Resiliente escrita por Rafaella Nunes


Capítulo 4
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Oi, leitores lindos e maravilhosos que eu amo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Não tenho nem o que falar sobre essa demora toda, só que esse ano foi um dos piores que eu já tive, entre ansiedade e depressão foi tenso e acabei me afastando de tudo e de todos, inclusive do Nyah. Eu realmente sinto muito pela demora de novo e espero que não tenham me abandonado. Juro que vou recompensar vocês. Agora chega de conversa e vamos ao que importa: esse capítulo que apesar de pequeno está cheio emoções. Segurem os corações e boa leitura!



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Capítulo III

Verena - Passado

A primeira coisa que Verena sentiu ao perceber a adaga se aproximar de seu pescoço foi medo, muito mais do que pensou que sentiria quando foi levada, juntamente à sua mãe, para longe dos corpos inertes das mulheres e crianças da nobreza, que haviam se escondido, assim como elas, antes da batalha se efetivar dentro do castelo.

Olhando para todo o sangue e destruição estampadas nas paredes do castelo, não conseguia imaginar o motivo de ainda estarem vivas, temendo que tivesse algo a ver com vingança, afinal, sua família nutria inimizades perigosas devido ao poder que tinham e as conquistas adquiridas, o que só fazia com que sentisse mais medo.

Esse pensamento só tomou ainda mais força quando viu seu pai no chão, machucado, mas vivo. Ela nunca havia imaginado que o veria daquela forma, completamente submisso a uma força maior que sua própria, mas ali estava ele, acorrentado como aquilo que era naquele momento, um simples escravo de batalha.

As lágrimas que estiveram guardando desde a data em que seu casamento deveria ter sido celebrado desceram por seu rosto, enquanto ela e sua mãe eram acorrentadas uma de costas para a outra a uma pilastra e ficavam à espera de seu algoz se dignar a aparecer. Naquele momento, deixou transparecer toda sua frustração, vulnerabilidade, raiva, desesperança, pavor e tristeza, até sentir seu emocional desgastado demais para que mais uma gota salgada saísse de seus olhos.

Quando isso finalmente aconteceu, Verena se limitou naquele momento a apenas fechar seus olhos com força e rezar com todo fervor para que pelo menos Deus lhes concedesse uma morte rápida, ainda que dentro dela algo gritasse que era exatamente o oposto que aconteceria, pois Ele os tinha abandonado no dia em que o castelo fora cercado.

Ainda que sempre tivessem feito tudo de acordo com as vontades do Senhor, Ele não havia se dado ao trabalho de lutar do lado deles como sempre havia sido até então. Aquilo a fazia pensar no que tinham feito de errado, qual seria o enorme pecado cometido por eles para toda aquela desgraça.

Em meio a seus rogos descridos, sentiu um objeto pontiagudo encostar na região de sua garganta, bem acima de onde pulsava sua artéria, causando-lhe arrepios e levando-a inconscientemente a tentativa de se afastar, algo que foi prontamente impedido pela coluna gélida que se uniu a suas costas. O instrumento partiu dali até o queixo, onde parou enquanto uma leve pressão era feita para cima, levantando por reflexo a cabeça da moça.

— Fique tranquila, querida, sei que agora parece assustador e sei que não entende ainda, mas logo tudo vai fazer sentido, você vai ressurgir da própria morte e nada disso vai importar, afinal, foi um mal necessário — ele disse, chegando perto do ouvido de Verena, enquanto ela apertava seus olhos com mais força ainda, como se o fato de suas pálpebras a vendarem fosse aliviar o peso que sentia em sua cabeça enquanto aquele homem sussurrava as palavras de forma suave para ela, resultando na soma de confusão ao temor intrínseco a situação.

Não podia compreender qual a finalidade daquilo, daquelas palavras doces, carinhosas, mas que lhe prometiam morte e que aos seus ouvidos pareciam sinceras e que, apesar de não fazer o menor sentido quando usada a lógica, algo em sua alma pareceu despertar de uma forma estranha, como uma chama sendo acesa.

— Chega! — Ouviu a voz de seu pai se elevar com seu costumeiro tom de superioridade, mesmo estando, literalmente, de mãos atadas, derrotado e desonrado, tirando-a de seus pensamentos e fazendo com que abrisse finalmente os olhos. — O que quer de nós? Seja minimamente humano e nos mate logo, ao invés de ficar brincando. Já não basta ter-nos tirado tudo?

— Oh! Me perdoe, Lord Herlik — pediu, retirando o objeto pontiagudo do pescoço de Verena, virando-se em direção ao homem que lhe dirigira a palavra, sem demonstrar qualquer tipo de emoção real, exibindo apenas um gélido sorriso em seu rosto mulato —, não era minha pretensão brincar, mas o senhor deveria saber de algo. — Seus pés se moveram lentamente, levando-o em direção ao mais velho, até que se abaixasse próximo dele. — Não podemos agir como humanos, pois não somos humanos.

Aquelas palavras foram o suficiente para que Lord Herlik desse uma gargalhada alta, um tanto quanto rouca, mas com um tom de histeria, fazendo a filha se perguntar se ele estava no exercício pleno de suas faculdades mentais ou se toda aquela situação teria tirado-lhe a sanidade.

