Sobre Príncipes e Princesas escrita por Hanna Martins


Capítulo 9
Lua de fel


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui! Depois de ficar dias e dias doente, estou de volta. Não aguentava mais ficar de cama. Mas, agora, estou bem e finalmente posso voltar. Estava com saudades de vocês!



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— Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

Leon se inclina e deposita um casto beijo em meus lábios. O toque dos lábios de Leon nos meus, me faz despertar.

Eu acabei de me casar... Agora, sou uma garota casada. Eu tenho 18 anos e um marido. Um marido que é um príncipe. Acho que meu cérebro está preste a entrar em parafuso. Só acho. Nada mais comum do que se casar aos 18 anos e com um príncipe, não é? Acontece todo dia.

Tudo o que tenho são apenas vagas lembranças. Até o momento que deixei o palácio em um luxuoso carro, cheguei a suntuosa Abadia de Northanger, cheia de pessoas como chefes de Estados de diversos países, membros da realeza, celebridades. Como Daphné disse, só o essencial para um casamento modesto (“modesto”? Em que situação isso seria definido como modesto? É super comum comparecer a realeza e essas pessoas importantes em um casamento. Acontece toda semana). Se isso é uma cerimônia modesta, o que seria algo luxuoso?

A realeza e eu temos perspectiva muitos distintas. Meu vestido, por exemplo, é considerado simples. Simples? Ele demorou meses para ser elaborado. A simplicidade só vem com muito esforço. Queriam algo que se aproximasse mais do povo, algo que fosse... acessível (certo, como se esse vestido se encontrasse em cada esquina). A realeza está na fase “somos pessoas normais, olha só, até mesmo estamos casando um príncipe com uma plebeia”.  

Todo branco, meu vestido é feito de seda sobreposto por rendas delicadas. Ele não é muito volumoso, com poucos detalhes, sem mangas, as alças caem sobre os ombros. Uma tiara singela e discreta adorna meus cabelos, presos em um coque com aspecto desleixado. Um véu cai sobre minha cabeça. Como buque, flores de laranjeira. Tradicional e singelo.

Leon e eu começamos a sair da Abadia.

Uma carruagem aberta, que deve ter sido inspirada em um daqueles filmes de contos de fadas, nos espera na porta. Leon me dá a mão e me ajuda a subir. Me ajeito na carruagem e arrumo um espaço para ele. Ela não é muito grande por dentro. Dois cavalos brancos, lindos, que parecem gêmeos de tão idênticos, puxam a carruagem.

Há muitas pessoas ao nosso redor. Uma multidão. Elas gritam os nossos nomes. Leon como um bom príncipe sorri e acena. Temos um longo percurso até o palácio. Também começo a acenar e sorrir.

Estou bastante próxima de Leon, meu corpo toca o seu. As pessoas gritam cada vez mais alto. Meu braço começa a doer. Ele continua a sorrir e não demonstra qualquer tipo de cansaço ou dor, parece a pessoa mais contente e disposta do mundo. Quem o vê assim realmente acredita que é o noivo mais feliz do mundo.

— O que foi? — sussurra em meu ouvido.

— Nada...

— Sorria... apenas sorria — murmura.

— Claro, isso é facílimo de se fazer! — ironizo.

— É fácil — assegura, sussurrando em minha orelha. — Sorria — ele dá um sorriso daqueles, que deve fazer as garotas de nossa nação ter muitos sonhos impróprios à noite — E acene — acena de modo elegante. —  Viu, fácil?

— Sei... — sorrio e aceno para a multidão. — Muito fácil! Meu braço está doendo e minha bochecha está preste a ter uma câimbra.

— Com anos de treino, você se acostuma... — fala de modo despreocupado.

E ele continua a sorrir e a acenar.

Quando finalmente diviso o palácio, respiro aliviada. Cheguei a pensar que minha boca precisaria de curativo. Pela primeira vez fico genuinamente feliz em avistar este lugar.

Ele é o primeiro a descer da carruagem, estendendo a mão para que eu me apoie. Com passos vagarosos, o vestido atrapalha um pouco (quero dizer muito, e ainda tenho que me equilibrar em cima de um salto, minha proposta de usar um tênis foi negada veementemente), desço da carruagem. Leon estende o braço, que eu aceito.

Há várias câmeras sobre nós. Ainda bem que a recepção do casamento vai ser privada. Apenas alguns fotógrafos oficiais.

A recepção. 500 convidados. Algo íntimo e simples, segundo a visão da realeza, porque para mim, não há nada de simplicidade aqui.

