Lost in Love escrita por hummingbird


Capítulo 12
No fight today.


Notas iniciais do capítulo

*Sem brigas hoje*



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Por ter ido dormir tão tarde acordei morrendo de sono e com uma preguiça enorme de levantar da cama. Vi Matt roncar na cama ao lado e admito que senti muita inveja dele poder dormir até mais tarde.

Fui até minha mala e coloquei a mesma roupa de ontem a tarde e desci as escadas para encontrar as mulheres. Rachel trajava um vestido verde- limão e seus cabelos estavam alojados dentro de um chapéu mexicano horrível e a vovó estava neutra com um vestido básico de inverno. Vera usava roupas de ciganas ainda piores do que as outras.

— Pronta, querida? – disse ela.

— Sim, aonde vamos?

— Ao Malahide Castle. É um antigo castelo repleto de história e arte.

Oba!Que merda. Assenti com a cabeça.

O senhor Patrick iria nos levar até lá de carro. Ele pareceu feliz em me ver:

— Ola Amber, está ansiosa para o show de hoje a noite?

Havia esquecido completamente do show. Que idiota. Como poderia? Era minha banda favorita.

— Sim, muito.

— Fico feliz, querida. Será hoje às 21 horas e eu passarei aqui para te buscar. Pode ser?

— Claro, perfeito. – a alegria estava explícita na minha voz.

Seguimos de carro passando pelo centro de Dublin e eu apreciei cada lugar relembrando do dia anterior que passei com Mathews. Foi uma aventura e tanto. Ao chegar o castelo percebi que estava repleto de visitantes que admiravam a beleza das antiguidades. Vera nos conduziu ao campo de golf e fizemos um pequeno piquenique lá. Vovó se recusava a se alimentar e Rachel insistia com grande paciência.

— Vamos, mamãe. A senhora precisa se alimentar.

— Ora, Rachel. Ela não é um bebê. Me dê isso aqui – ela tomou a colher e o prato da mão de Rachel e se virou para a irmã – Você vai comer isso agora ou não me chamo Vera Finlay.

Não posso dizer que ela simplesmente socou a comida dentro da boca da vovó porque não há maneiras elegantes de se dizer isso. Mas foi semelhante. Não resisti a cena e comecei a rir. Depois de alguns instantes, todas nós estávamos rindo, até a vovó exibia sua dentadura mal encaixada.

Seguimos subindo por várias torres e explorando cada aposento, Rachel tirava foto de qualquer objeto que observava e a vovó tentava colocar estes objetos na boca. Houve umas brigas entre ela e Rachel, mas nada fora do normal. O celular de Rachel tocou e era meu pai que telefonava. Percebi pela melosidade que ela atendeu ao telefone. Revirei os olhos e percebi que Vera estava me avaliando.

— Olá meu amor! Oh, Puxa estamos nos divertindo muito. Estamos no castelo agora. Amber? ... –ela entregou o telefone a mim sorridente e se afastou levando Vera e a vovó consigo.

— Oi, pai.

— Oi, querida. Você está bem? – ele parecia cansado.

— Estou sim. Aqui é um lugar lindo. E você, pai, como está?

— Estou bem. Já estou sentindo a falta de vocês. Esta casa esta muito quieta sabe?

           - Imagino – eu ri – voltamos amanhã.

        - Tudo bem. Divirta- se bastante e Amber... – ele suspirou – quando voltar, teremos que conversar. Não se preocupe... É só uma notícia que quero dar.

— Tudo bem. - Fiquei pensando por uns instantes, mas respondi.

— Até logo, querida. Mande um beijo para todas as moças. Te amo.

— Mando sim. Também te amo. – encerramos a chamada.

