Lost in Love escrita por hummingbird


Capítulo 20
A verdade vem a tona


Notas iniciais do capítulo

Após uma demora para postar. Aqui estamos. Galera, estou recebendo muitas sugestões via email para a história, me desculpe pela demora em responder todas :)



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Ashley e eu nos encontramos na frente do portão da casa – ou melhor, da mansão – dos Campbell.

— Tem certeza de que quer fazer isso? – perguntou minha amiga.

— Sim, eu tenho que fazer isso. Por mim e pelo Matt. 

E pela minha família. É claro. 

— E amiga, você já descobriu quem é essa tal de Lexie? Desculpe a mudança de assunto, mas é que eu achei um prontuário na escola que dizia que ela morreu faz 1 ano. E bem... Ela esta em todas as fotos com Adam. Isso foi antes de eu começar a estudar na nossa escola, por isso nunca a vi e nem ouvi falar dela.

— Entendo. Preciso falar logo com ele a respeito disso, porém minha família é mais importante. Vamos. – eu disse caminhando.

Ela assentiu e caminhou junto a mim até a entrada principal.

Tocamos a caminha e após alguns segundos, Alexandra Campbell apareceu com um hobby vermelho que possuía pompons nos ombros.

— Olá, Amber. E... – ela sorriu para nós e indicou a cabeça para minha amiga ao meu lado.

—... Ashley – ela estendeu a mão, a Srª Campbell a apertou e após isso, Ashley a perguntou – O que a senhora sabe sobre a família dela?

Ashley não sabia ser discreta. Sorri e revirei os olhos.

— O que disse? – Alexandra parecia confusa.

— Calma – eu falei – Eu gostaria de tirar umas dúvidas com você a respeito da minha família. Sinto que estão escondendo coisas importantes de mim e eu preciso saber. Por favor...

A mulher nos olhou com uma expressão séria, segundos depois se pronunciou:

— Não quero me meter em brigas de família - Alexandra respondeu ríspida.

— Você não irá. Prometo. Ninguém saberá que você me contou. 

— Ok, entrem. – ela disse e abriu espaço para que Ashley e eu entrássemos na casa.

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— Pois bem - Alexandra começou a falar quando nos sentamos - nós três sempre fomos inseparáveis. Sua mãe, Rachel e eu. Vivíamos em uma das comunidades muito pequenas a sul da cidade de Anchorage, chamada BIRD. Quando entramos na mesma faculdade foi uma imensa alegria para nós, éramos as garotas mais bonitas e humildes da região e ainda o trio mais divertido das rodinhas de amigos. Até que um dia, Rachel se viu afim de um cara do ultimo ano que estudava medicina. Robert. 

Fiz uma cara de confusa. Ela pareceu não notar.

— Ela com toda certeza estava mais do que apaixonada - prosseguiu Alexandra - Podíamos ver em seus olhos. Sua mãe também estava apaixonada, mas nunca admitiu isso porque o cara que ela gostava era um dos professores da faculdade. Então ela nunca tocava no assunto. Até que um dia, uma colega da nossa turma decidiu dar uma festa e lá fomos nós. Durante a festa bebemos muito. Natalie foi a que mais deu o que falar de tão bêbada que estava e Rachel, pobrezinha, por mais que quisesse, não chamava muito atenção dos caras. Nem por estar vulneravelmente bêbada. Mas naquela noite ela decidiu mudar e se ofereceu para uns dos caras que andavam com Robert para chamar atenção dele por uma noite: um astro do rock na época super estranho que queria se tornar médico se a carreira não desse certo. É claro que foi idiotice da parte dela, mas o que podíamos fazer? Nada. Ela estava bêbada.

Eu ainda estava com cara de confusa. Rachel era afim do meu pai?

