Lost in Love escrita por hummingbird


Capítulo 5
Primeiro dia de aula




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Acordei assustada com o toque do despertador, esfreguei os olhos e emiti um longo suspiro lembrando a noite anterior. Meu evento com Rachel não foi nada agradável e por incrível que pareça não estou me sentindo nem um pouco culpada. Me levantei e fui tomar outro banho, este foi rápido. Fui até meu closet e escolhi um moletom branco sem bolsos com um desenho infantil rosado, uma calça jeans clara e um par de tênis brancos. Reparei que na escrivaninha do lado da cama havia cadernos novos, um estojo e alguns utensílios escolares, soquei tudo na mochila e fui pentear os cabelos. Reparei que minha aparência não estava a melhor do mundo, mas pelo menos não estou me sentindo tão desconfortável. Saí do meu quarto e desci as escadas, Matt O Arrogante estava na porta do hall com os fones de ouvido. Fiquei longe o bastante dele e me peguei pensando novamente na casa, algo me tirou dos devaneios e foi o garoto:

— Primeiro dia de aula né? Sinto muito.

— Não sinta, isso é absolutamente normal! - desta vez eu o trataria com desdém.

Ele riu ironicamente.

— Normal mesmo.

Houve um pequeno momento de silêncio, fiquei feliz pela conversa ter sido encerrada.

— Esta mesmo com raiva da minha mãe né?- seus olhos estavam focados no cenário fora da janela.

— Estou e não quero falar sobre isso.

—Ótimo. – de volta ao silêncio, Matt pegou o Ipod e o guardou no bolso. Depois virou- se para mim –Estou tão descontente por estar aqui quanto você. Tudo isso foi ideia do seu pai. Eu gostaria de estar morando na Inglaterra agora, do que estar aqui com uma garotinha mimada que faz birra por qualquer coisa.

— Garotinha mimada? Só em seu ponto de vista mesmo. E a ideia de me trazer para morar aqui foi da sua lindíssima mamãe, não do meu pai. Tenho fortes motivos para odiar a amante do meu pai. – disse isso em tom de arrogância e funcionou. Os olhos de Matt me examinaram por um longo tempo e não aguentei o silêncio – Não precisa falar comigo na escola e nem em lugar nenhum, faça esse favor por mim que este será feito o mesmo por você – virei de costas e saí caminhando rumo a esmo.

Senti algo me puxar pelo braço, eram as mãos fortes de Matt.

—Escuta aqui, não quero discutir com você sobre nada. Mas vamos fazer um acordo. Minha mãe vai pedir para eu mostrar a escola a você e não estou nem um pouco a fim de fazer isso. Então nós dois dizemos a ela que isso foi feito. Depois disso nunca mais falarei com você novamente. Você só precisa dizer que minha parte foi feia.

— Por mim tudo bem.

—Perfeito.

Voltamos ao silêncio e ouvi os passos de Rachel ao descer as escadas, ela usava um casaco marrom, calças de montaria e botas. Ridícula, pensei.

— Bom dia, queridos. – disse.

Não houve resposta minha nem do garoto, ela saiu, pegou a bolsa, as chaves do carro e nos conduziu para fora da casa até a caminhonete. Entramos no carro em silêncio e assim estava bom, até que Rachel ligou o rádio. A música era terrivelmente chata, continha uma melodia parecida com o som emitida pelas gaitas de fole. Olhei por impulso para Matt que estava sentado ao meu lado, nos bancos de trás. Ele tinha o mesmo olhar de socorro.

— Mãe, será que você pode desligar o rádio ou trocar de música?- disse ele praticamente gritando.

— Ah, tudo bem- ela trocou de musica, como ele pediu. Colocou em uma pior do que a anterior, mil vezes pior talvez.

Revirei os olhos e me esparramei no banco do carro, peguei meu celular e comecei a mandar mensagens para Stacy, conversamos por uns minutos até ela ir tomar banho para ir à escola.

—Chegamos – ela parou o carro e se virou para o filho – Matt, mostre a escola para Amber, está bem? Ela é caloura e precisa de alguém que conhece o lugar melhor.

Ele olhou para mim, seus lábios estremeceram formando um sorriso torto e fez que sim com a cabeça. Rachel virou sua atenção para mim e fincou seus olhos escuros em mim.

— Amber, vamos esquecer o triste acontecido de ontem. Eu a perdoo – disse e a olhei com maior esquisitice possível. Desci do carro e caminhei até para a entrada da escola.

                                               ......

