No dia seguinte, saí correndo de casa. Mais uma vez, eu havia acordado tarde e quase perdi o ônibus escolar. Minhas irmãs não fizeram a solidariedade de me acordar. Elas já haviam saído, Bianca foi para o Trabalho, ela já é maior de idade, e levou Hazel para a escola. Eu e Hazel estudamos em escolas diferentes.

Felizmente hoje não teve nenhuma brincadeirinha de mau gosto. Pelo menos não no ônibus.

Assim que cheguei à escola e fui direto para a sala de aula. Passei pelos corredores de cabeça baixa como sempre. Não passei no meu armário, só passo lá quando acho necessário e da última vez que passei tive uma surpresa não tão agradável. A primeira aula seria a de matemática. Felizmente eu havia levado o kit salvação que incluem: Meus fones de ouvido, meu celular e meu livro.

Peguei o livro e comecei a ler tudo de novo.

Li até o momento em que alguém colou o assento ao meu. Não falei nada e nem desviei o olhar do livro apenas esperei o pior.

—Oi. - Ouvi aquela mesma voz feminina. - O gato comeu sua língua?

—Oi. - Disse eu, ainda sem desviar o olhar do livro, por mais não estivesse concentrado.

— Você não me disse que estudava aqui!

Suspirei.

—Não chegamos a conversar! - Rebati e fechei o livro.

—É não chegamos a conversar! Eu te dei um “oi” e você me perguntou eu tinha fumado algo! - Lembrou-se. Olhei pra ela que sorria sem mostrar os dentes. –Aliás, qual seu nome?

—Nico Di Angelo. - Respondi.

—Você pode falar mais alto? Eu não escutei direito! - Explicou ela.

—Nico Di Angelo. -falei um pouco mais alto.

—Ok Nico. - Ela sorriu desta vez mostrando os dentes brancos e perfeitamente alinhados. Desviei o olhar sem saber o que fazer. -Essa é aquela parte em que você me pergunta qual meu nome!

Voltei a olhá-la; ela tinha uma sobrancelha arqueada.

— Você que me perguntou qual era o meu nome, eu não quero saber nada sobre você.

—Ok Nico, meu nome é Thalia Grace, se não for perguntar.

—Ok Thalia.

—Ok Nico.

—Não vamos entrar nessa de Ok. Ok. - Eu pedi. –Ok?

—Ok. – Thalia diz e ri eu a acompanhei.

Espera, tem algo errado! Eu ri!

—Bem, Alunos. -Começou a Srta. Collins professora de matemática. Ela era legal apesar de sua matéria ser uma chatice. - Temos uma aluna nova! Venha aqui Srta. Grace se apresente para a turma!

—Não obriga, ninguém precisa saber da minha vida! - Thalia a respondeu.

—Vamos lá, Thalia, Não faz mal conhecer gente nova. Venha! - A professora insistiu.

Thalia suspirou, levantou e foi para frente da classe.

—Meu Nome é Thalia Grace, como vocês já devem saber é isso Tchau. -Thalia disse e se voltou para a professora. -Posso voltar para o meu lugar?

—Alguém quer fazer alguma pergunta a Srta. Grace? - A professora perguntou a classe.

Dava pra perceber que Thalia falava mal dela baixinho.

Alguns alunos levantaram a mão.

—Lewis, pode fazer a pergunta.

—Você namora? -foi à pergunta dele.

—Não. - Thalia respondeu.

Outros alunos levantaram a mão.

—Octavian.

—Me passa seu número? - Ele perguntou.

—Mas é claro... Que não! -Thalia o respondeu.

Metade da sala riu e a outra metade segurou a risada. Eu não pude deixar de rir, afinal, não é todo dia em que vemos garotas como Thalia dar foras em Octavian.

—Mais alguém? - A Professora perguntou.

Eu queria fazer uma pergunta, então levantei a mão um pouco tímido.

—Que surpresa Nico, pode perguntar.

—Você tem algum tipo de distúrbio mental, por acaso? - Perguntei.

Eu não fiz essa pergunta para fazer gracinha, essa pergunta era importante.

Alguns alunos riem.