—Ele a quis logo de cara e assim foram para os aposentos do andar de cima. Todos da sala ficaram boquiabertos. Até sua mãe e eu. Rachel perdeu a virgindade com esse cara ansiosa para no dia seguinte inventar uma desculpa para falar com Robert.  - Alexandra bufou com desdém. Agora sei com quem Bethany aprendeu a ser daquele jeito - Porém, no dia seguinte tudo estava de pernas para o ar: a casa estava uma bagunça, havia copos sujos para todos os lados e mudas de roupas espalhadas perdidas entre seus donos, muitas pessoas dormindo no chão junto a sujeira. Rachel acordou feliz por ter feito alguma coisa para aparecer e saiu apressada do quarto para contar para nós. Eu lembro dela ter me acordado pedindo para procurarmos Natalie, pois ela queria contar como foi. Eu estava com a minha cabeça latejando, mas resolvi ajudá-la. Procuramos na sala, cozinha, quintal, jardim e até na garagem. Decidimos olhar os quartos depois porque ainda havia gente dormindo. Lá fomos nós. Após quatro quartos, encontramos sua mãe...

— E aí? - perguntei curiosa.

— Ela havia dormido com Robert. - prosseguiu Alexandra - Ele estava deitado de conchinha com ela.

— Deus, o que Rachel fez? - questionei - Espera, porque diabos minha mãe iria dormir com um cara que ela não sentia nada sendo que ela amava outra pessoa? - não percebi que estava gritando até ver os olhos arregalados de Alexandra me encarando - Desculpe

— Tudo bem. Rachel começou a chorar ali mesmo e eu tentei confortá-la. O barulho acordou o casal, fazendo com que Natalie desse um pulo da cama e fosse correndo para perto da gente, embrulhada no lençol. Ela tentou explicar dizendo que estava meio tonta e que achou que você tinha seguido em frente em relação ao Robert. Disse que sentia muito e que não queria magoá-la. Rachel não ouviu. Apenas foi embora. Após semanas, depois de tantas vezes que tentamos contatá-la, ela apareceu na faculdade com uma cara horrível. Ela nos disse que estava namorando o astro do rock da festa e haviam ido conhecer o Brasil. Também nos contou que estava grávida e que ia trancar a faculdade. Foi um imenso choque. Tentamos convencê-la a desistir dessa ideia, mas foi um tiro no escuro. 

Alexandra suspirou e depois prosseguiu.

— Anos depois, voltamos a nos falar. Sua mãe tinha casado com Robert e você estava prestes a chegar, Rachel estava com Matt que estava com dois anos de idade e eu tinha a Bety. Resolvemos sair nós três para relembrar os velhos tempos, então nos encontramos num restaurante. Após varias risadas, encontramos outras pessoas da faculdade e os convidamos para nos sentar conosco. Uma destas pessoas era nosso antigo professor da faculdade, o qual sua mãe era apaixonada. Ficou óbvio para todos ali que a presença dele a balançou um pouco, ela parecia abatida. Rachel pareceu se aproveitar disso e ficou instigando a conversa entre eles. Minutos depois ela havia passado o numero da sua mãe ao professor. 

— Cretina. - disse Ashley.

— Ash.... - eu a repreendi.

— O que? Ela quis se vingar da sua mãe. Isso ficou claro para mim  quando ela passou o número dela para o cara. - ela revirou os olhos.

Alexandra a ignorou e continuou a contar a história:

— Depois daquela noite, ficamos um tempo sem nos reencontrarmos. Até que um dia sua mãe veio me procurar dizendo que havia cometido um erro terrível. 

— o quê? - a interrompi. Com o coração acelerado.

— Ela havia encontrado o professor e eles haviam dormido juntos. Como consequência, ela estava grávida.

— Ela traiu o meu pai? - questionei o obvio.

— É. No dia, eu não sabia exatamente o que fazer ou dizer para fazê-la se acalmar. Liguei para Rachel e contei o que houve. Ela nos encontrou num café no dia seguinte e propôs o seguinte: Natalie diria a verdade ao Robert depois que a criança nascesse, enquanto ela nunca mais falaria com o professor novamente.

Meu coração disparava. Eu estava em prantos. Então Ted era meu meio irmão e minha mãe sempre soube de tudo. Ela me fez odiar meu pai, a pessoa que menos tinha culpa nessa história.