Cercados por seguranças, entramos no palácio. Vamos até a um imenso salão, onde está ocorrendo a recepção. Os convidados já chegaram. Somos saudados com palmas. Uma música alegre começa a tocar assim que as palmas cessam. Pessoas vêm nos cumprimentar. Aperto a mão e recebo cumprimentos de pessoas que jamais pensei que um dia encontraria pessoalmente. Tenho que sorrir e sorrir. Continue a sorrir, continue a sorrir, continue a sorrir. Isso daria até uma música. Em meio a tantos convidados, eu não consigo localizar minha família.

O rei Carlos e a rainha Felipa se aproximam de nós. O rei é um homem belo, alto, porte imponente, cabelos negros, intensos olhos verdes. Ele sorri para nós.

— Seja bem-vinda a família, Emma — me cumprimenta, pegando minha mão entre as suas.

— Obrigada — digo, inclinando levemente a cabeça.

Charlie se aproxima de nós, pendurada no braço de Francis, seu irmão mais velho. Ah, o belo Francis! Eu estava tão fora do ar no casamento que nem notei sua presença. Ele se aproxima de nós com sorriso matador de corações no rosto. Francis é um tanto parecido com Leon, olhos verdes incríveis, cabelos negros que saíram, com toda certeza, de um comercial de shampoo. Enfim, os traços típicos dos membros da família real. Ele e Guinevere formam um casal perfeito.

— Como vai, Emma? — ele cumprimenta. — Que pena não podermos ter nos encontrando antes.

Sorrio. Se você não sabe exatamente o que fazer, uma boa opção é sorrir.

— Seja bem-vinda a família! — ergue a taça de champanhe que tem nas mãos.

— Esse é um ótimo momento para um brinde — diz o rei, pegando uma taça de champanhe do garçom que passa por perto.

Ele bate na taça e todos os convidados se voltam para o rei.

— Gostaria de fazer um brinde a ampliação de nossa família. Nesse dia tão especial é um prazer dar as boas-vindas a Emma Jones — ele começa a fazer um verdadeiro discurso, que eu não presto muita atenção.

Localizo minha família. É visível o desconforto de meus pais e meu irmão. Eles não estão nada habituados com isso. Tenho que ser forte, por eles. Respiro fundo. Isso vai passar... isso não pode ser real... ai, a quem estou tentando enganar? Quero fugir daqui!

— Ei — Leon me cutuca. — Que cara é essa? — sussurra.

— O quê?

— Os discursos do meu pai são chatos... mas não precisa fazer essa cara de quem acabou de chupar limão estragado.

— Você... — falo alto demais, o que atrai atenção de algumas pessoas.

Ele sorri e passa o braço por meus ombros. Finjo que nada aconteceu e olho para o rei que nesse instante termina seu imenso discurso. Não sabia que eu era tão importante assim.

— Um brinde a Emma! — o rei finaliza.

— A Emma! — falam em uníssono os convidados.

— Emma — Charlie me puxa. — Vamos cumprimentar algumas pessoas!

E (que novidade) sem esperar por resposta vai me levando. Charlie me apresenta a vários convidados, que meio segundo depois nem lembro o rosto, muito menos o nome. E o pior, estou morrendo de fome. Com coisa do casamento e tal, apenas tomei o café da manhã, fiquei sem comer pelo resto do dia. Isso aqui deveria ser uma recepção com comida. Cadê a comida?

— Charlie, eu preciso de um descanso! — falo, enquanto ela tenta me arrastar para cumprimentar outro convidado.

— Mas...

— É sério! — a interrompo, e trato de me sentar na cadeira mais próxima que encontro. Meus pés agradecem.

Charlie vai... não sei exatamente para onde ela foi, já que em um instante ela desaparece do meu campo de visão. A princesa caçula é como um pequeno filhote de cachorro, saltitante e com muita energia. E há outra semelhança: os dois sempre acabam causando problemas.

— Emma, ou devo dizer, Sua Alteza Real? — a voz rouca de Will chega até os meus ouvidos. Nem notei sua aproximação. Também há tantas pessoas aqui que fica difícil me concentrar.

— Apenas Emma — falo.

Ele sorri, jogando para trás o seu cabelo castanho. Depois que a família real falir devido a conta de shampoo...

— Então, Emma — enfatiza meu nome. — Gostando da festa? — senta-se perto de mim.

— É... — respondo laconicamente.

