Perdida em Crepúsculo: além do sonho. escrita por Andy Sousa


Capítulo 22
Alvo.


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último de hoje, já está ficando tarde, preciso ir.
Queria agradecer MUITO por vocês não terem me abandonado, sei que se fosse por merecimento eu estaria sozinha, mas espero que a história, apesar de atrasada na postagem continue boa, senão não teria qualquer motivo em continuar.
Sei que muita gente está impaciente e com razão, mas acreditem em mim quando digo que vale a pena ler estes capítulos, ainda temos bastante coisa pela frente e me empolgo só de pensar. Já comecei a escrever o capítulo 23, assim que tiver uma pausa eu venho postar nem que seja só esse.
Mais uma vez obrigada e boa leitura!



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Aneliese PDV

"Você fez suas promessas,
Eu acabei acreditando em todas elas.
'O amor é eterno', é o que você diz,
Então porque continua voltando para se vingar?
Meus braços estão almejando as estrelas,
Mas estão cobertos por cicatrizes,
Amor você é o batimento de meu coração.
Sim, seu toque deixa uma marca.
Não sou luz nem escuridão,
Amor você é o delírio mais importante.
Sentindo como se pudéssemos viver para sempre,
Vamos direto para o céu, você e eu.
Você diz que me amará muito mais agora e para sempre,
Mas é uma mentira."

High – Kat Dahlia

~*~

Jacob estava furioso.

Ele andava de um lado para o outro no quintal pequeno e quadrado de Charlie e não queria ouvir sequer uma palavra do que eu dizia.

— Acho que estou fazendo concessões demais com você. Agora pensa que não precisa ter respeito por mim?

— Como? Mas é claro que não, eu jamais faria isto!

— Jamais? Mais uma vez você vem me contar que esteve conversando com o sanguessuga e quer que eu pense se tratar de uma coincidência? Porque faz isso Aneliese?

Ele me fitou, parando à minha frente e esperando uma réplica, porém não encontrei nada útil para poder lhe dizer.

— Entendo. Bem, vou deixá-la novamente sozinha com seus pensamentos, talvez depois que se decidir sobre eles possa voltar a ser razoável.

Ele se precipitou pela floresta e fui ao seu encalço, mas quando começou a correr sequer tive chance de persegui-lo, pois era rápido demais e fiquei para trás gritando seu nome debilmente.

— Mas que droga! DROGA!

Passei as mãos com força pelos cabelos, chegando a arrancar alguns fios. Depois da escola eu viera direto para casa, já que senhora Newton havia me dado dispensa do trabalho e Jacob me esperava no jardim, ele havia vindo até mim sorridente, mas parou ao sentir o cheiro forte dos vampiros. Sequer tive chance de lhe explicar o que acontecera entre mim e Edward, que na verdade fora nada. E agora ele pensava que eu era uma garota horrível, destruidora de corações.

Eu jamais faria isto! Reafirmei para mim mesma.

A velocidade dos lobisomens algumas vezes podia ser bem inconveniente, eu duvidava que fosse conseguir encontrá-lo para uma conversa agora, pois Jacob era teimoso e faria questão em me evitar.

Porque eu tinha a nítida impressão de quase nunca ter controle sobre minha vida estando dentro de Crepúsculo? Será que havia algo escrito para mim? Impossível, já que eu não era uma personagem, eu era muito real...

Percebi que começava a anoitecer e não me sentia mais à vontade estando sozinha, ainda mais à vista, do lado de fora da casa. A paranoia em minha cabeça estava começando a assumir proporções preocupantes e no estado exaltado em que me encontrava foi difícil encontrar razão suficiente para ignorá-la.

Voltei para dentro e tranquei a porta depois de passar. Me sentia faminta, mas também estava com frio, estes últimos meses eram cruéis quando se tratava do clima que por vezes podia ser inclemente. Por causa disso achei mais sábio tomar banho primeiro, ao terminar me empoleirei no sofá e ingeri uma tigela de sopa fervente, logo me senti sonolenta e sem dar conta acabei adormecendo ali mesmo.

