Perdida em Crepúsculo: além do sonho. escrita por Andy Sousa


Capítulo 11
Evidências.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Edward PDV

"Você me pegou pensando que ia ficar tudo bem.
Você acreditou em mim em cada mentira,
Mas eu falhei com você desta vez.
E parece como esta noite,
Não posso acreditar que esteja sofrendo por dentro.
Você não percebe que não há nada que eu possa fazer
Além de tentar fazer as pazes com você?
Eu estava esperando pelo dia em que você se aproximaria.
Eu estive perseguindo e ‘nada’ foi tudo o que achei.
Do momento em que entrou em minha vida
Você me mostrou o que era certo.
Eu nunca me senti assim antes,
Quando acabo de ir eu volto para mais
E nada mais parece importar.
E nestes dias de constantes mudanças,
Você é a única coisa que permanece
E eu poderia ficar desse jeito para sempre."

Feels Like Tonight – Daughtry

~*~

Detestava esta rotina tediosa, nunca menosprezara tanto ter de vir à escola, agora mais que nunca era uma perda de tempo. Tinha um modo diferente de demonstrar ansiedade, não me remexia no lugar, não dava sinais, pelo contrário ficava perfeitamente imóvel me lembrando apenas de respirar para não estragar a fachada. Pouco me importava quais fossem as grandes conquistas da história, que se danem os presidentes e sua política suja! Porque essa aula tinha de se arrastar tanto?

Depois de muito custo o sinal enfim soou e pude ficar livre do confinamento, era o horário de almoço e eu aproveitaria para conversar com meus irmãos, tinha algumas coisas relevantes que discutir com eles. Alice e Jasper me encontraram no meio do corredor.

— Você me deixou preocupada Edward, mal conseguia fingir estar calma enquanto a senhorita Goff discursava sobre romances espanhóis com todo aquele entusiasmo exagerado – revirou os olhos.

— Nem me fale.

— Mas então o que está acontecendo? – Sondou Jasper.

— Vamos encontrar os outros e conversarei com todos.

Enquanto caminhávamos avistei Aneliese também se dirigindo para o grande salão em companhia de suas amigas. Elas pararam perto da porta, falavam sobre a garota no hospital, Stanley havia recebido um recado da senhorita Cope dizendo que os exames não haviam acusado nada, ela só tivera uma concussão, mas logo estaria bem o suficiente para receber alta.

— Isso é ótimo – ouvi a voz de Liese com perfeita exatidão, mesmo há metros de distância e seu rosto demonstrava que estava aliviada.

Ela, Stanley e Weber se abraçaram por um minuto e trinquei o maxilar. Eram apenas garotas indefesas, porém mesmo o homem mais forte do mundo não seria páreo para um vampiro. Aqueles desgraçados não podiam simplesmente ter seguido seu maldito caminho?

As meninas se afastaram e recomeçaram a andar desaparecendo em seguida detrás das portas duplas.

— Será um trauma que guardarão pelo resto da vida – Alice também havia prestado atenção à cena. – Mas Liese carrega o fardo maior.

Olhei-a exasperado e ela encolheu os ombros como quem se desculpa. Apesar disso estava certa, Aneliese parecia invariavelmente ser um imã que atraía o perigo. Quanto ela já havia suportado desde que chegara a Forks? E porque tinha de ser justamente ela? Por causa das coisas que reivindicava saber?

Chegamos ao refeitório, Rosalie e Emmett já estavam sentados à nossa espera.

— Temos de comprar o lanche, você virá conosco?

— Não. – Fui firme em uma negativa, os fofoqueiros podiam lidar com um dia de minha abstinência alimentar, estava farto de fingir, tinha pressa em resolver meus assuntos. – E, por favor, sejam breves.

— Seremos.

Separamo-nos e fui ao encontro dos outros.

— O que está acontecendo? – Perguntou Rosalie enquanto eu me sentava.

A mesa que ocupávamos não havia sido escolhida por acaso, ela era a mais afastada no refeitório e disfarçadamente durante os primeiros dias meus irmãos e eu tratamos de puxá-la ainda mais para longe. Nenhum humano jamais se aproximava e de certa forma significava que tínhamos privacidade. O baixo tom em que éramos capazes de nos comunicar se mostrava útil quando havia coisas urgentes a serem discutidas, pois nenhum deles conseguia nos ouvir.

— Pela manhã andei analisando incessantemente fatos que até hoje havia deixado passar. – Não queria desperdiçar os minutos então Alice e Jasper teriam de acompanhar o que eu dizia de onde estavam. – Eu acreditava que a fuga tivesse sido iniciada pelo homem louro, James. Mas estive enganado, quem o incitou foi a mulher, Victoria, eles são parceiros.

— E em que isto é relevante? – Questionou Emmett.

Aproximei-me um pouco mais tentando transmitir minha linha de raciocínio.

