Shinigami Yoroi One-Shot teste escrita por Kasu251


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Como se trata de um teste, a sinopse foi improvisada na hora, mas espero que vos tenha atraído
Bem, já dei as minhas explicações nas notas da história, então apenas venho dizer que espero que a história vos agrade e se possível, comentem para ver se tem futuro ou não



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Ano x673 do calendário imperial, Tayou-Kuni (País do Sol) entrou numa guerra civil. Vários generais formaram os seus exércitos e acenderam as chamas da guerra, tudo para chegar ao topo, ser o novo Shogun que governaria o país.

A razão disso? O despertar de uma nova Era, onde os mais fortes subjugariam os fracos, o país tornou-se uma autêntica selva, homens guiados pelos seus mais simples instintos primitivos batalhavam todo o santo dia para conquistar territórios para os seus Generais, enquanto os mesmos ostentavam em todo o tipo de luxúrias, sem ao menos se importar com os soltados que morriam diariamente por eles, homens cegos com a ambição por poder.

Porém, até mesmo nessa Era podrida e selvagem, existiram grandes nomes que ficarão para sempre marcados na história. São exemplos o brilhante estrategista, Takemura Koubei, o inabalável General, Kumeda Katsuhiro, o ilustre Ninja, Saruyama Sousuke, entre outros…Porém, o nome mais temido seria sem dúvida o Shinigami (Ceifador), um lendário samurai sem nome conhecido, uma sombra no campo de batalha que dilacerava qualquer um no seu caminho, não pertencia a nenhum general, não se sabia nada sobre tal homem, apenas que o seu estilo de combate era capaz de gelar até os guerreiros mais experientes, era como um verdadeiro Ceifador coleccionando almas desafortunadas no campo de batalha, porém, até tal monstruoso homem também teve o seu fim, tal como qualquer humano…

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Ano x849 do calendário imperial, 5ª geração do Shogunato Kashura, Tayou-Kuni encontra-se num perfeito e harmonioso clima onde a paz reina, a Era obscura da Guerra Civil começou a ser esquecia e agora repousa apenas nos livros de história. Pelo menos, é isso que aparenta.

Uma jovem garota, de cabelo prateado-escuro, olhos castanhos e brilhantes, vestida com um belo kimono rosa, caminhava por um extenso bosque, carregava às suas costas um pano amarrado que aparentava estar cheio de coisas, usava também um grande chapéu de palha semelhante aos dos monges viajantes para se proteger do sol.

–As minhas pernas já estão doridas… - Murmurou ela com voz cansada. – Não devia estar por aqui? Já estou procurando há dois dias.”

Enquanto a garota se lamuriava, o chão em que os seus pés assentava começou a se mover de repente, surpreendendo a mesma.

–O qu-

Então uma espécie de lagarto gigantesco surgiu da terra, derrubando a jovem cansada e a espantando. O espécime devia ter mais de 5 metros de comprimento, as suas escamas era alaranjadas pelo corpo e roxeadas nas patas, os seus olhos se moviam em várias direções diferentes como os de um camaleão e a sua boca parecia ser capaz de engolir um bisão sem qualquer esforço.

–Então aqui está… - Murmurou a garota se levantando e olhando fixamente para o réptil. – Uma Salamandra Anciã.

Sem dar tempo a ela de reagir, a Salamandra envolveu o corpo da garota com a sua longa e veloz língua, engolindo-a sem piedade. Acabada a sua refeição, o réptil seguiu o seu caminho.

Porém, o mesmo sentiu uma intensa dor no seu interior, começando-se a mexer euforicamente e guinchando sofridamente, derrubando várias árvores pelo caminho. Então, uma pequena lâmina perfurou a sua barriga de dentro para fora, matando por fim a criatura.

Do cadáver saiu a garota completamente manchada com o sangue escuro do lagarto gigante, trazendo na sua mão esquerda algum órgão do mesmo e na direita uma Kodachi (pequena espada japonesa com cerca de 59 cm).