Acordei sobressaltada com barulhos desconhecidos, olhei ao redor, mas estava demasiado escuro e quando me levantei procurei ir até as cortinas e abri-las um pouco. Chovia e a rua estava deserta. Me abracei por instinto e puxei as abas de minha blusa mais para perto do pescoço, na tentativa de me esquentar. Procurei ver a hora no relógio, mas não consegui e senti a inexplicável vontade de andar pela casa. Saí da sala, indo até a cozinha, virei a cabeça para um lado, depois para o outro, mas não encontrei nada.

Os mesmos barulhos se repetiam e identifiquei que vinham do andar de cima. Vagarosamente comecei a subir as escadas, estava usando apenas meias, mas os degraus de madeira rangeram sob meus pés. Quanto mais eu subia, mais sentia meu coração acelerado. Fui até o quarto de Charlie, que estava vazio, assim como o banheiro e então só restou o meu aposento. A porta estava entreaberta, o que era curioso, pois eu raramente deixava assim.

A empurrei ao que ela rangeu e me forneceu a vista completa do aposento. A chuva trazia consigo relâmpagos e estes de tempos em tempos iluminavam tudo em um clarão momentâneo. Não havia ninguém ali além de mim.

Estava inquestionavelmente sozinha.

Me aproximei da cama e me sentei à beirada, quieta, apenas escutando. Os mesmos ruídos continuaram a se repetir e pareceram se tornar mais audíveis à medida que os minutos avançavam.

Me levantei com cuidado e com passos contidos fui até a janela, arfando alto ao observar o quintal abaixo. Havia alguém parado próximo à floresta e reconheci a mesma silhueta que havia visto da outra vez, só que agora estava mais próxima e ao observar com atenção não deixei passar o sorriso maligno que se abriu naquele rosto, era, entretanto a única parte da face que eu conseguia enxergar, pois o restante estava encoberto por um capuz negro.

E aquele não era um sorriso comum, na fileira de dentes brancos havia presas pontiagudas que pareceram ameaçadoras e letais mesmo à distância. Assaltada pelo medo dei um passo para trás, mas meu corpo foi de encontro a algo firme feito pedra. Eu me virei e só tive tempo de assimilar que a estranha figura agora estava em meu quarto, num último segundo soltei um grito de pavor que ecoou por toda a casa...

Sentia o estranho me puxando e balançando e ele sabia meu nome, eu não conseguia parar de gritar e me debater para tentar fugir.

— Aneliese. Aneliese, acorde!

Abri os olhos e perscrutei o lugar, estava na sala, as luzes acesas, a televisão ligada e Charlie agachado à minha frente me olhando com apreensão. Demorei alguns segundos para distinguir a realidade.

— Eu estava sonhando? – Indaguei o óbvio.

— Ao que parece sim, mas pelo jeito foi um pesadelo.

Ele me ajudou a me aprumar, sentando-me no sofá, pois parecia que meus ossos haviam se tornado gelatina. Meu peito subia em respirações rápidas e podia sentir o pulso acelerado, causando um zumbido alto em meus ouvidos.

— Vou buscar um copo de água, fique aí até estar mais calma.

Com a saída de Charlie pude deixar meu rosto pender sobre minhas mãos que tremiam. Não era possível que não passara de um sonho, fora perturbadoramente real!

Charlie voltou com a água e tomei um longo gole, agradecendo-o em seguida.

— Me desculpe por isso.

— Não tem porque se desculpar, mas vou confessar que você me deu um baita susto garota, pensei que alguém tivesse entrado e estivesse tentando lhe machucar. Eu havia acabado de chegar e já tinha guardado a arma...

Sim, alguém adentrou a casa e senti como se fosse capaz de me machucar muito. Mas nada disso aconteceu na realidade. Será que estou ficando louca?

— Aneliese, porque está tão calada? Já faz uns dias que tenho te observado muito quieta, pouco fala.

— Eu estou...

— Bem? – Completou com a feição impassível.

Prendi os lábios.