Nosso passeio foi longo e eu já estava enjoada de ver tanta parede de pedra e masmorras daquele lugar, Vera reclamava a respeito e eu me senti grata por isso. Então fomos ao centro de Dublin fazer algumas compras, entramos em várias lojas de grife para Rachel e Vera encontrarem roupas para um almoço amanhã. Vera saiu de uma das lojas com uma sacola enorme e entregou a mim com um sorriso malicioso estampado no rosto.

— Espero que goste.

Abri a sacola e havia um casaco bege de veludo, na abertura do casaco havia lã de carneiro embutida. O casaco era elegante e delicado. Foi amor à primeira vista com a roupa.

— Muito obrigado. É... Lindo – estava tão feliz com o presente que abracei a sacola.

— Ótimo. Você poderá usar esta noite. Que tal?- assenti com a cabeça. Vera foi chamar as garotas e voltamos para casa. Já estava quase escurecendo porque as compras tomaram grande parte do tempo, então quando cheguei fui tomar um banho demorado para esta noite.

.......

Tomei um banho demorado e desta vez coloquei a roupa dentro do banheiro para não ter a infelicidade de Mathews me ver seminua, coloquei uma calça jeans e uma camiseta branca e fui até o quarto terminar de me arrumar. Peguei a sacola com o casaco que a Vera me deu e o retirei de lá, apreciando o tecido e a cor. Decidi colocá-lo por último. Comecei então arrumar meu cabelo. Eu estava enjoada dele solto, então o prendi em um coque bagunçado com algumas mechas loiras para fora. Fui guardar a sacola e vi alguns objetos pequenos da cor prata jogados ali dentro. Eram grampos. Resolvi jogar minha franja para o lado e coloquei alguns deles no penteado. Notei que os grampos tinham flores brancas de um material bem espesso em seu topo, proporcionando o penteado muito delicado. Ficou lindo.

Depois fiz uma maquiagem leve com apenas um delineado simples e um batom rosa claro. Não sou o tipo de garota que adora pintar o rosto para chamar atenção. Quanto mais simples melhor para mim. Vesti o casaco e coloquei um lenço envolto do pescoço, encaixando-o dentro do próprio blazer. Calcei um par de botas de montaria marrom e estava pronta. Olhei no espelho me sentindo muito bonita. Adoro esconder minhas curvas porque não gosto de me sentir admirada apenas pelo corpo que tenho, mas esta noite elas estavam se exibindo proporcionalmente.

— Amber, você está pronta? – era Vera batendo na porta - Patrick já chegou.

— Estou indo – gritei de volta. Peguei meu celular, me olhei novamente no espelho e desci as escadas correndo.

Todos os que estavam presentes na pequena sala de estar olharam surpresos para mim, exceto Vera que possuía um olhar encantado desta vez. Rachel sussurrou algo para a vovó e sorria.

— O que vocês estão olhand... – Matt cruzava a sala de estar com uma vasilha carregada com cereal. Seus olhos me examinaram com certa surpresa e me senti enrubescer. Todos os olhares se voltaram para Mathews que agora estava congelado olhando para mim, Patrick emitiu um pequeno ruído e isso o tirou do transe. Sorri. – Ah, sim. Você está bonitinha, Amber.

Ele passou por mim, comendo seu cereal, e subiu as escadas sem dizer nada. Patrick me levou até o carro, as mulheres se despediram de mim com um aceno de cabeça. Durante o percurso, Patrick começou a rir abafadamente, olhei de soslaio para ele me perguntando qual seria a graça.

— Você viu a cara do Mathews quando te viu? – ele riu ainda mais quando terminou a frase. – Esses jovens apaixonados...

— Ele não está apaixonado por mim. – rebati

— Ah não, desculpe. Confundi os olhares.  – depois de um tempo, o senhor Patrick se pronunciou novamente – Ele provavelmente deve ter visto Anna em você.

Lembrei-me do que Vera contara na noite passada. Entristeci só de imaginar como teria sido para a família, principalmente para Mathews e Rachel.

— Bom, chegamos. – ele disse. Descemos do carro e entramos no Temple Bar – A banda vai começar a tocar em alguns minutos. Divirta-se, querida.

