Lost in Love escrita por hummingbird


Capítulo 2
Mudança de Planos


Notas iniciais do capítulo

Segundo capitulo da minha fic. "Tentei" não deixar extenso haha



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Stacy estava de tão incrédula quanto eu e nem reparou que pisou em um pacote de bolachas jogado no chão, interrompendo o momento dos dois. Jackson olhou pra mim e vi meu nome se formar na sua boca, lágrimas estavam rolando no meu rosto e eu as afastei com o dorso da mão. Ele chegou perto de mim e tentou se explicar:

— Amber - disse - eu ia te contar essa noite. - ele ficou um tempo em silêncio, provavelmente estava tentando arrumar as palavras certas. Após alguns segundos ele finalmente concluiu - Já não sinto a mesma coisa de antes.

        - O quê? Como assim?

        - Conheci gente nova, há tempos que não somos mais um casal. Já deixei de gostar de você - ele parecia estar incomodado com as três garotas no quarto o encarando, pois seus olhos passavam pelos meus, depois em Stacy e antes de retornar a mim, passavam pela garota.

— Quem é ela? – indicando a garota com a cabeça, isso foi tudo que consegui dizer.

— Isso não te interessa, conheci ela faz algumas semanas e acho que rola uma química entre nós dois. – respondeu seco.

— VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO... - comecei a elevar a voz.

— Pare com este show, Amberly. Quando eu digo que não quero mais estou falando sério. Entenda isso. Entenda que acabou... Para sempre.

Encarei-o por uns instantes até que Stacy me puxou pelo braço, olhei para os olhos dela e estava repleto de pena, algo que eu odeio, pensei que não podia ficar pior a situação e ela o fez.

— Sinto muito, Amber. Eu nunca imaginei que ele faria isso com você, cretino.

Não conseguia dizer nada, lágrimas caíam sem parar do meu rosto enquanto eu deixava a casa de Jackson. Ela me levou até em casa e a melhor coisa que Stacy fez por mim foi ficar calada durante o caminho, percebi que já tinha passado do horário que minha mãe tinha estipulado a mim, porém não me importei.

Abri a porta e encontrei meus pais sentados ao redor algumas pilhas de papeis, quando me viu entrando meu pai se levantou e me abraçou forte.

—Amber, querida! – meu pai vivia longe, mas toda vez que nos encontrávamos era como antes dele viajar. – Que saudades da minha princesa!

Minha mãe olhava para nós com um sorriso cansado no rosto.

— Sente- se conosco, querida.  – disse ela. – Queremos te contar algo.

Sentei a mesa e meu pai perguntou:

— você estava chorando? – me analisou muito com os olhos verdes, como os meus, carregados de preocupação.

— Não é nada de importante. Podem me dizer o que está acontecendo ? – disse.

— Bom, querida. – Meu pai começou a mexer nas próprias mãos e percebi que elas estavam suadas – Eu e sua mãe queríamos te contar que estamos nos divorciando...

Antes que ele pudesse continuar, olhei espantada para os dois. Minha mãe parecia calma, parecia estar aceitando isso numa boa. Qual era o problema dela ? Eles estavam se divorciando.

— Mas o quê ... - comecei

— Eu e sua mãe não nos amamos mais. Nosso casamento chegou ao fim. Acredito que foi pela minha sede de trabalho que me levou a ambientes novos, conheci pessoas novas e renovei minha vida. – disse meu pai.

Sei que meu ele não passa muito tempo em casa, mas longe de nós não o tornava menos integrante da minha família. Ele estava conosco de algum modo.

Por impulso aos acontecimentos comecei a chorar, lágrimas rolavam sem parar só de pensar que todos que eu amava estavam indo embora de alguma forma ou outra. Minha mãe fez caricias no meu rosto e sussurrou no meu ouvido que ia ficar tudo bem. Foi aí que me veio algo em mente.

— Rachel? É ela sua amante ? – não pensei nas consequências desta pergunta. Meu pai olhou abismado para minha mãe e depois repousou seu olhar em mim.

— Sim, é ela. Ela não é minha amante, apenas minha companheira. Mas como você soube? – respondeu ele.

— Não importa. VOCÊ VAI NOS DEIXAR POR ESSA SECRETÁRIA MEIA- BOCA ?- comecei a frase calma mas terminei gritando.

— Não fale assim, Amber. – minha mãe disse, me advertendo.