–Você devia mastigar a sua comida, especialmente se ela ainda estiver viva. – Comentou ela continuando o seu caminho normalmente. – Um fígado de Salamandra Anciã, este era o último item que faltava.

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Numa velha cabana, bem no meio de um cemitério, a garota desenhava uma espécie de circulo mágico em volta de uma enorme armadura samurai negra que a dobrava em tamanho. Dentro da armadura, a garota colocou todo o tipo de entranhas de diversas criaturas e alguns ossos.

–Agora, só resta colocar o ingrediente final. – Comentou ela fazendo um pequeno corte no seu mindinho com a sua Kodachi, deixando algumas gotas escorrerem para o interior da armadura. – O sangue de uma necromante.

Então, o circulo que cercava a armadura começou a bilhar numa intensa tonalidade azul, assim como várias runas escritas por toda a cabana.

–No planto divisor entre o Paraíso e o Inferno, eu ofereço estes sacrifícios em troca da alma daquele a quem estes ossos pertenceram. – Recitava a garota, enquanto um circulo mágico com uma caveira no centro era desenhada na palma da sua mão direita e os seus olhos brilhavam também com uma tonalidade azul. – Que o metal se torne a sua pele e esta marca o seu coração! Rompa as barreiras entre a vida e a morte, meu eterno servo, desperte!

Um gigantesco pulso de energia azul foi expelido da armadura, destruindo a cabana e jogando a garota para o chão com a potencia.

Tudo ficou silencioso, enquanto a garota se levantava e observava atentamente a armadura.

–Funcionou? – Questionou ela curiosamente.

Imediatamente, os orifícios dos olhos da armadura se acenderam com uma luz azul como se fossem olhos de verdade.

–Onde… Estou? – Murmurou uma voz rouca vinda do interior da armadura negra.

–Seja bem vindo à sua segunda vida oferecida por mim. – Falou a garota com um sorriso confiante se aproximando da sua criação. – Meu nome é Fuyuki, prazer em conhecê-lo, Shinigami-san.

–Segunda… Vida? – Indagou a armadura ainda confusa.

–Isso mesmo! Eu sou uma necromante habilidosa. Pesquisei muito sobre você, o lendário Shinigami da Guerra Civil, levou muito tempo, mas consegui encontrar os seus restos mortais, também demorou alguns anos para preparar tudo para o ritual durante isso. Realmente foi trabalho duro. – Explicou Fuyuki animadamente. – Eu preciso que fique ao meu lado para matar um certo homem e vingar a minha mãe. Me sirva com todo o seu poder assassino!”

–… Não. – Respondeu o Shinigami. – Me faça voltar ao mundo dos mortos.

–Muito be-… Como assim?! – Indagou ela surpresa. – Eu estou dando a você a oportunidade de viver de novo!

–Eu nunca pedi isso. – Respondeu o samurai monotonamente. – Não tenho qualquer interesse em continuar vivo, nem em servir você.

“Devo dizer que não esperava uma personalidade assim para alguém que já foi chamado de Shinigami.” Pensou Fuyuki suando frio. “Será que eu errei nos restos mortais?”

–Se você não vai me levar de volta, então eu vou sair daqui. – Suspirou o Shinigami se levantando, porém, quando ia dar o seu primeiro passo, acabou tropeçando e caindo desastrosamente. – Qual é o problema desta armadura? É grande demais! Completamente diferente do meu antigo corpo! Mal me consigo mover nela!

–Estava sendo vendida por um bom preço. – Comentou Fuyuki se agachando perto dele.

–Então você aprisionou a minha alma numa armadura de segunda categoria? – Questionou o Shinigami com um tom de desilusão.

–Deixando isso de lado. Você não me quer ajudar na minha vingança? Pediu a Necromante gentilmente. – Garanto que terá lutas satisfatórias dignas de um samurai do seu tempo.