— Obrigada, Senhor Patrick. Por tudo – sorri. Ele deu um beijo na minha testa e me olhou nos olhos.

— Você é a cara da sua mãe, sabia?

— Conhece a minha mãe? – meus olhos se arregalaram com a revelação.

— É uma longa história. Um dia talvez a conte para você e se não tiver oportunidade, mande lembranças a Natalie por mim – ele sorriu e se afastou.

Fiquei pensando em probabilidades deles se conhecerem realmente e nenhuma foi favorável. Algo me tirou dos pensamentos e foi uma mulher que subia no palco pedindo a atenção do publico. Desci as escadas e me encostei em um pilar decorado com pisca-piscas.

— Boa noite a todos. Esta noite temos dois convidados especiais que comemoram sua união e nossas músicas serão destinadas a todos os jovens apaixonados. Palmas para os noivos Angel e Park. – a mulher loira apontou para o casal sentado em uma mesa no fundo. Eles ficaram sobre o foco dos holofotes enquanto brindavam e se beijavam. A banda subiu ao palco e vários casais, incluindo os noivos, foram para o palco.

 Eu estava inquieta, senti meu sangue se agitar dentro de mim e meu corpo se tranquilizar quando a primeira melodia começou a tocar. Era a mesma música que eu ouvi na praia, que me fez recordar de Jackson; A mesma música quando eu e Matt entramos aqui e me emocionei novamente. Respirei profundamente. Esta noite não haveria choro, tristeza ou lembranças ruins. Apenas uma noite agradável em que eu pudesse apreciar o show.

Várias musicas foram tocadas e eu as acompanhava cantando baixinho, olhei rapidamente em direção ao caixa e o senhor Patrick acenava com a cabeça para mim. Desta vez ele fez o formato do coração nos dedos e voltou a seu atendimento. Não compreendi o ato, mas as melodias fizeram voltar minha atenção para o show. Senti uma mão pesada no meu ombro e me virei de reflexo, era as mãos grossas de Matt. Ele estava parado em dois degraus a cima e sorria por causa do susto que levei.

— O que você está fazendo aqui? – perguntei a ele.

— Se quiser eu posso ir embora... – ele se virou, mas o chamei de volta esperando uma explicação.

— Matt, você está me vigiando de novo? – havia irritação na minha voz.

— Se liga né. Claro que não. E eu não estava te vigiando no shopping também – Matt explicou. Revirei os olhos e me virei para o palco. Ele desceu o restante das escadas de modo que ficássemos frente a frente. – Vim aqui porque estava com um tédio enorme naquela casa... Tudo bem, eu vim aqui porque Vera pediu. Ela queria que eu fizesse uma surpresa e aqui estou.

— Você é a surpresa? Puxa... Uau.

 Matt sorriu novamente. Ele estava usando uma blusa de moletom preto e calça era bege de sarja, seu cabelo estava jogado de lado e não espetado como sempre.

Ficamos em silêncio por uns instantes apreciando as seguintes melodias da banda. Havia uma mulher ruiva que passou diversas vezes olhando para nós com um sorriso malicioso no rosto. Notei que ela se sentou nos bancos do bar e olhava para Matt mexendo nos cabelos encaracolados com um olhar sexy.

— Matt, faz um favor para mim? – perguntei sorrindo.

— Depende. Não vou te beijar aqui porque Patrick está olhando.

— O quê? Não... – olhei para o caixa e Patrick olhava com muita alegria para nós. Ao perceber meu susto com a resposta, Matt se pronunciou novamente.

— Eu estava brincando. O que você quer?

— Está vendo aquela mulher ruiva sentada perto balcão de bebidas?- ele assentiu discretamente. – Convide-a para dançar porque o olhar de desejo dela está me deixando intrigada.

Soltei uma risadinha.