Entrei na sala de aula e sentei no fundo, peguei os horários das aulas na secretaria. Hoje eu teria aula de literatura, inglês e química quântica. ÓTIMO. Comecei a observar as pessoas ao meu redor, havia uma menina de cabelos pretos que tagarelava com outras garotas sobre alguma coisa sobre Moda e Desfiles. A garota era muito bonita, dona de curvas das quais nunca pensei que seriam expostas, o jeito da fala dava a impressão de superioridade.  Meus olhos pairaram em uma menina de cabelos castanhos que entrou já esbarrando na mês do professor e derrubando seus cadernos no chão.

— La vem a desastrada. Quer ajuda aí, careta? – disse a garota de cabelos negros.

— Cale a boca, Bethany – respondeu.

Bethany voltou sua atenção para as amigas rindo e mexendo no próprio cabelo. A garota desastrada se sentou ao meu lado, ela tinha roupas de inverno embora o clima no Alasca esteja morno. Usava botas sujas de lama e seus cabelos castanhos estavam úmidos. Ao se ajeitar na cadeira ela derrubou novamente seus cadernos e por instinto peguei-os e devolvi.

— Obrigada. – ela agradeceu e eu assenti.

As aulas foram passando mais tediosamente impossível, algumas pessoas olhava para mim com expressões vazias, acho que estão apenas me encarando por eu ser a novata da escola. Na hora do intervalo fui até a cantina da escola e pedi um lanche natural acompanhado de um suco. Fui para o refeitório procurar algum lugar que pudesse me infiltrar deixando de lado os grupinhos da escola. Não quero me juntar aos nerds, pois tenho pouco conhecimento sobre jogos de vídeo game. Não me daria bem com os vegetarianos que promovem a paz aos animais porque bom... Eu amo carne. Também não quero me juntar com as garotas como Bethany porque não sou deste tipo. Sou deslocada. Sempre fui.

Caminhei pelo pátio e achei um banco no canto do refeitório lotado, devorei meu lanche apreciando as pessoas que passavam por mim. Notei que Bethany estava abraçada com um garoto, ele era familiar, mas estava de costas e não pude ver seu rosto. Minutos mais tarde, ambos caminhavam pelo refeitório e o reconheci imediatamente, Matt.

Perfeito. Eles se merecem. Os dois eram criaturas debochantes. Ele sorria enquanto a abraçava e ela fazia o mesmo. Em nenhum momento me passou pela cabeça que Matt seria do tipo popular que oprime os reservados. Talvez ele seja a parte boa que falta em Bethany nesse quesito. Ou talvez eles estejam juntos porque são exatamente iguais. É cedo para um julgamento então decido ignorá-los. Percebi que os olhos de Matt encontraram os meus e sua expressão passou de feliz a irritada, apenas me virei de costas e saí caminhando de volta para a sala.

Estava caminhando olhando para o chão e nem reparei que havia esbarrado na garota desastrada, ela estava acompanhada com um garoto que vestia trajes semelhantes ao dela. Ele parou no meio do caminho para esperá-la.

— Oh, desculpe – eu disse.

— Eu que peço, você é a aluna nova né? Amber?

— Sim, sou eu –sorri.

— Muito prazer, meu nome é Ashley.

— O prazer é meu.

O garoto chamou seu nome e ela se despediu com um aceno. As aulas seguintes foram mais chatas que a anterior, senti um sono profundo enquanto o professor de química quântica desviava- se da sua matéria para contar aos alunos como foi triste suas férias de verão.

— Meu cachorro Dug faleceu na mesma manhã que descobri que minha irmã seria mãe de trigêmeos, duas infelicidades em um mesmo dia – dissera ele.

— Mas professor – uma aluna interveio – porque sua irmã estar grávida seria uma coisa triste?

— Bom. Eu terei de cuidar das pestes enquanto ela procura o verdadeiro pai então, sim. É uma coisa triste.

Os alunos pareciam a vontade com esta situação. Acho que não dava para piorar. Algo chamou minha atenção e percebi o que era. Interrompendo a aula, Rachel pediu a ele para conversar comigo fora da sala. Ele assentiu.

— O que você está fazendo aqui?

—Vim dizer a você e a Matt que hoje seu pai e eu vamos sair para comprar algumas coisas para reforma da garagem- eu nem sabia que a mansão tinha garagem – e não vamos poder estar aqui a tempo para buscá-los. Vão ter que ir a pé ou de ônibus. Matt te levará para casa, ele prometeu.

— Tudo bem- me virei entrando para sala e antes de me sentar Rachel se pronunciou para que todos na sala ouvissem.

— Obrigada, professor. Amber, querida, se cuide. A tia Rachel te ama.

