Perdida em Crepúsculo: além do sonho. escrita por Andy Sousa


Capítulo 13
O lobo na escuridão.


Notas iniciais do capítulo

Este é o último de hoje. Boa leitura!



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Aneliese PDV

"Sei que não posso dar mais um passo na sua direção,
Pois só o que me espera é arrependimento.
Você não sabe que não sou mais seu fantasma?
Você perdeu o amor que eu mais amei.
Eu aprendi a viver, meio viva.
E agora você me quer mais uma vez.
E quem você acha que é?
Andando por aí, deixando cicatrizes,
Colecionando um jarro de corações,
Despedaçando o amor.
Você vai pegar um resfriado
Desse gelo dentro da sua alma.
Ouvi dizer que você anda perguntando por mim,
Mas eu me tornei forte, para nunca cair de volta em seus braços.
Você quebrou todas as suas promessas
E agora que voltou, você não me terá de volta."

Jar Of Hearts – Christina Perri

~*~

Por não poder dirigir na saída do trabalho tive que esperar que Charlie viesse, porém ele dissera que só poderia me buscar quando encerrasse seu turno na delegacia e o relógio me indicava que faltava mais de meia hora para isso. Fiquei sentada em um banco público, mas por sorte Mike me viu e ofereceu uma carona para casa. Fazia muito frio e eu estava faminta, por sorte eram poucos quilômetros e consegui dar um jeito da conversa entre nós ser relacionada apenas com o trabalho.

Ao chegar como de costume me livrei de minhas botas, deixei a mochila no quarto e parti para um banho. Foi bom estar revigorada e quente dentro de meu pijama de flanela, contudo eu tinha seguidos calafrios, mas não era por causa do clima, eu só não estava à vontade sendo a única dentro de casa.

Quando alcancei o térreo mal tive tempo de ligar a luz e ouvi meu nome ser chamado. Dei um gritinho de pavor e olhei em volta. De onde viera aquilo?

— Aneliese, sou eu Jacob.

Respirei fundo e fui até os fundos, este fora o motivo de eu ter me exaltado, optara pela outra porta e acabou me pegando de surpresa. Abri e ele se precipitou me puxando em um abraço apertado e quente.

— Liese. Oh Deus, como você está? Eu tentei encontrar uma forma de vir vê-la mais cedo. Já sei de tudo...

Quando lhe questionei ele explicou que Sam era muito atento aos acontecimentos, mas o que me deixou surpresa foi descobrir que os lobos já sabiam sobre os nômades muito antes disso.

— Como assim Jacob?

Ele me indicou que entrássemos para ficarmos longe do vento cortante, mas não saímos da lavanderia.

— Já faz alguns dias que percebemos atividade incomum nas redondezas e sabíamos que não eram os Cullen porque havia vítimas humanas.

— Sim, eles jamais fariam isso. – Bem, talvez Jasper em um de seus piores dias, mas não, eu sabia que nem mesmo ele seria capaz.

— Tentamos interceptá-los, mas aquele grupo era rápido, mal passava mais do que umas horas no mesmo lugar e quando chegávamos perto eles já tinham partido. Então concentramos nossos esforços em proteger a aldeia e as pessoas da cidade, claro que se pudéssemos impediríamos qualquer ataque, mas como eu ia sequer imaginar que a escolhida seria você. Droga, eu ainda me lembro o que pensei quando recebi a notícia, achei que...

Ele se calou e fitou um ponto cego da parede, eu podia ver com exatidão a amargura invadindo seu semblante. Coloquei uma mão sobre seu braço e lhe fiz um carinho.

— Está tudo bem. Mais uma vez eu estou bem. – Eu também estava impressionada com o tanto que enfrentara e mais ainda por estar sã e salva.

Ele me fitou intensamente.

— O que você fazia lá Liese? Porque não me avisou que iria? Não é como se me devesse uma explicação, mas você não é boba, sabe que há perigo e sabe que eu a protejo, mas como poderia quando você nem sequer estava em Forks?

Senti meu rosto quente, sem dúvida havia corado furiosamente.

— O que foi?

Mordi o lábio e desviei o olhar. Eu pensara em comentar com ele sobre o baile, mas sua abordagem mitigou minha determinação. O que eu diria agora? Não parecia ser desculpa suficiente para ter me jogado nas garras do perigo.

— Aneliese – pressionou.

— Olhe, não importa o que eu fazia lá, eu não deveria ter ido sem te avisar, você está certo – tentei desconversar.

Ele cruzou os braços, seus músculos ficavam ainda mais em evidência desse jeito, a pele morena brilhando fracamente sob o reflexo da luz que entrava pela diminuta janela, eu não sabia por que não havia acendido a lâmpada.