— Mas o que...  – ele riu e olhou demoradamente em meus olhos. – Tudo bem, eu vou lá. Até depois.

Assenti e observei Matt enquanto ele tirava a moça para dançar e ela sorria de orelha a orelha. Eles dançaram duas músicas apenas até que a banda anunciou que faria uma pausa para poder comer algo. Fui até a varanda do bar, onde havia uma pequena sacada que dava de frente para a avenida sem muita movimentação e para o Rio Liffley. Fiquei uns minutos à sos até que Matt chegou e se apoiou na grade da sacada ao meu lado.

— O que está fazendo aqui?

— Pensando só. Cadê a ruiva?

— Ela me deu um fora quando eu disse que tinha 19 anos.

— Lamento muito – eu ri e percebi um pequeno sorriso se formar em seus lábios.

— Tudo bem... Você está pensando no seu ex-namorado. É isso?

— Bom... Estou.

— Sente falta dele?

— Um pouco.

— Entendo...  – após alguns instantes ele prosseguiu – Bethany me pediu em namoro semana passada. Eu recusei, mas ela vive espalhando por aí que somos namorados.

— Porque você recusou?

— Ela não faz o tipo de garota que eu...

— levaria para cama. – completei e abaixei a cabeça.

— Ela disse isso para você não é? Que eu não levaria você... – fiz que sim e ele se virou para mim – Amber, isso não é verdade. Ela fala coisas sobre mim para as pessoas que jamais foram ditas. É por isso que ela não é minha namorada, odeio a maldade dela com outras garotas.

— Nisso podemos concordar, mas deixe isso pra lá...  Já passou. – ele ficou em silêncio e eu o segui.

— Esse tal de Jackson é um idiota. Como pôde fazer isso com você?

— Não sei, não estava escrito nas mensagens que você leu do meu celular?- o encarei da melhor forma que consegui. Queria intimidá-lo.

Mathews me encarou de volta e depois desistiu, olhou para baixo e sorriu.

— Me desculpe. Queria arrumar um jeito de me aproximar mais de você.

— Por quê? Só por causa do meu pai?

— Claro que não. Estou pouco me lixando para o que seu pai me pede. Não sei se você sabe, mas eu o odeio.

— Entendo. Então... Por quê?

— Porque você é aquele tipo de garota. Aquela garota que eu não posso desejar. Aquela garota que nunca vou poder ter, que eu tenho que ficar longe. – senti um pesar estranho no peito  - Você é um desafio. Eu amo desafios. Por isso gosto de você...

Eu o estava encarando. Senti uma vontade de beijá-lo repleta de adrenalina, então me aproximei. Dei um passo em sua direção e...

— ... irmãzinha.

Me contive. O que eu estava pensando? A adrenalina que estava percorrendo minhas veias agora não existia mais. O mundo estava no mudo. Para Mathews eu era a irmã dele crescida. Bethany no fundo tinha razão.

Quando voltei a mim consegui responder o que ele dissera.

—Hmm, obrigada.

Ele olhou para mim com uma expressão de “Por que você esta com essa cara?”.

—Você está bem?

— estou.

De volta ao silencio. Me perdi pensando no que acabara de fazer. Burra.

Depois de alguns minutos, Matt se pronunciou:

— E desculpe a pergunta... Mas você ainda o ama?

— O que?

 Odeio quando as pessoas mudam de assunto do nada. Isso confunde ainda mais o meu cérebro.

— Você ainda ama Jackson?

— Acho que sim.

— Entendo. Lamento muito pelo que ele fez, Amber. Se um dia eu encontrá-lo, com ou sem a sua permissão, darei um chute nas bolas dele. – ele ria e eu sorri sem graça alguma. Matt podia ser divertido também... Como um irmão.

— Ei, você gostaria de dançar? – havia muita esperança em seu olhar e bom... Eu queria dançar com ele. Então fiz que sim com a cabeça e fomos rumo a pista de dança.


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