— Sua mãe nunca quis que seu pai fosse embora da sua vida, querida. – Alexandra colocou a mão dela sobre a minha - Na época, você estava para fazer 11 anos de idade então precisava do seu pai com você. Então eles decidiram mudar se para nova York e manter a clínica do seu pai aqui, em Anchorage. Super fora de mão, mas ela não queria estar na mesma cidade que a lembrasse do amor da sua vida. E assim vocês foram vivendo: sua mãe tinha você e Ted, alegres e saudáveis. Já a vida de Rachel - ela suspirou e olhou para baixo -  se tornou depressiva depois que ela perdeu Anna e mandou Matt morar com o pai dele, que também a deixou. Ela estava sozinha. Mas sua mãe nunca a abandonou. Foi então que ela veio para Anchorage de novo. Deixou você e Ted com seus avós e partiu para Dublin, onde a família de Rachel vive.

— Claro. Por isso todos conhecem a minha mãe lá. – pensei alto.

— Sim. Ela prestou toda ajuda possível para Rachel e inclusive até ofereceu um emprego na clinica de Robert para que ela seguisse em frente. Ela inventou a desculpa de que precisava que alguém ficasse de olho em Robert, pois ele trabalharia lá durante 20 dias, mas voltaria para casa em Nova York em duas semanas.

— Espera - Ashley disse - isso foi meio que burrice da sua mãe, Amber. Como pedir a alguém que amou muito o seu marido para vigiá-lo?

— Eu também não entendo. Porque minha mãe ofereceu isso? - havia algumas lágrimas nos meus olhos.

— Ela só queria ajudar, Amber. Nunca passou pela cabeça de sua mãe que poderia rolar algo entre os dois. Aliás, o plano do seu pai era juntar o máximo de dinheiro possível e fixar morada em Nova York. A clínica em Anchorage era apenas uma renda.

— Eu tenho uma pergunta – interrompi Alexandra, limpando os olhos com o dorso da mão – O que meu pai disse quando descobriu que Ted não era filho dele?

— Quando sua mãe contou ele ficou furioso, porém ele amava o garoto e amava sua mãe também. Você e Ted fizeram com que ele passasse mais tempo ainda nesse casamento. Rachel encheu a cabeça dele com baboseiras sobre sua mãe e isso foi o necessário para atraí-lo para si mesma. Mas, a verdade é que seu pai ainda ama sua mãe... Mais do que ama Rachel.

— Desgraçada – falei sem pensar. Alexandra me ignorou e prosseguiu.

— Bom, e isso é tudo. Eu preciso buscar Bety. Mais alguma coisa que posso ajudá-la?

— Eu quero saber o nome do professor – a encarei.

— Eu não posso contar, querida. Mas em breve você saberá quem é porque seus pais não irão esconder isso de você para sempre.

Saí de lá bufando e fui direto para casa. Ashley ficou quieta durante a volta inteira, compreendendo o quão eu estava chocada.

— Amber, não quero me intrometer, mas... Não conte a seus pais que você sabe. Espere uma oportunidade. Provavelmente eles vão te contar logo...

Eu assenti.

Nos despedimos e eu fui para casa. O choque que eu estava sentindo passou para decepção. Entrei na casa e bati a porta.

—Olá, Senhorita Amberly – uma das empregadas apareceu no hall segurando um envelope grande e amarelo – Isso foi entregue para você. Seu pai pediu para lhe dizer que não abra até ele chegar, pois ele gostaria de conversar com você antes.

Peguei o envelope analisando bem. Era muito decorado para um envelope comum. Havia uma textura grossa e um grande laço para abrir. Meu nome estava escrito junto ao de meu pai.

— Obrigada!

Subi as escadas, deitei em minha cama e joguei o envelope na cômoda. Após alguns minutos em transe pensando no que faria a seguir com a informação que havia descoberto sobre minha mãe resolvi tentar ligar para ela.

Caixa postal. Merda.

A curiosidade me invade e resolvo abrir o envelope. Ao ler o que estava escrito fico sem fôlego. Lagrimas escorrem do meu rosto enquanto escuto as batidas aceleradas do meu coração.

Minha vida inteira foi uma mentira. Minha família é uma mentira. São todos uns mentirosos.

Eu quero a minha casa. Mas aonde é meu verdadeiro lar?


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