— Está escondendo alguma coisa de mim?

Não respondi e ele suspirou.

— Anda cheia de segredos ultimamente, mais especificamente desde segunda-feira.

Ele achava que tinha a ver com Edward. Será que pensava que eu poderia ter ido a algum lugar com ele? Imaginei que seria ainda pior que acreditasse nessa versão e isso me obrigou a falar a verdade.

— Espere, não entendi direito. Você estava com suas amigas fazendo compras? – Questionou após ouvir meu relato.

— Sim.

— Bem, poderia ter esperado até o final de semana e me pedido que a levasse. Não, eu sei que é bobagem, mas sempre quis ser o cara sentado em um banco afastado da loja enquanto espera sua namorada provar inúmeras peças de roupa – sorriu ao dizer aquilo.

Baixei meu olhar.

— Me desculpe, não quis me referir a você desse jeito.

— Não é isso. Eu não ligo. – Eu acho.

— Então o que é?

Ele havia se esquecido, estava claro. E com tanta coisa acontecendo, mais seus deveres com a alcateia não achei certo mencionar uma data que de repente pareceu se tornar tão sem importância.

— Não é nada. Você está com fome? Vou preparar o jantar para Charlie, porque não fica e come alguma coisa conosco? Mas você está sem camisa, como explicaria isto a ele? E o fato de estar aqui sem que alguém o tenha trazido, provavelmente ele ligaria para Billy e acabaria cheio de dúvidas...

Eu tagarelava enquanto andava de volta para a cozinha, mas Jacob segurou meu braço e me trouxe de volta me mantendo muito perto.

— O que é que está acontecendo com você? Não consegue ser tão eficaz em fingir, sabe disso. Mas eu não entendo o que está escondendo e nem o por que.

— Jacob, deixe para lá, não é importante...

— Não parece não ser. O que foi Liese? Há algo que... – Ele se calou e seu olhar ficou perdido por um instante. – Para que exatamente você foi fazer compras?

Prendi os lábios, fiquei insegura em responder.

— Que dia é o baile de sua escola?

O olhei e ele fechou os olhos em uma careta.

— É isso, não é? Você foi comprar seu... Vestido?

Soou como uma pergunta, mas vi que não fizera por mal, sendo garoto simplesmente não entendia nada sobre o assunto.

— Aneliese porque não me disse? Eu me lembrei disso há uns dias, mas com tanta coisa na cabeça acabei me esquecendo outra vez. Me desculpe de verdade.

— Está tudo bem. Eu não culpo você, além disso, fui precipitada em levar os preparativos em frente sem sequer te consultar. Eu devia saber que não iria querer ir.

— Ei, espere. Do que está falando? É claro que eu quero ir. Prometi a você que iria.

— Mas não sei se seria muito aconselhável tendo em vista sua vida como lobo. Você tem compromissos.

— E daí? Não posso deixá-los de lado por uma noite? Confie em mim, não haverá problema. Minha obrigação é proteger os humanos e você é humana – riu.

O encarei.

— Mas não sou a única.

— É verdade. Mas sem dúvidas é a única que me interessa. Venha aqui.

Novamente me abraçou. Era impressionante que mesmo com o frio seu corpo estivesse quente como o de quem havia ficado por horas em frente a uma lareira. Era reconfortante e recostei minha cabeça sobre seu peito enquanto ele beijava o alto de meus cabelos.

— Você vai estar mais linda do que nunca – comentou. – Tenho que correr atrás do prejuízo e garantir uma roupa bonita se não quiser parecer um caipira.

Gargalhei.

— Eu vou estar mesmo – levantei o rosto e pisquei.

Ele sorriu largamente e puxou minha cabeça para perto me beijando demoradamente.

— Não acredito que esteja viva. Eu ainda não assimilei a sorte que tenho. Se bem que não entendi exatamente o que houve, esta é a parte da história de que não tenho conhecimento. Como pelos céus você conseguiu escapar dos vampiros?

Logicamente Jacob não sabia quem havia me resgatado.

— Edward de alguma forma conseguiu chegar até nós.

Ele se afastou e me fitou.

— Foi ele quem a salvou?

Sabia que não ficaria feliz ao descobrir, mas o que faria? Mentiria?

— Sim. E devo muito a ele.

— É claro que deve.

Me soltou e foi para longe, mesmo à pouca luz pude ver que cerrava os punhos. Fiquei encarando suas costas.

— Não pode estar zangado, eu não tive culpa e torno a dizer que devo a ele minha vida, se Edward não tivesse aparecido aí sim você teria acertado ao pensar que eu estava morta.

