The Mystery Machine escrita por MikeJ


Capítulo 2
This Is Not A Mermaid!




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O grupo de amigos, agora acompanhado de um dogue alemão marrom com manchas pretas, arrumava suas coisas na van, que estava parada no pátio de um hotel de beira de  rodovia.

— Daphne, você já pagou os quartos? – pergunta Fred enquanto termina de guardar algumas coisas na van.

— Já sim, estamos prontos para viagem.

— Que seria para onde mesmo? – pergunta Shaggy enquanto come um sanduíche.

— Monterey Park... Califórnia – diz Velma.

A cena muda e revela o grupo já na estrada.

— Você poderia repassar os dados, Velma? Por favor? – pergunta Shaggy ainda confuso.

— Ok, ok! Mas preste mais atenção enquanto discutimos possíveis caçadas. – Após dizer isso, Velma abre seu laptop. – Enfim... Nos últimos dois anos, dez crianças foram encontradas mortas em um rio local ou em sua margem. Todas com partes do corpo faltando, desde braços, pernas até órgãos internos.

— E quais são as apostas? – pergunta Shaggy curioso.

— Eu tenho certeza que é uma sereia – afirma Fred sem tirar os olhos da estrada.

— Sereias moram em ambientes de água salgada, seu idiota. Só pode ser alguma besta aquática – diz Daphne enquanto lixa suas unhas.

— E quanto a você, Velma? – pergunta Shaggy.

— Eu acho que pode ser algo, mas espero que não seja – diz Velma olhando fixamente pela janela.

A cena muda e mostra a van passando por uma placa que diz “Bem-Vindos a Monterey Park”. Após entrar de vez na cidade, o grupo percebe uma grande quantidade de restaurantes e lojas de artigos asiáticos.

— Estamos realmente nos Estados Unidos? – pergunta Fred em um tom de deboche.

— Não seja xenofóbico. Monterey Park concentra a maior população asiática dos Estados Unidos, sendo sua maioria chinesa e japonesa – diz Velma ainda lendo em seu laptop.

Ao passar por uma loja de incensos e velas, o grupo percebe um grande anúncio: “Proteja suas crianças com o mágico incenso do Senhor Wong”.

— Um bom lugar para começarmos a investigar – diz Daphne.

O grupo para na loja e adentra. Logo que entram, ficam inebriados com tanta fumaça e odores daquele lugar, mas eram bons.

— Como posso ajudá-los? – pergunta um senhor careca de trás do balcão.

— Vimos seu anúncio... Proteção contra o que na verdade? – pergunta Velma com um bloco de notas e um lápis em mãos.

— Oh! Contra o demônio que habita o rio!

— Demônio? Tipo uma sereia? – pergunta Fred.

O homem olha confuso para o rapaz com uma expressão de “Do que você está falando?”.

Non, eu falo do demônio verde, que afoga crianças como diversão e depois as devora. – O senhor revira algumas coisas embaixo do balcão e aparece com um livro.

O grupo olha curioso para o senhor enquanto este revira as páginas do livro, até ele parar em uma na qual havia o desenho de uma criatura humanoide e escamosa, com bico e casco de tartaruga e um buraco na cabeça, que lembrava uma tigela.

— Esse. Esse criatura mata as crianças daqui – diz o senhor apontando para a criatura da página?

— O que é isso? – pergunta Shaggy confuso.

— Kappa... – diz Velma baixinho. – Kappa! Era isso que eu temia.

— Você sabe o que é isso? – pergunta Daphne.

— Sei, eu não sabia que era real... Mas quando eu vi que a cidade tinha grande influência asiática e eram crianças encontradas mortas num rio... Liguei os pontos e já desconfiei.

— Como podemos matá-la? – pergunta Fred, desapontado por não ser uma sereia.

É nesse momento que todos, inclusive Velma, olham para o senhor. Ele entende os olhares e folheia o livro, atrás de uma resposta; eis que ele para em uma página.

— Kappas são inteligentes, podem falar japonês perfeitamente, confundindo os crianças, né? Mas defendem muito seu território. Se você cruzar os limites do território de uma kappa, ela vai te desafiar, não vai te atacar, mas vai te desafiar a uma luta corporal até a morte. No Japão, costumamos dar pepinos pra kappa, pra não atacar nossos crianças, . Além de carne de criança, kappa ama pepino – diz o senhor enquanto traduz o seu livro.

