O CAMALEÃO SIDERADO escrita por MARCELO BRETTON


Capítulo 37
Capítulo 37




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Fazia o sinal de carona na beira da estrada enquanto caminhava de costas num bailado que lembrava Fred Astaire, mas estava se sentindo mesmo era como uma mula com uma tachinha pregada na pata. Poderia se jogar na frente de um carro e mostrar seu distintivo. Até tomar um carro na marra se fosse necessário, mas faria do jeito mais difícil. Aquelas duas testemunharam o que fizera ao seu pai, portanto teria que dar um jeito nelas o quanto antes, e identificar-se por ali não lhe parecia um bom negócio. Quando imaginava ter que chegar na capital a pé, um caminhão guincho encosta e ele sobe. Era muito parecido com o que vira na estradinha.

 

— Indo pra capital moço? – Perguntou o homem barbudo e rotundo vestindo um macacão de mecânico sujo de graxa com o logotipo de alguma marca de lubrificante.

— Isso mesmo. Fico em qualquer lugar por lá – Respondeu olhando discretamente ao redor para ver se via algo familiar.

— Vou buscar um carro quebrado lá – Afirmou enquanto palitava os dentes de um jeito que lhe confundira um pouco.

 

Fredson assentiu com a cabeça se despreocupando quanto a semelhança com o outro veículo. O homem tinha cara de trabalhador, não de ladrão de caminhão. Quando recostou no banco a fim de descansar um pouco, uma mão sai de trás e o segura firme no pescoço.

— Pensou que ia se livrar de nós assim tão fácil sêo policía? – Disse em tom ameaçador a grandona que apertava a sua traqueia deixando-o sem fôlego.

A baixinha batia no vidro atrás fazendo caretas e levantando a saia pra mostrar o rego da bunda todo melado de esperma e gritando.

— Você me comeu, mas quem te come agora sou eeeuuuuu! – Gritava pondo a língua pra fora e sacudindo-a de baixo pra cima, fazendo uma dancinha que lhe deixava com cara de louca para quem passasse na estrada.

O motorista só ria enquanto olhava a cara do detetive perdendo a cor de medo. Sua cabeça tinha apenas um pensamento. João. E o mundo se apagou como se um anjo tivesse apertado o interruptor de pirraça.

 

O Mack 1951 roubado deu meia volta e retornou pela estrada, desta feita não para o posto de gasolina, mas sim para a casa das irmãs canibais que iam dar uma grande festa de aniversário e precisavam servir os convivas com algo de qualidade. Antes de ofertar aquela carne, poderiam amaciá-la se divertindo um pouco, afinal o homem possuía um dote raro de ser ver por aí. Além do que, enrabar parecia a sua especialidade.

 

Chegaram numa propriedade rural de bom tamanho justo no momento em que Fredson desperta e, dá de cara com o motorista barbudo lhe carregando nos ombros até o interior da casa enorme. Ao seu redor vinha as duas irmãs com o semblante carregado como se fossem prestar contas ao capeta pela sua apreensão. Logo percebeu que seria muito difícil escapar dali. O local além de grande era protegido por muros altos e muitas portas com chaves. Largaram-no num quarto escuro e sem janelas. Havia uma cama e um grande penico. E isso era tudo. Antes da baixinha ir embora ela o obrigara a lamber todo o resto de esperma que lhe escorrera pelas coxas. Aquilo não era grande coisa, mas esperava coisa pior a qualquer momento. Depois de lhe assear o rabo, ela sorriu satisfeita e lhe deu um beijo na boca piscando o olho, como quem está a ponto de aprontar alguma coisa.

 

— Sêo polícia, a única sirene que você vai ouvir nos seus ouvidos será os meus gritos de tesão quando eu tiver lhe usando mais tarde antes da cerimônia.

— Cerimônia?

— Não me pergunte nada, mas ainda quero sentir você aqui dentro ó! – Disse batendo na bunda e saindo do quarto.

 

Depois de ouvir o clique da porta sendo trancada, ele olhou pro próprio pau e pediu para que ele fosse bravo como da última vez. Ele não conseguiria se safar daquilo sem o parceiro que tanto renegara nos últimos anos e culpara pelas experiências sexuais desastrosas que teve. Naquele momento, ele era o seu melhor amigo, a sua única saída. Se é que existia uma.

 

###

 

No auge do desespero, Florinda puxou a criança pelas perninhas e correu para colocá-la de bruços na cama. Dava tapinhas leves nas suas costas. O rosto de Babi estava arroxeado e os seus olhinhos fechados. A respiração era entrecortada e fraca. Do jeito que estava vestida saiu da casa com a criança enrolada numa manta e conseguiu um táxi ali perto. Pediu que a levasse ao mesmo hospital que tinha ido ganhar o bebê e não fora atendida. Era mais perto.

 

No caminho enxergava o inferno se aproximando e o seu jardim das delícias pegando fogo. Como Almeida iria encarar a sua negligência como mãe? Da pior maneira possível, já que era um homem família e cordato, interessado tão somente nos valores que pudesse transmitir e ser absorvido por quem estivesse disposto a ouvi-lo. Isso ela tinha feito, mas estava provando que não havia absorvido. Olhava pra filha agonizando em seu braços e pensava que ironicamente a culpa era dele também, já que ligara naquele momento delicado. Não, não devia jamais pensar nisso outra vez, ele queria apenas ouvir sua voz e saber de Babi, apenas isso.