— Agora me fez sentir mais patético ainda. Além de perder a batalha, ainda perdi para um lunático — ele disse em meio à sua risada.

— Bom, se não acredita em minhas palavras, vou ser obrigado a mostrar. — O homem então se levantou e voltou rapidamente a seu lugar, perto de Verena, mas dessa vez com firmeza, segurando a adaga de forma precisa, o que fez com que ela soubesse que aquele seria seu fim.

Diferente do que a mulher tinha pensado, aquilo fez com que sentisse uma paz plena, tomando o lugar do medo e da confusão, quase como se sentisse liberdade por saber que seria morta naquele momento, não deixando espaço para mais nada e quando, sem hesitar, ele cortou sua garganta, dando a ela a morte rápida que tanto rezara para ter, em seu último momento de consciência, Verena sorriu em sua mente, pensando que talvez Deus não a tivesse abandonado totalmente.

 

 

Adam – Presente

Aos poucos Adam foi experimentando seus sentidos acordarem junto com ele, primeiramente a boca seca e o gosto azedo que a preenchia, sendo seguida por um formigamento nas pernas e braços, os quais sentiu ser incapaz de coordenar num primeiro instante, ficando parado por longos minutos, enquanto seu nariz era tomado por um cheiro de remédio nauseante.

Após um tempo considerável, ainda com pálpebras pesadas demais para se abrirem, começou a sentir melhor seus membros, sendo então paralisado por uma forte dor muscular, que o atingiu de forma latente. Seu corpo todo doía, mas a área das costas era a principal.

Além disso, acompanhada da dor vinha um enorme incômodo na área da cabeça, que, juntos, estavam lhe dando a impressão de que tinha sido atropelado ou algo do tipo, causando certa falta de ar.

A dor intensa o fez retesar sua musculatura, levando-o a tentativa de se mover para tentar encontrar uma posição mais confortável, e só então sentiu seus movimentos serem limitados por algo não tão rígido, mas que prendia seu tronco, pernas e braços.

Isso ativou rapidamente todos os seus sistemas, liberando adrenalina em sua corrente sanguínea, deixando-o em estado de alerta, pronto para fugir, mesmo que não tivesse essa alternativa.

Seus olhos se abriram e por alguns segundos tudo parecia um borrão, até que pôde ver, com inquietação e espanto, o teto branco do local em que se encontrava, bem como as paredes gélidas, compostas pelos pequenos tijolos da construção antiga e bem cuidada do sanatório, permitindo ao cérebro dele reconhecer o ambiente com total clareza, o que causou ainda mais desespero dentro de si.

Não podia ter voltado para lá, não entendia o motivo, ele estava bem, lembrava-se apenas de ter ido à igreja agradecer, como fazia quando era criança, a cada vez que tinha uma melhora, um progresso no tratamento.

Na verdade não queria compreender, mas seu subconsciente sabia bem o que devia ter acontecido. Um novo surto, e provavelmente em local público, já que a última lembrança era de estar fora de casa.

Não queria estar amarrado naquele lugar novamente, e por mais que soubesse que era o certo, o necessário, não conseguia parar de buscar freneticamente por algo dentro daquele local que pudesse o libertar, ajudá-lo a se soltar, como se uma solução fosse aparecer magicamente.

O ar começou a parecer cada vez mais denso e difícil de ser puxado para dentro dos pulmões, o cérebro começou a dar a impressão de que iria se desligar, o suor escorria, molhando cada vez mais a maca em que Adam se encontrava, assim como seu corpo, principalmente as mãos, a testa e as axilas, instaurando o pânico quase que de imediato, fazendo com que o rapaz se debatesse e clamasse por socorro com o pouco de forças que lhe restava.

Não demorou muito para que enfermeiros entrassem no quarto em que estava, tentando acalmá-lo, estimulando-o a respirar devagar pelo nariz, tanto inspirar quanto expirar, o que se mostrava uma tarefa difícil de ser cumprida, pois a situação apenas piorava e o garoto se sentia cada vez mais fraco, sem controle de seu corpo, de sua mente.

— Já vai passar, Adam — disse a voz doce e conhecida de uma das funcionárias mais experientes do local, com quem havia criado laços de amizade já há alguns anos, pouco antes de ele sentir sua pele sendo perfurada por uma agulha e aos poucos sua consciência já debilitada foi ficando cada vez mais distante, até voltar a cair em um sono profundo.


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Notas finais do capítulo

Hey! Olha eu aqui mais uma vez!!! E aí? O que acharam? Me digam suas teorias, me contem suas reações ao ler o capítulo ♥ Eu estou louca pra saber.
Ah, mais uma coisa, me digam o que acharam da sensação do Adam nessa última parte do capítulo, uma pessoa me disse que estava exagerada, mas me baseei no como me sinto quando tenho crises ansiosas e acabei não querendo mudar, já que é exatamente isso que sinto quando acontece, por isso quero saber de vocês o que sentiram com relação a isso.
Bjs mil!!!!!!!!