— Will, estava procurando por você! — diz Muriel, sentando-se perto dele. — Já está quase na hora da dança. Vamos dançar!

— Você sabe que minhas habilidades de dança não são dignas de uma bailarina... — fala todo galanteador.

Muriel solta um sorrisinho.

— E, você, Emma, não vai dançar? Você não precisa abrir o baile ou coisa assim? — indaga Muriel.

Obrigada (ironia), Muriel, por me lembrar desse detalhe. Eu e Leon precisamos dançar a primeira música para inaugurar a pista de dança. Aposto que vários casais estão loucos para que façamos isso.

— Leon é um bom dançarino... — fala Muriel.

— Onde está Lyane? — pergunto para mudar de assunto.

— Ela vai tocar — responde Muriel. — Uma música para homenagear os noivos... — Muriel beberica sua taça de champanhe e olha para o palco onde músicos tocam.

Avisto Lyane. Seus cabelos cor de fogo a tornam fácil de localizar. Está deslumbrante com um vestido azul claro. Muriel diz algo entredentes que eu não consigo escutar, mas consigo distinguir uma certa irritação em seu tom.

Noto um olhar diferente em Will. Sei lá, estou acostumada com ele lançando olhares sexys demais. Porém, por um segundo, quando ele olha para Lyane, há algo diferente. Algo... inusitado, para não dizer outra coisa.

— Pelo menos, ela não vai tocar aquela música — ouço Muriel falar baixinho, ou melhor, reclamar. — Aquilo seria demais...

Lyane se posiciona com seu violino, e com delicadeza começa a retirar do violino os acordes, formando uma melodia hipnotizadora. Escuto atentamente sua música. Quando ela para, uma salva de palmas a recebe. Outro músico toma o seu lugar, um pianista.

— Leon deveria tocar também — observa Muriel. — Por que você não tocou? — somente agora me dou conta que ele está aqui também, estava tão concentrada na música que não reparei quando ele se aproximou de nós.

— Não dessa vez. 

— Que pena — diz Will. — Perdemos um espetáculo!

— Lembra aquela vez que você e Lyane tocaram naquela festa? — diz Muriel. — Que música vocês tocaram mesmo? Foi... aquela... — ela coloca a mão no queixo, em uma atitude pensativa.

— Você deve estar ansiosa pela dança, Muriel — interrompe Leon. — Uma bailarina deve gosta de exibir seus dotes. Temos que resolver isso!

Leon olha para mim e sorri daquele modo adorável que ele faz tão bem. Esse príncipe realmente conhece seus melhores encantos. Sorrindo dessa maneira todo mundo deve acreditar que ele é a pessoa mais encantadora que existe. Se pessoas soubessem da verdade...

— Vamos — estende a mão para mim de modo gentil e convidativo. — Estão nos aguardando.

Não é hora de protestar, sei disso. Aceito sua mão e me levanto. Hora de colocar meus pés para sofrerem.

— Quando isso vai acabar? — pergunto, enquanto ele me conduz.

— Cansada? Mas já? — fala ironicamente.

— Nem todo mundo recebeu seu treinamento de sobrevivência — rebato.

— Claro! — diz. — Se fosse assim, as coisas não seriam tão interessantes, não é mesmo?

Antes que possa encontrar uma resposta, nos aproximamos da mesa em que a família real está alojada. Meus pais também estão na mesa. Noto que eles ainda não estão nenhum um pouco confortável com essa situação. Mesmo com toda a “informalidade” que os cerca. O evento foi planejado para ser o mais informal possível, por isso a maioria das etiquetas foram dispensadas (Daphné não aprovou muito isso não). No entanto, ficar perto da família real deixa qualquer pessoa tensa.

— Vamos abrir a pista de dança — fala Leon.

O rei assente.  

— Mas primeiro temos que fazer um pequeno brinde — intervém a rainha.

Brindes. Parece que certa família real tem uma pequena obsessão por brindes.

— Claro — concorda o rei.

Então, começa a sessão “discursos intermináveis”. A música para. O rei toma a palavra, seguido da rainha, depois Francis, mais algumas pessoas, como o primeiro-ministro. Até mesmo meu pai é obrigado a falar algumas palavras. Seu discurso é breve, algumas palavras de agradecimento e só. Embora seu discurso nem de longe seja cheio de palavras bonitas, como o da família real, é o que mais me toca. Sei que ele precisou trabalhar nesse discurso a noite toda (minha mãe me contou no café da manhã).

