Alma de Coordenadora Pokémon - Fita da Vida escrita por Kevin


Capítulo 7
Primeiro Concurso


Notas iniciais do capítulo

E como prometido para vocês, o primeiro concurso!!!!

Espero que gostem!



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Tin era uma cidade maior e mais bonita que Pallet. Urbanizada, arborizado, prédios espalhados com até dez andares por várias partes. No entanto, o antigo também estava presente e tudo parecia harmonioso, sem que nada quisesse chamar a atenção mais do que o que estava ao lado. Apenas dois locais tinham um ar mais contemporâneo e nem por isso pareciam alienígenas ao ambiente. Um era o centro pokémon com seus dois andares em formato cilíndrico que podia ser visto logo que se entrava na cidade. O outro uma construção arquitetônica que parecia transcender anos a sua frente. Circular com hastes de ferro indo para vários lados. Vidro servindo de parede em muitos pontos. A fachada era como um castelo futurista feito em ferro e vidro.

Flâmulas com nome de pessoas ornavam a entrada, como se estivessem recepcionando aqueles que chegavam. Procurei por um nome em meio as flâmulas, o mesmo que nomeava o local, Complexo Kelly Kornox. Dei passos de costas para ampliar o campo de visão, mas uma fisgada na perna machucada desequilibrou-me. Caí levando alguém junto comigo.

Olhei sem graça, pronta para pedir desculpas, mas a pessoa havia caído numa possa de lama. Eu precisaria de algo melhor do que algumas parcas palavras envergonhadas, ela estava coberta de lama.

Sem gritos, raiva, xingamentos ou mesmo lágrimas. A menina levantou-se como se nada tivesse acontecido, pegando sua mochila, também enlameada, e foi se afastando do complexo, como se estivesse indo embora, sem sequer olhar para mim. Chamei-a pedindo desculpas e descobri que preferia não ter feito isso.

Ela virou-se e fitou-me com olhos frios e sem vida. Não era raiva, deboche, superioridade ou ódio. Eu não sabia o que era. Mas, não apenas tive medo do olhar, tive certeza que não acabaria bem.

 

 

Alma de Coordenadora Pokémon
— Fita da Vida -
Episódio 06: Primeiro Concurso

 

 

Dez minutos de atraso, para mim não era problema. Já estava a quase uma hora sentada num assento acolchoado distraindo-me com o interior do complexo que era um misto de museu, ringue de luta e teatro. Eu nunca havia estado em um lugar como aquele, sequer vi. Havia um grande palco octogonal no meio e os assentos estavam em volta, cada um pouco mais elevado em suas filas, como um funil, permitindo a todos que pudessem ver sem dificuldades. Mesmo os mais afastados podiam ver pelo telão que ficava a uns dez metros, para quinze, de altura do palco, onde até cortinas estavam penduradas para descer e ocultar o palco. Havia ainda os camarotes, que pude olhar antes de sentar-me, eram a parte museu, onde tinha arte de tudo, música, pinturas, fotos, esculturas, além do motivo que me levou ali, coordenação pokémon.

Passos começaram a ecoar pelo local e olhei para os lados, esperançosa que alguém finalmente estivesse chegando. Não fossem os cartazes na porta de entrada e a informação dos seguranças eu já teria começado a achar que estava no lugar errado. Virei meu rosto para a direção dos passos e foi uma coisa instantânea meu arregalar de olhos.

Olhos azuis esverdeados, cabelos dourados, uma camisa social branca, meio aberta, por cima de uma calça preta, que eu achava ser jeans, calçados brancos com detalhes pretos. Usava um cordão dourado no pescoço que tinha como pingente a letra K. Um sorriso, nos lábios e no olhar, que nunca havia visto igual.

O bronzeado de olhos amendoados que derrubei na quarta, era muito bonito, eu admitia fazer meu tipo. Mas, aquele loiro era algo divino. Desviei o olhar temendo estar dando muita bandeira. Mas, escutei os passos ficando mais alto e quando voltei a olhar ele estava parado na minha frente, olhando-me curioso.

 

— Posso ajudá-la? - Ele me perguntou com um sorriso. - O complexo hoje não está aberto a visitação por causa do concurso pokémon que vai acontecer logo mais. - Ele parou por alguns instantes pensando. - Não sei nem como conseguiu passar sem ser coordenadora. -

 

— Mas, sou coordenadora! Vou participar deste concurso! - Eu disse e levei a mão ao bolso estendo minha carteirinha de coordenadora e minha guia de inscrição. -

 

Ele pegou olhando as duas atentamente, na certa pensando sobre o fato da carteirinha ser provisória e não uma permanente em um dispositivo. Revirou os olhos dando uma risada gostosa.

 

— Desculpe-me, senhorita Miller!. - Ele devolveu meus documentos. - É que realmente eu não esperava coordenadores assim! -

 

Abaixei o olhar sem graça e entendia perfeitamente o comentário. Eu estava usando calça e blusa de moletom cinza, que apesar de nada gastos e não parecerem roupas de dormir, não eram as vestimentas usuais dos coordenadores para um concurso. Além disso, meu rosto estava com um belo hematoma de ralado. Talvez o boné estivesse destoando, mas precisava esconder o desastre que meus cabelos haviam se tornado. Na verdade, tudo era para esconder algum desastre em mim.

