Egoísta escrita por Mi, Shauna


Capítulo 7
VII - Analgésico


Notas iniciais do capítulo

Eu normalmente nunca comento nada aqui, mas, dessa vez, não tem como não comentar. Lá estava eu, caminhando pelos cantos obscuros do Nyah!, quando resolvi verificar meu perfil mais uma vez.
Eu quase morri. Sério, eu realmente... recebi uma recomendação?! Em seis capítulos? Uma recomendação? Isso existe? Eu pensei que era só uma lenda. Uma lenda contada por boas pessoas, para iludir nossos corações. (Tudo bem, sem exageros.) Eu quase morri de felicidade, tipo, fiquei mais feliz do que o Lucas em uma fábrica de chocolate. Vocês não tem noção. Não fosse só isso, ela/ele ainda escreveu palavras tão amorzinhos e elogios tão... "AHHHHH!" E ainda por cima, é autor da minha One Shot favorita. Ah é! Obrigada One Nightmare, por essa recomendação absurdamente perfeita ♥ Resolvi postar mais cedo ainda do que normalmente posto, porque sou afobada. Aproveitem o capítulo! Mais pra frente começa a parte tensa, então, aproveitem ao máximo essas cenas leves. Muahaha
Me desculpem! Só quero acalmar o coração de vocês antes de toda a tensão. Não me matem.

Kisses! ♡



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Eu sinto seu coração acelerar, também sei que tem um enorme nó em sua garganta. Seu rosto está quente? Sinto muito, amigo, você está apaixonado.

VII

Nós caminhamos até a porta da diretoria e batemos lá, alguns segundos depois o diretor sair marchando de sua sala. Preparamos a expressão de cachorro molhado e olhamos no fundo dos olhos do velho. Mas... ele parece um robô. Sinto que não vai dar certo.

— Não tolero atrasos. — Disse, simplesmente. — Vocês devem saber disso.

— É que é a primeira vez que nos atrasamos! — A Isa juntou as suas mãos mãos e implorou. Nunca pensei que veria ela implorando para alguém. Estou presenciando um milagre? Ou, talvez, ela seja uma ótima atriz. — Por favor?

— Não. Vocês não vão me convencer. Saiam daqui e voltem para a casa de vocês, delinquentes. — Completamente odiável. Fez pacto com a Elisa, certeza.

— Mas, diretor... eu não entreguei a minha autorização! E esse é o último dia... eu quero muito ir no passeio. — A Isa deu um sorriso carismático. Parece que não convenceu.

— Não é não!

— Ah, então vai se ferrar. — Ela não falou isso... er, sim, ela falou. — Vê se arruma alguém pra melhorar esse humor aí. Tá precisando. Isso é falta de...

— O que você disse, mocinha? Qual o seu nome?! — Finalmente seu rosto assumiu alguma expressão. Pena que foi de raiva. Isso é ainda mais assustador.

— Como se eu fosse falar. — Fez bico.

— Se não falar vai ser pior! — Ele ameaçou. A Isa deu um sorriso de canto, que só eu pude ver. Lá vem merda...

— Me desculpa! Não seja muito severo, por favor. Meu nome é... Elisa. Elisa Martins, do 2C.

— Ótimo. Agora vão! — Fechou a porta da diretoria e, ao mesmo tempo que ele fez isso, a Isa caiu no chão, dando risada.

— Eu sou foda, não? — Continuou rindo, igual uma foca com problemas mentais.

— Você é louca! — Tudo bem, não é como se eu não estivesse rindo, também. — E genial. Muito genial.

— Eu sei. — Se gabou. — Vou voltar para casa, então. Ah, sugiro você esperar o Daniel na casa dele... e, assim... você sabe.

Sei?! Novamente, ela não deixou tempo para perguntas. Saiu cantarolando dali.

Fui para casa. Eu queria pensar... então, fui direto para o chuveiro gelado.

Não é como se existisse lugar melhor para pensar do que o banheiro. Será que... devo? Me declarar, assim, do nada? Mas eu... não estou confundindo meus sentimentos? Amor é o que sinto? Eu só me sinto confortável perto dele. Mais do que com outras pessoas. Muito mais. Isso seria amor? Mas, é normal sentir isso pelo melhor amigo? Do mesmo sexo?!

Minha mente está repleta de interrogações e porquês. Eu só queria uma resposta. E para ter essa resposta... a única saída, de verdade, é a declaração.

Esse é o problema! Eu não sei! Saí dali e fui estudar. Só estudando para dormir. E eu só quero dormir.

Acordei horas depois, com uma mensagem do Dan. Hã? Ele deve ter perguntado por que eu não entrei na escola hoje. É, com certeza é isso.