–Recusado, vá pedir a outro. – Negou o samurai num tom ligeiramente infantil e desrespeitoso.

–Entendo, entendo, então não tem jeito. – Suspirou Fuyuki se levantando e apontando a sua mão direita para a armadura. – Restringir!

De repente, o Shinigami deixou de ser capaz de se mover.

–O que você fez? – Interrogou ele tentando inutilmente se mover, enquanto ela o encostava a um pedaço de parede da cabana que ainda tinha restado.

–Mesmo que você não queira, eu ainda sou a Necromante que te trouxe de volta, tenho total controle sobre o seu corpo. – Respondeu ela exibindo o circulo mágico desenhado na sua mão direita. – Então se comporte e aceite o contrato logo, Shinigami-san.

–Eu não estou interessado em continuar vivendo, estava muito bem antes.

–É mesmo? – Questionou Fuyuki desconfiada. – Sabe, este ritual só funciona com espíritos que ainda estão vinculados com o plano terrestre, normalmente por emoções negativa. O que ainda prende você a este mundo?

Após a dita pergunta, houve um desconfortável momento de silêncio por parte da armadura negra.

–Não tem nada que me prenda aqui. – Respondeu ele por fim.

–Bem, sinceramente não estou interessada. – Suspirou ela se sentando frente a ele. – Vou deixar você preso até me dar ouvidos.

–Você é um demónio. – Murmurou o samurai.

–Ei, ser chama de demónio por um Shinigami não é algo confortável. – Respondeu Fuyuki cruzando os braços. – Me chame no mínimo Bruxa.

“Qual é o problema desta garota?” Pensou o Shinigami confuso.

–Quanto tempo faz desde que eu morri? – Decidiu perguntar o samurai.

–O que é isto? Você afinal está interessado no mundo dos vivos? – Questionou Fuyuki se fazendo de surpresa com um tom de provocação.

–Você vai falar ou não? – Indagou ele de saco cheio.

–Bem, já deve fazer quase uns 200 anos desde a Guerra Civil. – Comentou ela pensativa. – Mas não sei a data da sua morte.

–Entendo, 200 anos… Então a guerra já acabou. – Concluiu o Shinigami serenamente. – Quem ganhou? Que General assumiu o cargo de Shogun?

–Atualmente somos governados pelo clã Kashura. –Respondeu a Necromante com um ar sombrio.

–Então foram eles que venceram a guerra… Surpreendente, na minha época eles não eram mais que um exército pequeno. – Comentou ele pensativo

–O que eles fizeram não pode ser chamado de vitória, até mesmo numa guerra. – Murmurou Fuyuki com a sombra da franja lhe cobrindo os olhos.

–O quê? – Indagou o Shinigami estranhando o comportamento da garota de cabelo prateado.

–O exército Kashura recorreu a magia negra, venenos e todo o tipo de truques sujos possíveis para dizimar todos os outros exércitos… Não, não foram apenas exércitos, pequenas aldeias, centenas, talvez milhares de pessoas inocentes foram sacrificadas em prol dessa “vitória”. – Explicou ela agarrando fortemente o tecido do seu kimono, tentando conter a sua fúria. – O pior é que isso tudo foi encobrido da história! Deixamos um clã como esse assumir o controle do país! E mesmo assim… As pessoas continuam sendo iludidas, venerando o Shogun.

–Como assim? – Interrogou o Shinigami com um tom sério.

–O atual Shogun, Kashura Hideo, anda desviando fundos dos impostos para investir em novas armas… Aquele homem, ele planeja arruinar o período de paz que este país finalmente conseguiu e começar uma guerra com Tsuki-Kuni (País da Lua) para expandir o seu território e obter mais riquezas! – Falou ela com lágrimas de frustração começando a sair dos seus olhos. - Pequenas aldeias já começaram a sofrer com esses impostos, porém não têm poder para falar alguma coisa. Mesmo assim, as pessoas iludidas deste país continua sorrindo ignorantemente! Shinigami-san, eu quero que você mate o Shogun!