Acho que ele percebeu minha envergonha, pois de repente franziu o cenho e em seguida voltou a sorrir.

 

— Não estava falando de sua vestimenta ou do machucado em seu rosto. Entendo que alguns acreditem que uma das qualidades do coordenador é estar garboso para todos as situações e com uma aparência impecável. Mas, imprevistos acontecem e não acho que isso interfira nas suas qualidades de apresentação. - Ele pareceu-me sincero ao dizer aquilo e fiquei até aliviada. Até resolvi ignorar que ele lera-me com tanta facilidade. - Não estava esperando coordenadores assim, chegando umas três horas antes do previsto com a organização deixando-os totalmente deslocados. -

 

— Três horas? - Aquela informação parecia tão errada. Olhei para o relógio acima do palco que marcava pouco mais de onze horas. - O concurso não começa meio dia? -

 

— Mais um que não recebeu o aviso! - O sorriso desapareceu dando lugar a um olhar de irritação. - Imagino qual o método tão eficiente que eles utilizaram para avisar isso aos coordenadores inscritos e a populaçao. - Ele pareceu realmente irritado com algo, mas respirou fundo acalmando-se. - Kanto foi agraciada com duas tempestades seguidas. Alguns alagamentos, árvores caídas, deslizamentos, postes e alguns outros incidentes que só mesmo a natureza para conseguir causar. Com isso, muitos coordenadores não chegaram, o que faz nosso número ser reduzido. Mas, o Top Coordenador Elliot, o mestre de cerimônias de Kanto, também não! - Ele viu que fiquei assustada com aquilo. - Não se preocupe. A equipe está toda aqui, com quase tudo organizado. Infelizmente, os espertos seguranças e secretários da ACP não te avisaram sobre a mudança de horário do meio dia para as três da tarde. Vocês só precisam estar aqui as duas. -

 

Levantei-me meio desnorteada. Achei que o tempo de situações idiotas tinham terminado.

 

— Não precisa ir embora! Pode ficar no complexo o tempo que desejar! - Ele sorriu. - Só não terá ninguém para te dar atenção até uma hora antes de começar o evento. -

 

E novamente aquela leitura repentina e precisa. Sou quase um livro aberto, não sei mentir, não consigo esconder as coisas das pessoas. Mas, ele não teria como ser tão assertivo sobre o que se passava na minha mente, teria?

 

— Acho que vou dar uma olhada por ai, mesmo sem companhia. - Sorri. - O local é belíssimo! -

 

— Obrigado! - Ele agradeceu com aquele sorriso e me perguntei o que eu havia dito. - Se ficar com dúvida ou curiosa sobre algo, procure-me depois do concurso! -

 

— O lugar é seu? - Arregalei os olhos. Instantes depois eu percebi que ele poderia ser um funcionário ou qualquer coisa do gênero, mas ele balançou a cabeça confirmando a informação e segurando uma risada da minha reação. - Achei que fizesse parte da organização. -

 

— Por favor, não me ofenda desta forma! - Ele pareceu não gostar da ideia dele fazer parte da organização. Mas, logo deu um sorriso e estendeu a mão para mim. - Meu nome e Kenan Kornox! -

 

Sabe aquele momento onde a pessoa se apresenta e espera uma reação, bem aconteceu ali e eu não reagi. Claramente ele esperava que o nome dele fizesse algum sentido para mim. Segunda vez que eu me sentia uma idiota no dia do meu primeiro concurso. Acabei sozinha vagando pelo local, um dos mais lindos e inspiradores que já vi na vida.

O local exalava arte, principalmente a pokémon. Havia uma ala dedicada a coordenação pokémon que eu amei. Não havia nada que eu realmente compreendesse, para falar a verdade. Mas, eu tenho certeza que poderia pensar em uma apresentação com algo que tivesse ali. Era para eu me sentir para baixo, já que o que eu havia preparado para hoje parecia tão inferior, mas me sentia inspirada. Realmente empolgada com o mundo da coordenação e não só com a taça.

Eu não estava pronta para participar de um concurso ainda. Tinha dois dias que havia recebido Audino e treinei apenas na sexta com ela, após entender que ela gostava de dar na minha cara sempre que eu derramava lagrimas. Era algo próprio dela, não gostar de tristeza e o fato dela possuir uma audição que podia escutar meus batimentos cardíacos era uma vantagem e tanto para ela saber quando eu estava prestes a chorar.

Mas, era uma oportunidade que eu não podia perder. Concursos pokémon normalmente possuíam no mínimo dezesseis competidores e aquele iria ter apenas oito. Quando Angel me propôs participar em Kanto ao invés de Johto eu fiquei preocupada, havia assistido três temporadas de concursos de Jotho e aprendido a tendência de cada um dos jurados, que costumavam repetir. Mas, um concurso com tão poucos era uma oportunidade de começar bem.

