Lost in Love escrita por hummingbird


Capítulo 3
Bem Vindos ao Alaska!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673082/chapter/3

Quando chegamos ao aeroporto, meu pai pagou o taxista e eu resolvi abrir o jogo enquanto saia do carro.

— Então vou ter que ficar naquela casa sozinha com a sua nova “mulherzinha” –meu tom era de sarcasmo – enquanto você trabalha o dia todo?

— Não fale assim, Amber. Você terá companhia, temos empregadas que estarão prontas para te ajudar no que precisar e o filho da Rachel estará lá também – fiquei imaginando como seria Rachel que um dia fora a assistente do meu pai e hoje é sua nova mulher – o filho dela, Matt, irá passar um tempo conosco. Ele veio morar no Alasca no começo deste ano e até agora está adorando. Tenho uma vida boa e sem problemas financeiros, Amber. Você irá gostar.

Revirei os olhos e resolvi voltar à greve de silêncio, eu estava o odiando cada vez mais. Talvez não fosse ódio o sentimento correto, poderia ser uma grande repulsa em relação a tudo o que ele está fazendo comigo. Entramos no aeroporto e meu pai retirou uma passagem e entregou a mim. Caminhamos até a sala de espera para o embarque, faltava 15 minutos para nosso voo decolar e eu gostaria de permanecer em silêncio durante toda a viagem.

Não pude deixar de notar que mesmo o ambiente formal do aeroporto tinha algumas confusões, havia uma mulher que gritava com a atendente.  Ela acabara de perder a mala e culpava a companhia por essa falha.

— Isso é algo imperdoável. Todas as minhas roupas, utensílios pessoais estão naquela mala – dizia ela.

— Senhora, sua bagagem não tem identificação no nosso sistema.

Enquanto elas discutiam sobre os pertences da mulher, resolvi procurar algo para distrair a cabeça. Vi um casal jovem passar correndo pela sala, pararam na porta que levava ao embarque e deram um beijo longo e apaixonado. Quando se soltaram, percebi que garota estava se segurando para não chorar e o menino também, depois eles se abraçaram e ele seguiu para o seu embarque. A garota esperou até que ele entrasse no avião e foi embora. Observei o movimento daquele aeroporto onde pessoas choravam, outras estavam alegres e outras entediadas como se já tivessem enjoado de viajar.

 Ouvi meu celular tocar, o procurei na mochila e quando o encontrei vi que era Taylor. Uma sensação de alívio tomou conta de mim. Atendi:

— Alô? Taylor?

Saí de perto do meu pai , caminhei uns cinco passos até chegar do outro lado da sala de espera.

— Ei, Amber. Fiquei sabendo do que houve. Tanto com seu pai quanto com o babaca do Jackson. Olha, quero que saiba que vamos manter contato, você pode me ligar à hora que quiser – percebi o quanto ele era carinhoso comigo.

Taylor e eu sempre fomos muito amigos, deste a infância. Ele me protegia dos garotos grandões que queriam me intimidar e por incrível que pareça, Taylor também me ajudava com minhas amizades femininas. Ele é apaixonado por luta, apesar de eu ter certeza que se ele fosse assaltado ou algo do tipo, a sua única defesa seria o próprio grito de socorro.

— Ah, não sei mais o que dizer a respeito dessa situação. Estou com tanto ódio do meu pai, que não consigo pensar tanto em Jackson. Ok, isso foi meio verdade. - brinquei

— Imagino que sim. Stacy passou na frente da casa dele e contou tudo para Sra. Baxter, foi o maior escândalo.

— Nossa, eu não acredito. Porque Stacy fez isso?  - eu estava espantada. Stacy gosta de chamar atenção.

— Ela disse que Jackson foi cruel com você e por isso merecia um escândalo.

— Stacy é maluca. Só pode.

— Bom, de qualquer forma a Sra. Baxter ficou muito brava. Ela gosta muito de você e disse que não sabia no que o idiota do filho dela estava se metendo – Ouvi risadas que pareciam ser de várias pessoas falando ao mesmo tempo. – Ei, desculpe o barulho. Estou no intervalo e tem pessoas que passam por mim gritando, você conhece a nossa escola. Onde você está?