 - Exijo mais respeito, Amberly. E não vou deixar você aqui. Você vai passar um tempo comigo em Alasca - disse meu pai com os olhos pousados em mim.

 Ah, não. Isso não pode estar acontecendo. Não hesitei, saí correndo e quando dei por mim já estava longe da minha casa. Corri muito, entrei em uma construção inacabada e me joguei no chão. Comecei a chorar, me perguntando por qual motivo isso estaria acontecendo comigo, justo comigo. Não consegui entender qual era o problema das pessoas, será que elas pensam antes de fazer alguma coisa? Será que elas sabem que podem machucar outras pessoas?

Fiquei absorta em meus pensamentos até achar que era a hora certa de voltar pra casa, nem fazia ideia de quão tarde seria, levantei devagar, estava muito escuro e não dava enxergava um palmo na frente do nariz. Tentei lembrar por qual caminho tinha vindo mas à imagem não veio à mente, resolvi continuar a caminhar até que tropecei em algo muito duro que levou meu corpo para frente. Caí de barriga pra baixo e senti dores por todo o meu corpo, percebi que meu pé havia ficado preso no buraco que causou minha queda. Tentei puxa-lo com toda força que ainda restava até que ele saiu e o impulso me fez rolar para baixo. Bati a cabeça com muita intensidade e me senti zonza demais, tentei pedir ajuda, pois vi uma luz acesa na casa ao lado, gritei várias vezes mas depois adormeci.

Quando acordei estava na minha cama com uma dor absurda na lateral da minha cabeça. Havia uma toalha umedecida sobre meus olhos cujo motivo disso eu desconhecia. Me sentei na cama e minutos depois, meu pai entrou no meu quarto junto a um homem alto de casaco preto estilo Os Homens de Preto.

— Espero que você esteja melhor, querida. - quando viu minha cara de confusa ele acrescentou - Ontem uma mulher encontrou você caída em uma pilha de tijolos, estava desmaiada e seu pé estava preso em uma lata de tinta velha. Ela é amiga da sua mãe então a reconheceu imediatamente.  

— Ah, onde esta minha mãe? - perguntei

— Preparando o seu café da manhã.  Francamente, Amberly. Onde você estava com a cabeça pra fugir daquele jeito? Isso foi uma atitude imatura – disse ele severamente e foi interrompido pelo homem de preto que tossiu lembrando que estava presente – Bom. Este é o Sr. Fill ele é assistente social e tem algo que gostaria de dizer a você.

— Bom dia, senhorita Amberly. Fico feliz que esteja melhor receio que foi um grande susto para você e sua família não é?- disse o homem, e quando não o respondi ele apenas continuou - Bom, há algum tempo estou cuidando do divórcio dos seus pais e o que mais tem prioridade é a guarda familiar de você e do seu irmão. Depois de muitos papeis enviados ao juiz, ele concedeu a sua guarda para seu pai pelo período de um ano. Como seu irmão Theodor é pequeno ainda e precisa dos cuidados de sua mãe, ele provavelmente irá morar com seu pai quando estiver com uns 12 anos de idade.

— Sei que não é de sua vontade ir embora comigo, mas é o que tem que ser feito. Sou seu pai e sei o que é bom para você – disse ele enquanto eu o fitava com os olhos repletos de ódio.

Não me pronunciei e após algumas trocas de olhares , meu pai e o Sr. Fill deixaram meu quarto. As lágrimas caiam enquanto eu pensava em tudo que havia acontecido nas ultimas horas, como isso podia ser possível?

Minha mãe entrou no quarto com o mesmo olhar de tristeza que vi ontem de manhã, ela se sentou na beira da minha cama e enquanto fazia carinho no meu rosto, disse:

— Querida, sei que devíamos ter contado antes, mas isso foi uma escolha nossa. Não pense que deixamos de amar você, por favor. Vou sentir muito a sua falta e tenho certeza que Ted também irá - ela sorriu enquanto dizia isso.

Minha mãe é uma mulher linda, seus cabelos castanhos claros parecem os de uma criança, tem um corpo ideal para sua idade; O formato de seu rosto é oval e destacam os olhos verdes como esmeralda. Sempre foi uma mãe carinhosa apesar de sempre pegar muito no meu pé por qualquer motivo.

