Resiliente escrita por Rafaella Nunes


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Oieee!!!! Não vou falar muito aqui no começo, só vim desejar boa leitura e avisar que tem coisa importante nas notas finais.



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Capítulo IV

 

Loralei - Presente

A garotinha olhava para os homens à sua frente de forma pensativa, sabia o que fazer, não teriam outra chance de sair tão a frente como aquela, mas, apesar da pressa, precisavam pensar em como agir. Ter tato com o futuro hospede seria de suma importância e ela sabia que eles não o teriam.

— Eu mesma cuido disso falou com determinação. Iremos esta noite. A localização deixa as coisas mais fáceis do que antes.

— Mas, mestre, nós podemos cuidar disso, não precisa se incomodar — Hunt disse, tentando mostrar lealdade e capacidade, mas conseguindo apenas atiçar certa ira dentro de Loralei por estar a desafiando e querendo contrariar sua decisão, porém, seu autocontrole não permitiu demonstrar isso.

— Agradeço, mas isso é algo que eu mesma devo resolver, afinal não posso me deixar enferrujar — replicou em um tom mais formal, que ela havia descoberto e começado a usar somente após sua morte, recebendo de volta um envergonhado "sim, senhora". Agora me deixem sozinha. Preciso analisar alguns detalhes antes de partirmos.

Quando todos já haviam deixado a casa ela se permitiu respirar profundamente e pensar naquilo que a estava incomodando naquele dia. Era uma manhã ensolarada e Loralei podia ver pela grande janela uma paisagem cheia de árvores e aquilo dava a ela certa nostalgia.

Mesmo que fizesse muito tempo, mais especificamente exatos onze anos, desde a sua morte, ela ainda tinha claro na sua mente o grito de seu irmão, chamando seu nome, tentando em vão avisá-la do perigo que corria.

Sentia um peso dentro da cabeça sempre que se lembrava disso, não por ter morrido, não se arrependia daquilo, teria passado por tudo novamente, pois tinha sido aquilo que a libertara e ela era agradecida por isso. Na verdade, mais que agradecida, sentia-se honrada.

No momento em que o fim chegou, ela sentiu sim medo, assim como imaginava que Selik havia sentido enquanto assistia àquilo, mas ao contrário dele, ela tinha sido agraciada pela benção do renascimento, que foi dado a ela pelo ser superior, Caligem, o senhor das trevas.

Em meio a tantos outros, ela havia sido escolhida pelo amálgama de almas obscuras, em sua concepção, para ser a pessoa que as guardaria e lideraria seus soldados na batalha iniciada por luz e trevas há milhares de anos.

Assim que acordou do sono que deveria ser eterno, já não vivia mais sozinha em seu corpo, todos os líderes que vieram antes dela estavam ali, compondo uma personalidade diferente da que ela tinha antes, mais madura e experiente na arte da guerra.

Ali ela percebeu que a única coisa que havia acabado realmente era sua antiga forma de viver e que apesar de estar de volta ao mundo dos vivos, a antiga Loralei tinha morrido e jamais poderia voltar para sua família, então seus irmãos teriam de se virar, enfrentando sozinhos as adversidades que viriam após sua partida.

E toda aquela honra que sentia não conseguia apagar a tristeza que sentia por abandoná-los. Não ligava para os pais, seu pai era uma pessoa estúpida, que só demonstrava afeto por ela na frente do seu ciclo social, mas que ela sabia que a culpava por ter sido obrigado a se casar.

E sua mãe era uma pessoa que tentava ao máximo se desdobrar em mil pra cobrir o papel que ele não fazia, mas que não tinha aguentado o peso dessa vida e se entregado tantas vezes à depressão, deixando-a completamente abandonada em várias partes da sua vida, o que havia custado sua infância e também deixado sobre seus ombros o peso de conseguir proteger os irmãos de sofrer com aquela família disfuncional.

Essa proteção tinha sido interrompida quando fora atacada na floresta. Imaginava o sofrimento de Selik e Jhoanna, mas não podia voltar para eles, sabia que estariam mais seguros longe e preferia não ter nenhuma informação sobre eles, para não se sentir tentada a se aproximar novamente.

Se tudo acontecer como o esperado, talvez eu possa voltar a vê-los disse como um consolo para si e se levantou do sofá, lançando um olhar determinado para os arquivos que pretendia estudar antes de colocarem o planejamento em prática.