— Eu não estou bem Charlie – admiti quase sem acreditar que havia tido coragem para verbalizar as palavras.

Ao saírem de minha boca foi que percebi o quão exatas soavam. Talvez fosse o choque das imagens que vira, talvez a discussão que tivera com Jacob, talvez o encontro inesperado com Edward ou apenas a inércia de minha vida. De todo jeito comecei a chorar de forma lastimável, deixando todas as emoções que reprimira enfim tomarem conta de mim.

Eu não entendia como me sentia assim, parecia estar bem, quer dizer, eu estava indo bem, não estava? O que podia estar acontecendo de tão errado para que chegasse a este ponto?

— Vou pedir pizza, que tal? E enquanto esperamos você pode me contar o que está havendo.

Tive dó de Charlie por sua falta de jeito com uma mulher chorando, mas que homem conseguia lidar bem com isso? E foi muito legal de sua parte tentar me alegrar, era verdade que eu gostava muito de pizza.

Depois de encomendar, Charlie se acomodou em sua poltrona, desligou a televisão e esperou, tentei lhe dizer que não havia motivos para que fizesse isso, mas ele foi firme em assegurar que queria mesmo saber pelo quê eu estava passando. O xerife era a figura mais próxima que eu tinha de um pai e uma família e enquanto desabafava percebi o carinho grande que havia criado por ele e me senti segura em contar tudo.

Falei sobre Jacob, Edward, até mesmo Lauren.

— Então o garoto dos Cullen também está namorando? Sinto muito que isso a deixe triste, mas você deve admitir que ele não esteja cometendo nenhum crime.

— Eu... Eu não estou triste.

O interessante de falar com Charlie era que ele na realidade, mal falava. Todavia seus olhares vinham sempre cheios de significado e me obrigavam a rever as palavras.

— Não posso estar triste, eu não tenho direito de estar.

— Por causa de Jacob?

— Sim e também por Edward ter realmente tentado reatar nosso namoro e só o que fiz foi lhe dizer para ir embora.

Ele suspirou e se recostou à poltrona.

— Veja bem Aneliese, eu talvez não esteja dizendo coisa com coisa, afinal o que sei sobre o amor? Mesmo a mim parece que você ainda gosta deste rapaz e não tem culpa disso, pois quando amamos alguém esse amor, se verdadeiro, não acaba. Eu já lhe disse que achava a ligação entre vocês forte e talvez seja ainda mais do que pensava... Enfim, agora você está com Jacob e lhe deve respeito, é verdade, mas o que a confunde é pensar que para gostar de um você tem que esquecer o outro, isso não é uma regra. Há espaço no coração para os dois, porém é impossível que ame os dois, você entende? Um deles é a pessoa que gosta de verdade e o outro apenas um amigo muito querido.

O silêncio pareceu a maneira mais apropriada de responder a seu comentário, tudo o que dissera veio repleto de extrema sabedoria, em poucas frases o policial resumiu tudo o que eu sentia, tudo o que vinha confundindo minha cabeça durante este último mês e a verdade doeu, mas não mais do que a indecisão que carregava no peito.

— Sei que não deveria mais sentir nada por Edward, sei disso.

— O que você deve fazer é tentar compreender a si mesma, sou só um velho rabugento dando opinião na vida de uma garota, mas você se conhece bem e sei que vai conseguir sair dessa situação.

— Você não é um velho, Charlie. Um pouco rabugento, é verdade, mas acho que é isto que as pessoas gostam em você, afinal é o xerife. – Depois do momento de descontração tornei a retomar a seriedade. – O que acha que devo fazer quanto a Jacob? Ele está chateado comigo e odeio pensar que o esteja enganando.

— Diga a verdade. Conte a ele o mesmo que disse a mim, o suficiente para que entenda o que está passando, você sabe que mentir seria estupidez. Deixe que Jacob decida o que fazer com a informação, acho que deve isto a ele, não é?

O entregador de pizza chegou neste instante, trazendo também um pote grande de sorvete e uma garrafa de refrigerante. Usei a fome como desculpa para encerrar o assunto, contudo não me senti mal por me acomodar no sofá enquanto comia e assistia ao basquete junto daquele que eu considerava como a um pai.

