Egoísta escrita por Mi, Shauna


Capítulo 10
X - Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Ao terminar o capítulo, leiam as notas finais. É importante!



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De todos os doces do mundo, você é o meu preferido.

X

Me sinto quente. Meu coração está mais acelerado que das outras vezes. Medo, insegurança e tristeza, parece que eu cai em um buraco profundo, escuro e frio. Eu sinto que posso desabar a qualquer momento. Dependendo das palavras dele, eu posso me desidratar de tanto chorar. Parece que minhas lágrimas vão se esgotar... se eu continuar chorando como estou, no futuro, não vou conseguir mais. Meus pensamentos são os piores e meu corpo todo treme, principalmente minhas mãos. Eu estou nervoso.

Eu sei que falar foi o melhor a se fazer, mas eu não quero perder a sua amizade. Eu não quero! Ainda dá tempo de dizer que isso tudo foi uma brincadeira? Ele vai acreditar em mim? Ele vai me perdoar? Ele não vai... me ofender? Eu me sinto mal. Passar os próximos dias sem ele vai ser dolorido. 

Não. Não é hora de se arrepender. Eu falei a verdade, então, está tudo bem. Fechei os olhos e ouvi a porta se abrir. Logo depois, passos acelerados. Meus olhos estão fechados e não consigo ver a sua reação, mas ele está ali. Está tudo bem, está...

Senti alguém pular em cima de mim e me abraçar, com força. Um abraço confortável, apertado, quente e... abri meus olhos. Era ele. Suas lágrimas molharam a minha camiseta.  Não consigo ver seu rosto, mas consigo ouvir a sua voz falha. Com apenas um toque, ele fez meu coração se acalmar. Todo medo e a insegurança se esvaíram. Ele me aqueceu.

— Que bom... — Ele não parou de soluçar um segundo sequer. — Que bom que está bem... que bom que não me traiu! Eu pensei que te perderia para sempre. Eu estava com medo. Senti que não poderia mais te abraçar, que não poderia mais comprar chocolates para você, que não poderia mais jogar com você... eu senti que te perderia! Não me assuste mais assim, Luc. Nunca mais.

Ele não disse palavras arrogantes, como eu pensei. Pelo contrário, suas palavras me deixaram tão confortável... e eu não imaginava. Em nenhuma das hipóteses, eu imaginava isso. Estou tão feliz. 

— Mas... e ela? Você não se sente mal por ela? — Perguntei. Não nos soltamos uma única vez. Ou melhor, ele não me soltou. — Você não está bravo comigo? Pelas coisas que eu disse? Pelas coisas que eu sinto?! Você não vai... me deixar?

Eu posso finalmente respirar.

— Sinto muito, Luc. Por te fazer chorar. Eu não quis isso. Em nenhum momento, eu quis isso. Toda vez ás vezes que ela te ofendeu, eu quis muito te defender, mas eu me sentia tão mal pelo que estava fazendo com ela, que... tentava de todas as maneiras atender seus desejos. Tudo que ela pedia, eu teria que fazer, porque eu devo a ela.

— Você deve para ela? — Perguntei, meio desentendido. — Quanto? 

Isso não faz nenhum sentido.

Ele finalmente me soltou. Olhou no fundo dos meus olhos. Eu parei de chorar há poucos minutos atrás, mas está tudo aqui, marcado. A prova de que chorei. Olhos vermelhos, quase inchados. Eu não entendia o que ele dizia, mas de alguma forma, me senti bem e segura, apesar da enorme vergonha. 

— Eu devo para ela, sim. Mas não é em forma de dinheiro. — Seus olhos transmitiam confiança. — Eu só namorei com ela para esquecer alguém que eu não deveria amar. E ela sabe disso. Soube disso esse tempo todo. Eu deixei bem claro para ela, e ela me aceitou. Aceitou ser usada. Aceitou essa proposta suja, que partiu de mim. De alguma forma, ela descobriu que esse alguém era você e, a partir daí, ela ficou te provocando. Mas eu não pensei... que ela faria isso. Eu sinto muito, Luc. Mais uma vez... eu não suporto te ver chorar. Eu sou o culpado, então, pode me bater! Eu não mereço sua declaração. 

