Sobre Príncipes e Princesas escrita por Hanna Martins


Capítulo 8
Às três da tarde


Notas iniciais do capítulo

OMG, feliz demais aqui. Recebi uma recomendação linda! Capítulo dedicado à Paola Almaraz, essa linda, que me presenteou a fic e me provocou uma série de surtos. Muito obrigada, Paola!



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Uma garota confusa e perdida, é isso que sou.

As paredes do palácio me oprimem. Parecem estar prestes a se fecharem sobre mim. Não consigo respirar. Me sinto sufocada.

Tento fechar meus olhos, mas o sono não vem. São duas horas da manhã.

13 horas. Falta exatamente 13 horas para meu casamento.

Estou só. Sinto que estou preste a ter uma crise de choro.

Eu não estou preparada para me casar.

Eu não estou preparada para ser uma futura princesa.

Por quê?

Passei esses últimos dias em estado de negação, fingindo que tudo estava normal. A quem estava querendo enganar, como isso pode ser normal?

Agora, a realidade bate em minha cara, dando um tabefe daqueles de deixar marcas por dias.

O pessoal se encarregou de preencher todos os meus horários com aulas e provas de vestido. Aliás, essa foi a única coisa para qual precisaram de mim para preparar o casamento. Se bem que unicamente servi para tirar as medidas e testarem o vestido, já que não dei um único palpite. Eles não perguntaram nada a mim. Minhas opiniões são muito consideradas por aqui.

Hoje foi o único dia que me deram “descanso”. Isto é, me permitiram ir para a cama às onze da noite, sendo que nesses últimos dias, vou lá pelas duas da madrugada, e no outro dia levanto às sete da manhã, com Daphné no meu pé.  

Mas eu não consigo dormir. Sei que preciso dormir, porém o sono não vem. Me vem outras coisas.

Me viro na cama. Minha cabeça está tão pesada de pensamentos assustadores que mal consegue ficar sobre o travesseiro.

Me levanto. Abro a porta que dá acesso ao jardim. Está frio. Mas eu gosto do vento frio. Pego um casaco e jogo por cima de meu “pijama”, uma calça moletom e uma camiseta velha, pelo menos, ninguém pode controlar minha vestimenta de dormir, embora eles tentem. Ganhei vários pijamas luxuosos, roupas tão caras e bonitas que me fizeram questionar se eram mesmo para dormir ou ir a uma festa.  Aliás, o closet está abarrotado de roupas caras. Quem imaginaria isso três meses atrás. Eu nem tinha closet. Tudo o que tinha era um quarto minúsculo. Porém, era meu quarto, com as coisas que eu gostava.   

Começo a andar pelo jardim. A lua está linda hoje. Imensa. Fico a observando por um longo tempo. Mais uma vez, sinto os olhos ficarem irritados (coisa que aconteceu muitas vezes nesses últimos dias). Não, eu não vou chorar. Não posso chorar. Volto a minha caminhada, talvez o sono venha com um pouco de exercício.

O silêncio da noite é interrompido subitamente por um som. Primeiro ouço alguns acordes baixinhos de piano. Depois aos pouquinhos vai se transformando uma melodia.

Quem está tocando às duas da manhã? Parece que não sou a única a sofrer de insônia. A música me atrai. Ela é melancólica e penetrante. Tenho a leve impressão que já a ouvi antes, mas onde?

Hipnotizada pelo som, vou em direção a ele. Quero escutá-lo com mais nitidez. Descubro que o som vem de uma saleta que não fica tão longe assim do meu quarto. As janelas embora estejam abertas, estão cobertas por uma cortina. Por isso, não consigo ver quem está tocando. Me apoio na parede e escuto a melodia. 

Sempre admirei a melodia do piano. É um som delicado, mas também marcante. Fecho meus olhos e me deixo ser conduzida para outro mundo. Repentinamente, o som para, o que me provoca um certo choque. Queria continuar escutando a música. Suspiro.

— Plebeia? — a voz de Leon me pega completamente desprevenida. Levo um susto.

— Aham? — olho para ele, que está debruçado na janela e me analisa com uma expressão curiosa.

— O que você está fazendo aqui? — indaga.

— Eu... — não sei explicar, e o mais importante, não quero explicar. — Era você que estava tocando?

Ele assente, olhando para o céu.

— Não sabia que você tocava — digo simplesmente para não ficar calada.

Ele solta um sorrisinho.

— Problemas para dormir? — pergunta ainda admirando o céu.