— No aeroporto de Nova York, meu voo sai em 10 minutos e provavelmente vai durar 7 horas, ou seja, suuuuuuuuuper tedioso!

— Rapaz, que viagem cansativa. Stacy não me disse por quanto tempo você vai ficar lá.

— Um ano. Na verdade espero poder voltar antes.

— Amber, não torne as coisas piores do que já estão. Fique lá porque é uma obrigação.

— Eu sei.

— Então fica na sua. Logo estará de volta a NY e poderemos ir à Starbucks que você gosta. Que tal?

— Vou adorar, Taylor.

— Vou sentir sua falta.

— Eu também, vou tentar ligar sempre que for possível. Não sei como funciona a cobertura móvel de lá, não pesquisei. Aliás, não pesquisei sobre nada.

— Sei que não - ele riu – A ligação foi interrompida por um aviso no alto falante do aeroporto informando que meu avião estava pronto para decolar

— Acho que tenho que desligar. Vou embarcar no avião.

— Eu percebi. Posso ligar amanhã? – disse ele. Deve ter chegado à escola pelo excesso de barulho que fazia ao seu redor.

— Claro, ligue sim - soltei uma risada abafada – Até logo, então.

Meu pai me chamou e caminhamos até a porta de embarque, entreguei meu passaporte à moça e fomos conduzidos até um avião branco que tinha o nome “Alasca Corporation” escrito.

Entramos no avião e reparei que tinha uma aparência incrível, não era a primeira classe mas era semelhante. Após achar meu assento, jogo minha mochila sobre o bagageiro e me deito na poltrona, meu pai senta-se ao lado mas se levanta rapidamente para falar com a aeromoça. Ele tem problemas para viajar de avião, sente-se estranhamente enjoado.

Tento pensar em algo em que não seja sobre minha nova vida. Tento achar um lado positivo nisso. Tudo bem, Amber. Você terá novos amigos, não será uma esquisitona antissocial e... Meu pensamento pairou sobre Rachel e meu pai, exatamente no romance deles. Eca.

 Amber, você vai odiar essa mulher. Não pelo fato que ela será minha madrasta, mas sim porque ela fisgou meu pai. Toda menina tem ciúmes do seu pai, pensei. Deve ser pelo fato dele ser a primeira figura masculina que toda garota conhece. Eles representam proteção, ou pelo menos deveria representar.

Meu pai voltou a ocupar o assento ao meu lado e começou a tagarelar com um homem na poltrona próxima, eles falavam sobre mulheres que vomitam no avião e isso assustou meu pai. Percebi pela cara de nojo e espanto que ele olhou pra mim, provavelmente pensando Amber, não se atreva a vomitar aqui dentro. O avião começou a decolar e durante os primeiros minutos voando, observei a paisagem. Sobrevoamos uma área com centenas de arvores e observei um bando de aves pretas voarem em sincronia sobre a mata. Era uma vista linda.

Vasculhei minha mochila em busca de algo para fazer, enjoei de ouvir músicas do meu Ipod e então precisava fazer algo diferente durante 7 horas naquele avião. Peguei um livro de romance na minha bolsa que tinha começado a ler na sexta feira, mas fui interrompida para cuidar de Ted. Li até pegar no sono, quando meu pai me acordou informando que havíamos chegado ao Alasca. Fiquei meio enjoada por ter dormido a viagem toda e não ter me alimentado, não faço a mínima ideia de onde tirei tanto sono.

Guardei minhas coisas e ajeitei meu cabelo enquanto descia do avião. Quando desci, reparei nas montanhas cobertas de neve e como já era noite, a luz das estrelas mesclada com as dos postes de iluminação davam a impressão de um lugar calmo.

Entramos no aeroporto e nele tinha uma placa enorme dizendo “Bem vindo ao Alasca” e nele havia um grande ícone de helicóptero escrito “Economia” em sua calda. O ambiente era lindo, e ao olhar ao redor percebi que muitas pessoas abraçavam seus entes queridos e choravam de tanta emoção. Uma mulher parou na minha frente e disse:

— Sorria, querida. Você está no Alasca. Seja bem vinda, acredito que você está muito feliz em conhecer este lugar tão maravilhoso. - a mulher vestia trajes típicos de inverno e era um tanto baixa, seus cabelos eram grisalhos.