Isso foi a gota d’água. Ela fez isso de propósito. Meu expressão de espanto foi o bastante para que todos na sala dessem risada com a situação. Meu ódio por ela apenas cresceu. Qual era o problema dela?Afundei minha cabeça em meus braços fazendo minha pequena fortaleza de refugio até que o sinal indicando hora da saída soou. Eu sabia que Matt teria ido sem mim porque não queria ter qualquer relação de amizade comigo, e eu o agradeci por isso. Porém, não sabia como voltar para casa e isso me deixou muito preocupada. Desci as escadas estreitas, passando pelo refeitório e depois pelo corredor dos armários até que enfim estava fora da escola. Havia uma grande concentração de alunos do lado de fora e percebi que se tratava de uma briga, fiquei surpresa ao perceber que Matt estava envolvido. Ele apontava o dedo na direção de um garoto extremamente forte. Não queria ficar para assistir então comecei a caminhar tentando lembrar o percurso que fiz de carro para chegar a escola. Ouvi alguém chamando meu nome e era Matt, O Arrogante. Ele estava correndo até mim acompanhado de um garoto, cujo demorei um pouco para reconhecer. Ele estava mais cedo caminhando com Ashley.

 - O que está fazendo? Você não sabe voltar para casa.

— Eu só estava tentando...  Ah, deixa pra lá – minha paciência estava esgotada com ele e com a mãe.

— Minha mãe te deu o recado que...

— Sim, ela deu e da pior forma possível – ele me encarou como se quisesse perguntar o que houve, por sorte minha não o fez.

— Tudo bem, vou de carona com o pai do meu amigo. E preciso te levar junto.

— Que infelicidade a sua.

— Pois é.

— Meu nome é Alex, eu sou “o amigo”- o garoto estendeu a mão e eu a apertei.

Alex tinha cabelos emaranhados negros e olhos azuis luminosos. Seu corpo era musculoso, mas não se comparava ao de Matt, ele era exatamente da minha altura. Um garoto bonito, pensei.

— Amber. Muito prazer – disse.

Ele nos conduziu ao carro do pai e ao entrar percebi que Ashley estava sentada no banco da frente com os olhos grudados no celular. Ela se virou quando eu entrei no carro e disse:

— Ei, Amber não é? Irmã do Matt.

— Não somos irmãos – Matt e eu dissemos em uníssono, e ambos estranharam.

— Tudo bem, entendi- ela deu uma risadinha.

O caminho foi percorrido em silêncio e o pai de Ashley e Alex nos deixou de frente com a portaria da mansão, Matt foi na frente caminhando sozinho ouvindo musica em seu Ipod. Quando cheguei ao meu quarto reparei que estava inquieta, precisava fazer algo. Desci as escadas e comecei a explorar a mansão começando com o jardim e em seguida pela cozinha. Esbarrei com um homem vestido ligeiramente bem, trajado por uniforme azul e branco e um chapéu estranho.

— Opa, você deve ser a Senhorita Amber.

— Desculpe, sou eu.

— Muito prazer, querida. Meu nome é Gerald e sou o motorista particular da família. – ele estendeu a mão e eu apertei.

— O prazer é meu, Gerald. – disse e sorri.

— Está procurando algum lugar em especial?

— Na verdade só estava conhecendo alguns lugares da mansão.

— Perfeito. Se desejar ir a algum lugar, ficarei feliz em ajudá-la.

— Obrigada – disse e acenei com a cabeça, ele deu alguns passos e uma ideia me ocorreu – Ei, Gerald.

— Pois não, senhorita – ele se virou e caminhou até mim.

— Será que pode me levar a um lugar?

— Claro, onde você deseja ir? – ele parecia satisfeito.

— Volto já...

Havia uma brisa leve de verão que motivou a pegar um casaco, Gerald me deixou na praia de Anchorage e me disse que voltaria para me buscar em uma hora. Perfeito, eu só queria descontrair a mente. Liguei meu Ipod e selecionei uma playlist da minha banda favorita chamada Of Monsters And Men. Os melhores. Sentei em uma grande pedra e fiquei olhando as ondas beijarem a areia e levarem uma parte dela consigo. O tempo passava lentamente e eu gostava disso. Fechei os olhos e curti as melodias, a letra dizia o seguinte:

As ondas que batem seu rosto,marcaram o passado
E a ninhada sobre a sua pele, e como o tempo passa rápido
E nós estamos longe de casa mas estamos tão felizes
Longe de casa e sozinhos, mas tão felizes.

Me lembrei de Jackson instantaneamente e gostaria de ter falado com ele pela ultima vez. Ao abrir meus olhos deparei com um par de olhos familiares na minha frente me observando. Era Gerald.

— Relaxou?- perguntou ele, eu sorri e assenti com a cabeça.

Voltamos para casa, eu agradeci Gerald e me retirei para meu quarto, permaneci arrumando coisas e fazendo lição do professor de química quântica. A lição tomou uma grande parte do meu tempo. Na hora do jantar, desci rapidamente e peguei minha refeição para voltar ao quarto. O relógio batia oito horas e eu me senti entediada. Repousei meu prato na cômoda e acabei pegando no sono.


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