— Mãe, eu não quero ir. Isso é ridículo, vou ter que abandonar meus amigos e conviver com esta mulher estranha. Isso é... - falei quase sem fôlego

— Ridículo?- minha mãe sugeriu e sorriu.

— é...

— Não há nada que se possa fazer. Considere ter outra casa por um tempo provisório.

— Não quero deixar Nova York. Mãe... Meus amigos, meu... - a palavra "namorado" ia sair da minha boca, porém relembrei o acontecimento da noite anterior e entristeci ainda mais. - não quero deixá-la também. Aqui é meu lar.

— Entendo. Aqui sempre será seu lar. Mas preciso que vá com seu pai, são ordens judiciais. Já arrumei suas malas, mas antes veja o que mais é necessário para você levar. Te encontro lá embaixo, querida. - disse ela se levantando.

Antes que eu pudesse perguntar como ela estava se sentindo em relação ao divórcio, ela se retirou do meu quarto rapidamente.

 A primeira coisa que acabei fazendo foi checar como meu pé estaria após o machucado. Havia um hematoma roxo com uns detalhes verdes localizado no meu tornozelo, causava muita dor, mas não o suficiente para me fazer mancar.

O que poderia atrasar minha viagem se isso de fato tivesse acontecido. Que droga, nem o acidente estava a meu favor.

Resolvi ligar para Stacy. Disquei seu número e aguardei ela atender.

— Amber, Oi. Ah, preciso de ajuda. Você se lembra com quem está minha blusa vermelha que eu sempre uso? Aquela que cheia de flores pretas – me lembrei de que esta hora deveria estar me arrumando pra ir à escola, se hoje fosse um dia normal.

— Não faço a mínima ideia. Preciso te contar uma coisa, Stacy. – respondi

— Ah, que infantilidade a minha. Como você está? Depois de tudo o que Jackson fez sinto vontade de socá-lo bem nas partes íntimas. Espero que hoje ele não apareça lá com aquela... –

— Não é sobre isso que eu quero falar. Aconteceu uma coisa ontem e eu tenho que falar – soltei um suspiro longo e continuei – Meus pais estão se divorciando e – fiz uma pausa - vou embora com ele pro Alasca.

—O quê? Não acredito – ouvi algo caindo no chão, provavelmente ela estaria revirando o próprio guarda roupa em busca da blusa – Quando você vai? Final do ano?

— Estou indo hoje- não consegui pensar em nada que não fosse me lamentar ou reclamar o quanto estou odiando meu próprio pai então permaneci em silêncio.

— Não acredito. Ai! – ouvi um barulho ainda mais intenso e ela praguejando todas as suas roupas e caixas de sapato.

— Stacy?

— Ai Meu Deus, você vai morar no Alasca. Isso é tão chique. Lá tem neve e montanhas, muitos gatos. Se você não quer ir, posso ocupar seu lugar de filha rebelde?

Dei uma risada e depois permaneci em silêncio.

— Vamos focar em você. Desculpe. Seu pai não pode te levar embora contra sua vontade. Isso é... – ela parecia muito comovida.

— Ridículo? – sorri – É eu sei. É uma mudança provisória, vou ficar morando com ele e sua nova mulher – senti que ela queria falar mal do meu pai tanto quanto eu ao ouvir estas palavras, ela não o fez. – no Alasca.

— Outra mulher? Mas e a sua mãe, como ela está? Amiga, me desculpe, mas seu pai está sendo tão cachorro quanto Jackson – ela riu e ao perceber que apenas suspirei prosseguiu – Não quero que vá embora. Você não pode deixar eu e Taylor. Amber... Sei que isso esta sendo difícil para você, mas não tem nenhuma possibilidade de seu pai reconsiderar?

— Acredito que não. Já demonstrei o quanto não estou nada contente em ir embora daqui. Ele falou algo sobre ordens judiciais e trouxe um assistente social pra me fazer acreditar. – emiti um longo suspiro. Comecei a pensar na minha mãe, será que ela estava tão triste quanto eu? Deveria estar ainda mais. E porque não demonstra estes sentimentos? Ponderei a situação antes de retornar a falar com Stacy – Sabe o que está me incomodando? Minha mãe está calma. Está triste com minha ida. Mas ela não deveria estar ainda mais triste porque meu pai tem outra mulher? MEU DEUS, todo mundo nesta casa é maluco.