Oportunidade era a palavra usada para nominar uma situação favorável, conveniente ou útil. A quem diga que se você não a agarra quando ela surge, você é um idiota e eu estava cansada de ser chamada desta forma. Aceitei participar da temporada de concursos em Kanto.

Era quase a hora marcada para nos reunirmos quando passei num corredor que não havia passado ainda, estava cheia de troféus e placas de premiações. Contei vinte uma premiações, mas eu tinha a impressão que algumas placas com os nomes também eram. Eu estava impressionada com a coleção, ainda mais que o intervalo de conquistas era dos três últimos anos e todas do Kenan Kornox.

Ele havia conquistado a Liga Pokémon de Kanto, Jotho, Ilhas Laranja e da Batalha da Fronteira. Era por isso que ele esperava que eu o reconhecesse, ele passou os três últimos anos ganhando tudo que é competição como treinador e deve ter saído em todas as revistas e jornais, principalmente por ter conquistado a Batalha da Fronteira em simultâneo com a Liga de Kanto, ao que tudo indicava. Eu falei com um multi campeão e nem sabia.

Pior, Kornox era o sobrenome da pessoa que nomeava aquele complexo. Seria a esposa dele? Não seria possível! Na estante de troféus havia um carteirinha provisória falando que ele começou a ser treinador a com quinze anos e teria dezenove anos naquele dia. Ele era praticamente da minha idade!

 

— Impressionante, né? -

 

Virei-me para o lado e vi um garoto de cabelos pretos e roupa azul. Meio gordinho, a roupa era uma espécie de macacão com detalhes arrojados. Ele falou com um tom de deboche e olhava as premiações de Kenan com certa inveja e ao mesmo tempo, despeito.

 

— Ele realmente ganhou a Liga de Kanto e a Batalha da Fronteira, no mesmo ano? - Questionei sem me importar muito sobre quem era o garoto. - Desculpe-me, sou Mirian! -

 

— Blue! - Ele disse e entendi que deveria ser o nome dele. - Acredite, ele é tão repulsivo quanto parece ser talentoso. - Ele comentou. - Mas, não quero falar disso agora. Falar dele tira minha concentração e será meu primeiro concurso. -

 

— Meu também! Estou tentando me acalmar para isso. - Eu disse suspirando e percebi que ele me olhou confusa.

 

— Você também vai competir? - Ele questionou e eu apenas acenei com a cabeça. - Não acha que deveria ir se arrumar? -

 

— Já estou arrumada. - Eu disse meio incerta. - Não estou legal? -

 

— Bem... - Ele pareceu querer evitar responder e sorriu. - É um oficial? Nunca vi dele cinza! -

 

Ele foi muito mais rápido do que eu poderia imaginar que uma pessoa poderia ser, de repente ele estava com meu boné na mão. Olhei assustada e vi Blue com ele na mão analisando-o. Eu levei a mão na cabeça, com vergonha.

 

— Aconteceu uma terceira tempestade no seu cabelo? - Ele perguntou segurando uma risada. - Havia pego-o para desconversar sobre seu visual, mas ... - Ele começou a rir. - Quer competir em concursos assim? -

 

Como eu odiava aquele tipo de coisa. Mas, antes que eu pudesse fazer algo, alguém passou por mim e derrubou o menino. Arregalei os olhos ao perceber ser a mesma menina que derrubei na lama.

 

— Doida! Me solta! - Ele berrava ao ter o braço virado enquanto ela parecia realmente ter a intenção de quebrá-lo. - Ta doendo! -

 

Ela o soltou e ficou observando ele se levantar apressado e correr por um dos corredores gritando. Eu estava paralisada imaginando o que havia dado nela para fazer algo assim com ele. Imaginei-me no lugar dele devido a tê-la derrubado na lama. Ela se abaixou e pegou o boné caído no chão e parou na minha frente com ele esticado.

 

— O-Obrigada! - Eu disse pegando o boné e recolando imediatamente na cabeça tantando não encará-la.

 

A menina era linda e estava vestida de uma forma simples, mas muito atraente. Tinha uma pele clara, olhos verdes brilhantes e um cabelo ruivo muito bem tratado preso em um rabo de cavalo bem simples, provavelmente porque eu destruí o penteado mais cedo. Uma calça preta justa com uma sandália de salto baixo preto e uma blusa vermelha que deixava amostra os ombros e a barriga.

Se antes eu não me sentia bem com o meu visual, agora eu me sentia pior. Não apenas pelas roupas, mas pelo corpo. Ela tinha tudo nas proporções que diziam ser as certas para uma menina da minha idade ser considerada linda, ou até um pouco mais que isso.

 

— Fez isso por mim? -

 

Ela já caminhava para longe de mim, pelo mesmo corredor que Blue havia pego e que eu deveria pegar para não me atrasar. Ela parou, virou-se e me deu aquele mesmo olhar vazio que eu não conseguia entender. Eu não esperava que ela dissesse alguma coisa então me virei para pegar outro corredor para evitar problema.

