Alma de Coordenadora Pokémon - Fita da Vida escrita por Kevin


Capítulo 11
Arbok


Notas iniciais do capítulo

E não falhei nesse feriado de Páscoa!!

Acho que esse episódio vai marcar algumas pessoas, vão gostar do que trago e vão sentir, as coisas vão mudar!!!

Feliz ressurreição!!!



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— Mirian? -

A voz me chamava insistentemente, mas eu não estava pronta para encarar ninguém nos olhos ainda. Eu havia precipitado-me de novo e criado uma confusão pior do que a de Pallet. Na última situação que criei fui a única a sair machucada, apesar de Angel e Aries terem tido que conter uma manada de Tauros para impedir alguns estragos.
Hoje, no entanto, eu era a causadora de muitos problemas, tantos que talvez eu nem soubesse dizer se eu realmente tinha a real extensão da situação. Invadi um ninho de pokémon que estavam, tecnicamente, para serem eliminados por suas caças, e não por seus caçadores. Acabei obrigando a Aries a abater as aves, que apesar de não estarem mortas, estavam fora de ação por pelo menos um dia inteiro. Dei um tapa na cara de Aries e o acusei de assassinar o bando de Fearows na frente de todos. A ausência das aves, que eu causei, liberou os Eknas a marcharem para dentro da cidade e ... Bom, na verdade, irão rastejar para dentro da cidade. Independente da palavra que eu deveria usar nesse caso, eles vão deixar os habitantes locais em perigo.
E o que eu farei para ajudar? Nada! Por que estou com medo? Não! Por que Aries me mandou com as crianças para dentro de um dos celeiros e gritou a plenos pulmões que se eu saísse dali estaria por conta própria contra as centenas de pokémon venenosos que estavam para tomar a cidade.

— Mirian, você está me ouvindo? -

Mitto, o filho do dono da casa que nos abrigou na primeira noite, estava ao meu lado tentando falar comigo sobre algo, desde que os adultos deixaram as crianças no celeiro. Então eu tinha que admitir que estava naquele meu mundinho fechado ao qual me escondo quando entro em pânico. Ninguém pareceu ter dado ouvido ao que Mitto indagava e as outras crianças estavam assustadas demais para dar atenção a ele.

— Desculpe-me. -

Gaguejei tentando pedir desculpas por ter colocado a cidade dele em perigo, mas tive a impressão que pareceu que falava apenas da falta de atenção que estava dando a ele, já que ele apenas sorriu quando olhei-o.

— O que dizia? - Questionei-o percebendo que ele talvez fosse o menor ali e eu a maior.

— Você precisa salvá-los! - Eu devo ter feito a cara mais confusa do mundo. Olhei ao redor pensando que talvez eu precisa-se proteger as crianças que estavam ali comigo. - Não nós, crianças. - Ele disse rapidamente ao perceber que eu olhava o celeiro com pouco mais de vinte crianças. - Os Fearows dopados e seus ovos que ficaram em cima dos rochas, totalmente desprotegidos! -