–Qual é o problema de sorrir ignorantemente? – Questionou o samurai serenamente, surpreendendo a mesma.

–O quê?

–Você sabe o que significa matar alguém? – Perguntou ele seriamente.

–Claro que sim, eu sou uma Necromante, sei de tudo sobre a vida e a morte. – Respondeu ela enxugando as lágrimas involuntárias.

–Não foi isso que eu perguntei… Você sabe como é matar uma pessoa? – Interrogou o Shinigami com um tom de voz imponente que impressionou a garota. – Você não tem os olhos de alguém que já tenha matado outro ser humano. Tem a certeza que quer contaminar a sua alma seguindo esse caminho sujo?

–Do que você está falando? Você não matou um monte de pessoas? – Gritou Fuyuki com uma leve revolta.

–Exactamente. Por isso sei do que falo. – Respondeu o samurai com um brilho azul nos seus “olhos”.

–A conversa acabou aqui. – Falou ela num tom sério, se levantando e dando as costa para a armadura negra. – Vou arranjar algo para comer, já está ficando tarde.

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Numa colina solitária com apenas uma velha árvore Sakura, um homem repousava encostado a essa árvore, tinha longos cabelos negros, olhos azuis que reflectiam o brilho do luar, vestia um kimono simples aberto no peito e carregava consigo uma katana dentro de uma bainha negra, enquanto bebia um copo de sakê.

Ao seu lado havia uma esbelta mulher de sedosos cabelos negros, vestida com um deslumbrante kimono branco, abraçada a ele.

–O seu corpo é tão quente e reconfortante. – Comentou a mulher num tom gentil

O homem simplesmente encarava o copo de sakê com um olhar pensativo.

–Você vai voltar a lutar? – Perguntou a mulher.

–Não tenho escolha, eu tenho de encontrar aquele homem.

–Então me prometa algo.

–O quê?

–Por favor… Retorne para mim. – Ao fazer o pedido, a mulher ergueu a sua cabeça, revelando não ter rosto.

Então, ela e tudo à volta do homem começaram a arder. Chamas ferozes que consumiam tudo sem parar.

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Foi aí que o Shinigami despertou sobressaltado.

“Então até mesmo nesta forma sou capaz de dormir e ter pesadelos.” Pensou ele olhando em volta. “Realmente é um ritual bem complexo.”

–Mamãe… - Murmurava Fuyuki desconfortavelmente, lacrimejando um pouco durante o sono.

Eu preciso que fique ao meu lado para matar um certo homem e vingar a minha mãe” – O samurai se recordou do pedido que lhe fora feito pela garota.

–No final, ela não falou nada sobre a mãe dela. – Murmurou ele a observando enquanto dormia. – E pensar que uma garota tão emotiva se tornou uma necromante… Também parece que não tem lugar nenhum lugar para viver. Pelo que ela terá passado até chegar aqui?

Na manhã seguinte, Fuyuki acordara com a luz do Sol.

–Bom dia. Já decidiu aceitar o meu pedido? – Questionou ela ainda meio sonolenta.

–Claro, estamos aqui para levá-la de volta. – Respondeu um homem com vestimentas de soltado agachado frente a ela.

–Soldados imperiais!” Exclamou ela exaltada, porém, assim que tentou fazer algum movimento, outros 4 soltados lhe prenderam os membros.

–Isso, não deixem que ela use qualquer magia negra. – Comando o primeiro deles, aparentava ser o líder.

“Parece que as coisas complicaram.” Pensou o Shinigami ainda incapaz de se mover devido à restrição feita pela Necromante.

–Libe- Quando ela estava prestes a falar, o líder calou-a, apertando fortemente a sua face delicada.