            Levando em conta que fui forçada a vir para cá, abandonar todos que eu gosto e morar com a amante do meu pai? Sim, estou muito feliz, pensei. Porém tudo o que consegui fazer foi sorrir forçadamente e acenar com a cabeça. Meu pai conhecia metade das pessoas no aeroporto e não se deu ao trabalho de me apresentar para elas. Ainda bem, não queria ter intimidade com ninguém e nem ser apresentada como a filha mimada de Nova Iork.

Caminhamos até uma lanchonete e meu pai pediu dois cafés para viagem, logo em seguida ele pegou seu telefone para fazer uma ligação. Como se achasse que eu precisava de alguma satisfação ele disse:

— Meu carro ficou em casa, vou ligar para Rachel vir nos buscar.

Assenti com a cabeça.

Acho que o silêncio que eu fazia me abriu espaço para pensar no quão bonito deveria ser o amanhecer naquele lugar. Sei que minhas atitudes são imaturas, mas não consigo me sentir feliz com a situação e uma garota de 17 anos tem problemas ao lidar com a vida amorosa e familiar. Não importa se estou sendo dramática ou tendo atitudes infantis, apenas quero que as pessoas ao meu redor percebam que não quero estar aqui.

            Observo meu pai ligar para Rachel e ouço a conversa cautelosamente.

            - Sim. Acabamos de chegar, pedi um café porque estou muito cansado. – disse ele – Você vai buscar Matt aonde? Tudo bem, daqui uns 20 minutos estaremos esperando na porta da frente do aeroporto.

            Havia esquecido que teria companhia do filho de Rachel, se ele fosse tão desprezível quanto a mãe, seria fácil ignorar sua presença. Enquanto aguardávamos nosso café, senti uma pergunta se formar e não a contive.

— Onde exatamente você mora?

— Moro na maior cidade do Alasca, Anchorage. É uma cidade muito populosa, cheia de turistas. Nossa casa não é muito longe daqui, tudo está de fácil alcance. Lembrando que lá será sua casa também, preparamos tudo para sua chegada. Bom, eu não, Rachel.

— Que ótimo.

Nosso pedido chegou e meu pai os buscou e me entregou meu café. Não fazia muito frio no Alasca, havia uma brisa morna que passava pelo meu rosto e me trazia pequenos calafrios. Reparei que estava vestida como um menino, como Taylor especificamente, meu moletom cinza não combinava com meu jeans e tênis. Não quero causar boa impressão nenhuma, mas mesmo assim estou me sentindo desconfortável. Estávamos aguardando a chegada da mulherzinha do meu pai, parte de mim se sentia mal pela falta de diálogo que tinha ali e a outra parte queria permanecer assim por todo o tempo que eu passaria com ele.

Após vários minutos de silêncio, meu pai disse:

— Quando me mudei para este lugar, me apaixonei imediatamente. Os lugares são repletos de paz e me fez jamais querer sair daqui. Acho que foi por isso que quis construir uma nova vida aqui –ele percebeu minha expressão vazia e mudou o rumo do assunto -  Por favor, não pense que não amo você e Ted o suficiente pra deixar vocês em Nova York para sempre. Quero ter uma oportunidade de reparar um erro com vocês, a minha ausência em suas vidas. Amber, sei que esta sentindo um grande ódio por meu compromisso com Rachel, mas aconteceu. Me apaixonei de novo. Você vai entender isso um dia, espero que logo. Apenas não esqueça – ele emitiu um longo suspiro – o quanto eu amo você. Esta bem?

— Sim, entendi – sorri por um momento e ele percebeu, isto o fez sorrir também.

Estava de frente para meu pai reparando nos detalhes ao redor do aeroporto que não ouvi o barulho de um veiculo se aproximar de nós. Meu pai levantou justamente quando ouvi uma voz familiar atrás de mim:

— Olá, queridos!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lost in Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.