Alma de Coordenadora Pokémon
— Fita da Vida -
Episódio 10: Arbok


Já me perguntei diversas vezes o que fazia pessoas a arriscarem suas vidas em jornadas. Enfiarem-se em matas fechadas, lançarem-se em mar aberto ou subirem montanhas completamente perigosas. Jamais encontrei uma resposta razoável para o senso de aventura que os treinadores possuem, apenas encontrei uma leve compreensão de que a maioria dos coordenadores eram muito urbanos e não colocavam sua integridade em risco por qualquer coisa.
Eu já havia me aventurado por uma floresta desconhecida e escura, mas de forma involuntária. Eu já havia me aventurado em uma tempestade quando estava em busca de redenção quanto as minhas mentiras e suas consequências. Mas, em nenhuma das vezes eu tinha certeza que poderia morrer, mesmo eu fazendo tudo certinho. Era a primeira vez que eu iria correr riscos de forma consciente e ainda assim eu continuava seguindo em frente.
Saí do celeiro paramentada com meus equipamentos de defesa improvisados. Placas de alumínio, feitas de latas, protegendo minhas pernas, um rastelo de ferro, que era a única ferramenta longa que eu aguentava e uma vontade louca de proteger algumas vidas.
Talvez exista algo no mundo que nos prepare, ou que ao menos tente, para as coisas que estão por vir. Da primeira vez que encarei um ninho de Ekans, eu relembrei tudo o que estudei sobre eles, mas naquele momento, onde a cidade estava prestes a ser invadida, eu me sentia na obrigação de por em prática tudo que aprendi na teoria.
Foi um trabalho escolar onde cada dupla, e a minha sempre sendo Maurício, deveria receberia um tipo de pokémon para estudar e realizar uma apresentação a respeito dele. Mauricio queria algo que fosse útil a todos e eu queria algo que fosse muito real, então decidimos escolher um pokémon venenoso comum que pudesse ser um problema para qualquer pessoa desavisada. Ekans foi nossa escolha.
Nossa apresentação mostrou sobre as proteções necessárias para se passar por áreas onde eles habitassem. Qualquer material que fosse forte o suficiente para deter os dentes potentes do pokémon. Se não fosse assim, suas pernas poderiam ser vitimas das mordidas envenenadas. Claro, existe um movimento chamado Crunch, que é como uma super mordida que destruiria o metal facilmente, mas ai teria que ser algo de um pokémon de muito nível.
O segundo passo de nossa apresentação era que nenhum pokémon gostava de aproximação por trás, e que encará-lo de frente era a melhor estratégia, principalmente se o problema fosse apenas uma invasão de território. Engraçado que eu não consegui fazer nada disso quando me vi com eles na floresta.
Mas, Maurício foi além e ensinou a caçar aquelas coisas. No geral, odores muito fortes os deixam tontos, fumaça e outro tipo de gás são realmente a parte que fazem efeito. As melhores equipamentos de capturas, para uma caça, seriam coisas que poderiam prender o pokémon pela cabeça, impedindo seu principal meio de ataque.
Isso era simples e era exatamente o que Aries estava fazendo junto aos habitantes locais. Eu até tentei ir até eles, mas me lembrei das palavras dele quando me jogou celeiro a dentro e soube que eu estava sozinha. Mesmo que eu falasse com ele e ele me entendesse, as aves eram minha responsabilidade.
Eu corri sozinha pelos campos e já via os primeiros gritos dos ataques e apesar da vegetação alta, eu tinha certeza da movimentação de alguns de alguns que não encontraram a resistência dos habitantes. Ou assim eu achei até que vi alguns sendo lançados longe, recuando como medo do Houndoom que parecia estar para defender aquela parte.
Eu não parei de correr. Até pensei em chamar Houndoom para me ajudar, mas aquilo tinha que ser resolvido por mim. Aquele pokémon sempre me salvava e eu havia acabado de colocá-lo na linha de fogo de uma guerra contra pokémon venenosos que quase o mataram a dias atrás por minha causa. Agora ele tinha que salvar a cidade enquanto eu tentaria, salvar os Fearows. Só que, a problemática, só veio quando após a minha louca escalada de volta ao ninho, me toquei que eu não tinha ideia do que iria fazer ali em cima. Os Ekans iriam subir e eu iria jogá-los para baixo com meu rastelo. Eles iriam subir e eu jogá-los para baixo, até quando?
As aves estavam na mesma posição em que estavam antes. Carreguei as menores até os ninhos, colocando em volta dos ovos. Foi aí que percebi, realmente não estavam feridas, apenas dopadas. Na primeira ave não tive medo de tocar a substancia que as anestesiou, mas da segunda em diante temi aquilo e talvez tenha levado muito mais tempo do que queria, pois quando consegui acabar de arrastar as aves gigantes, ouvi o silvar.
Agarrei-me no rastelo. Girei como louca procurando o rastejador que eu iria golpear e mandar para baixo. Meu coração acelerava e eu estava suando tanto com aquele sol que o rastelo estava querendo escorregar em minhas mãos. Eu era louca mesmo, enfrentar pokémon sem pokémon. Eu era idiota, eu era idiota! Mas, pelo menos desta vez eu era idiota por uma boa causa, a dos outros! Certo? Certo? Bem, não sei!
Estranhei que o silvar continuava e eu nada via. Vasculhei as beiradas, e não vi nada. Os Ekans mais próximos estavam a pouco mais de dez metros e certamente, apesar de ser uma quantidade grande, talvez cinquenta, todos emaranhados e passando um por cima dos outros, o barulho deles não chegariam a mim. Nem mesmo com o vento ajudando. Ignorei e respirei fundo imaginando que não conseguiria deter tantos ao mesmo tempo. Mas, o silvar veio mais alto, com tremor de terra me fez pensar em algo que gerou muita discussão na sala de aula durante a apresentação.
Maurício disse que Ekans poderiam aprender, naturalmente, o cavar. Coisa que foi contestada por quase todos. Mas, o naturalmente era sem ser ensinado por um humano. A necessidade o faria aprender. Eu virei-me com velocidade e dei de cara com meu mais novo algoz a sair de dentro a terra. Era roxo, mas não era Ekans, muito maior, muito mais assustados e com um corpo estranho próximo a cabeça. Eu estava de frente para a evolução do Ekans, Arbok!
Eu estava para congelar diante dele até que ele pareceu me ignorar e olhou para as aves que havia colocado-as, todas juntas, para ficar mais fácil de proteger.