 

Não era a primeira vez que o seu castelo de cartas desabava quando achava que tudo na sua vida era sólido como uma parede. Quando achava que a sua mãe seria a pior coisa que lhe teria acontecido na vida, ou o anão gerente do bar que trabalhava, ou ainda o detetive franga que lhe engravidara, os augúrios não lhe deixavam esquecer de quando fora estuprada por um cachorro. Não era maneira de falar, antes fosse. Jamais esqueceria o animal gigante buscando sua vagina enquanto ela era dominada pelo seu dono, e também dono da pensão que morou por apenas um mês. Aquilo tudo não passaria de um pesadelo se ela ainda hoje não sentisse o cheiro do bicho na sua virilha. Adquirira o hábito de passar as costas das mãos na boca como a limpar a baba que o cão deixava a cada lambida no seu rosto. Quando Babi nascera pensou em perguntar ao obstetra quantas patas tinha a sua filha. Se chorara ou tinha latido.

 

Babi estava inerte no seu colo, mas o seu coração ainda batia. Ela respirava. E era tudo o que ela precisava saber para tentar salvar a vida da sua filha.

 

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A van estacionou próximo a casa de Diolindo e todos desembarcaram. Almeida acertou o valor com o motorista e o dispensou. Iria dali a pé pra casa, que distava apenas três quadras da nova moradia da sua filha.

— Essa porta foi arrombada – Disse Franco ao perceber um rasgo na madeira.

Um rapazola pôs a cabeça pra fora da janela da casa vizinha.

— Sêo Diolindo, foi dois polícia que derrubaram a porta e olharam tudo aí dentro. Eu num disse nada não viu?

 

Todos se entreolharam como a pensar em como dar entrada no seguro depois de um sinistro, e logo Selma tomou a chave das mãos do seu homem e abriu a porta para encontrar tudo no seu devido lugar.

 

— Se até a corda que você amarrou o seu pai continua no lugar, não há preocupação com o resto – Afirmou Franco já buscando o banheiro pra dar uma mijada.

— O velho têm razão, não falta nada – Emendou Diolindo depois de uma rápida checada na casa, sob os olhares curiosos de um Almeida que parecia estar entrando numa caverna cheia de morcegos.

— Agora que já conheci seu teto, estou de partida. Mas volto para conversarmos sobre o casamento – Pontificou sério mirando o noivo da filha e esperando uma reação alegre da criatura que olhou de volta como a querer secar um pé de pimenta.

— Sim, senhor – Intrometeu-se Franco batendo continência, saindo do banheiro e esquecendo de botar o pinto dentro da batina. Gemima o salvara de vergonha maior colocando-se de frente a ele.

— Sr. Almeida, depois vou até o seu comércio para conversarmos melhor – Pediu Diolindo levando-o até a porta.

Apertaram-se as mãos como iguais pela primeira vez, e o velho comerciante saiu satisfeito com uma vontade louca de cheirar uma fraldinha de cocô de neném. Ganhou as ruas da comunidade saltitante como um sapinho no brejo acenando com a multidão de transeuntes que lhe conhecia e lhe eram fregueses fiéis. Via uma ou outra janela se fechar durante a sua passagem, mas sabia perdoar até aqueles que lhe deviam.

 

Gemima vasculhou toda a casa e viu que o antigo quarto do seu genro ficaria bem para os dois com algumas adaptações. Precisaria comprar uma cama de casal com urgência. O banheiro precisava de uma reforma, principalmente no piso. Mas isso não era uma grande preocupação, já que poderia tomar banho nua com o seu coroa no quintal. Com o dinheiro que economizara, poderia viver tranquila com o seu coroa pro resto da vida, e até lhe comprar novos paramentos para substituir aqueles que fediam a mijo e merda. Ele seria para sempre o seu padre torto.

 

Selma olhou para a grande cama e sentiu falta de Desirée. Sabia que o seu homem também sentia o mesmo, mas a tragédia era consumada. Não havia mais o grande brinquedo erótico realista entre eles que apimentava a relação como uma malagueta esmagada dentro do seu âmago. Fora uma experiência divina ter dividido a cama com ela, e mais, ela realmente começara a gostar da princesa com a floresta de fios dourados. Entrou no banheiro e foi banhar-se aproveitando que todos estavam meio catatônicos. Olhou para os seus sexos, um pênis e uma vagina. Ambos eram perfeitos e não deviam nada em virilidade a qualquer ser que a desafiasse, mas como queria ter apenas um! Apenas um! Chorou pouco, como era costume, já que sabia que chorando não iria resolver os seus problemas, para logo estar metida num roupão e deitada na cama do seu homem que parecia preocupado.

 

— Preciso vender o diamante – Diolindo reforçava o mantra das últimas horas.

— Calma meu amor, vamos resolver isso e logo toda aflição há de passar.

Beijaram-se e logo estavam nus na cama se digladiando como numa briga de galo, com ele em dúvidas sobre qual órgão sexual da sua mulher usar daquela vez.

 

Franco que sorvia a segunda garrafa de pinga, ouvia os gemidos vindos do outro quarto, ao lado da sua gordinha, deitados numa esteira no chão do quintal. Teve muita vontade de perguntar quem comia quem, mas preferiu ficar nu e assistir o balé que Gemima desenvolvia em cima do seu cacete, entregando o seu futuro ao seu filho e às autoridades. Mas enquanto ninguém vinha lhe encher o saco, ele enchia aquela mulher de porra.


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