— Algo assim — respondo vagamente, o observando.

Um vento frio nos atinge, bagunçando seu cabelo.

— Amanhã... quero dizer hoje — corrijo rapidamente ao verificar que o amanhã já é hoje. — Vamos... você sabe... — hesito em falar a palavra, como se ela fosse um tabu.

Ele permanece impassível, observando o céu.

— Você não... — paro no meio da pergunta.

Os olhos dele caem sobre mim. Por um momento fugaz, ele me analisa.

— Entre — aponta para a porta da saleta. — Está frio.

Eu não quero ficar sozinha nessa noite, cheia de pensamentos assustadores, irei sufocar em meus próprios pensamentos se ficar sozinha. E a companhia de Leon ainda é uma companhia.

Entro na saleta. Ela está quentinha. Noto uma lareira em um dos cantos. Não há muitas coisas aqui. O piano, algumas poltronas, um sofá bege, uma pequena mesa, uma estante, esses são os únicos móveis que compõem a decoração da local.

Leon fecha a janela e senta-se ao piano. Ele percorre os dedos pelas teclas ao acaso. Seus dedos são longos e habilidosos.

— Você sabe tocar? — pergunta repentinamente.

— Não... — me aproximo e o observo deslizar os dedos pelas teclas.

Ele começa a tocar novamente a música que me trouxe até aqui.

— Como se chama essa música?

— “Noite sem estrelas” — responde.

— É linda — digo.

Leon levanta os olhos do piano e me olha.

— Você gosta?

Assinto.

— Fui eu que compus — ele continua a tocar.

— Você?! — olho para ele, admirada. — Tem certeza?

— Você me acha um inútil, confesse! — há um certo tom brincalhão em sua voz.

— Ei, eu não disse nada! — me defendo.

— Também compus essa — ele muda de música. — E essa — muda novamente.

Seus dedos têm vida própria.  

— Você nunca pensou em ser músico?

Leon para de tocar subitamente e me olha.

— Músico? — uma risadinha um tanto artificial sai de sua boca. — Um músico?

— Ué, músico! — o olho como se eu estivesse tentando explicar a um ET algo bastante óbvio. — Tocar, compor, essas coisas! Vai dizer que você não sabe o que é um músico?

Leon ri. Por que ele está rindo desse jeito?

— O que foi? — pergunto. 

— Nada! — solta outra risadinha, enquanto nega com a cabeça, agitando seus bastos cabelos negros.  

O encaro.  

— Sei... O que você está planejando nessa mente maligna?

— Eu não tenho uma mente maligna! — protesta.

— Claro! — debocho. — Você é um anjo de candura caído do céu.

Ele apenas ri e toca algumas notas ao acaso, sem formar qualquer melodia. Não posso evitar acompanhar com os olhos os seus movimentos.

— Você realmente gosta de apreciar minha beleza — provoca.

— E você se acha demais, príncipe da beleza! — ironizo.

— Oh, pelo menos você reconhece.

— Argh!

Passeio sem um rumo certo pela saleta, examino um quadro aqui, dou uma pequena ajeitada na cortina, troco de lugar os pequenos enfeites que adornam a estante, até dou uma mexida no fogo da lareira.

Leon toca. Músicas suaves e outras nem tanto. Ele até inventa de cantarolar.

Essa cena é um tanto... inusitada. Eu, na mesma sala que Sua Idiota Alteza, convivendo com ele pacificamente por um tempo considerável. O que está acontecendo aqui? Só pode ser uma dessas alternativas:

a) Eu e Sua Idiota Alteza resolvemos ser pessoas civilizadas.

b) O fim dos tempos está próximo.

Não há dúvidas, opção “b”.

Leon começa a tocar uma música muito triste. Me deito no sofá e fico a escutando, sem fazer qualquer movimento, como se qualquer barulho pudesse quebrar a fragilidade dessa música. Frágil e melancólica, é assim que a sinto. Fecho meus olhos. As malditas lágrimas querem sair. Por que eu estou assim hoje? Não, eu não posso chorar.

— Você também não está conseguindo dormir? — pergunto.

— Algo assim — ele responde sem parar de tocar.

Olho para ele. Leon tem uma expressão concentrada. Suas mãos dançam sobre o piano. Nada parece o incomodar. Nada parece o atingir. Está em seu próprio mundo.

Ele tem o seu mundo para se refugiar. E, eu, o que tenho? Nada. Absolutamente nada. Sou apenas uma garota sozinha.