— Não! -

Berrei saltando para frente deles e colocando meu raste entre meu gigante algoz e eu. Eu era a última fonte de defesa e não poderia desistir! Mesmo que eu desistisse, eu ia morrer junto e não estava pronta para morrer.
Senti minha mente tontear enquanto o encarava.

— Não! - Berrei tentando me enfurecer.- Está tentando me hipnotizar! Mas, não vou cair! Não vou deixar você ou seus amigos pegarem eles. -

Hipnose foi o segundo ataque que mais comentamos na apresentação, após o mordida envenenada. Isso porque alguns acreditavam que se o Ekans aprendesse tal coisa ele iria evoluir. Se era real, nenhum pesquisador parecia confirmar. Mas, treinadores e caçadores diziam que era assim. Eu estava morrendo de medo, medo o suficiente para que minha mente não pudesse prestar atenção nos olhares hipnóticos daquele Arbok.
Ele desviou o olhar e passou a olhar o grupo de Ekans que chegava. Arbok entrou no seu buraco me deixando sozinha com todas aqueles parentes dele. Preparei-me para lutar, eles rastejaram e formaram um mar de corpos ao meu redor e do ninho. Subiam por todas as partes, subiam por todos lados e pareciam nos ignorar, pois começaram a descer pelo buraco. Eu dura pronta para nos defender percebia que estávamos sendo ignorados, todas os pokémon cobras tinham uma única meta ao subir a montanha, o buraco feito por Arbok.
Deixei que meus olhos desviassem dos que me cercavam para a cidade e arrepiei-me ao perceber que tudo era roxo. A cidade estava tomada e parecia que todos seguiam para nós, todos seguiam para aquele buraco. Via os habitantes recolhidos nos tetos de suas casas, desesperados, sem saber o que fazer.

— Você realmente é tarada por ninhos. - A voz me assustou olhei para os lados e só via os Ekans e então olhei para cima e vi, pairando no ar, uma ave metálica sendo montada por Aries. - Correu para morrer em um ninho. Eu realmente gosto da sua loucura. - Ele pareceu rir de nervoso enquanto observava aquele acontecimento.

— Não vai me tirar daqui? - Questionei-o irritada.

Ele me ignorou, como todos os Ekans já estavam fazendo e como o Arbok gigante havia feito. Aries parecia confuso e pensativo, nunca havia o visto daquela forma. Acho que ficamos ali por cerca de uns trinta minutos. Ele montado na ave metálica e eu parada, toda dura, vendo aqueles milhares de Ekans entrarem no buraco, enquanto ele apenas sobrevoava. Então, o último entrou no buraco e assim eu desabei no chão, sentindo que o perigo havia passado.
Todos os pokémons rastejaram para dentro do buraco. Quantos? Eu não tinha ideia! Mas, a julgar que foram cerca de uns quarenta minutos com aquilo acontecendo, eu diria que poderiam ter sido milhões e eu havia sobrevivido e protegido os Spearows e Fearows. Bom, não cheguei a protegê-los de verdade, mas tinha a intenção!

Aries então pousou sua ave, olhou o buraco e depois se abaixou próximo a mim levando a mão ao rastelo que eu segurava. Eu o segurava com tanta força que as juntas estavam doendo. Olhei as mãos doloridas e depois as aves atrás e percebi que Aries dava uma risada estranha, diferente de tudo que eu havia visto nele até o momento.
Seu olhar sempre fora louco e doentio, mesmo quando suas falas não indicavam que ele estava sendo assim. No entanto, ele estava agindo de uma forma muito reflexiva.

— Aconteceu algo antes dos Ekans começarem a entrar no buraco? - Era grande o suficiente para que até mesmo as aves entrassem. - Ele estava aqui mais cedo quando fez de suas idiotices? -

Balancei a cabeça negando e comecei a levantar-me. Fui analisar as aves para ter certeza que nenhuma havia sido atacada, afinal eu estava meio paralisada e talvez tivesse perdido o momento de algum dos ataques.