— Eu não entendo. — Olhei para cima, para o lado, para baixo. Qualquer lugar que não fosse a minha frente. Que não fosse seus olhos. Caso contrário, eu perderia a consciência. — Você também me amou? Ou... quer dizer... er... eu até entendo meus sentimentos! Mas por que você me amaria?! Impossível. 

— Você ainda pergunta... — Ele voltou a sorrir. Eu, realmente, posso ver seu sorriso de novo? Ele se aproximou novamente. Passou a mão pelos meus cabelos, depois, limpou qualquer lágrima que sobrou ali. — Vou repetir. Gosto dos seus cabelos macios, da sua pele exageradamente branca, principalmente, dos seus olhos negros. Gosto quando seus olhos brilham ao ver qualquer doce, gosto quando seus olhos brilham ao me ver e, principalmente, gosto de quando você toma sorvete daquele jeito desajeitado e sexy. Quando seus olhos quase se fecham ao sorrir... você tira meu controle, meu equilíbrio, minha sanidade. Tudo. 

 — Eu... — Nenhuma pimenta do mundo é mais vermelha que meu rosto, nesse momento. — Mas... desde quando?  

Eu não sabia exatamente o que falar. Só sei que, nem nos meus melhores sonhos, eu imaginei isso. É extremamente vergonhoso.

— Quando eu comecei a gostar de você?— Deu risada. — A partir do momento em que você disse "Oi." Ou melhor, a partir do momento em que você disse "Se acertar esse bola na janela da minha casa de novo, eu te mato." 

— A culpa é sua... — Bati no seu peito, quase sem força.  — Desde que jogou aquela bola, os batimentos cardíacos do meu coração não estão mais normais... se eu te matar, vou voltar a respirar direito, certo? 

— Está com aquela expressão assustadora de novo. — Ele falou e se afastou, imitando a cena de quatro anos atrás. 

— Idiota! — Exclamei. Ele se aproximou novamente, com malícia. 

— Heh? Não foi isso que você disse cinco minutos atrás... — Nossos rostos estão a tão poucos centímetros de distância. Eu vou morrer. Eu sinto minha morte se aproximando.

—Vai usar isso contra mim, não é? — Dei a língua. 

— Sim. — Me encostou na parede. Olhou para mim uma última vez e diminuiu toda aquela distância que nos incomodava. 

Ele não vai... vai? 

As sensações de antes voltaram e sinto que a qualquer momento posso perder o fôlego. Ele me beijou. Eu não sabia exatamente como fazer aquilo e nunca senti tanto medo antes, mas a sensação era tão boa que lembrava... doce. Ele abriu a sua boca e eu fiz o mesmo. Ele movimentou sua língua e eu, fiz o mesmo. Segui o seu ritmo. Senti todo o meu corpo esquentar, principalmente as minhas bochechas. Mesmo desajeitado, molhado e estranho, aquilo era... tão bom! De todos os chocolates que eu já provei, esse, definitivamente, é o melhor. Me aquece, me protege e me... ama? Provavelmente seu beijo se tornou meu novo vício.

Ouvi uma voz conhecida. Nos afastamos. 

— Por que está junto desse cara, amor?!— Era a Elisa. Ela apareceu, do nada. Mas não viu a cena. — Você não viu tudo que ele me fez comigo? Com a gente?!

— Eu acredito nele. — Respondeu, simplesmente. — Eu sei o que você fez, "Lisa". Nunca pensei que fosse capaz disso, mas... boa sorte aí. Acabou. Na verdade, nunca começou, não é? Eu sei que você me traí com vários garotos por aí. Eu não me importo. Nunca te amei. Mas... com ele... é diferente.

