The Mystery Machine escrita por MikeJ


Capítulo 4
I F*cking Hate Bugs!


Notas iniciais do capítulo

Pois é gente, eu sei que eu disse que postaria todo sábado ou domingo, maaaaaas eu estava aproveitando o feriado, então só to postando agora, uma terça feira.
PS: Pediram capítulos maiores, espero que gostem.



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—-- 1916, Vinita (Oklahoma)---

Em uma pequena sala, com papel de parede em tons pastéis e móveis de madeira, com poucos raios de luz entrando pelas cortinas da enorme janela no fundo da sala, o velho prefeito, sentado em sua enorme poltrona, discutia com um grupo de indígenas.

— Não aceitaremos isso! Vocês destruíram um lugar sagrado para o meu povo! –Gritava um velho nativo americano, com um enorme cocar com penas que variavam do branco ao vermelho e preto.

— Não posso fazer nada, já está feito! –Dizia o prefeito, enquanto acendia um charuto.

— Homem branco não se importa com nada. Mata tudo, destrói tudo! Vocês vão pagar por isso! –Complementa o ancião.

— O que irão fazer? Atear fogo na cidade? Tente fazer algo com essa cidade que eu mato um a um dos seus.  –Diz o prefeito, em contato visual direto com o indígena.

— Não faremos nada, as almas daqueles que descansam debaixo daquele cimento retornarão assim como qualquer pessoa que for enterrada nesse solo nos próximos cem anos. –Diz o velho homem, com uma seriedade e frieza tamanha que um arrepio desconfortável corre por todo o corpo do prefeito.

— Saia da minha sala e pare de falar besteiras! Agora! –Grita o prefeito, o velho indígena acompanhado de seu povo, saem da sala sem hesitar.

—-- 2016, alguma rodovia de West Virginia---

O grupo almoçava em uma lanchonete na beira de uma rodovia em West Virginia, enquanto comiam, procuravam em laptops e jornais algo que pudesse levar a uma futura caçada.

— Cara, não to achando nada. –Diz Fred, alternando entre uma garfada em sua salada e uma folha de jornal.

— O máximo que encontrei foram relatos de assombrações, nada grave. –Diz Daphne com um laptop ao lado de seu prato.

— Bem, eu achei algo... Eu acho. –Diz Velma, arrumando os óculos. –Uma moça saiu com o namorado, estavam no carro do rapaz, estacionado na beira de uma colina, quando, segundo a moça, uma criatura alada raptou o amado.

— Não tem mais detalhes? –Pergunta Fred.

— Bem, aí que fica esquisito, a moça disse que a criatura tinha asas de mariposa...

            Shaggy, que comia sem parar e não estava prestando atenção na conversa, paralisa no momento que Velma diz “asas de mariposa”.

— Ela está num manicômio agora, pois acha que o “homem mariposa” está atrás dela. –Diz Velma, fazendo o sinal de aspas com os dedos.

— Ela não está louca. –Diz Shaggy, encarando o prato. –Ela não está louca!

— Como você tem tanta certeza disso? –Pergunta Daphne.

— Eu conheço o homem mariposa, eu já o vi, ele é real! –Diz Shaggy, encarando o grupo, chamando atenção deles.

            A mesa já estava limpa, sem pratos ou laptops, quando Shaggy começa a contar a história.

— Eu, por muito tempo, morei em uma fazenda, próxima de Charleston, aqui em West Virginia. Em uma noite qualquer, meu cão, Dodge, estava latindo demais, eu peguei a espingarda do meu pai e fui checar, achando ser uma raposa ou algo do tipo... –Shaggy para por um tempo e fica encarando a mesa.

— Shaggy? Você tá bem? –Pergunta Daphne, com a mão sobre a mão do amigo.

— Dodge parou de latir quando eu estava perto, corri até o local dos latidos e Dodge estava morto. –Scooby que estava no pé da mesa, encolhe as orelhas. –A criatura alada estava abaixada, sobre ele. Meu pequeno Dodge estava aberto ao meio enquanto as mãos e boca do monstro estavam ensanguentadas.

