Lost in Love escrita por hummingbird


Capítulo 10
Uma viagem Des(necessária)


Notas iniciais do capítulo

Após um evento nada legal com a vaca insana do colégio e outro imprevisível com o cara mais gato da escola, o mundo de Amber parece dar uma estabilizada. Será mesmo?



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 Vesti um shorts jeans e uma camisa preta caída pelos ombros, escovei os dentes e os cabelos e desci para sala de estar, Rachel tinha reunido todos ali.

— Bom, comprei dois filmes esta manhã para vermos todos juntos. Mathews, tire os fones do ouvido. – Rachel chamava atenção do filho como se ele tivesse dois anos de idade - vou colocar um filme para vermos em família.

O garoto revirou os olhos, mas mesmo assim fez o que a mãe pediu. Ela colocou o filme Um Amor Para Recordar, um romance perfeito que me emocionaria por completo se eu estivesse assistindo com as pessoas certas. Nas cenas de beijos no filme, Rachel e meu pai começaram a se beijar ‘impassívelmente’. Ela passava a mão pelos cabelos do meu pai e ele permanecia estabilizado. Uma mistura de raiva e nojo subiu as minhas expressões e Matt arregalou os olhos quando notou a cena. Isso foi o bastante para me levantar e passar por eles correndo, de forma que derrubasse o copo de suco na calça do meu pai por acidente.

— Amber, qual é o seu problema?  - ele gritou.

Já tinha saído da sala e não ouvi mais nada, rumo ao meu quarto.

— Ei Amber. – era a voz de Matt.

— Não tenho tempo para sua arrogância, desculpe.

— Espere – a mão dele segurou meu braço e eu me virei – Quero saber o que aconteceu entre você e Bethany.

— Sua namorada não te contou?

— Ela não é minha namorada.

— Não importa – revirei os olhos.

— O que ela disse?

Pensei muito antes de responder.

— Para ficar longe de você.

— Ela disse isso? – ele parecia feliz e ao mesmo tempo espantado.

— Disse.

—Amber, eu nem sei o que dizer...

— Não precisa dizer nada. Não será favor algum o que ela pediu. Farei com vontade.

— ÓTIMO – sua expressão era séria.

Dei de ombros e virei de costas, abri a porta do meu quarto e pequei o telefone discando imediatamente o numero da Ashley. Quando ela atendeu, não esperei uma saudação:

— Ashley, você ainda quer ir ao shopping?

......

O shopping era bem iluminado e estava muito povoado, havia adolescentes saindo das lojas, casais com seus filhos e idosos apreciando as vitrines. Ashley e eu entramos em algumas lojas e compramos dois vestidos. O dela era cinza escuro com alças finas e batia um palmo acima dos joelhos, o meu era preto e tinha uma faixa laranja cruzada até a bainha. Era justo e tomara que caia, porém não era vulgar. Não tínhamos uma ocasião para usá-lo, mas mesmo assim decidimos comprar. Paguei com o dinheiro que minha mãe me deu, não queria gastar nenhum centavo de Rachel ou do meu pai.

Tomamos sorvete e ficamos horas conversando. Então decidimos ir até o cinema, compramos as entradas e ficamos aguardando a hora da sessão.  Estava observando a movimentação na loja a minha frente, era de equipamentos para luta, quando olhei para o fundo da loja reparei com um par de olhos familiares me encarando. Era Matthews. Fiquei enfurecida, levantei e fui em direção a loja. Ele percebeu minha aparência e tentou se esconder atrás do caixa.

— O que você está fazendo aqui? Por acaso está me seguindo? – fui atrás do caixa e o agarrei pela camisa. Qual era o problema dele?

— Não. Porque eu iria seguir você? – ele parecia envergonhado, o que me deixou ainda mais nervosa.

— Ah, não sei. Talvez deva ser porque meu pai mandou você ficar de olho em mim? Me deixe em paz. – eu disse enfurecida.

— Talvez. Já que ele não tem controle sob a própria filha mandou que eu ficasse de olho.  – meu olhar pesado varreu o ambiente e percebi que todos estavam olhando. Senti minhas bochechas arderem de vergonha – Olha... não estou seguindo você. Juro.