De noite eu sequer sonhei, pude finalmente descansar e deixar toda a realidade agridoce para trás.

O dia de trabalho foi cheio, havíamos recebido entregas atrasadas e não parei de descer e subir do depósito, listando as encomendas – ao que parecia as pessoas sempre se convenciam de que eu era boa com listas. A parte boa foi ouvir de senhora Newton que eu havia me tornado uma funcionária de confiança e por isto ela havia me incumbido da tarefa.

Agora estava na picape e dirigia para La Push, debaixo de chuva forte que não havia sido capaz de me impedir, aos sábados saía mais cedo e pelo menos pude contar com a luz do dia que iluminava a estrada. Depois da conversa que tivera com Charlie no dia anterior não restou dúvida de que tinha que tomar uma atitude quanto a mim e Jacob; fui primeiro até sua casa, mas após chamá-lo várias vezes e não receber resposta, dei meia-volta e desci até a First Beach.

Não havia ninguém ao redor, o temporal era forte e sacudia as árvores, deixando também o mar revolto. Ventava o suficiente para que estivesse frio mesmo dentro do carro, depois de estacioná-lo puxei os pés para cima do banco abraçando os joelhos e me mantive encolhida, disposta a esperar. Passou-se cerca de meia hora, eu já havia me cansado de observar as nuvens se movimentando rapidamente no céu cinzento e de contar as idas e vindas das ondas quando uma batida abafada na carroceria me despertou do torpor.

Olhei pelo retrovisor e contive a vontade de suspirar, não era Jacob, mas Sam e os outros rapazes. Ainda chovia, só que eu não tinha mais tanto tempo disponível para esperar e achei melhor acabar com aquilo. Antes de sair puxei o capuz sobre a cabeça tentando ao menos evitar me expor demais.

— Jacob está fazendo a ronda ao sul, muito longe daqui.

— Se este é o pretexto para que eu vá embora, sinto muito, mas não vai funcionar.

A conversa deveria ficar apenas entre Sam e eu, logicamente não foi assim que se sucedeu.

— Você não deveria estar aqui, desde que os vampiros voltaram tornou a andar com eles, não foi?

Sabia que a provocação de Jared deveria ter me deixado irritada, contudo só o que pude sentir foi vergonha, aquilo me fez recordar nitidamente o motivo de estar ali e era como se eu já estivesse lidando com Jake, de alguma forma eles eram irmãos e traí a confiança que haviam posto em mim.

— Os sanguessugas gostam de fingir serem boas pessoas, é interessante que tenham conseguido enganar você.

— Também acho – respondi sem ânimo.

Um uivo alto e distante cortou o ar e os garotos olharam na direção do chamado.

— Você deve ir, se ficar vai ter de esperar – avisou Sam, enquanto os demais já corriam de volta para a floresta.

Achei melhor não dizer nada, com um olhar severo ele se virou e correu e eu retornei ao abrigo.

O tempo nunca andou tão devagar e a chuva nunca fora tão persistente. Permaneci tanto tempo sentada que fiquei exausta e acabei me deitando na extensão do banco, com as mãos cruzadas sobre a barriga. Tive certeza de ter adormecido quando abri meus olhos desorientada e notei que a luz havia se esvaído, dando lugar a uma noite escura. Aos poucos me ajeitei, passei as mãos pelos cabelos e rosto e me espreguicei. Não estava com um gosto bom em minha boca, já que havia horas que tinha feito minha última refeição e procurei por uma bala em meu bolso.

A estrada contava com postes de iluminação, mas a luz não alcançava muitos metros adiante. Eu não tinha relógio ou meio de descobrir que horas eram, pensei em Charlie e se talvez ele já teria chegado e imaginei que ficaria muito preocupado ao não me encontrar em casa. Ao que parecia Sam estava certo, foi inútil aguardar.

Procurei pela chave e coloquei-a na ignição, quando acendi os faróis, o feixe branco clareou a areia ao longe, perto do mar havia alguém sentado em um tronco, um garoto.