— O terceiro membro. Pensei que fosse o líder, mas novamente me equivoquei, o posicionamento deles e a falsa demonstração de medo não se passou de um truque. A mente por trás dos esquemas é a de James.

— O louro? Mas ele me pareceu tão estúpido!

— Como eu falei Rose, foi tudo um truque. Ele não quis atrair atenção, junto de sua parceira formam o casal perfeito: são vis e covardes. Agem quando se sentem seguros, mas ao menor indício de perigo fogem.

— O que isto significa? Quero dizer, sabemos que vampiros assim como humanos possuem todo o tipo de personalidade, mas neste caso qual é a consequência? – Refletiu meu irmão.

— Eu tentei acreditar estar errado uma terceira vez, mas todas as pistas me deixaram com certa impressão. Quando cheguei e impedi o ataque ouvi o que pensavam, mas não havia dado importância até conversar com Aneliese, ela me deixou claro que apenas uma pessoa a havia amedrontado, um homem que descreveu como louco. James era o único próximo a elas, foi ele quem machucou Mallory e estava prestes a...

Fechei minhas mãos em punhos e respirei fundo. As cadeiras ao lado foram ocupadas e Alice distribuiu o lanche entre os demais.

— Ele é sádico – assinalou Jasper.

— Sim, ele é. Mas não é somente isso, tem alguma coisa faltando. James não ficou só desapontado quando o interceptei, parecia estar quase sofrendo.

— Sofrendo? – Rosalie não era a única que não havia visto sentido em minhas palavras.

— Não, isso é possível – Jasper alertou. – Disse que ele era dissimulado. Que vampiro sedento espera para se alimentar de suas vítimas?

— É verdade. – Concordou Emmett.

Alice havia começado a refletir sobre uma coisa que fez questão de deixar de lado, percebi que tentava esconder de mim.

— O que foi isso?

Ela me olhou e prendeu os lábios, mas não fez mistério.

— Há algo que não lhe contei, no começo não tive coragem e depois se mostrou desnecessário... Ontem quando tive a visão de Liese em perigo, bem, já era tarde demais.

Rosalie ergueu as sobrancelhas, os outros se entreolharam.

— Como é Alice?

— Exatamente o que disse. Eu vi Liese morrer — sua voz mal passou de um sussurro.

— Mas...

— Sim, também fiquei surpresa por termos conseguido encontrá-la com vida, eu não tinha sequer esperanças, mas o que podia ter feito além de correr? Imaginei que Edward ficaria fora de si e precisaria de amparo. Parti esperando encontrar apenas um corpo sem vida e de algum estranho jeito pude ver minha amiga a salvo.

Eu havia ficado em silêncio, não somente aquela informação era difícil de assimilar como também servira para endossar a teoria que eu viera criando em meu cérebro.

“Um caçador.”

Me voltei para meu irmão, assim como eu ele estava calado, mas sua mente era barulhenta.

“Nunca encontrei um, mas já ouvi relatos. Tudo se encaixa. Porque motivo mais ele teria esperado?”

— Jasper.

Ele estava sério, me fitou e assentiu.

— Acho que estou certo.

— O que foi?

Ele se voltou para a mulher.

— Você disse que viu a garota morrer, mas isto não aconteceu. Quando teve a visão viu a ação dos três em conjunto e seu impulso natural seria matar e fugir, porém quando chegaram até elas algo os atrasou. A única explicação plausível é que o homem de que falam é um caçador. Ele trata as vítimas como presas, ele sente prazer em vê-las sofrer, em demonstrar que é mais forte, o medo o encoraja. Em geral trata-se apenas de atrocidade, os humanos não têm muita sorte quando são escolhidos por alguém assim, mas para Aneliese foi um trunfo. O jogo do caçador acabou lhe custando a refeição.

— Acho que você está certo. Talvez eles só procurassem por alvos fáceis, mas o rapaz se deixou levar pela compulsão. Provavelmente por se tratar de duas garotas sozinhas à noite, alguém iria querer vingá-las, mas ele não contava que essa pessoa pudesse ser de sua própria espécie.

— Que sorte da humana – comentou Rosalie.

— Até agora ela teve sorte – disse Emmett.

Não fui o único a me virar em sua direção. Ele retribuiu nosso olhar e depois fitou a mesa, meu irmão não gostava de se ver debaixo de um holofote – algo que o diferia muito de sua esposa.

— Se eu fosse um caçador e tivesse minha presa tirada de mim daria um jeito de reavê-la. É o princípio de todo conto de terror: o vilão não desiste da primeira vez e eu não acho sinceramente que esse cara vá abrir mão do que começou.

Emmett às vezes conseguia ser brilhante, seu raciocínio era único, percebia coisas que nós deixávamos passar, porém não costumava se concentrar em suas teorias, pois seus instintos falavam mais alto.

— Isto... Faz todo o sentido na verdade – comentou Jasper.

Eu só conseguia usar meu tempo para refletir e colocar as peças do quebra-cabeça no lugar. Finalmente se encaixavam, mas a figura que formavam não era apreciável. Inevitavelmente tornei a me lembrar da conversa que tivera com Liese e suas palavras demonstravam ter mais sentido que nunca.