–Ela estava preste a fazer algo, vamos precisar de uma mordaça também. – Instruiu o líder com um olhar sádico, apertando cada vez mais a face da garota. – Você continua problemática como sempre, Fuyuki-hime, o seu pai, Shogun-sama, está bastante preocupado pela sua ausência.

“Uma princesa?” Questionou o Shinigami nos seus pensamentos.

Shinigami-san, eu quero que você mate o Shogun!

“Ela quer matar o próprio pai.” Pensou o samurai ao se lembrar das palavras da sua Necromante, nesse momento, os seus punhos se cerraram firmemente.

“Droga! Desta forma não posso libertar o Shinigami da restrição… Mesmo assim não tenho garantia de que ele me vá ajudar.” Pensava Fuyuki tentando se libertar, infelizmente a força bruta de 5 soldados superava a dela.

–Ei, tive uma ideia para prevenir que ela fuja. – Comentou o líder com um sorriso sádico. – Por que não cortamos o tendão de um dos seus pês? Isso nos pouparia trabalho de correr atrás dela de novo.

Fuyuki assustou-se com a proposta do homem, especialmente quando viu o mesmo retirar uma faca da sua armadura. Debateu-se com ferocidade para se libertar, porém inutilmente. Não restava esperança para a garota.

–DROGAAAA! – Gritou o Shinigami se levantando.

–Tinha alguém dentro daquela armadura? – Indagou um dos soldados espantado.

Fuyuki aproveitou que todos se distraíram com o samurai e conseguiu se libertar, ainda dando uma forte cabeçada no líder.

“Ele consegue se mover…” Pensou ela com respiração ofegante. “Ele se libertou da restrição apenas com pura força de vontade?”

–Desgraçada. – Murmurou o líder agarrado à cabeça, onde levara o golpe da princesa. – Cuidem do grandão, eu trato da pirralha.

–Você estava prestes a desistir, não era? – Murmurou o Shinigami, chamando a atenção de Fuyuki. – O que aconteceu com aquela determinação de antes? É tão fraca ao ponto de desistir aqui? Pessoas assim realmente me irritam!

–Você conseguiu um aliado bem barulhento, Fuyuki-hime. – Comentou o líder dos soltados, desembainhando a sua katana.

–Ele ainda não é meu aliado. Mas tem razão. – Respondeu ela retirando a sua Kodachi de uma bainha vermelha com o emblema de uma flor dourada e mostrando uma expressão determinada. – Se eu fraquejar aqui, nunca vou concluir a minha vingança. E também, nunca foi do meu feitio ser uma donzela em apuros.

Os 4 soltados atacaram com as suas espadas, perfurando a grande armadura negra. Porém, para surpresa deles, o Shinigami não soltou qualquer gemido de dor, em vez disso, pegou na cabeça de dois deles e jogou-os contra o chão, com tal força que ambos desmaiaram cuspindo sangue.

Os outros 2 começaram a tremer, mas mesmo assim continuaram a atacar o samurai. Porém, mesmo com aquele grande “corpo”, ele desviava facilmente das investidas inimigas, fazendo-os parecer completos amadores. Durante o ataque, deu uma forte cotovelada no rosto de um deles e pegou a sua espada, logo em seguida, espetou-a no estômago do restante, que se preparava para o atacar pelas costas, tudo num movimento feroz e refinado.

–Acho que finalmente estou pegando o jeito deste corpo. – Murmurou ele largando a espada.

“Desarmado e com um corpo com que ainda não está habituado foi capaz de fazer isso com soldados imperiais. Então este é que é o Shinigami da Guerra Civil.” Pensou Fuyuki fascinada com os movimentos do samurai.

O líder dos soldados atacou-a enquanto parecia distraída, mas mesmo assim ela foi capaz de se defender com a Kodachi. Com um movimento circular, conseguiu se livrar da espada do líder. Mesmo assim, ele continuou a atacar sem dar tempo a ela de respirar.