— Não estava. - Respondi a Aries quando terminei de ver se meus pseudo protegidos estavam bem. - Um Arbok gigante surgiu de dentro da terra do nada e os Ekans passaram a segui-lo ai para dentro, em seguida. -

Ele pareceu ter me escutado, mas não acreditado. Claro que parecia loucura que uma quantidade de pokémon como a que passou por nós tivesse entrado naquele buraco seguindo um outro gigante. Eu havia visto e ainda não acreditava.

— Fique ai, essa ave é metálica. - Esperei ele dizer que pokémon de metal eram imunes a veneno, mas ele não disse. - No pior dos casos, eles vão sair por aqui e atacar, neste caso você usa essas aqui antes de montar na ave e fugir. -

Era uma pochete lateral cheio de pokebolas, daria para capturar todas as aves adormecidas e ainda sobraria. Eu a prendi na cintura rapidamente e acompanhei a descida dele pelo buraco. Eu até o chamaria de idiota, mas segundos depois dele desaparecer dentro do buraco acabei o seguindo.
Sim! Entrei em um buraco com milhares de Ekans. Algo tomou conta de mim e acabei não resistindo. Havia uma vontade, indescritível de entender o que estava acontecendo e naquele momento compreendi que era a mesma vontade que estava dominando Aries. Aquele olhar pensativo, era de curiosidade, era de quem estava querendo entender tudo aquilo e só iria ficar satisfeito quando entendesse.
O buraco era muito longo e felizmente era quase como uma escada, imaginei que se o Arbok queria que os Ekans o seguissem, talvez fosse necessário preparar o caminho para todos, inclusive aqueles que não tivessem habilidade com buracos. Imagino que o tamanho que hábia humanos era apenas para passarem vários ao mesmo tempo e não para que Aries e eu pudéssemos passar.
A visibilidade começou a desaparecer e pensei em voltar, mas então escutei o silvar e uma luz que surgiu ao longe. A sombra de Aries estava lá e avancei até ele e cheguei tocando seu ombro. Apenas um olhar e um sorriso maroto, mas seus lábios se mexeram sem muito áudio e pude decifrar ele dizer “tarada por ninhos!”.
Estávamos no final do buraco com aparência de nós e abaixo, talvez a uns vinte metros os Ekans se amontoavam pelo chão do que parecia ser uma grande clareira subterrânea. Era um mar roxo em constante movimento e em um pedestal, numa posição oposta a nossa, estava Arbok.

— Descemos cerca de cento e cinquenta metros. A clareira lá embaixo tem o tamanho da cidade, diria que exatamente o tamanho da cidade. - Ele disse a meia voz. - Não faça nada que chame a atenção deles. Estamos prestes a presenciar um evento milenar que poucos humanos presenciam e para Ekans acontece apenas a cada dez anos. -

— Convenção de Evolução? -

Minha frase foi baixa, mas ele olhou para mim tão assustado que levei a mão na boca como se tivesse dito aquilo da forma mais alta e escandalosa que alguém poderia ter feito. Um olhar de incredulidade surgiu na face dele.

— Estudei Ekans na escola no ano passado. Existe essa teoria de Convenção de Evolução para quase todos os pokémon. Uma reunião de pokémon de mesma espécie para que um guardião os conduza a uma evolução no tempo certo, caso eles não tenham evoluído por outros meios. - Comentei. - Teoria que eu nunca soube se era verdade. -

— Não sabia que era dessas! -

Ele sorriu sacana, voltando sua atenção para os prestes a evoluir. Conversar além de arriscado, pois poderíamos ser descobertos, seria um desperdício. Aquela era uma reunião milenar que poucos podiam dizer que sabiam da existência, poucos poderiam dizer que assistiram e pouquíssimos que sobreviveram para contar história. Ao que tudo indicava, humano algum poderia viver sabendo daquilo.
Convenção de Evolução era uma reunião de pokémon de mesma espécie que ocorria de tempos em tempos para que o guardião, um da mesma espécie, em estágio de evolução avançado, os conduzisse para o próximo estágio, mantendo o equilíbrio da espécie. O único confirmado era o dos Bulbassaur, ocorrido anualmente, e confirmado pelo professor Carvalho. Mas, ali estava acontecendo o dos Ekans, diante de nossos olhos.

