Tá maluco, Símas ? Eu tô aqui ! Tenha um pouco de respeito !!

—Só por que é o irmão dela tem que ser cego ? Vai dizer que não acha ela gostosa ?

—Cala boca ! Primeiro que ela nunca “fica” com ninguém. Com ela, só coisa séria. E depois, eu nunca deixaria você encostar nela, mesmo se ela fosse mais velha. – Morfino começou a descer do salto.

—Pois eu aposto que consigo pegar ela a hora que eu quiser. –retrucou Símas, convencido.

Nesse momento, percebi que tinha chegado a hora de me revelar. Saí de trás do seja lá o que for e andei em direção ao bar, consequentemente passando por eles. Ao chegar perto o suficiente para que todos me ouvissem, falei:

—Seria uma pena se ela estivesse ouvindo. – e continuei andando.

Como descrever a cara de Símas ? Atômica, envergonhada, hilária... Não há palavras suficientes. Juro que tentei segurar o riso, mas um passo dado e eu já estava chorando de rir junto com Morfino. Vi de relance a face envergonhada de Andrew e as assustadas dos outros. Como não rir ?!

Lembrei-me do meu objetivo principal ao ver meu pai no meio da multidão, um pouco afastado de onde o tinha visto da primeira vez. Andei entre o povo fedido a álcool até alcançá-lo, porém eu não contava com uma coisa: Bruxas más usam saia de borracha (1*).

—Olá, Anjinho ! – Jessie tratou de usar seu melhor sorriso falso.

—Oi, Úrsula (2*). – A chamo de Úrsula desde que a conheci. Ela não é tão legal pra ser chamada de Cruella (3*) (desculpas aos que gostam da Úrsula.).

—Angel, o que está fazendo aqui embaixo ? Já falei para não descer durante minhas festas ! – meu pai tratou de me chamar atenção. Se ele não quer que eu saia do quarto, pra que me traz ?!?!

—É isso que chama de “momento em família” ? – perguntei. Como se eu quisesse ficar naquela zona ! – Eu esqueci minhas coisas no carro. Aonde eu posso pegá-las ?

Ele suspirou (eu acho) e fez um sinal com a mão para que eu o seguisse, andando entre as pessoas logo em seguida. O segui por entre os bêbados até que chegássemos aos fundos da casa. Havia seguranças em cada entrada da enorme sala, provavelmente evitando que a festa se espalhasse. Papai falou algo com um dos funcionários e este se retirou.

—Ele vai trazer suas coisas. – me avisou e ficou me encarando. Já até sei o que ele quer.

—Não, eu não estou saindo com o Andrew. – afirmei, segura. Mas e se estivesse ? O que ele teria com isso ? Ele suspirou de alívio. Me segurei para não rir.

—Já está começando a namorar, Anjinho ? – Úrsula tinha que se meter.

—Não se meta, Úrsula. Estou falando com o meu pai. – ralhei.

—Angel, tenha respeito ! – senhor Youngblood me repreendeu.

—O mesmo que você teve por minha mãe ! – gritei irritada. Que moral ele tinha para me pedir respeito ? – Pense bem no que você fala porque, se as coisas estão ruins agora, a culpa não é de mais ninguém além de sua !

Ele pareceu sentir arrependimento mas eu não caio mais nesse truque. Mantive minha imagem de forte intacta. Jessie olhava para nós, estática. Como se ela não gostasse de um barraco.

—Com licença, senhor. – o funcionário que foi buscar minhas coisas voltou com uma sacola nas mãos.

—São minhas coisas ? – perguntei. Ele assentiu, hesitante. Peguei a sacola e me virei para a saída. Senti alguém segurando meu braço. – Quer mesmo continuar, mesmo sabendo da moral que tem ? – sabia que era o meu pai. Não era a primeira vez que tínhamos essa “conversa” afinal. O aperto se afrouxou e eu puxei meu braço, voltando para a festa.

Estava tentando chegar à escada quando esbarrei em alguém.

—Desculpa. – pedi, seca.

—De boa... Já você não parece nada bem. Eu posso ajudar ? – o simpático garoto me pareceu interessante. Suas roupas eram escuras e havia finas correntes e pequenas tachinhas por sua calça. Era um típico rockeiro. Fiquei me perguntando o que ele fazia naquele tipo de festa.

—Eu estou ótima, obrigada. Não preciso de ajuda. – respondi. Fiquei olhando para aquele garoto estranho e não contive a curiosidade. – O que você está fazendo aqui ?

—Bom te conhecer também. – sua discreta repreensão só me fez cruzar os braços e esperar por minha resposta. – Meu nome é Draco. Sim, igual ao de Harry Potter. Fazer o que se minha mãe é absurdamente fã da J. K. Rowling desde o primeiro livro ?

—Pior sou eu que tenho um pai fã de “A Dama e o Vagabundo”. – ele pareceu surpreso, mas, no momento seguinte, começou a rir.

—O que ? Vai dizer que seu nome é Lady (4*) ? – perguntou ainda rindo.

—Não, é Angel. – respondi emburrada. Não era o primeiro que me zoava com isso mas, puxa, ele parecia tão legal !

—Angel ? É lindo ! Prazer, Banzé (5*). – ele pegou minha mão e a beijou. – Não, não sou mas bem que eu queria, tá ? – ele fez um biquinho completamente fofo. Não pude evitar soltar uma risada. - Como dever ter reparado, eu não tenho nada a ver com o inspirador do meu nome. Deve ser por isso que os meus amigos me chamam de Dobby. – tipo, como o Elfo de HP ? Pelo visto, ele realmente quer conversar.

Fomos para um lugar mais afastado da multidão (o único lugar onde não se precisava gritar era o jardim então fomos pra lá) e ficamos conversando.

Descobri que ele tem 18 anos e que seu pai é sócio do meu, por isso ele estava na festa. Ele é um típico bad boy de escola, mas por trás da máscara é um adolescente comum com suas dúvidas e inseguranças, além de ser um fofo ! ~cara de “overdose de fofura”~

Reparei que, de tempos em tempos, algum membro da banda do meu irmão passava por perto. Não é possível, eles estão me vigiando ? Isso só pode ser coisa do Morfino ou do meu pai. É, com certeza é coisa do meu pai. Tentei ignorar afinal eu não estava fazendo nada de errado.

Ficamos conversando até que me lembrei de que tinha de ligar para minha mãe. Meu Deus, ela vai me matar !!!