— Que horror! Você conseguiu atirar nele? –Pergunta Fred.

— Eu tentei, mas ele levantou voo rapidamente, não pude acertá-lo. Mas aqueles enormes olhos vermelhos e brilhantes nunca saíram dos meus pesadelos. –Diz o rapaz, apertando a mão de Daphne.

— Então vamos atrás dessa coisa, vamos nos vingar por Dodge, pelo rapaz e pela moça que vive num manicômio agora. –Diz Velma, pegando na outra mão de Shaggy, que por sinal, corou ao ser tocado por Velma, que instantaneamente também corou.

Daphne e Fred trocam olhares e Fred decide quebrar o clima.

— Vamos logo, se sairmos agora, podemos chegar a Charleston no final do dia.

A cena muda e mostra a van passando por uma placa que dizia “Seja bem vindo a Charleston”, o sol já estava se pondo, então o grupo decidiu procurar por um hotel.

— Aqui diz que a primeira aparição do homem mariposa foi em 1966 em Clendenin, também em West Virginia, ou seja, exatamente cinquenta anos atrás. – Diz Velma, com seu fiel laptop.

— Espera aí, eu o vi em 2006! –Diz Shaggy.

— Estranho, aparentemente essa criatura só é vista de dez em dez anos. –Diz Velma, arrumando os óculos.

— Isso faz sentido pra você Velma? –Pergunta Fred, enquanto prestava atenção no trânsito e, ao mesmo tempo,  para possíveis placas ou banners de hotéis. 

— Mais ou menos, creio eu que essas criaturas sejam como mariposas, mas com mais tempo de vida, onde devem ficar por dez anos como ninfas e ao se tornarem adultos saem para caçar e acasalar, morrendo logo após o ato. –Responde Velma, sem tirar os olhos do laptop.

— Então existem mais dessas criaturas? –Pergunta Daphne assustada.

— Seguindo a lógica, devemos acabar com esse atual casal antes de colocarem os ovos, a questão é, se existir apenas um casal. –Diz Velma.

— Mas há chances de haver mais? –Pergunta Shaggy.

— Depende de quantos ovos essa criatura coloca por vez, esse é o problema, não sabemos.

A cena muda, todo o grupo estava reunido no quarto das garotas, discutindo o que fazer.

— Mariposas possuem atos noturnos, não? –Pressupõe Daphne.

— Sim, mas estamos falando de mariposas gigantes! Assim como o homem mariposa que matou Dodge, eles são rápidos demais. –Diz Shaggy, com um sanduíche em mãos.

— Essa não é a época de acasalamento? Eu assisti um documentário no Discovery Channel de que mariposas liberam um cheiro no ar ou algo assim. –Diz Fred.

— Fred, pelo incrível que pareça, você disse algo genial! Mariposas liberam feromônios, para atrair os machos de sua espécie. –Diz Velma, saltando da cama e pegando seu laptop.

— E o que vamos fazer? Comprar feromônio e espalhar por aí? –Diz Shaggy, com a boca cheia.

— Basicamente. Eu não estudei minha vida toda a toa! Eu tenho contatos nas mais diversas instituições, inclusive tenho um amigo que é especialista em comportamento animal e métodos de acasalamento. –Diz Velma, agora checando o celular.

A cena muda e mostra Velma desligando o celular.

— Bem, ele pode me mandar, mas vai demorar no mínimo 48 horas pra chegar aqui, então temos que investigar enquanto isso. –Diz Velma para o grupo.

— Então, próxima parada... Manicômio! –Diz Daphne, num tom sarcástico.

A cena muda e revela o grupo na recepção de um grande prédio, com paredes brancas e placas de silêncio por todo canto.

— Tudo bem, Cindy está no aguardo, mas o cão não pode entrar. –Diz a enfermeira.

— Tudo bem, ele pode ficar aqui na recepção? Ele não sai do lugar enquanto nós não chegarmos. –Diz Daphne para a enfermeira.