Jacob.

Franzi a testa e desliguei a picape, enfiando a chave no bolso e saindo de dentro com determinação, cruzei o espaço com certa dificuldade, pois estava molhado e tornava difícil avançar, mas a chuva finalmente havia cessado.

— Jake.

Ele se virou e me encarou como se tivesse estado a seu lado todo o tempo e agora simplesmente lhe perguntasse sobre o clima.

— Você acordou.

— Porque não veio falar comigo?

— E porque deveria? Não tenho nada para lhe dizer.

Soltei um muxoxo de desgosto e cruzei os braços.

— Sim você está certo, sou eu quem veio à sua procura, mas podia ao menos ter me poupado de perder tanto tempo, sabe que horas são?

— Por volta das oito.

Bufei.

— Ótimo.

Charlie iria me matar. Agora que estava aqui, não havia razão em voltar às pressas, lidaria com sua bronca quando chegasse.

— O que você quer Aneliese?

— ‘O que você quer Aneliese?’ Simples assim? Eu preciso conversar com você.

— Isto você já disse.

— Eu sei, mas você não me deu oportunidade.

— Está tendo a oportunidade agora.

— Mas não é suficiente.

— Apenas se tiver algo muito complexo para dizer.

— Bem... Talvez seja complexo.

Ele soltou uma risada de desdém e isto conseguiu me deixar ainda mais aborrecida.

— Jacob, você nunca me leva a sério? Sempre ocupado com seus deveres na alcateia, sempre correndo, sempre cansado. Tudo bem, eu entendo, mas não é motivo para me evitar, isto não vai resolver nada. Não pensa que se vim até aqui é porque tenho algo a dizer? Não vê que se não me importasse sequer teria vindo? Poxa, eu também trabalhei hoje e nem por isso estou sentada em um tronco, feito uma estátua ignorando a pessoa com quem escolhi ter um compromisso.

Ele se mantinha na mesma posição, os braços apoiados sobre os joelhos, o pescoço firme enquanto olhava o horizonte.

— Argh. – Bati o pé na areia fofa, cansada demais de tentar ser paciente. – Você não sabe mesmo lidar com uma discussão, não é? Às vezes é tão imaturo, que droga...

— Cale a boca.

— O quê?

Ele se levantou e só então notei que suas mãos estavam em punhos e que tremia.

— Está me chamando de irresponsável? Acha que o que faço não é suficiente? O que faço é passar noites em claro correndo pela floresta, sem tempo de parar, garantindo que você estará segura enquanto dorme. Fico longe o máximo que posso, pois não quero que pense que a sufoco, que sou ciumento, que penso demais em você. O que faço é apenas confiar que você vai honrar essa droga de compromisso que diz que temos, mas só o que a vejo fazer é ficar distante, cada vez mais rodeada de pessoas que não conheço, cada vez seguindo uma rotina onde não me encaixo e sempre que a encontro é para ouvi-la me dizer que esteve próxima daquele sanguessuga desprezível que abandonou você. O QUE FAÇO É APENAS ESPERAR QUE VOCÊ UM DIA VÁ SE LEMBRAR DE QUE SEU NAMORADO AGORA SOU EU!

Ele havia se aproximado enquanto falava, parecendo muito alto e ameaçador enquanto se descontrolava, seu rosto muito próximo ao meu me impedia de desviar os olhos.

— Então o que você veio me dizer Aneliese? Que você ainda gosta dele? Que é com ele que sonha, mesmo que seja eu o otário a zelar por seu sono enquanto ele mal se incomoda em saber se está viva ou morta? PORQUE ELE A ABANDONOU OUTRA VEZ! FOI ISSO O QUE ELE FEZ! FOI O QUE ELE FEZ!

Me senti muito ridícula parada feito uma boba enquanto permitia que me usasse de cobaia para descontar sua raiva, será que eu merecia mesmo tanto descaso?