A música subitamente para. Leon anota algo em uma partitura que está em cima do piano e depois deixa suas mãos percorrem as teclas do piano, anota novamente algo na partitura. Suponho que ele deva estar compondo.

Eu gosto de ver as pessoas criando. Qualquer coisa. Sério, qualquer coisa. Quando era criança, ficava fascinada vendo os vendedores de algodão doce nos parques de diversão fazendo algodão naquelas máquinas. Aos poucos a pequena bolinha ia crescendo, crescendo, crescendo até se transformar em uma deliciosa e fofa bola de algodão doce. Há algo de mágico em ver alguém criando.

Não posso negar que o príncipe me intriga. Cada dia descubro uma nova faceta sua. Quem diria que ele seria também um compositor? E ele é bom nisso.

Ele bagunça os cabelos. Seus belos cabelos negros, que contrasta perfeitamente com a alvura de sua pele. Sua pele perfeita, sem sinais de espinhas ou cravos. Claro, ele tinha que se parecer com alguém irreal demais. A família real realmente tem muito boa genética. Também, o rei Carlos é um dos homens mais bonitos da nação. E ninguém pode competir com a rainha Felipa no quesito beleza. O que esperar da junção dessas duas belas espécimes? Nada mais, nada menos, do que perfeição.

Entretanto, o que me intriga nele, não é sua beleza de um deus caído do Monte Olimpo. É a sua personalidade. Como ele pode ser assim... tão cheio de camadas? Como uma cebola. Uma cebola que nunca acaba. Acho que vou ficar com muitos parafusos a menos se tentar desvendá-lo.

Os ponteiros do antigo relógio (deve estar nesse palácio há décadas) se movem pesadamente. Acompanho a vagarosa caminhada dos ponteiros. Três horas da manhã.

12 horas.

Meu estômago se contrai.

Os ponteiros com sua lentidão continuam a caminhar. Segundos. Minutos. Mais uma hora passa. Cada movimento do relógio faz cada molécula do meu corpo doer. A tortura é lenta. Tento me concentrar na música.

11 horas. Falta 11 horas.

O som do piano é o único que se ouve. De vez enquanto, Leon faz uma pequena pausa, anotando alguma coisa na partitura. Minhas pálpebras começam a querer se fechar. Ele agora toca um som doce e suave.

10 horas e meia.

Não sei como. Mas minhas pálpebras conseguiram se fechar. Durmo.

— Ei, acorda! — alguém sussurra. — Acorda!

Sonolenta, abro minhas pálpebras. A primeira coisa que vejo é o rosto de Leon. Demora alguns segundos para me situar e voltar a realidade.

— O que foi? — digo entre um bocejo e outro.

— Estão procurando por você.

— Aham?

Olho para o relógio. 6 horas da manhã.

— Quem? — pergunto, enquanto travo uma verdadeira luta para manter minhas pálpebras abertas. Dormi quase nada.

— Os guarda-costas — responde.  

Que grande novidade. Mal acordo e já tem gente atrás de mim. Começo a me levantar do sofá. Estou morrendo de sono.

— Você disse o que para eles?

Leon dá os ombros.

— Sei lá... mandei eles procurarem nos meus bolsos... ou nos meus aposentos...

— Engraçadinho, você! Sabe que somos o assunto do palácio, não é? Agora todo mundo, quando me vê fica me dando indiretas sobre como o príncipe gosta de levar as garotas em seus braços.

Leon faz pouco caso de meus lamentos.

— Ei, você deveria estar me agradecendo. Eu salvei você, lembra? Sem mim o que será que teria acontecido a você, hein?

O encaro.

— Claro, Sua Alteza Real — falo com muita ironia. — Lhe devo minha vida. Nem sei como pagar ato de tão grande bravura.

— Pois deveria saber! — provoca.

Já vi que se eu ficar aqui por mais um instante, acabaremos começando a terceira guerra mundial. O mundo não terminará em um apocalipse zumbi, terminará em uma grande guerra iniciada por eu e Leon.

Acho que o pequeno acordo de paz que estabelecemos nessa madrugada foi quebrado.

Saio da saleta. Ele me acompanha.

— Você vai me seguir? — indago ao vê-lo junto a mim.

— Só estou indo para meu quarto — responde.