— Tá, mas como matamos ela? – pergunta Fred impaciente.

— Tenha calma, jovem garoto. Kappa regenera qualquer parte do corpo, menos os braços. Corte os braços e ela ficará vulnerável... Aço, gengibre e gergelim queimam como fogo.

— Então cortamos os braços da vadia e enfiamos uma faca de aço banhada em gengibre no coração dela – diz Daphne, chamando atenção de todos por demonstrar tamanha agressão em seu tom de voz.

— A garota está certa. Agora, se não forem comprar meu incenso, caiam fora – diz o senhor com um sorriso forçado.

O grupo sai da loja, todos carregando pequenas sacolas com incensos.

— Do que adianta um incenso contra uma kappa? – pergunta Fred.

— Se você é tão ignorante para perceber, os incensos são feitos de gengibre. O odor iria afastar a besta. Pensa um pouco, Fred! – diz Velma passando pelo rapaz, seguida pelo restante até a van.

A cena muda e revela o grupo já na van, seguindo em direção ao rio.

­– Mas como podemos ter certeza que é uma kappa? Devemos estar sempre precavidos de ser um mal-entendido, não? – pergunta Shaggy enquanto esfrega gengibre em suas balas.

— Por incrível que pareça, alguém nessa van falou algo lógico – diz Velma. – Você está certo, Shaggy, vamos agora, enquanto ainda está claro, investigar as margens do rio e ter certeza do que é.

Alguns minutos depois, a van para na margem de um rio de água escura e muitos pinheiros ao seu redor.

— Viemos apenas checar, mas não estejam desprotegidos. – diz Velma, enquanto caminham pelas margens do rio.

— O que devemos procurar exatamente? – pergunta Fred.

— Qualquer coisa, desde roupas e brinquedos infantis a pepinos ou escamas verdes – diz Velma.

O grupo caminha por mais alguns metros até ver uma casa na beira do lago, um pouco mais ao norte. Caminham até lá e percebem várias árvores frutíferas nas redondezas da casa; passam direto e batem a porta, sendo atendidos por uma mulher com aparentemente quarenta anos.

— Boa tarde, em que posso ajudá-los? – diz a mulher, forçando gentileza.

Daphne começa a falar, mas Velma toma a frente.

— Somos estudantes de Jornalismo e estamos escrevendo um artigo sobre a riqueza do rio. – diz. Todos olham, sem entender, para ela.

— Oh, e como eu posso ajudar? – pergunta a mulher.

— Visto que você mora nas margens do rio, seria um ótimo complemento para nosso artigo – diz Velma.

— Ah, claro... Entrem.

Os jovens estão sentados à mesa e o cão, deitado no canto da parede, próximo à porta.

— Que animal dócil e educado o de vocês – diz a mulher enquanto serve chá.

— Um ótimo protetor também – diz Daphne.

Após algumas perguntas, todos já haviam entrado no jogo, deixando tudo convincente para a cooperação da mulher.

— E o que você pode nos dizer sobre as recentes mortes nesse rio? – pergunta Velma.

— Nada – diz a mulher, curta e grossa, como se não quisesse falar no assunto.

— Mas você morando aqui... Não viu nada de suspeito? – Velma desvia o olhar e percebe uma grande quantidade de pepinos numa fruteira perto da geladeira, a mulher percebe.

— Como eu disse, nada... Olha a hora, vocês devem ir. Tenho muita coisa a fazer, espero ter ajudado – diz ela enquanto expulsava os jovens de sua casa.

Depois de alguns metros, os jovens concordam em dormir em um hotel e voltar no dia seguinte, mesmo Velma estando pensativa o tempo todo.

Já era tarde da noite, quando Velma sente algo estranho, uma presença em seu quarto. Abre os olhos e percebe uma figura estranha ao lado da cama; ao pegar seus óculos na escrivaninha, percebe que é a kappa, eis que a jovem começa a gritar e rola para fora da cama, evitando ser atingida por um golpe da criatura.