— Minha teoria inicial, chancelada por alguns pesquisadores, era de que a ausência do Fearow alfa havia causado desequilíbrio e que os Ekans estavam vendo essa área como propícia e segura. Por isso a grande migração e aumento da população, mas ao que parece eles estavam vindo para cá para o evento de dez anos deles. - Aries comentou em voz baixa. - O interessante é que o evento deveria ocorrer em locais distintos, mas se perceber aqui é como um local preparado. -

Ele apontou para algumas direções e vi que aquele local era como um templo. Algumas entradas entralhadas, marcas de cobras e esculturas de Arbok. Eu não teria percebido se ele não estivesse mostrando aquilo para mim.

— Vê aqueles outros túneis? - Ele me faz olhá-los. - Acredito que concentravam-se em outros pontos do planeta e rumavam para cá. Acho que quando a cidade foi construída a entrada daqui foi tampada. Tenho certeza que se analisarmos a migração desses pokémon teremos uma quantidade como essa em outros pontos em épocas atrás. Acho que é por isso que alguns acreditam que Ekans podem aprender o Cavar quando estão prontos para evoluir, pois cavam caminhos até esses túneis. -

Por um segundo me perguntei se Aries realmente era o caçador que eu acreditava e que dizia ser. No entanto, Arbok rugiu e começou a brilhar. Qualquer dúvida eu teria que tirar depois, eu veria a convenção.
Posso dizer que foi a coisa mais estranha e linda que já vi na vida até aquele momento, tratando-se pokémon selvagem agindo sozinhos. Os pokémon respondiam a cada fala de fala de Arbok. As runas estranhas e as estatuas começaram a brilhar uma de cada vez e logo, todas estavam iluminadas com o roxear típico dos golpes envenenados e então Arbok começou a emitir a mesma luz.
O mar de corpos roxos começou a emitir a mesma luz, cerca de cinco minutos naquele processo com meus olhos brilhando junto as luzes e então eu vi o primeiro Arbok emergir das luzes brilhantes. Era a primeira evolução ocorrendo. A segunda não demorou a acontecer e pude ver com muito mais detalhes, já que ele estava na superfície do mar de corpos e brilhos.
O corpo roxo que brilhava, roxeado, passou a brilhar branco e o corpo se alongava e encorpava. A forma diminuta do corpo agora ganhava o tamanho gigante transformando-se em Arbok, mas não tão impressionante quando o do corpo Arbok guardião. Mesmo com sua evolução terminada e o brilho branco terminado, ele voltava a brilhar roxeado, como se a energia que ele emanava fosse necessária para que os demais evoluíssem.
Quando terminei de ver o segundo, já haviam outros evoluindo e terminando de evoluir também. Era um show de luzes roxas e brancas, silvares e tantos outros que meus olhos de repente se encheram de lágrimas. Eu sentia, não era só a luz, havia muita energia emanando ali. Todos unidos em prol de algo que eu jamais poderia acreditar que presenciaria.
Diante daquela cena eu posso dizer o ser humano é muito prepotente em achar que podem fazer arte como coordenadores e dizer que é belo ou não, se a natureza possui esse tipo de beleza única e natural. Imagino que nota os convidados dariam para essa cena.
Senti um puxão. Aries começava a me arrastar para nosso buraco. O brilho estava diminuindo e o Arbok guardião olhava em nossa direção. Talvez ele tivesse nos visto e não se importava conosco, talvez só não queria fazer nada que atrapalhasse a cerimônia. Mas, pelo que eu percebia todos já estavam quase evoluídos e algo iria acontecer.
Fomos rápidos, mais rápidos do que para a descida. Quando chegamos eu simplesmente fui puxada para o lado e Houndoom já estava na boca do buraco começando a disparar esferas escuras contra o buraco criando estrondo e soterrando o buraco.

— O que está fazendo? - Questionei a Aries alarmada.

— Eu? - Ele me olhou com deboche. - Não comandei nada! Se pensar, Houndoom em algum momento foi vencido e permaneceu inteiro. Então ele em algum momento tomou ciência do que estava para acontecer e não interveio. Só que, se eles voltarem por este caminho, não estarão mais centrados em uma cerimônia, isso significa que vão atacar. - Ele olhou para seu pokémon. - Ele está bloqueando esse caminho para que eles usem os demais túneis. -

Havia uma compreensão ali que eu não tinha e talvez iria demorar muito para adquirir. Mas, os pokémon eram ligados uns aos outros, os pokémon eram ligados a natureza e Aries conseguia perceber aquilo de imediato. Eu tinha que aprender muito ainda.