Leon boceja. Será que ele dormiu um pouco? Talvez, ele esteja ainda mais preocupado com o casamento do que eu imagino. Sei que ele também não quer esse casamento. Isso é uma das únicas coisas, senão a única coisa em que concordamos. Estranho, mas nunca falamos sobre isso, pelo menos diretamente. Talvez, estejamos levando a sério aquele pensamento de que falar sobre a coisa torna tudo real demais. No entanto... estamos prestes a subir ao altar. Não há como evitar isso, embora eu esteja torcendo para que o apocalipse zumbi comece antes das três da tarde.  Ainda há muita coisa para acontecer até às três da tarde. Deixe uma garota sonhar.

— Hoje é o dia... — falo, quase engasgando com minhas próprias palavras. Toca nesse assunto é mais difícil do que pensei.

— É... — responde, diminuindo os passos.

— Você não está... assustado... com tudo isso?

Ele para de caminhar e me olha. Estamos andando pelos jardins do palácio. A grama está coberta de orvalho.

— Eu... estou — confesso.

— Emma — é a primeira vez que ele me chama pelo meu nome, é sempre plebeia para cá, plebeia para lá, quando quer se dirigir a mim.  Ouvir ele se dirigindo a mim, empregando o meu nome é algo... peculiar. — Eu... realmente sinto muito...

Olho para ele. Os olhos de Leon estão nos meus.

— Talvez, você não devesse ter se metido... nisso — sua voz soa como se realmente lamentasse a minha sorte. — Olha... sei que... esse mundo nunca será fácil. Perguntas como a que você me fez ontem sobre eu querer ser músico... elas não têm o menor sentindo aqui. Foi por isso que eu ri. Não temos nenhuma escolha. Tudo já está decidido.

Leon desvia seu olhar de mim e começa a andar. As palavras dele ressoam por minha mente. Estou presa em um labirinto.  

— Emma! — a voz estridente de Charlie me traz de volta a realidade. — Ei, Emma!

Olho para ela.

— Ei, irmão, espera! — ela grita para Leon que caminha um pouco mais a nossa frente.

Leon para de andar, mas não se volta.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto. — São seis horas da manhã!

— Eu é que deveria estar perguntando isso — rebate Charlie. — Você estava com meu irmão! Com meu irmão! — enfatiza. Só falta ela começar a cantar uma daquelas musiquinhas irritantes que os garotos do jardim de infância cantam quando pilham um de seus amiguinhos com uma menina.

— Por favor, Charlie, isso é... algo absolutamente normal.

— Aham — ela dá uma piscadinha para mim. — Muito normal. Seis horas da manhã e você e meu irmão resolveram sair para dar um passeio por aí...  absolutamente normal... normal demais... super normal.

— Ei, pare de repetir essa palavra!

— Qual palavra, normal? — fala de modo travesso. — Eu só estou falando normalmente.

— Charlie!

— Ok, ok, vou ser uma pessoa normal!

Lanço meu olhar “não estou de brincadeira” para a princesa caçula.

Ela ri e caminha apressadamente até o irmão.

— O que foi, pirralha? — pergunta Leon ao ver Charlie toda animadinha se pendurando em seu braço.

— Nada, irmão! Só estava admirando esse dia normal — enfatiza a última palavra. — Não é mesmo, Emma?

Esses dois realmente são irmãos, os genes da importunação estão neles. Tenho sérios problemas com a realeza.  

Charlie sorri e puxa meu braço. Agora, ela está entre eu e Leon, segurando os nossos braços.

— Emma... — diz com aquela voz docinha de quem está querendo alguma coisa.

— Fala — digo um tanto desconfiada.

— Eu não esqueci... ainda vou te dar meu presente de casamento — sorri.

Na última vez, terminei com meu tornozelo torcido, e ainda precisei pedir ajuda de Leon. O que acabou... bem, vocês sabem como acabou aquilo.

Eu já disse que os membros da família real não sabem dar presentes?

Trato de ficar quieta. Já chegamos ao jardim que dá acesso ao meu quarto. Leon e Charlie continuam me acompanhando. Charlie preenche o silêncio com sua tagarelice habitual.

— Emma — essa voz...

— Mãe! — volto-me e lá está minha mãe, acenando para mim, meu pai tentando manter uma postura séria, e Andy, meu irmãozinho, embasbacado, olhando para todos os lados. Os três estão me esperando no jardim.

Faz três meses que não os vejo. Somente tenho falado com eles muito rapidamente pelo telefone.

Minha família sem noção. Como estava com saudades deles. Nunca havia ficado tanto tempo sem vê-los. Pela primeira vez em três meses, sinto que estou em casa.