— Aneliese me pediu para que deixasse a busca de lado – falei a certa altura. – Ela me disse que talvez não precisasse persegui-los, pois poderiam voltar. Na realidade acho que se referia somente a James. Ela sabe de algo, eu tenho certeza.

Houve um suspiro.

— Claro que sabe. Sabe de tudo. Nenhum de nós entende, mas é um fato – devaneou Alice.

— Se tudo isto for verdade então ela pode estar em perigo – assinalou Rosalie.

Desviei o olhar para a mesa em que Liese estava sentada enquanto conversava com uma amiga sobre o dever de matemática. A conhecia bem o suficiente para saber que ainda estava apreensiva e receosa, mas não demonstrava. Não se tratava de frieza, era sua forma de se proteger, de manter os sentimentos a salvo dos olhares curiosos; Liese era boa em fazer as pessoas acreditarem que tudo estava bem. Eu sabia que ela havia crescido em uma família que a fizera se preocupar desde pequena com a autoimagem...

Então ela simplesmente estava ali sendo uma adolescente que não devia ter de lidar com os problemas que enfrentava. Sua proteção era minha prioridade, eu não falara em vão, daria cada dia de minha existência em troca de saber que ela estaria segura.

— Esse desgraçado pode voltar para tentar matá-la – soltei num silvo.

— Ele não vai conseguir Edward, sabe que não deixarei nada passar – Alice procurou me acalmar.

— Esperem. Acho que vocês não entenderam direito.

Jasper semicerrou os olhos enquanto pensava.

— Eu disse que ele era um caçador e caçadores são como psicopatas, agem insanamente. Porém alguém assim não é movido pela sede e sim pelo ódio. Acho que no momento em que Edward se envolveu o jogo começou, não duvido que ele vá voltar, mas acho que estão dispensando sua preocupação com a garota errada.

— Você acha que ele não quer Aneliese?

— Não posso afirmar com certeza. Entendam: ele se demorou em seu ataque, mas ia matá-la. Por segundos provavelmente a garota não estaria viva o que quer dizer que não era seu alvo principal. Eu imagino uma cena em que ele tenha se visto pressionado, não era o único faminto então sacrificaria a primeira vítima para que se alimentasse e poderia levar a outra para onde quisesse e torturá-la a seu bel prazer.

— Porque a tal Lauren estava caída no chão? Alguém chegou a perguntar? – Rosalie inquiriu.

— Liese disse que ela insultou James e ele a agrediu.

— Mas não a matou – apontou meu irmão. – Veem? Uma vez que já tivesse se envolvido porque não iria até o fim? Não seria mais fácil matar Mallory se já havia se ocupado em machucá-la? Mas ele não fez isso, apenas a silenciou. É a ela que ele quer.

— Mas você disse que ele gosta de brincar com as pessoas, não poderia escolher Aneliese depois de ter visto que Edward a defendia? – Perguntou Emmett.

— Depende. Você acha que deu pistas? – Jasper se dirigiu a mim.

Fiz uma negativa com a cabeça.

— Não, acredito que não. Eu o tirei de perto dela, mas ao me posicionar estava defendendo as duas.

— Bem, é provável que ele não tenha identificado sua ligação. Isto pode ser um privilégio, mas também um risco.

— Significa que uma estará a salvo ao custo da vida da outra – Rosalie mencionou com ironia.

Estreitei meus olhos.

— Não vou expor Mallory para proteger Aneliese, meu respeito pelos humanos vai além – rebati.

— Sim, mas você não pode negar que sua prioridade seja ela. E isto faz a outra ficar indefesa sem ninguém para protegê-la. Pelo que sabemos ela pode ser morta daqui a cinco minutos, está distante e Alice sem dúvida não se ocupou em também prever o destino dela.

— Não, não me preocupei, é verdade. Mas domino meu dom bem o suficiente para estar alerta a qualquer movimento incomum Rose, querida – sorriu provocativa.

— Vocês estão se deixando dispersar, no final ninguém sabe ao certo o que o maluco pensa. Pelo que entendi, ele ainda pode escolher qualquer uma. Se eu fosse você irmão daria um jeito de descobrir mais sobre o que aconteceu. – Disse Emmett.

— Não dá. Aneliese não me dirá nada, ela insiste em se manter distante e além disso me deixou claro que não revelaria o que sabe, pois tem medo que eu use de desculpa para perseguir os desgraçados.

— Mas há outra maneira. Ela pode não ter dito a você...

— Mas talvez diga a outra pessoa? Quem? O cachorro?

— Ou o xerife.

Era verdade, Charlie sem dúvidas havia conversado com ela sobre o ataque.

Ele deve estar pensando em interrogá-la.

A solução parecia simples, Aneliese e eu teríamos a próxima aula juntos e poderia questioná-la pessoalmente.


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