Stacy riu um pouco e prosseguiu:

— Entendi. Realmente tem algo errado nisto. Tente descobrir e me avise porque adoro barraco. Amber... Prometa para mim que iremos nos falar todos os dias? Se você arrumar uma nova melhor amiga e me abandonar eu juro que pego um voo até o Alasca só para socar sua linda cara.

—Claro que vamos manter contato. Pare de ser boba – respondi sorrindo.

— Ok, e Taylor? Já ligou pra ele? – ela parecia entristecida

— Não, acho que nem tenho tempo. Vou me trocar e já vou embora de Nova York– suspirei

— Ok. Vou contar a novidade a ele e peço pra te ligar hoje. Pode ser? – ela disse

— Tudo bem, mas não esqueça- Alertei- a.

— Não vou esquecer. Amber, vou sentir sua falta. Queria poder te dar um abraço antes de você partir. Se Taylor chorar eu prometo que tiro foto e te envio como um cartão postal – ela riu e isso me fez rir também. Eu estava deixando meus amigos, mas nossa amizade provavelmente iria permanecer.  – Quem sabe não viajamos nas férias? Se você não puder vir, nós iremos até o Alasca.

— Acho uma ótima ideia, me mande cartas, e-mails, cartões – postais. Não importa. Apenas não me abandone ok? – ouvi minha mãe gritar meu nome, me apressando. Imagino que Stacy também ouviu, pois emitimos um suspiro em uníssono. – Vou ter que desligar, cuide bem de Taylor e dê o recado.

— Não se preocupe, princesa – ela riu – Estou indo pra escola agora e vou encontra-lo em 10 minutos. Darei seu recado. Boa viagem e não faça nada que eu não faria. Nos falamos mais tarde. Beijos e sinta-se abraçada por mim.

— Tudo bem. Use o juízo que sua mãe te deu- dei uma risadinha e concluí – Te vejo em breve, espero.

— Até logo, Amber. Te amo.

— Eu também – desliguei o telefone.

Levantei da cama e comecei a procurar algumas coisas que me interessariam levar, achei sapatos de sapatos de salto, esmaltes, maquiagens, umas revistas e é claro, meus livros. Coloquei tudo dentro de uma mochila e fui me arrumar. Coloquei um jeans velho e uma jaqueta de moletom cinza com o símbolo da Chicago Bulls que havia ganhado de presente do Taylor no meu aniversário. Desci as escadas e encontrei com meus pais conversando como se fossem amigos de infância, meu irmão brincava com seus bonequinhos de luta.

—Vamos, Amber? – levei os olhos ao meu pai, que tinha se pronunciado e assenti com a cabeça. Decidi fazer uma greve de silêncio. Eu estou com tanto ódio do meu pai que acho que meu desprezo será o suficiente pra ele perceber.

Descemos as escadas e percebi que minha mãe estava com os olhos cheios de lágrimas, abracei - a e me senti tão segura no calor do corpo dela, não pude deixar de pensar na saudade que iria sentir deste lugar.

Ted apareceu na janela e gritou:

— Amber, volte logo. Já estou sentindo saudades… dos meus doces... - e soltou uma gargalhada.

Sorri e respondi:

— Também vou sentir sua falta, pirralho.

Minha mãe voltou o olhar para mim e disse:

— Se cuide, querida. Vou te ligar todos os dias para saber como está. E Amber... - uma expressão de seriedade cruzou seu rosto- Tente não arrumar encrenca enquanto estiver lá, com ninguém.

— Não posso prometer nada - respondi.

— Tente. Tudo bem? – seus olhos demonstravam total solidariedade, fiz que sim com a cabeça- Vou sentir saudades, eu amo você.

— Vou tentar. Cuide-se você também hein, nada de stress – brinquei para tentar aliviar o clima triste- Também te amo e muito. Até logo, mãe. Tchau, Ted.

Entrei no táxi, o motorista esperava pacientemente, acenei para minha mãe e Ted enquanto estavam em movimento, nosso voo era meio dia e este duraria quase 7 horas, ou seja, uma viagem muito interessante. Liguei meu Ipod e selecionei cuidadosamente as músicas que me deprimiam mais, mergulhei em uma total tranquilidade. A música literalmente fez com que eu me esquecesse de toda a amargura que sentia naquele momento. Em relação ao meu pai, estou muito brava, pois ele estava me forçando ir para um lugar que provavelmente detestaria.

Mal posso esperar para voltar para minha casa. 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem =)



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