Era sábado à tarde e eu estava me arrumando para a festa do meu pai que começaria às 20h em ponto. Nossa busca por informações não havia dado nenhum resultado. Eu estava frustrada. A única coisa que descobrimos sobre Bethany era que ela morava com a mãe que nunca comparecia as reuniões de pais e mestres. Notas espetaculares. Boa recomendação.

Nada que eu pudesse usar contra ela. Inferno. O que aquela vaca sabia sobre mim?

As meninas seguiam Adam todo dia após a escola e descobriram que ia ao cemitério todo o dia e colocava flores no tumulo de alguém chamado Lexie. Matt falou sobre ela no dia do parque, mas eu nunca soube quem era. Adam nunca falou o nome dela.

Bufei descontente. Todo meu plano falhou. Todas as minhas táticas foram por água abaixo. Eu estava sem munição pra lidar com aquela vaca.

Coloquei um top cropped branco e uma saia rosa cor de salmão que tinha duas fendas e , conforme eu andava, ela  dava a sensação que eu estava voando. Fiz algumas ondas no cabelo e coloquei um colar de pérolas. Mandei um sms para Ashley perguntando onde ela estava, mas para minha surpresa ela entrou no meu quarto assim que enviei a mensagem usando um vestido laranja e o cabelo preso em um coque desarrumado. Estava linda.

— Uau, você está linda. Matthews não para de perguntar de você. Que saco, nosso plano não está dando certo. O que vamos fazer? – ela estava tão confusa quanto eu.

Revirei os olhos.

— Eu não sei. Preciso pensar em algo logo ou terei que falar com meu pai.

— Falar o que? Que Matt te ama e está sendo ameaçado pelo seu namorado? – ela realmente estava confusa. Eu sorri.

— Não, bobinha. Iria perguntar se tem alguma coisa para me contar? Vou falar que já não tenho 15 anos e posso aguentar o que for.

— Isso não vai funcionar! – ela parecia desapontada.

— Bom, depois eu tento. Não custa nada, não é?

Ashley assentiu e descemos para a festa. Os garotos estavam esperando no hall,  Isaac e Matt, ambos de terno e gravata. Senti uma vontade imensa de beijar Matt naquele instante. Meu estômago se revirou.

—Oi – Matt disse. Me olhando de cima a baixo.

— Olá. - respondi, virando para os lados a procura de algo para me distrair.

— Você está linda.

— Obrigada – respondi suavemente. E o encarei.

—Uau, que lindos... Acho que vocês estão chamando mais atenção que nós, não é , querido? – Rachel apareceu no meio do grupo.

— D-Do que você está falando? – gaguejei.

— Ora, vocês dois estão muito bem vestidos... Estão atraindo atenção de todos. Do que achou que eu estava falando? – ela sorria.

— Nada- dei risada.

— Bom, preciso que você e Matthews fiquem na entrada e receba nossos convidados. Depois estão livres, ok? – Rachel instruiu.

Durante 2 horas, Matt e eu ficamos orientando as pessoas que chegavam, cumprimentando desde os velhinhos até as moças mais jovens que trabalhavam com o meu pai.

Peguei uma taça de champanhe e encostei-me à parede, fiquei observando o ambiente. Matt estava conversando com Bethany - claro que ele a convidaria— e Ashley estava rindo de alguma coisa com Isaac.

Me senti sozinha, confesso. Decidi então adiantar meu plano. Fui até meu pai, que conversava com uma moça com cabelos negros muito atraentes e muito familiares para mim. Ela parecia a Megan Fox com uns 45 anos ,Rachel estava ao seu lado.

— Olá – saudei todos – Pai, posso falar com você um instante? – perguntei

— Olá. Você deve ser Amber? Deus, como se parece com a Natalie – a moça disse voltando a atenção para mim. Acredito que não disfarcei a surpresa, pois ela riu.

— Sim, muito prazer. Você é... ? E como conhece minha mãe? – sorri, casualmente.

— Sou Alessandra Campbell – Campbell?  Esse sobrenome... AI Meu Deus, ela é a mãe da Bethany — Conheci sua mãe na faculdade, moramos juntas, eu, Rachel e ela.

Olhei para Rachel com cara de confusa e de “Porque você nunca me disse isso?”.

— Eu ia te contar. Só precisava de uma oportunidade. – ela deu de ombros.

— Por isso lá no hospital vocês se trataram como... Pessoas normais.

— Isso. – ela sorriu.

— Fiquei sabendo do seu irmão – Alessandra se pronunciou – Sinto muito. Ainda bem que os pais dele estão cuidando dele, não é?

— Minha mãe pelo menos está. – joguei a indireta para meu pai.

— E o pai de Ted? – ela parecia curiosa.

Hã? Meu coração disparou.

— Ele também está. Eu estou... Da minha forma – meu pai falou de forma estranha – Amber, o senhor Gilbert ali está procurando o banheiro. Você poderia ajudá-lo?

Eu o encarei e fui ajudar aquele senhor.

— Com licença, senhor. O banheiro é ali – indiquei para ele

— Obrigada, minha jovem, mas não estou procurando o banheiro. – ele respondeu. Percebi que sua dentadura tremia conforme as palavras saiam.

— Meu pai me disse que... – intervi.

— Parece que seu pai está tratando de assuntos importantes né – então saiu pelo corredor.

Velho estranho. Pai estranho. Amber estranha. Mundo estranho.

Contei para Ashley sobre a Sra Campbell e ela me disse que amanhã iríamos à casa dela perguntar o que ela sabe. Ashley disse que Bethany iria para Orlando no fim de semana para uma sessão de fotos.

Mandei uma mensagem para Matt que dizia.

“Vc pode contar comigo, Matt. Eu preciso de vc”.

Em instantes ele respondeu:

“E eu de vc”

Sorri, mas depois veio outra mensagem dele:

“Não me mande mais mensagens. Você não entende que não quero falar com você mais?”

Ok, era Bethany. Revirei os olhos. Deixa pra lá. Fui dormir pensando que ele também precisava de mim. O que há de errado comigo? Porque todos escondem as coisas de mim?