— Vou fingir que acredito. – virei as costas e ele agarrou meu braço – Me solta.

— Espera, estou falando a verdade.

— Não importa. Tenho que encontrar a Ashley.

— Vocês vão a mais um lugar?

Interrompendo a conversa, um garoto de olhos claros e cabelos castanhos chamou a atenção de Mathews. Ele estava na mansão aquele dia.

— Eai, cara? Vamos logo.

— Espera aí, Isac. – Hmm, pensei. Então esse é o garoto que Ashley estava afim. Matt virou- se para mim enquanto seus amigos saiam da loja.

— Quer uma carona para casa?

— Não, obrigada. Ashley e eu ainda vamos ver um filme.

— Tudo bem. Até depois – ele se inclinou para me beijar no rosto e eu dei um passo para trás– Desculpe.

Ele se foi e eu encontrei Ashley me esperando espantada, contei a ela como estava me sentindo a respeito de Mathews, sua mãe e meu pai.

— Sei como você se sente, passei pela mesma coisa. Amber, sair de casa sem permissão e deixar todos preocupados com você não é a melhor forma de lidar com a situação – ela tinha razão. Eu estava agindo da pior forma possível.

— Tem toda razão – assenti cabisbaixa.

— Ok, vamos ver nosso filme porque já está na hora-  ela jogou seus cabelos castanhos para trás de forma elegante e me deu a mão para que pudéssemos ir.       

        .....

Ao chegar em casa, Rachel corria de um lado para o outro impaciente. Quando me viu, seus olhos se arregalaram revelando muita preocupação.

— AH, aí está ela. Por onde andou, mocinha?

Meu pai surgiu da sala de estar com os olhos cansados. Seu jaleco estava completamente amassado e com algumas manchas vermelhas no colarinho. Notei que Rachel estava com o batom borrado e acho que já sabia o que tinha acontecido com o pobre jaleco. Meu estomago revirou de nojo.

— Amber, por onde você estava? Você nem avisou aonde ia.

— Fui ao shopping com uma amiga, devia ter avisado. Desculpa. – a expressão de Rachel mudou e observei suas feições adquirem um olhar materno. Ela veio para um abraço:

— Oh, querida.

— Sem abraços, por favor. – A cena dos beijos dela e meu pai me vieram à mente como um tapa na cara. Ela parou no meio do caminho e sorriu forçadamente.  Gritou o nome de Matt várias vezes e ele apareceu no topo das escadas sem camisa, bocejando. Observei seus músculos grandes, imaginei Bethany correndo os dedos por eles e corei de vergonha. Virei o rosto para que alguém não percebesse.

— O que é?

— Desça aqui, quero contar uma novidade para você e Amber.

Ele assentiu e caminhamos todos para a sala de estar, eu e Matt nos sentamos lado a lado com nossos pais à frente.

— Bom, como sabem, minha mãe esta muito doente. E decidi que uma viagem faria bem para ela e para nós antes que... Algo ruim aconteça. Ela tem uma irmã na Irlanda e vamos passar alguns dias acomodados lá. O que acham?

— Legal – respondi.

— Divertido – ele bocejou enquanto falava.

— Perfeito. – ela deu um pulo de alegria e abraçou meu pai que sorria. Ela o beijou e me preparei para sair da sala – Amber, espere.. Vamos na quarta feira.

— Mas e a escola? – perguntei.

— Quinta não terá aula para sua turma e para a do Matt e na sexta a escola será dedetizada.

— Ah.

Ela sorriu e eu sumi. Fui para meu quarto. Usei o restante da noite para ficar trocando mensagens com Stacy e Ashley. Um número desconhecido me mandou a seguinte mensagem:

“Desculpe pelo que aconteceu no shopping. Não quis irritá-la. Boa noite.”

 Era o número de Matt e o adicionei a lista de contatos, Ashley deveria ter passado o meu telefone para ele. Decidi não responder e voltei a conversar com meus amigos até pegar no sono.

                                                       .......