—Você está perguntando se eu sou doida? - Thalia me perguntou. Eu fiz que sim com a cabeça. -Talvez um pouco! - Thalia respondeu. – Professora, eu posso fazer uma pergunta?

—Claro Thalia!

—Nico, você sempre pergunta as garotas que te dão um “oi” se elas fumaram algo? -Thalia me perguntou.

Os alunos riram.

—Esse é o problema minha querida ninguém muito menos uma garota dá um “Oi” a Nico Di Angelo! -Octavian respondeu por mim.

—Parem agora! – Ordenou a professora e todos os risos cessaram. -Não é preciso responder Nico. Thalia, por favor, para o seu lugar.

Thalia voltou para o lugar ao meu lado.

—Me desculpa se a pergunta foi ofensiva. Eu não sabia! - Ela se desculpou baixinho.

—É não tinha como você saber. -  Respondi e tirei o livro de matemática da mochila à professora havia passado um exercício.

—Mas porque eles não falam com você? - Thalia perguntou ainda baixinho.

Olhei pra ela que me olhava curiosa.

—Eles dizem que sou esquisito e que não entro nos padrões deles. - Sussurrei pra ela.

—Babacas hipócritas - Thalia resmungou.

E com isso as duas primeiras aulas se passaram. Eu nunca havia falado tanto em uma aula como hoje. Ela fazia muitas perguntas, não parava de falar.

Na hora do intervalo guardei minhas coisas e fui para o refeitório. Sentei a última mesa do canto esquerdo que era a mesa que sempre ficava vazia e eu sempre sentava lá.

Comecei a comer.

—Te achei. - Ouço a voz de Thalia e logo em seguida ela senta ao meu lado.

—Você tá me perseguindo?- Indaguei.

—Nossa você come isso tudo? - Ela disse mudando de assunto.

—Não mude de assunto! - Pedi. -Me responda.

—Talvez! - Thalia respondeu.

Por que “talvez” ela esteja me perseguindo?

Não que ter uma garota como ela me perseguindo fosse algo ruim.

Antes mesmo que eu abrisse a boca pra falar alguém fala primeiro que eu.

—Argh... Thalia quando seu primo desaparecer de repente não desconfie de mim! - Uma loira disse, ela sentou a mesa ao lado de Thalia. A loira estava acompanhada da temida Clarisse La Rue e dois caras.

A garota que sentou ao lado de Thalia tinha cabelos loiros ondulados, seus olhos tinham um tom intenso de cinza como uma tempestade, ela parecia furiosa. Um dos caras tinha cabelos pretos e olhos verde-mar ele parecia estar se divertindo quanto ao que a garota loira falava. Clarisse era alta, ela tinha cabelos curtos e irregulares, castanhos claros e olhos castanhos, ela tinha um sorriso de escárnio estampado no rosto. O outro cara era alto, moreno e de aparência hispânica ele também sorria da situação.

—O que foi desta vez? -Thalia perguntou.

—As cantadas idiotas dele! - A loira respondeu encarando o cara dos olhos verdes.

—Isso é amor reprimido! - O cara de aparência hispânica fala.

—Deus me livre. - A loira e o cara dos olhos verdes falam em uníssono.

—Quero ficar bem longe desse encosto! -A loira disse logo em seguida.

—Vocês são dois idiotas! - Clarisse disse. - E aí Thals, não vai nos apresentar seu novo amigo?

—Esse é o Nico Di Angelo, temos aula de matemática juntos. -Thalia me apresentou.

—Esse é aquele Nico Di Angelo? - O cara dos olhos verdes perguntou.

—Não fale dele como se não estivesse aqui, Perseu. - A loira o Reprimiu. - Temos aula de Química juntos, Nico. Eu sento na primeira fila.

—Você é aquela garota que acerta tudo? -perguntei.

—Nerd – O cara dos olhos verde fala.

—Clarisse, faça as honras!- A loira disse para Clarisse.

—Com todo prazer!

Clarisse deu um soco no ombro do cara dos olhos verdes o fazendo cair do assento.

Thalia e os outros riram enquanto o cara dos olhos verdes gemia de dor no chão. Depois ele se levantou do chão e voltou ao seu lugar ainda gemendo.