 

— Quero você inteira para eu te queimar viva no palco! -

 

Parei sem acreditar no que havia ouvido. Não havia emoção ou mesmo força nas palavras dela. Era como se aquilo fosse algo normal de se dizer. Virei-me para ao menos vê-la dar um sorriso sínico, de deboche ou qualquer outra expressão, mas ela já não estava mais lá.

Havia sido um acidente. Não tinha intenção de sujá-la ou mesmo derrubá-la. Mas, no primeiro concurso eu havia feito uma inimiga que não apenas intimidava com o olhar, agora fazia ameaças. Fiquei parada no mesmo lugar por algum tempo, até que escutei meu nome ser chamado umas três vezes e logo após alguém me sacudir.

 

— Sonhando acordada ou paralisou novamente? -

 

Havia acontecido de novo, o medo havia me paralisado. Olhei em volta e vi Aries tomando um suco, ao lado de Angel, ambos encarando-me e soube que um deles havia sacudido-me. Escutei meu nome sendo chamando, novamente, pelo sistema de som local. Eu estava atrasada!

 

— Preciso disso! -

 

Peguei o copo de suco de Aries e o tomei tudo de uma vez enquanto corria pelo corredor. Escutando Aries gritando qualquer coisa, mas eu não tinha tempo. Eu havia ficado com medo o suficiente para me paralisar. Não podia correr o risco da fome me fazer perder o poder de raciocínio.

Apertei os passos pelo corredor que o garoto de azul e a ruiva haviam começado a seguir antes de eu ficar imóvel. Cheguei a parte da sala de espera onde os outros sete já estavam prontos, belos em suas roupas, com pokebola apostos e escutando atentamente a Elliot que revisava as regras. Ele interrompeu a fala e encarou-me por um mero instante, assim como todos.

Lá estava Blue tentando conter uma risada, a ruiva que me olhava de forma vazia e para minha surpresa, o garotinho de cabelos verdes da beira da estrada que só deveria receber alta na semana seguinte. Mas, o olhar de nenhum deles causava mais pressão que o olhar de Elliot Gray!

Era um jovem com seus vinte e seis anos, com cabelos prateados e um smoking igualmente prateado, até o sapato era prata. Não sei exatamente o motivo daquilo, se era estilo ou algo que ele adotou devido a seu nome. Nem sabia se era um nome artístico, sinceramente. Eu nunca havia escutado falar sobre ele, que avaliava-me e só então me toquei, eu estava com as mesmas cores que ele. Será que ele achava que estava tentado imitá-lo ou puxar o saco?

Ele voltou as regras e fui até um espelho. Estava um pouco assustada devido a corrida, mas quase tudo em ordem. Respirei fundo virando-me para juntar-me ao grupo, mas a reunião havia acabado.

 

— Deixe uma mexa para fora do boné, ela cairá sobre a ferida em seu rosto ocultando-a e dando um pouco mais de charme. - Escutei a voz baixinha e tímida impelindo-me a olhar para o lado. Era uma menina do cabelo azul, cortado curtinho trajando uma espécie de quimono rosa - Assim? - Eu tentei fazer o que ela falou e ela acenou com a cabeça. - Obrigada! -

 

— Somos todos novatos. Toda ajuda é bem vinda! - Ela sorriu. - Você será a última a se apresentar, foi um sorteio, mas como não estava... - Ela disse saindo.

 

— Obrigada e boa sorte! - Agradeci vendo-a sair do local para dirigir-se ao palco.

 

Será que ela estava sentindo a pressão de ser a primeira no palco? De ser aquela que abriria os trabalhos do dia? Era a primeira apresentação dela também e isso parecia bastante pressão. Não que ser a última não colocasse alguma pressão em mim também!

Olhei no espelho e realmente havia ficado bom a mecha caída. Havia um telão ali para podermos acompanhar a abertura e as apresentações, mas sai da sala e me encostei na parede próxima a porta. A competição havia começado e eu havia planejado aquele momento e sabia exatamente como eu era, agora mais do que nunca. Eu não queria ver a apresentação de ninguém, ou ficaria comparando-as a minha. Assim como na fase dois, se eu passasse, não assistiria a luta de ninguém, para não ficar imaginando como derrotar o próximo oponente, sem ter vencido o meu atual ainda.

Agora, que eu sabia que sob pressão eu me desesperava, eu não podia mesmo assistir as outras apresentações. Eu poderia por tudo a perder. Eu aprendi sobre mim mesma nessa semana e a melhor coisa a fazer era fechar os olhos e esperar minha vez, longe dos comentários de todos. Mas, via coordenadores indo e voltando, aplausos ecoando pelo complexo e minha vez aproximando-se. Até que meu nome foi chamado e caminhei pelo corredor.

No caminho, exatamente no meio do corredor, passeio pelo garotinho de cabelos verdes, apoiado na parede com um olhar estranho, parecia exausto e preocupado. Ele me olhou e deu um sorriso forçado. Imaginei que a apresentação dele tivesse sido cansativa ou que ele esperava menos pressão. Segui meu caminho até o palco.