— Shaggy, acorda! – grita Velma, pegando seu machado embaixo da cama.

— O quê? O quê? – Shaggy acorda e percebe sua amiga caída no chão, contra a parede, com um machado em mãos, e uma kappa se preparando para atacá-la. – Puta merda!

Shaggy chama a atenção do monstro, que se vira para o rapaz, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Velma levanta-se e decepa o braço da criatura, que berra de dor. Antes que ela pudesse fazer o mesmo movimento novamente, a besta empurra Velma e salta pela janela aberta, fugindo.

— Você tá bem? – pergunta Shaggy.

— Tô sim, vamos avisar Fred e Daphne e decidimos o que fazer – diz Velma.

Depois do incidente, o grupo decide sair do hotel e dormir dentro da van na beira da estrada. Ao amanhecer, todos já estavam acordados e se preparando para a caçada.

— Como eu disse ontem à noite, aquela mulher é dona daquela kappa – diz Velma, enquanto amola seu machado.

— Sim, você disse, mas não disse como isso é possível – fala Daphne, enquanto segura um incenso e espalha fumaça com a mão.

— Segundo o folclore japonês, uma kappa pode se tornar amigável se você vencê-la em algum desafio ou lhe presentear com algo – explica Velma.

A cena muda e revela o grupo nas margens do rio, onde seguiam um rasto de sangue.

— Você a machucou feio! – exclama Fred, animado.

— Segui os conselhos do Senhor Wong e cortei um dos braços dela.

Como já imaginado, o rasto de sangue termina na casa.

— A kappa está lá dentro, Scooby? – pergunta Daphne ao cão, que levanta o focinho e fecha os olhos; logo em seguida, abre-os e balança a cabeça em afirmação.

O grupo troca olhares, levanta-se da moita em que estava escondido e arromba a porta da casa, revelando a kappa sentada sobre a mesa enquanto a mulher faz um curativo nela.

— Como eu havia dito – diz Velma.

— A culpa não é dela, eu que mandei ela matar aquelas crianças... Na verdade, ela só estava defendendo minha casa e o pomar – diz a mulher entrando na frente da criatura.

— Então você é a culpada? – pergunta Velma e a mulher balança a cabeça afirmando. – Então você que pague.

Velma puxa a pistola do coldre de Fred, que estava ao seu lado, tão rápido que o rapaz nem pôde impedir; logo em seguida, acerta um tiro bem no meio da testa da mulher, que tomba no chão.

— O que você fez? Ela é um ser humano! – exclama Fred.

— E é por causa dela que dez crianças estão mortas – complementa Velma.

A kappa pula sobre a mesa e grita contra o grupo, mas não parte ao ataque, pula contra a janela da cozinha e escapa.

— Ah, não vai fugir mesmo! Pega ela, Scooby! – ordena Daphne.

Os olhos do cão brilham em vermelho e ele repete o movimento da criatura aquática. Berros e latidos são escutados pelo grupo, que já havia saído da casa e seguia em direção ao barulho. Ao chegarem, percebem Scooby em sua forma infernal rolando no chão com a kappa.

— Scooby, aqui! – grita Daphne. O cão entende o recado, morde o braço do monstro com força e o arremessa no chão, bem aos pés do grupo.

A kappa levanta-se e parte em direção a Daphne. Quando estava pronta para o ataque, ela para, seu pescoço sangra e sua cabeça cai para um lado e o corpo, para o outro. Ao cair, revela Velma atrás da besta com o machado levantado e ensanguentado. O fato de o machado ser de aço banhado em gengibre impossibilitou que a cabeça da criatura regenerasse.

— Eu não sei o que aconteceu com você hoje, mas eu gostei – diz Shaggy olhando para a criatura sem cabeça.

Velma sorri envergonhada, mas a verdade é que ela se sentia como uma heroína.


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Notas finais do capítulo

Sobre as fraquezas e dados esquisitos sobre a criatura: Eu só escrevi o que eu achei enquanto pesquisava sobre uahushausahsua
Eu nao inventei tais dados e fraquezas sauhsuahsau
PS: Os erros presentes nas falas do Senhor Wong são propositais.



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