—Isso mesmo Nico, Meu nome é Annabeth Chase. - A loira disse.

—Chris Rodriguez. - O cara de aparência hispânica se apresenta.

—Sou Clarisse La Rue, não me lembra de ter quebrado nenhum membro seu! -Clarisse disse pensativa.

—Eu me mantenho fora do seu caminho! - Respondi e ela assentiu.

—Desculpa o jeito como falei de você cara, meu nome é Perseu Jackson, mas pode me chamar de Percy o terror das novinhas. - Ele se apresentou.

—Baixa a bola Percy. -Annabeth disse pra ele.

—Escuta essa Annie. - Percy pediu para Annabeth. -Gata me Chama de Castiel que eu te mostro o que eu aprendi com o cara da Pizza.

Annabeth Bufou.

—Suas cantadas são horríveis, Perseu! -Annabeth disse o que provavelmente ele já sabia.

—O que salvou foi o Castiel! -Thalia disse a Percy.

—Vocês Gostam Supernatural? -Perguntei.

Cinco cabeças se voltaram para mim. Eles pareciam a menina do exorcista.

—Repete! - Eles pediram em uníssono.

—Vocês gostam Supernatural? - Perguntei novamente, Me encolhendo um pouco com medo de ter dito algo errado.

—A gente ama! - Thalia disse.

—Supernatural é vida, cara! -Percy disse entusiasmado.

—Assistimos desde o dia 13 de setembro de 2005. -Annabeth disse.

—Já pensamos em tatuar um anti-possessivo. -Clarisse contou.

—Só que a Mãe da Annabeth é da turma dos politicamente corretos e não deixou a filha tatuar o símbolo. -Percy explicou.

—Não fala da minha mãe idiota, pelo menos ela cuida de mim! E o seu pai que deixa o filho largado por aí e vive cercado de... - Antes que Annabeth pudesse terminar a frase Thalia Tapou sua boca.

—Tá bom né Annabeth! - Ela pediu a amiga. -Tive uma ideia!

—Manda! - Chris disse.

—Já faz um bom tempo que não assistimos Supernatural juntos, que tal você passarem lá em casa e a gente assistir os episódios que lançaram dá a décima primeira temporada juntos?

— Por mim tudo bem! - Chris disse.

— Por mim também! - Os outros três disseram em uníssono.

Thalia se voltou pra mim.

—Você Nico? Você vai Nico? - Ela me perguntou com seus grandes olhos azuis focados em mim.

—Ah, Thalia... Eu... - Antes mesmo que eu pudesse terminar de falar ela me cortou.

—Por favor, Nico. - Ela pediu. -Se você não for eu vou ter que segurar vela para eles e se meu irmão estiver em casa ai que fodeu tudo. Por favor, vai! - Ela implorou. -Se você for eu paro de te seguir!

— Tá bom, eu vou. - Eu disse por impulso.

Ela sorriu satisfeita.

Thalia tirou um marcador de CDs azul do bolso do jeans, pegou meu braço afastou o casaco e começou a escrever algo na minha pele extremamente branca.

— Esse é o meu endereço. - Ela indicou seu endereço em meu braço. - Vou deixar seu nome na portaria. E esse é o meu número! -Ela indicou seu número-  Você me liga se eles não deixarem você subir ou algo do tipo, Ok!

—Ok!

—Assim está até parecendo Hazel e Augustus! - Ouvimos a voz de Annabeth e nós voltamos pra ela.

—Só que mais emos e sem o lance do câncer e tudo mais! -Completou Chris.

Thalia revirou os olhos.

—Quem é Hazel e Augustus?  - Eu perguntei porque realmente eu não fazia a mínima ideia de que eram.

— Deixa pra lá, Nico. -Thalia pediu.

—Vamos? Vocês não ouviram o sinal tocar? -Clarisse perguntou já se levantando junto com os outros.

Eu realmente não havia escutado o sinal.

Thalia se levantou e eu também.

—Na minha casa às 20hs. - ela disse.

Eu assenti. Nós fomos para direções opostas um ao outro.

Eu iria a casa dela afinal, eu não tinha escolha.