pouco a pouco, os deuses cumprimentaram a nova filha de Zeus, Hera permaneceu em seu trono, claramente insatisfeita, ignorava as tentativas do senhor dos céus de conversar com ela. Athena foi abraçada por Apolo, que como sempre fez grande euforia do momento, e encarou o olhar abobalhado de Hermes, assim como o olhar glacial de Poseidon.

— Tio. — ela falou suavemente, sua voz era assim, suave, tranquila, mas isso não rendeu nada diante do deus que apenas assentiu em cumprimento.

— Olá, Athena. — por fim ele voltou sua atenção para o irmão. — Zeus, se tiver dito tudo, eu gostaria de ir embora.

— Ora Poseidon, fique mais um pouco. — Afrodite abriu um sorriso charmoso em direção do deus. — Sinto falta das nossas conversas.

— Sim, Poseidon, isso é tudo. — Zeus respondeu, não estranhando o comportamento irritadiço do irmão. — Mandarei chama-lo, se necessário.

— Claro que mandará. — Poseidon resmungou, saindo do seu trono, acenou para Afrodite, teria tempo de conversar com ela depois. Seu olhar tornou a encontrar os olhos cinzentos da sobrinha, e essa foi sua última visão da sala dos tronos. Seguiu direto para seu palácio, jogando-se na cama de qualquer jeito, pensou brevemente na nova filha de Zeus, seus nebulosos olhos cinza, e com isso adormeceu.


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Notas finais do capítulo

Adivinha quem voltou? Pois é, depois de meses sumida, sem qualquer inspiração, decidi recomeçar. Estarei repostando DOP e outras que exclui, e dando continuidade as outras fanfics que abandonei.
Espero que me perdoem e que sabiam que senti falta de vocês, amores.
Nos vemos nos comentários.
Beijos, Ckyll



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