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Já eram nove da noite e a população havia finalmente começado a se acalmar. A maria fez guarda por horas após os Ekans sumirem na montanha e nós concordamos que não deveríamos dizer nada. Por que? A cidade estava construída em cima do templo de evolução deles e se até ali não haviam percebido nada, poderiam muito bem conviver já que o ponto de entrada seria nas próximas décadas.
Além disso, eu estava completamente atordoada com o que havia visto e ninguém queria me ver porque para todos, eu causei aquilo! Mas, aquilo teria acontecido de qualquer forma.

— Você sabe que o que fez foi idiotice, não é? -

Eu estava sozinha com Aries em meu a plantação onde havia um gigantesco buraco criado para jogar ali os Ekans, eles não conseguiriam rastejar para cima, só saíriam se soubessem o Cavar.
Respondi apenas com um balançar de cabeça.

— Mas, sua idiotice salvou os Fearows. - Aries disse aquilo olhando para o fundo do buraco que deveria ter uns vinte metros de altura, ou talvez mais, já que eu só achava ver o fundo naquela escuridão. - Se os Fearows não estivessem dopados, eles teriam atacados os Ekans, tentando defender o território e aconteceria uma luta que não tinha como as aves vencerem, mas como as aves ficaram imóveis, os Ekans os ignoraram, pois não viam ameaça. - Ele virou-se para mim sorrindo. - Salvou o dia! -

Ele estendeu a mão para mim ainda sorrindo eu senti como se meu mundo parasse. Havia acabado de ser elogiada,como heroína. Para toda a cidade eu era idiota e causadora da confusão, mas eu realmente havia salvo aqueles pokémon?
Um sorriso espontâneo surgiu de minha face e eu apenas estiquei a mão satisfeita apertando a mão de Aries. Era o primeiro elogio que ele me fazia e eu sentia, esse eu merecia de alguma forma. Mesmo que tenha sido por pura idiotice.
Senti a mãos dele aperta a minha e o calor de sua mão preencher a minha. Estava escuro ali, havia apenas um lampião que havíamos levado para iluminar o caminho e o local e agora iluminava nossas faces. Por isso, não deixei de notar quando os olhos dele faiscaram, sua mão apertou a minha e seu braço fez um movimento para a direita, de forma brusca e repentina. Meu corpo deslocou-se no junto, com o puxão e de repente eu estava dependurada no buraco, sendo segurada apenas pelo braço dele.

— O que é isso? - Gritei assustada, levando minha outra mão até o pulso dele e segurando com força, com medo de despencar no buraco.

Aries me olhava com aquele olhar faiscante, de quem curtia o pavor que estava em minha face. Eu estava dependurada, segurada apenas por um braço dele e por um momento percebi o quanto ele era forte, pois por duas vezes ele foi sádico em me erguer, com o braço até que meu rosto ficasse na mesma altura dele e depois abaixava-me de novo, para dentro do buraco.

— Salvou o dia! Mas, insultou-me e esbofeteou-me como se tivesse o direito de falar sobre a vida de alguém, sua ladra de bicicletas e sitiadora de cidades. -

— Desculpa! - Berrei! - Eu achava que... Eu achei... Desculpa! Eu errei! Você sabe que eu sou precipitada! -

— Bem... - A face dele parou de parecer pronto para o combate assassino e me aliviei. - Aprenda a não ser precipitada! -

Ele abriu a mão e fiquei agarrada ao braço dele, com ele apenas me olhando. Não havia percebido que ele estava segurando-me e que minhas mãos não faziam grande diferença. Senti as forças indo embora e meus olhos marejavam enquanto eu começava a saltar o braço dele.

— Por favor! -

— Seu heroísmo eu reconheço. Mas, se não a puni-la pelo erro, a cidade o fará. Então, eu farei! -

E as palavras dele me fizeram saltar o braço dele. Não que as forças tivessem acabada. Mas, ele estava certa. Eu iria embora da cidade com eles achando que eu era louca e talvez sem ser punida, mesmo sendo heroína. O buraco seria minha cela por aquela noite e com um pouco de sorte a queda não me machucaria mais do que minha mente já estava machucando.
Meu corpo caiu em meio a escuridão enquanto a luz do lampião se apagava. Não sei se fui eu a desmaiar com a queda ou Aries indo embora. Mas, tentei fingir que ele apenas apagou a luz do lampião e ficou ali, na beirada do buraco, viando-me a noite inteira. Por que eu fingi isso? Eu tinha menos medo assim e... Não ouvi os passos dele indo embora.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?



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