Do palco o complexo parecia muito maior. Nunca tive problemas de falar em público, mas nunca havia feito isso para um público tão grande e sendo avaliada. As luzes do local quase me cegaram no primeiro momento. Os três jurados estavam sentados em três plataformas em uma parte do octógono.

O primeiro era o senhor Sukizo, respeitável membro da famosa e tradicional família Sukizo. Eram cofundadores da Associação de Coordenadores Pokémon, a ACP, e atuavam como jurados por muitas gerações. Assim como a família de Joy's e oficiais Jane's, os Sukizo's eram todos parecidos e todos trabalhavam com concursos pokémon. A função deles nos concursos eram basicamente a avaliação da novidade. Avaliar se a apresentação era uma copia, uma farsa ou mesmo algo original e inédito. Baseado nisso ele dava sua nota.

O segundo jurado era a enfermeira Joy do Centro Pokémon de Tin. Um costume trazer as enfermeiras mais próximas do local do evento para ser uma jurada. Isso porque as enfermeiras tinham suas avaliações baseadas no quesito saúde! avaliavam se o pokémon estava bem cuidado, fazia os movimentos no melhor de sua forma física e até mesmo se estavam dopados. Tendo ela tratado, ou ao menos examinado, os pokémon de todos os participantes que passam pelo centro antes de suas apresentações na precaução de conferirem se seus pokémons estão nas melhores condições, o trabalho dela era facilitado por já vir para o palco sabendo o que encontraria.

O terceiro e último jurado, no entanto, era uma surpresa. Treinador pokémon multi campeão com beleza e sorriso divinos. A função do terceiro jurado era muito variada já que era sempre uma celebridade do mundo pokémon que estivesse próximo ao local do concurso. Aquele por ser um treinador iria, provavelmente, avaliar a forma como cada movimento era usado e o poder que cada golpe possuísse. Eu deveria supor que alguém como Kenan iria ser o jurado convidado.

O resultado para mim era não ter muita chances com nenhum deles. Um pokémon inicial tinha suas qualidades, mas nada que chamasse a atenção no quesito saúde, também não saberia executar técnicas de forma sublime e por fim eu não tinha conhecimento grande da infinidade de apresentações já feitas para poder dizer que a minha era original.

 

— Mirian Miller, coordenadora iniciante de dezesseis anos ,da cidade Holy em Jotho! Este é o primeiro concurso dela. - O público aplaudiu a pequena apresentação que Elliot fazia. - Vejamos como será o inicio de sua carreira! É com você garota! -

 

Respirei fundo e levei a mão no bolso pegando a pokebola. Procurei algum rosto conhecido no meio daquela multidão, mas não consegui precisar onde estava Aries e Angel. Bom, talvez assim fosse melhor! Ampliei a pokebola e a lancei para o ar. Ela se abriu e o raio de luz branco materializou minha pokemon que arrancou suspiros apenas de aparecer. Dei dois passos para trás deixando-a com todas as atenções.

 

— Audino Terreno Enevoado! -

 

Falei com uma dicção limpa, cabeça erguida e sem sorrir muito. Um comando calmo e simples. Suavemente Audino espalmou suas mãozinhas na frente do seu corpo, sem esticar os braços totalmente e foi enviando os braços, cada um para um lado e com isso uma névoa branca e fina foi surgindo pelo palco.

 

— Olhos de Bebê nas duas posições combinadas! - Disse em tom firme.

 

Eu já sabia que o palco era muito grande e minha apresentação podia levar apenas um minuto neste concurso. Desta forma instruí Audino a fazer o movimento virada para onde estivesse uma câmera, assim o telão a focaria para todos poderem percebê-la. Mas, nunca passou pela minha cabeça aquele tipo de palco. Ouvi suspiros emocionados vindos da plateia quando ela atendeu meu pedido. Mas, os jurados ainda estavam um pouco desorientados no que acontecia. Agora era fazer o efeito neles.

De dentro da névoa, Audino começou a emergir, lentamente, próximo a mesa dos jurados, com seus olhos azuis brilhando intensamente em ar meigo e doce. Ela chegava a piscar sorridente para eles e sorriam de volta sem conseguir ter outra reação, a não ser a mesma que já feita pela plateia.

A nevoa se desfez no momento que Audino conseguiu voltar para sua marcação e uma chuva de aplausos começou. Meu coração batia forte, eles haviam gostado! Estava com aquele sentimento de dever cumprido, um trabalho bem executado! Perguntava-me se minha mãe assistiu aquela apresentação e o que havia achado. Foi então que percebi, não havia entrado em contato com ela ainda. Preparei-me para recolher Audino, mas senti um leve toque no ombro e vi Elliot sorrir para mim e apontar, de forma discreta, algo que eu não estava percebendo.

Audino parecia se divertir com os aplausos. Era verdade, o mérito era toda dela. Eu ainda não estava conectada a minha pokémon, apenas sabia que, ela através de sua audição privilegiada, sabia quando um coração batia diferente e identificava até a tristeza. Tristeza que ela odiava e resolvia arrancar nos tapas. Foi bom aprender isso rápido!