Ele se voltou para mim e sua feição havia deixado de demonstrar alegria.

— Ótimo. Então agora devo agradecê-lo?

— O quê? Não. Você não tem que fazer nada.

Ele respirava rapidamente e fiquei assustada de pensar que pudesse chegar a se descontrolar, me aproximei e chamei por seu nome, mas ele olhava por cima de minha cabeça, evitando que nossos olhares se cruzassem.

— Você não entende, não estou zangado com você. Estou profundamente irado com aquele desgraçado que você costumava chamar de namorado. Acha mesmo que foi por acaso que ele a encontrou? Ele vigia você, a rodeia a todo minuto. E agora por mais que não queira terei de admitir que também esteja em dívida com um sanguessuga.

— Eu falei com ele hoje na escola e a tarde apareceu em meu trabalho.

Vagarosamente seu olhar baixou até o meu.

— O quê? – Perguntou num silvo.

Eu teria de revelar isso em algum momento, não vi razão em esperar, ele não ficaria mais feliz se descobrisse depois.

— Edward veio falar comigo mais cedo, na verdade só estava interessado em saber mais sobre o ataque, ainda assim não achei necessário que viesse até a loja, mas ele...

— Ele?

— Ele não aceita muito bem meu relacionamento com você – articulei.

— ELE NÃO TEM DE ACEITAR NADA, ANELIESE!

Me encolhi reflexivamente.

— Jacob, porque você está gritando comigo? Talvez de alguma forma eu o tenha encorajado, mas acredite, já disse a ele que nada mais vai haver entre nós. Sou muito grata por ter salvado minha vida, mas isto não significa que tenha de submetê-la a ele. Ainda posso fazer minhas próprias escolhas e eu escolhi você. Edward sabe disso, ele só não quer admitir.

Ele ainda apertava suas mãos, os nós dos dedos nitidamente rígidos.

— Vai mesmo perder o controle dentro da casa de Charlie? Vai deixar a fúria lhe tomar comigo estando tão perto de você? Estamos juntos porque confio em meu amigo, acredito que ele seja perfeitamente capaz de se conter, mas será que estou enganada?

Se afastou vários passos e sua respiração era alta no cômodo minúsculo. Eu esperei até que pareceu se acalmar.

— Desculpe.

— Está tudo bem.

Ele se voltou para mim.

— Está mesmo? Essa parece ser sua frase de efeito, mas está começando a perder o sentido. Eu sinto que de alguma forma as coisas entre nós estão diferentes e sei que a culpa é minha. Não quero ser responsável por afastar você, sei que não sou o modelo perfeito de um garoto romântico, sei que às vezes passo dos limites, mas não quero nunca que duvide do que sinto. Eu fico fora do sério só de pensar que possa te perder, ainda mais sendo para ele.

— Isto não vai acontecer.

— Eu sei que você é fiel Aneliese, sei que quando diz não ter culpa realmente não tem, mas esse cara não está de brincadeira, ele não pensaria duas vezes se tivesse a chance de tê-la de volta.

— Você não tem com o que se preocupar. Eu odeio que justo quando decidimos começar uma relação as coisas tenham se tornado tão complicadas, devia ter sido sincera sobre o que sentia, não devia ter esperado tanto, mas tudo parecia tão impróprio.

Ele riu sem ânimo.

— Você pensou em mim, pensou no que isto poderia significar para os membros da alcateia e eu sequer lhe encorajei de alguma forma. Também tive culpa nisso.

— Mas não é tarde demais, não é mesmo?

Jacob tornou a se aproximar.

— É claro que não. Jamais será. Eu sempre vou querer você. E não vou ser bonzinho, embora acredito que já espere isso de mim. Não vou deixar de lutar, não vou deixar o caminho livre para outro.

Tinha de decidir se aquilo me preocupava, mas ao fim achei que não. Era só a forma dele se expressar, não imaginei que realmente falasse a sério. De toda forma teria de ser madura o suficiente para admitir que tivesse grande parte nas consequências, deixava que os sentimentos remanescentes tomassem conta de minhas decisões. Este era o meu erro, eu precisava distinguir abertamente meu passado e meu futuro se quisesse evitar mais problemas.

— Acredito que ainda seremos muito felizes, nós merecemos, você não acha?

— Sim eu acho. Com certeza eu acho.

E mais uma vez ele me trouxe para perto e me beijou.


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Notas finais do capítulo

Por favor, digam o que acharam, espero que todo mundo continue por aqui, eu volto com mais em breve, beijos! :*