–Você não foi feita para lutar, princesa. – Declarou o soldado com um ar superior. – Alguém inexperiente como você não devia se quer carregar uma arma.

–Parece que você é que é o barulhento. – Provocou ela defendendo os ataques cada vez com mais dificuldade.

–Sua pirralha. – Falou o soldado com alguma raiva dando um forte chute no estômago, jogando-a no chão. – Você tem sorte pelo Shogun-sama querer você viva.

Ao ver a cena, o Shinigami tento ir auxiliar a princesa, porém o seu caminho foi barrado por mais soldados que chegaram de reforço.

–Era só o que faltava, mais destes caras. – Murmurou o samurai colocando-se na defensiva. – Se ao menos eu tivesse a Nagimaru aqui.

–Você foi muito ingénua, Fuyuki-hime. – Afirmou o soldado apontando a ponta da sua espada para o pescoço da garota. – Tudo será mais fácil se se render.

–Vá para o inferno. – Respondeu Fuyuki mostrando a língua, irritando profundamente o soldado. Aproveitando esse momento, ela perfurou a sua Kodachi no tornozelo do seu adversário, fazendo gritar de dor, enquanto o sangue esguichava. – Você é que foi ingénuo.

–Desgraçada. – Murmurou o líder caindo no chão, agarrado ao seu tornozelo. – Como você se atreve a fazer isto a mim, um tenente do exército imperial?

–Você realmente fala demais, lixo. – Falou ela com um olhar frio e superior, congelando por momentos os nervos do tenente. – Não subestime alguém ligado ao mundo dos mortos.

–A conversa acabou. – Falou o Shinigami pegando nela nos seus braços e começando a correr. – Adeus.

–Ei, o que você está fazendo? – Perguntou Fuyuki surpreendida.

–Eles podem enviar reforços a qualquer momento, agora é a hora de recuar. – Explicou ele continuando a correr com ela nos braços como uma verdadeira princesa.

“Estranho…” Pensou ela encostada ao peito da armadura. “Mesmo ele sendo apenas uma armadura, o corpo dele está quente… Que sensação reconfortante. Não sabia que almas tinham este tipo de calor.”

–Tal como os boatos diziam, ela é uma bruxa como a mãe. – Murmurou o tenente ainda agarrado ao seu ferimento. – O que estão fazendo? Vão atrás deles!

Porém, quando virou a cabeça, vislumbrou uma horrorosa visão. A maioria dos seus soldados estavam gravemente feridos e incapacitados de se mover, enquanto que os restantes já estavam mortos.

–Aquele cara de armadura… Fez isto tudo em tão pouco tempo? – Questionou o tenente perplexo.

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Algumas horas depois, já passado o meio-dia, Fuyuki e o Shinigami estavam sentados no banco de um pequeno restaurante.

–Aquilo foi mesmo inesperado. – Suspirou ela bebendo um pouco de chá. - Tenho de ser mais cuidadosa para não me acharem. Pelo menos já os devemos ter despistado.

–Posso saber porque que é estás sendo perseguida por eles? – Interrogou o samurai.

–Deves ter ouvido, não foi? Sou a princesa deste país, Kashura Fuyuki. – Respondeu ela com tranquilidade. – Eles querem me levar de volta para o castelo.

–Mas o que é que a princesa do país faz saindo do castelo e tentando matar o próprio pai? – Questionou o Shinigami insistente. – E aquilo não me pareceu forma de tratar uma princesa.

–Shinigami-san, eu não me meti no seu passado, agradecia que fizesse o mesmo comigo. – Respondeu ela friamente, mas depois esboçando um sorriso. – Então, decidiu ser meu servo?

–Nunca. – Respondeu ele imediatamente.

–Que rápido. – Comentou Fuyuki levemente espantada.