 

 

Passado - Selik

Selik estava deitado na cama já um pouco velha do quarto que ocupava na casa da floresta. Sua cabeça pesava, como se tivesse dormido muito, e tinha uma coberta em cima de seu corpo.

Aquilo era estranho para ele em partes, mas sempre acontecia. Sempre voltava para lá em seus sonhos, só que geralmente as coisas começavam no meio das árvores, ou com as lágrimas da mãe molhando sua roupa.

Imaginava ter deitado na areia da praia em algum momento e adormecido, algo que daria sentido para o fato de ter visto a irmã mais nova e ter conversado com ela. Tinha sido algo bom, ele pôde falar da saudade que sentia dela e da culpa que o dominava todas as vezes que pensava nela, tendo a oportunidade de ouvir dela que ele não era responsável por aquilo, enquanto o abraçava.

Mas naquele momento Jhoanna não estava com ele. Olhando em volta, a única coisa que lhe dava conforto era a disposição dos móveis, que era a mesma de quando a família habitava aquele lugar e o cheiro gostoso de comida que vinha do andar debaixo.

Não era costume ter coisas agradáveis dentro de sua cabeça, nem acordado e muito menos quando dormia. Na maioria das vezes era enquanto estava desacordado que seus fantasmas e demônios particulares o assombravam, por isso agradeceu por ter pelo menos algum tempo de sossego e felicidade.

Pensando que logo poderia ser acordado por alguém, se levantou rapidamente, querendo aproveitar o que quer que fosse que seu subconsciente estivesse lhe proporcionando de doce e confortável.

Talvez, enfim, depois de tanto tempo apenas sentindo o peso que aquele dia trouxera, finalmente alguém lá no céu tivesse olhado para ele e resolvido dar uma trégua para a dor que ele sentia, começando por conceder a ele um dos pedidos mais profundos de seu coração: ver Jhoanna novamente.

Sentiu sua visão turvar um pouco, como acontecia quando se levantava rápido, por ter a pressão um pouco baixa, mas logo retomou a vista e se dirigiu para a porta do quarto, sentindo o cheiro de comida ficar mais forte.

Desceu as escadas de dois em dois degraus e correu em direção à sala de jantar, na qual havia uma mesa posta, cheia de coisas deliciosas. Tinha waffles, ovos, bacon, xarope de ácer, panquecas, cereal, leite e hash brown, bem sequinhos, além de torradas fritas.

Selik não perdeu tempo, sentou-se logo à mesa e se pôs a comer todas aquelas coisas deliciosas, que há muito não sentia nem sequer vontade de chegar perto, mas que naquele momento iria se permitir.

Comeu como se não fosse haver outra refeição, sentindo-se até mesmo pesado ao terminar. Aquela era uma das coisas que o garoto não compreendia, os sonhos para ele eram tão estranhos, neles muitas coisas eram possíveis, até reviver o passado, mas algumas coisas não mudavam, como o fato de ele não poder comer excessivamente.

Entretido com seus próprios devaneios e a felicidade de estar ali sem que os eventos se repetissem, não percebeu que não estava sozinho até que ouviu um pigarrear fraco vindo da porta do cômodo, o que o assustou e fez seus corpo ficar em alerta.

— Posso te fazer companhia? — Escutou a voz doce de Jhoanna questionar.

—Claro que pode! — exclamou com alegria, vendo que poderia desfrutar da presença dela mais um pouco. — Tudo aqui está tão bom.

— Eu sei, existem ótimas cozinheiras conosco  — continuou, ainda mastigando, o que fez Selik sorrir. Lembrava bem de sua mãe chamando a atenção da menina por fazer aquilo e de seu pai dizendo que se ela não tinha aprendido a comer do jeito certo, a culpa era da figura materna, que não estava fazendo seu papel.

Naquela época parecia que tudo se tornava motivo para briga entre eles, como se só esperassem um pretexto, mas por incrível que pudesse parecer ele sentia falta daquilo, por pior que as brigas fossem, o que veio depois era bem pior.

E aquele momento com a irmã, mesmo tendo certeza de que não era real, era acalentador, fazia parecer que o desaparecimento de Jhoanna e talvez até a morte de Loralei não eram verdade e ele não se importava em fingir que tudo aquilo não passara de um pesadelo. Na verdade preferia, porque enfrentar a realidade era mais doloroso.