— Olha, não costumamos fazer isso, mas vamos confiar! Se ele fizer qualquer coisa aqui, vocês terão que acabar a visita mais cedo e tirarem ele daqui. –Diz a enfermeira.

— Claro, tudo bem.

            O grupo adentra no quarto da garota, a única janela do quarto estava fechada e com cortinas pretas, a garota estava sentada na cama, desenhando algo.

— Deixarei vocês a sós. –Diz a enfermeira, fechando a porta logo ao sair.

— Oi Cindy, tudo bem? –Pergunta Shaggy, mas a moça ignora. –Eu sei pelo o que você passou...

— Não! Não sabe! Eles acham que eu sou louca! Eu não sou louca! –Grita a moça, saltando da cama e pressionando Shaggy contra a parede.

— Calma, eu sei sim, eu vi ele. –Ao dizer isso, Cindy solta o rapaz e senta na cama, trêmula.

Shaggy conta toda a história para a moça, quando então, ela revela seu desenho. Uma figura preta, que lembrava um homem, com asas triangulares e grandes olhos vermelhos.

— Ele era assim? –Pergunta Cindy.

— Sim, ele era... Mas Cindy, precisamos saber de uma coisa... Ele realmente está te perseguindo? –Pergunta Shaggy, transparecendo calma em sua voz, deixando a garota confortável para falar.

— Sim, ele está! Depois daquela noite, eu vi ele no telhado da minha casa e uma semana depois eu vi ele sobrevoando as árvores ao sul dessa manicômio. Eu troquei de quarto, mas coloquei essas cortinas pretas, pra ele não me ver. –Diz a moça.

— Cindy, nós vamos achar ele, mas você tem que nos prometer uma coisa... Pare de falar dele que assim você sai daqui e continua sua vida. –Diz Shaggy.

— Eu só sairei daqui quando eu tiver certeza que ele está morto. –Diz a garota, fincando o lápis no desenho.

O grupo já havia saído do manicômio, com Scooby, quando Velma diz.

— Estranho, a criatura raptou o homem e está seguindo a mulher...

— O que isso tem a ver? –Pergunta Fred.

— Eu acho que não há fêmeas e naquela noite, a garota estava se pegando com o namorado, então os hormônios estavam a flor da pele... Ele deve ter se sentido atraído por ela. –Diz Velma.

Pelo fato de que os feromônios só chegariam no dia seguinte, o grupo decide passar a noite no hotel, enquanto isso, na mesma noite, no manicômio... Cindy dormia tranquilamente, quando acordo com um estrondo, como se algo grande tivesse batido contra a parede.

— Quem está aí? Enfermeiras socorro! –Grita a jovem, mas ninguém aparece.

Logo em seguida, a janela de vidro se arrebenta em milhares de cacos e uma grande figura preta e alada, com aproximadamente 2,10 metros de altura, entra no quarto, a garota grita desesperadamente e tenta se defender jogando um travesseiro no monstro, que rasga ao meio facilmente com suas garras. Quando o homem mariposa estava se aproximando, Cindy revela uma lanterna escondida e acende na cara do monstro, que fica desorientado e furioso, batendo com uma das asas na lanterna, jogando-a contra a parede.

— Você acha que eu sou estúpida?

Antes que Cindy pudesse levantar e sair correndo, o mostro salta sobre a cama da jovem e arranca sua cabeça rapidamente, impossibilitando a garota de fugir, e com tamanha facilidade que parecia um simples brinquedo, para a força absurda daquela criatura, ossos humanos são tão fracos quanto gravetos.

A cena muda e mostra o grupo no quarto das garotas, novamente, assistindo o jornal matinal, onde a notícia principal era a morte inexplicável de Cindy.

— Ele é mais inteligente do que a gente imaginava. –Diz Daphne, enquanto penteava o cabelo.

— É, mas isso acaba hoje, Cindy foi a última vítima do homem mariposa. –Diz Shaggy, confiante, atraindo atenção de Velma.