Imediatamente, corro até eles. Minha mãe me abraça com um daqueles abraços apertados. Ela sempre foi a parte mais emotiva de nossa família.

— Emma!

— Mãe! — deixo que ela me abrace, mesmo estando ao ponto de sufocar. — Mãe... preciso respirar.

— Ah, desculpe... — ela afrouxa o abraço.

Meu pai se aproxima sorrindo.

— Sentimos falta de nossa princesa! — ele também me dá um abraço. Um abraço menos sufocante do que minha mãe, mas nem por isso menos caloroso.

Andy me abraça em seguida.

— Maninha, esse palácio é... enorme! — exclama sem esconder nenhum um tiquinho a perplexidade em se encontrar num lugar assim.

— O que vocês estão fazendo aqui? — indago. — Por que não avisaram que viriam?

Eles sorriem.

— Queríamos fazer uma surpresa! — diz meu irmão Andy, o mais falante de minha família.

Desmancho o cabelo super penteado do meu irmão, arrancando resmungos de protestos do pirralho. Como senti saudade disso!

— Com seu casamento — explica meu pai. — Recebemos permissão de visitar o palácio.

— Vocês vão voltar a morar aqui?

— Por enquanto, não — responde minha mãe. — Dizem que não é seguro.

— Mas estamos aproveitando bastante nossas férias! — fala meu irmão. — A mãe... — mas ele para de falar.

Sigo seu olhar, descobrindo Charlie e Leon se aproximando de nós.

Leon os cumprimenta com um balançar de cabeça.

— Esses são seus pais, Emma? — pergunta Charlie curiosa como sempre.

— Sim... Essa é minha mãe, Eleonor, meu pai, Ellison, e meu irmão, Andy — apresento.

Charlie sorri para eles.

— Sintam-se à vontade — diz Leon educadamente. — Precisamos ir! — diz, levando Charlie consigo.

— Nos vemos mais tarde! — grita Charlie, enquanto eles se afastam.

— Ela é... um anjo! — fala meu irmão, quase derrubando uma balde de baba em meus pés.

— Limpe essa baba, Andy — advirto.

— Eu vi a princesa Charlotte! A princesa Charlotte de perto! — Andy tenta se convencer de que isso é real.

Mais um que entrou de vez para o fã-clube da realeza. O pirralho é um caso perdido.

— A realeza realmente levanta cedo! — afirma minha mãe. — Disseram que você já tinha se levantado...

Então, era por isso que os guarda-costas estavam atrás de mim.

— Mas, vocês também vieram cedo! — falo.

— Tínhamos que vir! — diz minha mãe. — Fomos avisados que você só estaria livre no café da manhã e depois teria um dia cheio!

Minha mãe não está nada errada. Hoje, terei um dia muito cheio.

— Já trouxeram o café da manhã para você! — interrompe meu irmão louco de vontade de desfrutar das comidas tentadoras do palácio.

Vamos para meu quarto. É minha mãe que faz meu prato. Ela enche com um monte de coisa, frutas, panquecas, bolinhos, torradas, geleias. Andy conta coisas sobre a casa de campo da família real. Meu pai complementa com algumas observações. Minha mãe também tem suas histórias para contar. E eu os escuto calada, me divertindo com a tagarelice da minha família.

O café da manhã passa correndo. E quando me dou conta, os guarda-costas estão no meu quarto para levar meus pais embora. A equipe encarregada de vestir a noiva está aguardando.

Me despeço da minha família. Minha mãe ainda fica um pouco.

— Emma, você está bem? — pergunta.

Assinto.

Ela me abraça.

— Emma, apenas... tente ser feliz — me aconselha. — Não se importe com nada. Saiba que eu, seu pai e seu irmão só queremos que você seja feliz — ela me diz isso com uma voz tão cheia de emoção que não suporto. Meus olhos não aguentam mais. As lágrimas caem.

— Mãe... — falo com minha voz embargada.

— Oh, minha Emma... — ela também está chorando.

E nós duas ficamos ali abraçadas. Eu colocando para fora todos esses sentimentos que me angustiaram durante esses meses.

Eu realmente não queria chorar.

Olho para o grande relógio, entre minhas lágrimas, posso ver os ponteiros correndo lentamente. 8 horas da manhã, ele demarca impassível, não se importando com as angustias do mundo. Falta 7 horas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Casamento! Sim, o próximo é o casamento real! O que acharam dessa faceta musical de Leon? Esse príncipe sempre surpreende, não é? rsrsrsrs