Me virei para partir, mas ele segurou meu braço com força e me puxou de volta. Não foi somente a dor de sentir seus dedos rígidos apertando meu pulso, foi também a humilhação, a raiva e a incredulidade de notar que em Crepúsculo os garotos de quem mais gostava adoravam me machucar, sem se importar que fossem inúmeras vezes mais fortes que eu. Levantei a mão e lhe desferi um tapa, minha palma ardeu imediatamente, mas consegui que me soltasse, pouco me importei em saber o que sentira, me virei e comecei a convergir de volta para o carro com impaciência.

Dei cerca de cinco passos e ouvi um barulho esquisito, quando me virei Jacob não estava mais lá, seu corpo se transfigurava em algo muito maior, ameaçador. O lobo pisou fortemente sobre o chão e soltou um grunhido do fundo do peito.

MAS QUE MERDA! ANELIESE, CORRA!

Mal consegui respirar, mas encontrei força suficiente para seguir o conselho desesperado de meu cérebro. Mesmo depois de avançar vários passos sabia que estava com sérios problemas, o chão tremeu e ele iria começar a me seguir.

— JACOB, NÃO!

Sam corria na direção oposta e saltou no ar se transformando tão rápido que não pude acompanhar, as duas bestas se encontraram e começaram o embate, sons horripilantes de mordidas e rosnados trouxeram calafrios à minha espinha, eu alcancei a picape, mas não entrei, o tremor em meus dedos me impediria de dirigir sem perder a direção e minhas pernas estavam moles com o esforço repentino. Meus olhos arregalados acompanharam as criaturas se atracarem e sumirem na escuridão da floresta.

O silêncio que se formou foi um contraste perceptível com a algazarra anterior, havia tudo ficado tão sereno que eu ouvia minha respiração alta e me senti incomodada. Me sentei no chão molhado e coloquei a cabeça entre as pernas, ajudou com a tontura que o nervosismo me trouxera.

Passos me despertaram do exercício e olhei para o lado no instante em que Jared e Embry se aproximavam. O segundo rapaz se aproximou, enquanto o outro ficou alguns passos atrás.

— Você está bem?

Concordei fracamente com um movimento de cabeça.

— Jake ficou mesmo muito bravo.

— Pois é – minha voz era puro desânimo.

Senti que talvez ele quisesse iniciar uma conversa, que talvez tivesse ficado com pena de mim, a humana que gostava de brincar com monstros, mas sabia estar equivocada.

— Acho melhor você ir.

O mesmo conselho que Sam havia me dado horas atrás, se ao menos tivesse ouvido, contudo provavelmente fosse necessário que eu ficasse e desse de cara com o medo, provavelmente minha sina em Forks fosse invariavelmente estar na pele da vítima, não havia quem pudesse discordar que eu interpretava este papel muito bem.

O que pude fazer foi novamente assentir.

— Eu irei, não se preocupe.

Não houve discussão e em seguida eu estava outra vez solitária em meio à noite.

O barulho das ondas beijando a areia era tão incrivelmente agradável que parecia difícil acreditar que meu interior estivesse em frangalhos. Os minutos que tive de folga serviram para reaver a calma, deliberadamente levantei e me enfurnei dentro da picape, dirigi sem qualquer atenção à pista, mas o acaso me manteve segura.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Poxa, é difícil escrever sobre o Jacob às vezes, pois ele é muito impulsivo e eu não consegui deixar a Liese sem revidar.
Mas isso só mostra a fragilidade do relacionamento deles, que se vocês observarem verão que sempre foi conturbado, desde o começo. Mas fazer o que né, ele é um lobo e a Liese não é lá a pessoa mais calma do mundo.
Mas tudo bem, se você é team Jacob não se preocupe que vou cuidar bem dele nessa história, prometo.
E se você é team Edward já pode imaginar que a reconciliação está bem perto.
Não me odeiem pela falta de posts, vou voltar assim que tiver um tempinho, hoje reservei quase o dia todo pra fic, estou desde tarde na frente do computador e por isso agradeço a vocês, pode não ser fácil, mas vale a pena. Obrigada por continuarem acompanhando, um beijo!