 

— Uma apresentação realmente incrível para uma novata! - Disse Elliot Gray saindo do meu lado. - Não se esqueçam desse nome, Mirian Miller! Com certeza pode ser uma surpresa neste ano. - Eu adoraria que isso realmente viesse a acontecer. - Vamos ouvir nossos jurados! -

 

— Fantástico! A combinação de beleza e impacto foram fantásticas! - Aquele era o senhor Sukizo. Em todos os vídeos que vi eles eram pessoas de pouquíssimas palavras.

 

— A pokémon está em ótima forma! Conseguiu se mover rápido e com graciosidade para os movimentos que não eram esperados. Além disso, foi muito fofo! -

 

Sim! Era esse o efeito que eu queria causar!

 

— Uma combinação interessante de dois movimentos pokémon que possuem efeitos tão distintos e que não se complementariam. Deixando de lado o efeito que o movimento causa em outros seres vivos, a senhorita Miller explorou o efeito visual de cada movimento para criar sua combinação. Um belo trabalho! Talvez o melhor que vi até agora, de um novato! -

 

— E essa foi Mirian Miller! -

 

Sai do palco recebendo todos aqueles aplausos já envergonhada e contendo-me para não vibrar como uma criança. Eu havia sido elogiada pelos três jurados. Eu havia sido elogiada pelo treinador multi campeão. Eu realmente havia acertado na escolha da apresentação, mesmo tendo tido tão pouco tempo.

Acordei na sexta feira indo direto para um computador do centro pokémon e puxando uma lista de movimentos que Audino poderia ter. Depois de achar um lugar reservado, pedi a Audino para que ela tentasse cada um deles para eu ter a certeza de qual era e pudesse vê-la realizando. Inicialmente ela não conseguiu me acompanhar, precisei pedir o nootebook de Angel emprestado para mostrar a ela o movimento que eu estava falando. Ela sabia dez movimentos, o que eu não sabia se era muito para um pokémon que eu nunca havia treinado. Mas, eu não reclamaria ou questionaria minha sorte!

A combinação dos dois movimentos surgiu naturalmente na minha cabeça, ou talvez eu tivesse lembrado de um trecho dos vários concursos que eu assistira com minha mãe. O fato era que eu queria usar o Olhos de Bebê para mexer com o sentimento do publico, principalmente dos jurados.

Olhos de Bebê é um movimento que causa admiração no alvo a ponto dele diminuir sua velocidade de ataque, permitindo que o usuário atacasse primeiro a partir daquele momento. Literalmente, um momento de distração com base na súbita admiração. Mas, eu não queria atacar ninguém, queria a admiração. Audino ficava com olhos encantadores, como os de um bebê lindo. Com aqueles olhos azuis era um efeito que eu mesma demorei para me recuperar achando extremamente fofo.

Mas, sabia que apenas usar um movimento não iria garantir meu acesso a próxima fase, principalmente porque eu precisava preencher ao menos trinta segundos de apresentação e o movimento seria feito em menos de dez se fosse apenas comandar o ataque. E imaginei que se de repente eu já desse de cara com esses olhos bonitos, brilhando no movimento, o efeito seria ainda maior do que vê-la realizá-lo. Por isso usei o único movimento que tinha disponível para ocultá-la, Terreno Enevoado.

Terreno Enevoado usava de nevoa para desabilitar o terreno, o que não tenho ideia do que venha a ser, e proteger a todos de status, o que ainda não sei o que é também! Mas, o que me interessava era a névoa que surgia e ali ficava por um ou dois minutos aproximadamente. Assim, Audino podia se movimentar tranquilamente, ocultando-se usando o efeito visual nos seus olhos, ela teria chances. A nevoa deveria ficar mais se Audino tivesse mais nível, mas eu queria pouco tempo mesmo!

 

— Boa apresentação! -

 

Como havia sido a última eu precisava voltar para a sala de espera, ou não veria o resultado das notas. Era um momento de relaxar e torcer, mas sentia que havia passado! O que eu não esperava era ser recebida pelo garota de cabelo azul curtinho, eu não havia assistido a apresentação dela e sequer sabia o nome. O que eu deveria dizer?

 

— Você também foi bem! - Eu disse e ela riu de automático. Lembrei, não queria nunca mais passar pelo que aconteceu da última vez que menti. - Na verdade, não assisti a apresentação de ninguém. Estava tentando me manter calma. Desculpe! -

 

Ela sorriu balançando a cabeça indicando que estava tudo bem.

 

“Belíssimas apresentações tivemos hoje, algumas que mudam alguns conceitos. No entanto, tenho certeza que hoje o publico apreciou o fato de termos apensas novatos debutando com todos os seus anseios. Eu diria que será um prazer acompanhar esses oito por toda temporada e ver a evolução de cada um! E parafraseando nosso anfitrião, Kenan Kornox, com algumas alterações, talvez o melhor inicio que vi até agora, para novatos!”

