Excluído socialmente num espaço chamado escola e que o verdadeiro significado é: inferno. Ou, pelo menos, deveria ser.

Segundo os adolescentes riquinhos, populares, metidos a besta e filhinhos da mamãe eu não entro nos padrões deles simplesmente porque me acham estranho.

Quero mais é que se exploda!

Não que eu liguei pra popularidade, carros caros ou roupas de marca se é isso que está pensando, muito pelo contrário tudo o que eles têm eu tenho em dobro, mas isso não vem ao caso agora. O que quero dizer é que aqueles idiotas da Good bem que poderiam dar-me uma folga.

Mas não! Nico Di Angelo é a melhor distração daquele lugar. Já fizeram de tudo comigo. De chiclete no cabelo até bombinha de tinta no armário. Eles não se cansam das brincadeirinhas.

Têm os que me zoam, os que não me zoam e os que simplesmente me ignoram. Ou simplesmente não falam comigo. Confesso que sou um tanto antissocial. Então basicamente não tenho amigos. E a única que eu tinha era linda. Ela morreu.

Silena Beauregard, esse era seu nome, de uma beleza estonteante, ela amava moda, e todos a amavam. Queria viajar o mundo. Ela era a única garota que falava comigo além das minhas irmãs. Silena era um pouco... Maluca. Um pouco não, Totalmente. Sua bebida favorita era vodca. O por quê? Eu não sei, nem mesmo ela sabia. Quando descobriu que eu era virgem apareceu na minha casa às 22h da noite com um sobretudo feminino e por baixo dele ela não usava nada. Depois disso transamos algumas vezes e isso nunca mudou nossa amizade, nunca chegamos a namorar. Mas eu tenho que admitir eu tinha uma queda por Silena.

E mais tarde, numa noite de sexta feira, veio à notícia de que ela havia morrido em um acidente de carro. Admito, ainda que já tenha se passado dois anos, sinto falta dela. Afinal era Silena Beauregard quem não sentiria falta dela?!

Continuei o mesmo lendo meus livros, indo todas as quintas à noite a alguma livraria ou a biblioteca, escutando minhas músicas, usando preto todos os dias, capuz e goro também. Isolado em meu quarto assistindo Supernatural.

Era quinta feira e como que disse todas as quintas vou sempre à biblioteca ou a livraria. Desta vez eu estava na livraria do Shopping onde eu costumo ir.  São 22h55min a livraria estava quase fechando. As únicas pessoas que estavam ali eram os três funcionários que organizam os livros e eu, mas eu estava enganado.

Eu estava encostado em uma estante de livros folheando o livro Drácula quando senti que estava sendo observada. Levantei o olhar e discretamente olhei ao redor e parei quando olhos azuis se encontram ao meu.

Era uma garota, ela me observava por sobre um livro, ela estava longe demais e não deu pra ler o título, só seus olhos apareciam.

Baixei o olhar para o livro novamente.

Minutos depois ouço uma voz feminina ao meu lado. E o que ela disse foi um simples:

—Oi.

Levantei o olhar do livro. Era aquela garota que antes me observava. Seus olhos eram impressionantes eram azuis elétricos, ela sorria pra mim, usava um batom vermelho, seus cabelos eram pretos e bem curtos com mechas azuis.

—Você falou comigo?- Eu perguntei, ela fez que sim com a cabeça. -Você fumou alguma coisa?

Ela riu e quando ia me responder foi interrompida.

—Estamos fechando! Vocês vão levar algum livro? - Um dos funcionários perguntou.

—Vou. - Disse e fui até o balcão.

Paguei o livro e quando olhei para onde a garota estava. Ela havia desaparecido.

Peguei o livro e saí da livraria.

Peguei um táxi que demorou até que chegasse a minha casa.

—Finalmente!- Ouço a voz de Bianca assim que abro a porta de casa. - Me deixou preocupada! Onde estava?

Ela me abraçou.

Bianca é minha irmã mais velha, parece que somos gêmeos e eu não gosto nem um pouquinho disso.

—Não tem motivo para ficar preocupada! Eu estava na livraria onde sempre vou! - Eu disse saindo do abraço e fechando a porta.

—Eu tenho todo direito de ficar preocupada, Nico sou sua irmã mais velha e hoje em dia... -Bianca começou com o seu discurso de como tudo é perigoso.

Dei-lhe um beijo na testa.

—Boa noite, Bianca. - Fui para as escadas enquanto ela ainda falava. - Mande um beijo pra Hazel também. Onde está ela afinal?

—Meu deus, ela ainda está na casa do Frank! - Bianca parecia preocupada.

Subi para o meu quarto enquanto minha irmã mais velha surtava por causa de Hazel, nossa meia-irmã mais nova. Tomei um banho, coloquei uma roupa, me deitei na cama e peguei o livro para ler um pouco.

Mas acabei desistindo já que aquela garota não saia dos meus pensamentos e não me deixava passar da décima página.

Tudo que eu me perguntava era: Porque ela falou comigo?