"De: Daniel

Eu preciso de você aqui, nesse momento. É urgente."

Senti meu estômago se revirar. Peguei meu moletom e corri para a casa dele, que ficava mais ou menos a vinte minutos da minha. Ah! Que tortura ficar pensando em diversas possibilidades no meio do caminho. E todas elas são tão ruins. Além do mais, o que deu na minha cabeça para sair correndo? É longe!

Depois de longos minutos, cheguei lá cinco minutos antes do que normalmente chegaria. Deve ser o desespero. Com certeza é.

Bati na porta azul, que seria a entrada de sua casa. Ele atendeu um minuto depois. Me assustei. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, ele chorava muito. Entrei sem permissão e, sem ao menos perguntar o porquê daquelas lágrimas, eu o abracei. Tinha quase certeza do que era. Ele não choraria por qualquer outro motivo que não fosse esse.

— Seus pais, de novo? — Perguntei. Ele era poucos centímetros mais alto que eu e só quando nos abraçamos que consigo notar essa diferença.

— Sim... — Soluçava. Ele apertou o abraço. — Seu abraço é confortante, Luc! Realmente, você é muito semelhante a um ursinho...

Como pode ser assim...

— Você é idiota?! Não brinque uma hora dessas! — Me afastei. — Me explica o que aconteceu, dessa vez.

Nós subimos para seu quarto. Ele não parou de chorar um segundo sequer. Da mesma forma que dói para ele, dói para mim. Talvez mais para mim. Porque eu estou me segurando...

— Hum... é que... — Sentou na cama e limpou as lágrimas com o braço. — Eles brigaram de novo, e... minha mãe foi embora.

Sentei ao seu lado.

— Você sabe que é sempre assim. — Sorri. Eu quero chorar, também. Eu sinto vontade de chorar, também. Mas eu tenho que demonstrar segurança, certo? — Amanhã ela está de volta, como todas as vezes. Isso é normal. Eles são um casal, como todos os outros, não é? Eles também brigam!

— Verdade? — Olhou para mim. — É como todas as outras vezes? É que parecia sério!

— Sim. Eles se amam. Não é sério, eu tenho certeza. E você parece um bebê chorando. — Ri, para tentar descontrair. Ele retribuiu o sorriso, mas ainda não parou de chorar.

— Não pareço! Mas é que, sabe, não importa a idade, sempre que eu vejo os dois brigando, me sinto mal. E eu sinto dor. E eu não aguento essa dor!

E eu conheço essa dor. Eu sei como é... ah, eu quero chorar! Alguém me dá um chocolate, por favor.

— Então... eu vou ser seu analgésico. — Baguncei seus cabelos, assim como ele sempre fez com o meu.

— Você não sabe dar carinho! É assim. — Fez o mesmo com os meus.

— Hum! Parou. — Tirei as mãos dele antes que eu tivesse um ataque cardíaco com seu toque. — Então... por que não chamou a Elisa?

— Por que eu chamaria ela? — Virou a cabeça, em dúvida. — Só você sabe me consolar. Você e mais ninguém.

— Heh... — Não fique sem graça. Não fique sem graça.

— E aí, vai pro acampamento? — Perguntou, enquanto se levantava. — Quer dormir aqui, pra ir comigo amanhã?

— Eu vou... mas seus pais não estão com problemas?

— Está tudo bem. — Piscou. — Meu pai saiu para procurar a minha mãe, que deve estar em algum hotel.

— Talvez eles se reconciliem. — Eu sorri, logo depois dele. — Mas, ainda não posso ficar. Eu tenho que arrumar muitas coisas lá em casa, pra amanhã.

— Hum-hum. Até amanhã, Dan. — Me levantei e fui em direção a porta do quatro. Ele foi comigo até a saída.

— Até amanhã. — Quando eu saí pela porta, ele acenou. — Vamos nos divertir lá!

— Sim! E eu vou ganhar de você em todas as competições!

— Veremos! — Sorriu.

Talvez você se divirta, mas, eu... estou dividido. Eu tenho que confessar os meus sentimentos a você, contar sobre a Elisa, porque, se eu não o fizer... ela vai agir antes. Ela vai nos separar. E eu prefiro que você pare de falar comigo por eu gostar mais do que deveria de você, do que você pensar que eu te odeio a ponto de te trair com ela.

Mas não é como se eu fosse falar isso para você. Por que? Deveria? Você pararia de falar comigo, agora mesmo?

Chamei um táxi, dessa vez. Cheguei em casa em poucos minutos. Fiz tudo que deveria fazer e depois, simplesmente, apaguei. Amanhã seria o acampamento, afinal. E eu tô ferrado.


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