 

Foi de repente, a tela se ligou e o anuncio de Elliot começou. Então, após ele terminar, vi a lista surgir na tela, primeiro só em ordem alfabética com nossas fotos e finalmente soube que a menina do cabelo azul se chamava Hina. As notas apareceram na frente de nossos nomes, fui ver a minha, mas antes que eu conseguisse identificar foi reordenado pela ordem de classificação e fiquei perdida. Quando consegui me achar eu não acreditava no que estava acontecendo. Hina era a quinta e por isso não iria para a próxima fase. Tommy, garotinho de cabelos verdes, era o quarto. Blue era o terceiro, Rachel, a menina ruiva e que prometia me queimar viva, a segunda e a primeira era eu com trinta pontos.

 

— Você fez uma pontuação perfeita! - Hina falou abismada.

 

Pontuação perfeita! Em concursos com três jurados cada um dava sua nota de zero a dez, as notas eram somadas e assim a classificação era gerada. Se por ventura houvesse empate Elliot, o mestre de cerimônias, desempatava. Eu havia sido perfeita na primeira fase.

Todos me olhavam esperando uma reação minha, mas eu queria ligar para minha mãe para que ela soubesse que foi por ela, que era para ela! Mas, o concurso continuava e a tabela da segunda fase havia saído. Rachel e Blue se encontrariam para um embate, logo depois que eu e Tommy tivéssemos nossa luta.

Olhei para Tommy que estava sentado, durante todo o tempo. Eu tinha a impressão dele estar muito cansado e suando. Não pude fazer muito mais que olhá-lo já que nossos nomes foram anunciados, era a deixa para irmos para o palco.

Andei com calma e parei na entrada do palco, na saída do corredor, e alguns instantes depois Tommy parou ao meu lado enquanto Elliot fazia a introdução da segunda fase. Olhei-o e ele parecia estar tremendo, o nervosismo dele era evidente. Eu estava nervosa, mas conseguia me controlar. Talvez fosse a diferença de idade.

 

— Jovem de pontuação perfeita na primeira fase, mostrando a que veio! Mirian Miller de Holly, em Jotho! -

 

A plateia parecia enlouquecida. Entrei e vi tanta gente gritando meu nome e aplaudindo que me senti desorientada. Era o efeito da pontuação perfeita! Resolvi não olhar tanto para o público e fitar apenas Elliot.

 

— O nosso mais jovem coordenador abrindo caminho a base dos poderosos chicotes de seu Bulbassaur, Tommy Oliver de Pallet! -

 

A plateia aplaudiu-o, mas não com tanto entusiasmo. Senti-me mal por isso, mas não havia o que eu poderia fazer.

 

— Comecem! -

 

A segunda fase de um concurso pokémon era mais complexa. Uma batalha onde você precisava lutar contra o adversário, o tempo e a falta de classe que existe numa luta. Meu problema aumentava pelo fato de eu e Audino nunca termos realizado uma única batalha.

Eu saquei a pokebola e fui lançá-la, mas algo cochou-se, levemente, com meu pé. Olhei para baixo e vi uma pokebola ampliada junto ao meu pé. Olhei para Tommy que parecia arfar e olhava para os meu pés. Aquela era a pokebola dele?

Eu já sabia, mas acredito que estava distraída demais com o torneio para entender. O garoto passou por duas tempestades, ficando agarrado a arbustos por um dia inteiro, aparentemente fugiu do hospital sem receber alta, ficou exausto com uma apresentação de um minuto onde ele deveria apenas ficar em pé e dar meia duzia de comandos, não conseguiu expressar animação quando classificou-se para a segunda fase de seu primeiro concurso, suava e tremia por algo que eu achei que era nervosismo. Mas, eram tudos indícios de quem estava passando mal. Sintomas que eu reconhecia, mas que não estava me atentando.

A conclusão veio com um baque surdo. Tommy desabava no chão e por impulso lancei-me até ele. Tentei erguê-lo, chamando pelo nome dele enquanto Elliot se aproximou rápido e fazia sinal para alguém.

 

— Volte para... para... estamos no meio de um concurso... -

 

Tommy parecia delirar. Sentia a pele quente, suada e a respiração totalmente irregular. O corpo as vezes parecia convulsionar em meio a uma ou outra tremedeira. Ainda assim, ele tentava se erguer, pegar sua pokebola e continuar o concurso. Por que? Era só um concurso!

Os paramédicos chegaram rápido, afastaram-me enquanto avaliavam-no. Eu me levantei enquanto via alguém fazer um sinal para Elliot e uma maca entrar apressada no palco.

 

— Aparentemente Tommy Oliver não tem condições de seguir no concurso por algum problema de saúde. - Ele olha para o placar. - Infelizmente, a partida já havia sido iniciada e com isso ele está sendo desclassificado. -

 

Ele pareceu realmente sentido com aquilo, mas não mais do que eu, pois precisei ser conduzida para fora do palco. Parecia impossível que aquilo tivesse acontecido. Entendia que ele havia passado por duas tempestades e o resultado era ele ficar doente. Entendia que era um concurso com oito coordenadores era uma oportunidade que talvez fizesse alguém participar do evento, mesmo debilitado, e imagino que sem autorização médica. Mas, por que, mesmo delirando, continuar tentando participar?