Naquela noite, o grupo estava no meio de um bosque, próximo à colina que o namorado de Cindy foi raptado, os jovens borrifavam uma substância no ar, feromônio.

— Agora borrife em mim Daphne. –Diz Velma.

— Pra que?

— Quem sabe a combinação de meus hormônios humanos com esses feromônios de mariposa possa atrair mais atenção dele. –Diz a moça.

— Certo. –Daphne borrifa a substância em todo o corpo da amiga. –Agora em mim. –Velma faz o mesmo.

— Vocês estão loucas? Isso é muito arriscado! –Diz Shaggy.

— O que nós fazemos já é arriscado por natureza, por que não arriscar um pouco mais? –Diz Velma. –Certo, rapazes, se escondam nas moitas, eu e Daphne ficaremos aqui, conversando e agindo com naturalidade.

Dito e feito, Shaggy, Fred e Scooby se escondem em moitas distintas, em lados opostos, formando um triangulo com as garotas no centro. Um bom tempo se passa, horas talvez, quando Shaggy percebe Fred acenando pra ele.

— O que? Eu não to ouvindo!

As garotas então se virão na direção de Shaggy, na verdade, para trás do rapaz, ao virar-se, Shaggy estava encarando novamente os mesmos olhos vermelhos que vira há dez anos.

— Juntos de novo, eis o nosso acerto de contas. –Shaggy aponta a espingarda para a criatura alada, mas o monstro salta para trás, escapando do tiro e logo em seguida parte ao ataque, agarrando o rapaz pela camiseta e levantando voo. –Socorro!

Fred atira, mas a bala passa de raspão, uma das flechas de Daphne atinge a asa direita da criatura, que apenas urra de dor e diminui a altitude.

— Eu posso morrer hoje, mas você vai comigo. –Diz o rapaz, mas pelo fato do homem mariposa ter diminuído a altitude, estava voando no nível das árvores, quando Scooby salta de uma árvore e derruba tanto o monstro quanto Shaggy.

Shaggy, por um momento, ficou caído no chão, zonzo e desnorteado, o rapaz levanta-se lentamente, e senta-se no chão úmido do bosque, enxergando tudo embaçado ainda, mas rapidamente retoma a sua visão normal e percebe Soocby caído no chão com o homem mariposa  com suas garras levantadas, prestes a atacar. Tudo estava em câmera lenta, as garras da criatura estavam levantadas, as asas abertas e o urro de vitória ecoava ao fundo, Shaggy levantou-se vagarosamente e mirou sua espingarda na cabeça do monstro.

— Eu perdi um cachorro, não irei perder outro. –Ao dizer isso, Shaggy atira no monstro, a bala atravessa as sombras da noite, o urro de vitória e enquanto a garra da criatura se aproximava de Scooby, aquela única bala prateada vinha em câmera lenta, atravessando por fim o crânio do monstro, que tomba sobre o enorme cão infernal.  

O rapaz caminha até o monstro, Scooby já estava em pé, um pouco machucado, mas em pé.

— Isso é por Dodge, por Cindy e por seu namorado. –Para cada um citado, Shaggy atirava contra o corpo da criatura.

Logo após tudo isso, Daphne, Velma e Fred chegam ao local correndo e abraçam Shaggy e Scooby, aliviados. Aquela queda poderia ter matado Shaggy, mas não matou. Aquela única bala poderia ter sido em vão, mas não foi. O tiro poderia ter sido um erro, por estar tão longe da fera, mas não foi. Para muitos, foi somente uma sequencia de coincidências, mas para Shaggy, foi muito mais do que isso, o rapaz sabia que em algum lugar, Dodge observava tudo com atenção. O que Shaggy não sabia, era que essa foi a única vez que Dodge não estava esperando ansiosamente o dono chegar em casa,  essa tinha sido a única vez que Dodge estava tão feliz em ter o dono tão longe dele.


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Notas finais do capítulo

Gente, só lembrando, a questão dos indígenas no começo do capítulo nao tem nada a ver com o capítulo, mas sim com uma historia maior que irá se desenrolar pelo resto da fanfic.



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