Passei o resto do meu fim de semana trancada no quarto e na segunda feira houve uma palestra para as garotas do ensino médio realçando a importância dos preservativos para evitar uma gravidez indesejada. Terça feira fiquei o tempo todo fofocando com Ashley, depois passei o dia na casa dela arrumando o cabelo, pintando as unhas e hidratando a pele. Hoje, quarta feira, observei que Matt chamou Bethany para conversar no canto do refeitório, as pessoas pararam para ouvir a briga.

Não quis ver o restante da briga, fui até o banheiro rapidamente e quando retornei ao refeitório fui barrada na metade do caminho para minha mesa. Por Bethany. Matt olhava firme para nós duas e seus colegas também, Ashley e Alex tinham a expressão de curiosidade no rosto.

— Escuta aqui. Matt me contou sobre você: a garota mimada de Nova York que tem problemas com o pai, coitadinha. Também me disse para pegar leve com você, pois sofreu pela falta de amor da família e agora desconta tudo na própria madrasta.

— Ele disse isso? - a decepção estava explícita na minha voz.

— Disse sim. Também me informou que você é a ultima garota que ele levaria para a cama, você bem... Não faz o tipo dele. Agora estou mais tranquila. Eu precisava vir até aqui dizer isso caso você queira outra vez procurá-lo – tentei interrompê-la, mas ela levantou a mão me alertando-  Sei que vocês moram na mesma casa, mas se eu fosse você evitava alguém que não gosta da sua aparência. Lamento muito. É isso.

A voz de Bethany era doce, porém ao pronunciar este discurso as palavras foram jogadas como espinhos na minha cara. Olhei em direção a mesa, os olhos de Matt encontraram os meus antes de eu sair correndo do refeitório. Ashley vinha correndo atrás de mim pedindo para eu esperá-la. Quando ela finalmente me alcançou contei a ela tudo o que Bethany havia dito.

— Ela é uma vaca. Não acredito que Mathews tenha falado isso de você. Eu...

— Mas falou, Ashley. Sempre soube o quão ele era desprezível, mas nunca imaginei que podia se superar.

— Amber, mostre que você não está abalada. Vamos voltar para a mesa. Apenas seja indiferente a situação.

Após varias tentativas de convencimento acabei concordando relutante. Bethany estava sentada no primeiro banco, no lado esquerdo. Seguida por Matt, Alex e Isac. Do outro lado havia um garoto que eu não conhecia, Ashley e eu.

— Aonde vocês foram? – Alex sussurrou.

— Dar uma volta, apenas.  – disse casualmente e ele sorriu.

— Amber, não fique triste. Fiquei sabendo do que seu ex- namorado fez com você. Um término de namoro trágico. Não é? – não sabia que vacas falavam.

Meu coração disparou. Como ela poderia saber sobre Jackson? Quem teria contado? Conforme ela ria, minha expressão se tornava gélida, notei que todos os que antes olhavam para sua refeição, agora mantinham o olhar em mim. Senti vontade de chorar e Ashley percebeu.

— Vamos, Amber. Vamos sair logo daqui. – ela me pegou pelo braço.

— Mas já vão? Fiquem mais. O papo estava tão interessante – a voz dela era como açoite. Não esperei para ver o que aconteceria depois e saí do refeitório com Ashley me segurando.

Ashley me levou para sala e ficamos conversando sobre Jackson, contei tudo enquanto ela me ouvia com maior avidez possível. Bethany chegou com um grande sorriso estampado no rosto. Ignorei-a e me esforcei para esquecer a humilhação que havia passado. Finalmente o sinal tocou e em poucos instantes estaria livre daquela escola, mas como nada é perfeito, ainda teria a companhia desprezível de Mathews. 

Rachel nos esperava na saída acenando feito uma louca e eu entrei no carro sem nenhuma saudação amistosa. Matt entrou alguns minutos depois, liguei meu Ipod e aumentei o volume de forma que não ouvi o que Matt estava falando. Não fiz questão de responder nem de prestar atenção. Rachel estava conversando com a vovó muda e em instantes chegaríamos ao aeroporto de Anchorage. Em algumas horas, estaríamos em Dublin, na Irlanda.


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