— Você cresceu bastante — disse o garoto, sorrindo para irmã enquanto a analisava. — Nunca pensei que te veria assim, grande.

— Bom, o tempo passa, não tem como não crescer. — Ela deu de ombros, achando graça no comentário do irmão.

— Sim, isso para pessoas vivas, como eu. Você desapareceu há anos Selik rebateu.

Exatamente, eu sumi, não quer dizer que eu estava morta retrucou a garota, fazendo com que ele se calasse, pensando na possibilidade de ela estar viva pela milionésima vez. — Além disso, eu aprendi que a morte nem sempre põe fim, às vezes só traz um novo começo.

Ele não compreendia o que ela tinha dito sobre a morte significar um novo começo, para ele onde a morte reinava só existia a dor, o vazio, o caos e nada de bom poderia sair dali, não havendo recomeços, só o encerramento da vida.

Mas ele realmente queria acreditar que ela estava viva, mesmo que longe dele, pois isso diminuiria a dor e a culpa que sentia. Na verdade aquela pequena possibilidade sempre deu uma pontinha de esperança para ele, principalmente por nunca terem encontrado o corpo dela, ainda que a tivessem dado como morta no final das contas.

— Você quer brincar de alguma coisa? — Selik ouviu a irmã questionar, trazendo-o de volta para aquela realidade.

—Jhoanna, querida, talvez mais tarde vocês possam brincar, mas antes eu quero falar um pouquinho com seu irmão. — Uma voz atrás dele interrompeu a conversa antes que ele pudesse formular qualquer resposta.

Ele não queria mais alguém ali, não queria dividir aquele tempo com mais ninguém, muito menos se fosse com uma desconhecida enxerida, como constatou ao olhar para trás. Seus cabelos eram negros e o rosto fino, tinha um sorriso amável e um olhar doce direcionados à sua irmã, que assentiu com respeito.

Aquilo fez com que ele percebesse que não só elas se conheciam, como existia uma hierarquia entre elas, e aquela mulher ocupava o lugar de superioridade com relação à pequena. O que lhe pareceu estranho.

Então o foco dela mudou para Selik e a impressão que o garoto teve foi de que sua amabilidade havia aumentado, como se aquela estranha tivesse algum tipo de sentimento maternal por ele, o que não fazia o menor sentido para ele.

— Olá, Selik! Que bom que se juntou a nós. Gostou da comida? Estávamos esperando você há algum tempo, mas não tivemos a chance de te convidar antes — ela disse enquanto o encarava analisando suas expressões.

— Estava uma delícia, mas quem é você? — o rapaz disse um tanto quanto sem jeito, sentindo-se perdido, principalmente pensando na frase "Estávamos esperando você", afinal, como ela estaria esperando por ele se nem se conheciam. Por fim se lembrou que nos sonhos tudo podia acontecer, até mesmo as coisas mais loucas e sem sentido.

— Eu sou a tutora de sua irmãzinha, ela tem sido uma ótima aluna — a mulher respondeu e me disse que você também seria, então eu quero te propor algo.

 

 


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Notas finais do capítulo

Olha eu qui de novo!!!! E aí? Como estão se sentindo depois desse capítulo? Bastante coisa nova, neh? Quais são as teorias de vocês depois das informações do capítulo? Estou muito curiosa pra saber, principalmente porque esse foi um dos capítulos que mais me deu trabalho até agora, desde que eu postei o anterior que estou trabalhando nele, mando pra Beta, ela me envia, corrijo, envio de volta... Tanto que era pra eu ter postado faz tempo, mas queria que ficasse o melhor pra vocês. E é exatamente por isso que não vou mais tentar estabelecer um tempo específico para fazer as postagens, o próximo já está pronto, por exemplo, mas não sei quanto tempo vai demorar pra que eu e a Beta cheguemos à conclusão de que está bom o suficiente pra ser lido por vocês. Espero que compreendam isso e que não desistam de Resiliente, porque eu não vou desistir e apesar da demora sempre vou estar trabalhando o máximo dentro das minhas possibilidades pra trazer novos capítulos que sejam bons pra vocês.
Bom, quase que as notas finais ficaram maiores que o capítulo. Hahahaha
Bjs mil!!!!



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