 

— Você deveria estar vendo isso! -

 

Hina veio até a porta falar comigo. Eu ainda estava seguindo a estratégia de não me pressionar assistindo a batalha dos outros. Olhei-a e pretendia explicar essa minha estrategia e necessidade de não ver a batalha, mas algo completamente diferente saiu de minha boca.

 

— Por que ele continuou querendo lutar mesmo delirando? -

 

Hina olhou para mim sem entender e mais tarde eu saberia que as coisas que ouvi sair da boca de Tommy, durante o delírio, não foram transmitidas. Antes que eu ou ela pudéssemos resolver aquela falta de compreensão a plateia explodiu em gritos e aplausos. Rachel e Blue terminaram a batalha. Hina entrou e a segui para saber quem havia vencido e para o meu desespero havia sido Rachel.

Foram trinta minutos para nos prepararmos e saí da sala de espera antes da ruiva chegar. Eu não sabia o quão talentosa ela era, mas eu tinha a vantagem de Audino não ter lutado antes, ao menos cansado o pokémon de Rachel teria que estar.

 

— Fita da Vida! -

 

Aquele complexo era mágico. Eu apenas havia andado a esmo, para me acalmar e quando parei estava de frente para uma fita idêntica a da minha mãe. Ela estava perfeita e reluzia mais do que as minhas lembranças permitiam-me lembrar da fita de minha mãe. A placa dizia que ela se chamava Fita da Vida e parecia pertencer a Kelly Kornox, afinal ali era o painel de suas conquistas e como era grande. No entanto, chamaram meu nome e pude apenas correr sem analisar todo o painel.

Quando cheguei ao corredor, Rachel havia sido apresentada primeiro, talvez porque perceberam minha ausência.

 

— E para enfrentar essa ruiva quente, a garota da apresentação perfeita, Mirian Miller! -

 

Os aplausos agora não estavam na mesma intensidade que quando eu estava para enfrentar Tommy. O que significava que Rachel tinha ganho boa parte do público em sua batalha.

 

— Comecem! -

 

Liberei Audino que saiu de sua pokebola sorridente e ciente que aquela seria uma situação de batalha. Do outro lado, um pokémon que eu conhecia surgiu com cara de poucos amigos. Charmander era um pokémon salamandra de fogo de pele laranja puxada para o vermelho com rabo e uma chama em sua ponta, bípede com garras afiadas e uma carinha simpática. Como eu o conhecia? Era o pokémon favorito de Maurício.

Olhei para o placar começando a repassar rapidamente toda a sistemática de tempo e pontuação, mas Rachel tirou minha atenção.

 

— Esqueça tempo ou pontos, você cai com dois ataques. Cortina de Fumaça e Explosão de Fogo! -

 

Eu não conhecia nenhum dos dois movimentos, mas não significava que não iria fazer nada. Eu iria revidar assim que entendesse o golpe! Vi o Charmander abrir a boca e expelir uma densa fumaça negra que encobriu o palco todo. Eu comecei a tossir, sendo que estava na ponta do palco, minha Audino mais ainda, por estar mais ao centro. No entanto, a plateia estava maravilhada com algo. Escutei um barulho do placar, olhei e percebi que eu estava perdendo pontos. Olhei para o telão e pude ver o que estava fazendo a plateia suspirar maravilhada.

Charmander estava pendurado no alto, em uma das cortinas presas junto ao telão. De alguma forma ele saltou dez para quinze metros e agarrou-se na cortina, começando a carregar algo em sua boca. Certamente o tal Explosão de Fogo. Eu não entendia o que ele estava esperando, mas a espera acabou na hora que a fumaça começou a se dissipar. Minha Audino ficou visível, completamente suja de fuligem e ainda tossindo por causa da fumaça.

Charmander disparou uma espécie de estrela de fogo, maior que ele próprio que foi em direção a Audino!

 

— Desvie! - Gritei o mais rápido que pude, mas não disse como e esse foi meu erro. Ela apenas abaixou-se e como o golpe vinha de cima, ela foi acertada com tudo. Seu corpo foi tomado pelas chamas enquanto o palco sacudia diante a Explosão de Fogo que lançou fagulhas por todos os lados.

 

— Audino! - Gritei ao vê-la imóvel e coberta pelas chamas. - Audino! -

 

Eu gritei-a novamente, mas ela não respondeu e talvez todos os outros já soubessem que ela havia desmaiado com o impacto, menos eu. Por que eles saberiam? Porque no placar e no telão mostravam que Rachel e seu Charmander haviam sido vitoriosos.

 

— Falei que te queimaria viva no palco! -

 

E lá estava a voz vazia e sem emoção que havia prometido me queimar, mas queimou minha pokémon. Era isso que era ser coordenadora? Competir doente e tentar queimar viva os adversários? Era esse o resultado do meu primeiro concurso? Após uma apresentação perfeita ser dominada na fase das batalhas?


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?



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