–No entanto, ontem à noite tomei uma decisão. – Falou o Shinigami olhando para a Necromante. – Eu não vou deixar que uma garota como você trilhe um caminho semelhante ao meu… Por isso… Bem… Eu irei com você e não permitirei que cruze a linha, se alguém tiver de sujar as mãos, esse serei eu. Além disso, não vou com a cara de um Shogun que faz isso com a própria filha.

–Você é tão gentil, Shinigami-san… Chega a ser assustador. - Comentou a princesa se afastando ligeiramente da armadura. – Você é do tipo que vai atrás de garotas novas?

–Como assim? – Reclamou o samurai irritado. – E pare de me chamar Shinigami, nunca gostei desse nome.

–Então qual é o seu verdadeiro nome? – Indagou Fuyuki aproximando-se curiosamente.

–Kotaro… Kurobane Kotaro. – Respondeu ele com alguma hesitação, sentia que faziam imenso tempo desde que falara o seu nome verdadeiro para alguém.

–Kurobane Kotaro… Entendo, vou-te chamar Kuro (Preto), combina com a cor da armadura. – Respondeu ela decidida.

–Eu não pedi para você criar um apelido para mim. – Suspirou Kotaro enquanto um pardal pousava na sua cabeça.

–Bem, está na hora de assinarmos o nosso contrato. – Falou Fuyuki pegando num espeto de dango, que havia sido servido a eles, e comeu um dos bolos circulares. – Toma.

–O quê?

–É uma cerimónia de lealdade.

–Um cerimónia de lealdade faz-se com sakê. – Reclamou Kotaro espantando o pardal com os seus movimentos. – E eu sou apenas uma armadura agora, como vou comer?

–Eu não me dou bem com bebidas alcoólicas. - Respondeu Fuyuki desviando o olhar com vergonha e depois voltando para uma expressão firme. – E não importa se você é uma armadura. A sua força vital vem da minha, por isso você não tem a necessidade de dormir ou comer, mas o ritual que eu escolhi te permite saborear comida e ainda sonhar. Eu queria o ritual que te deixasse o mais humano possível, deve ser ruim ter a sua alma presa a um objecto.

–Isso é uma inutilidade. – Suspirou Kotaro pegando o dango e “comendo”, enquanto o pardal voltava a pousar nele. – Mas obrigado.

–Então agora você é o meu servo?

–Nem pensar.

–Mas você comeu o dango.

–Cerimónias de lealdade só são válidas com Sakê.

–Isso não é justo! Me devolva o dango!

–Já comi.

–Tal vez se eu abrir a armadura…

–Ei, você está falando sério?

Enquanto isso, uma Sakura perto deles começou a florescer, anunciando o começo da Primavera.

–Já agora, você tem a minha espada? – Questionou Kotaro curioso.

–Hã? Não tenho nada disso. – Respondeu Fuyuki enquanto tentava abrir a armadura do samurai, mas este a afastava com a sua mão.

–Idiota, sem a Nagimaru não consigo usar todo o meu potencial. – Reclamou o samurai se levantando. – Preciso dela.

–Sério? Isso parece uma idiotice. Como uma simples espada poder fazer isso? – Comentou a Necromante também se levantando. – Mas tudo bem, primeiro vamos achar a sua espada, conheço alguém que tem todo o tipo de informações.

–Certo. – Respondeu Kotaro olhando para a florida Sakura e pensando. “Parece que recuperei um pouco de desejo de viver. Quem diria?”

Os dois partiram então na sua jornada.

Primavera do ano x849 do calendário imperial, este é o começo da história de duas almas ligadas pelo destino.


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Notas finais do capítulo

Ainda não acabou, já vou postar a história extra
Mas gostaram do que leram? Bem, espero que sim.
Quem quiser ler a minha atual long fic, aqui está o link: https://fanfiction.com.br/historia/546155/Nobi_aquele_que_dominara_o_Japao/