Canção do Cisne — A Melodia dos Mortos escrita por Majalis


Capítulo 1
Prólogo




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Numa planície, o sol punha-se no horizonte. O firmamento comumente azul via-se tingido pelas cores do crepúsculo. Nuances de róseas e alaranjadas embelezavam o poente. Ao sul da Misthaven e da Floresta Encantada, uma brisa fraca agitava a relva, espalhando pelo ar um farfalhar confortável, assim como tirava do lugar os cabelos do homem de meia idade que encarava os terrenos diante dele com um olhar desconfiado. Estava diante de uma formação densa. Árvores de copas altas, troncos enegrecidos. Embora ainda houvessem resquícios satisfatórios de luz solar, o interior era completamente escuro. Não era uma paisagem convidativa, na verdade, inspirava uma aura de temor suficiente para fazer gelar a alma. Quando a brisa cessou, assim como a movimentação da relva, o ar foi tomado por um som menos agradável. A impressão era de que os espíritos de mil homens mortos aglomeravam-se no interior daquela floresta negra e sussurravam, todos ao mesmo tempo, dizeres que ele não compreendia.

Baelfire Gold estava diante da região conhecida como Exílio da Noite, o lugar que nenhum homem são ousava adentrar, pois de lá não poderia sair, segundo as lendas contadas pelos mais velhos. Naquele instante, o homem começava a considerar que tal alerta era real. Não era o tipo de pessoa que acalentava qualquer tipo de medo, todavia sentia-se compelido a afastar-se por uma força invisível e sobrenatural.

Embora a brisa ainda houvesse ausente, o farfalhar retornou. Passadas anunciaram a aproximação de alguém e pela intensidade dessas, ele não precisou virar-se para certificar-se de quem era.

— Little John. — Cumprimentou, despertando do estado de transe que havia entrado ao observar o cenário adiante. Mexeu-se, cruzando os braços contra o peito. O gigante que agora desfrutava do tamanho de um humano normal postou-se ao lado dele e, assim como ele, pôs-se a observar a imagem do Exílio.

— Se estiver considerando entrar, precisa saber que vai fazer isso sozinho. — Proferiu num tom divertido, comentando indiretamente o fato do homem estar naquela observação silenciosa faziam bons minutos. — Não é por nada, mas eu gosto de viver.

Baelfire riu, virando-se para fita-lo. — Você gosta de viver e eu não alimento nenhum desejo suicida. — Fitou o chão diante dele, sentindo os dedos amortecidos retornam a vida através de um formigamento incomodo. Ao erguer o rosto outra vez, trazia uma expressão suave, mas afetada por preocupação. — Não é esse o rumo dos meus pensamentos. Você conhece a história? — Perguntou. — Sobre o lugar?

O gigante balançou a cabeça positivamente. — É uma das antigas, não? De que uma bruxa trancou dentro dessa floresta um mal e que selou “a coisa” não pudesse sair. Sempre silencioso, sempre intocado, esse é o Exílio da Noite. O nome condiz com as histórias. — Observou ele. — Eu ouvi sobre isso mais de um milhão de vezes, era uma das histórias preferidas da minha avó. — John ignorou a expressão confusa que Baelfire desenhou no rosto. — Sim, até mesmo os gigantes têm avós. A questão é que em nenhuma das vezes o conto explica o que está preso dentro dessa escuridão. O que você acha que é? Uma maldição? Um monstro?

— Não sei. — Baelfire meneou com os ombros. — Talvez seja melhor assim, em algumas ocasiões a ignorância nos protege da insanidade. Vamos pra lá, nosso trabalho aqui terminou. — Ele girou o corpo sobre os calcanhares, dando um tapinha num dos ombros do companheiro. Avançou na direção de um pequeno grupo de homens que os aguardava montados em cavalos. Montou no seu animal sem muito esforço e antes de partir num trote vagaroso lançou os olhos outra vez na direção do Exílio, o frio agourento tomou seu espírito novamente. Ele decidiu que O Círculo deveria ser informado.


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