— Você viu ele tentar me agarrar e, mesmo assim, acredita em palavras? Palavras?! — Ela veio até nós, marchando.  — Você conseguiu, Lucas! Conseguiu fazer o trouxa acreditar! 

Ela começou a chorar. Tão falso quanto antes, talvez até pior. Ela é realmente uma boa atriz e eu aprecio isso. Mas... não. 

Algo nos interrompeu. Ouvi passos novamente e depois de alguns segundos, a Isa apareceu ali, trazendo um celular estranho e ao lado de um idoso. 

— Para de fingir, Barbie. — a Isa sorriu, com certa malícia. — Esse aqui é o dono daquele Café que fomos antes. Ele estava dormindo na hora que tudo aquilo aconteceu, mas... se comoveu com a minha história e me emprestou as gravações. 

— Vaca. — O velho falou para a Elisa, deu meia volta e saiu, cantarolando. — Fiz minha boa ação do dia. 

— Aqui, Dani. — Ela entregou o celular para o Daniel, que assistiu o vídeo de minutos. A Elisa até tentou tomar dele, mas a Isa estava ali, segurando seus braços, sem nenhum esforço. — E aí, cobrinha, tem algo a dizer?

— Vão a merda. — A morena disse e saiu marchando. — Vocês tem problema.

— Ah? Você está me ofendendo? Saiba que não ligo se teu sangue me sujar. — Eu sei que ela falou por falar, mas também sei que a Elisa acreditou e apressou os passos, com medo.

— Eu posso ver esse vídeo o dia todo... —Ele dizia, sorrindo.

— Por quê?! — Eu e a Isa perguntamos, ao mesmo tempo.

— O Lucas fica tão fofinho desse ângulo!

— Quer morrer?! — Gritei.

— Olha! Você está vermelhinho. — Provocou.

— Meu Deus!!! O que eu perdi? — a Isa começou a dar a sua risada exagerada. — Eu perdi o beijo? Eu perdi o beijo?! Diga que eu não perdi o beijo!

— Não!

— Perdeu. — Ele respondeu, sem nenhuma vergonha na cara. — A declaração dele também foi tão...

— Cala boca! — Tampei a boca dele.

— Legal! Legal! Legal! — a Isa não parou de pular um minuto. — Quando o clima esquentar, me chamem para assistir!

Eu vou dar uma voadora nessa garota. E como o Dan pode se divertir com isso?! 

De qualquer forma, nós corremos para tomar banho de piscina com os outros. Eu não acredito em nada que aconteceu nesses últimos dias. Se eu me acalmei por dois minutos, foi muito. Porque, agora, nesse momento, eu estou muito feliz. Muito, muito feliz...

— Ei, Luc. — Ele me parou.

— Sim? — Sorri.

— Eu falei tantas coisas, mas esqueci o principal...

— Ah? O quê?

— Amo você. — Bagunçou meus cabelos. — Meu time ganhou a competição, e... ganhei uns chocolates da cesta. Vai querer? 

Extremamente feliz.


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Notas finais do capítulo

Primeiro, eu gostaria de agradecer vocês por tudo. Cada acompanhamento, cada favorito, cada review, cada recomendação! Eu nunca me senti tão satisfeita com algo antes. Vocês me fizeram feliz esse tempo todo, obrigada! Nunca pensei que encontraria leitores tão amáveis, mesmo os fantasmas. Obrigada novamente por acompanhar até aqui. E eu tenho que agradecer a Lithium por mp pela linda recomendação, já que não vi review dela recentemente e eu já respondi todos os outros. Enfim, só tenho a agradecer! ~~Coração vermelho que não dá para inserir aqui.~~

Esse seria o último capítulo, mas resolvi que daria a vocês outro capítulo especial e amorzinho com um desfecho digno, então, esse aqui é o penúltimo!

Só isso mesmo. Adoroooooo vocês!!

Kissus!