Depois de inúmeros discursos. Um bolo completamente branco, todo trabalhado nos detalhes, com pequenas flores quase imperceptíveis, mas nem por isso menos detalhistas (isso deve ter dado um trabalho danado), é trazido.

Cortamos o bolo, com a melhor pose de casal feliz — pelo menos, tentei me esforçar, hein! —.

Leon me conduz até o local que foi reservado para a dança. Eu não sou lá muito boa na dança. Se você considerar minha coordenação motora (completa falta) e minha habilidade nula de seguir o ritmo, digamos que eu nunca serei uma dançarina, simples assim.

Uma música suave toca. A tradicional valsa foi substituída por algo mais moderno.

Leon coloca uma das mãos em minha cintura, enquanto estende a outra para mim. Coloco minha mão na sua. E ele a fecha sobre a minha e sorri. No que será que essa dança vai dar?

Ele começa a se mover como uma pluma. O que eu estava esperando do senhor perfeição? Com leveza, ele me guia. Tento não me ater ao fato de que muitos olhos estão sobre nós? O que são mais de quinhentos pares de olhos, não é mesmo?

Olho para Leon. Sua expressão é agradável e bem-humorada. Ele realmente sabe esconder o que está sentindo, é ótimo com máscaras. Se eu não conhecesse a sua verdadeira face, cairia como um patinho nesse truque e até acreditaria que ele é o noivo mais feliz do mundo.

Dançamos em silêncio, deixo que ele me conduza. Deixo também que ele faça sua melhor atuação de noivo feliz. Estou cansada, exausta, na verdade. Quando a música para, recebemos uma enxurrada de palmas (por que tantos aplausos?). Outros casais vão para a pista de dança. Leon e eu nos retiramos da pista. Temos pessoas para cumprimentar. E eu cumprimento tantas pessoas que rapidamente perco a conta.

Então, esse é meu casamento. Um dia inesquecível e... bem, inesquecível. O feliz não está incluso nessa equação.

Fico sem comer, nem provei o bolo! Sim, a noiva não comeu seu próprio bolo. Por que será que não estou surpresa?

Quando já cumprimentamos todos os convidados, já estou com meus músculos da face doendo literalmente. Quem foi que teve a brilhante ideia de convidar quinhentas pessoas? Vai ser algo informal, prático e rápido, eles disseram. Claro, muito rápido.  

— Vamos? — diz Leon. — Ou você prefere ficar um pouco mais?

— Eu só quero dormir — respondo, não é hora para encenações.

— Ótimo — ele fala, enquanto caminhamos até a grande porta do salão.

Saímos sem grandes alardes. Apenas acenamos com as mãos em sinal de despedida.

Os guarda-costas nos esperam na porta. Entre eles está Sebastian.

Silenciosamente, somos levados até a ala onde ficaremos a partir de agora. É tradição, entre a família real, que os recém-casados morem por algumas semanas no palácio, antes de morar em sua própria residência.

O quarto é bem maior do que o anterior em que eu estava e ele não fica no térreo, mas sim no terceiro andar.

Leon caminha pelo quarto.

— Pedi para morarmos no castelo de verão — diz ele, afastando a cortina da porta que dá acesso a sacada. — Assim não estaremos tão presos ao palácio... você poderá, quem sabe, convidar seus amigos para uma festa — fala divertido.

— Tudo o que quero é uma festa! — respondo ironicamente, retirando meus sapatos e os jogando de qualquer jeito.

Ele abre a porta e vai até a sacada. Eu começo a me livrar do meu traje de noiva. Retiro o véu e a tiara de qualquer modo. Não sou a pessoa mais delicada do mundo.

Então, estou casada. Casada aos 18 anos. Casada com um príncipe. Nem em meus sonhos mais surrealistas eu poderia imaginar que algo assim fosse acontecer comigo.

E, esse foi meu casamento. Na verdade, na maior parte do tempo, estava no piloto automático. Essa é uma forma de lidar com as coisas e não ficar completamente louca. Sair de órbita e deixar as coisas acontecerem sem estar realmente presente. 

É isso. Acabei de me casar. Casar. Agora, quando for preencher qualquer formulário que tenha estado civil, preciso colocar naquele campo, casada. Isso só pode ser uma piada.

Preciso de ar. Preciso respirar.

Caminho até a sacada.

— E agora? — falo mais comigo mesma do que para alguém em especial.

— Agora, estamos casados — responde Leon, voltando-se para mim.

— Me fale alguma coisa que eu não sei...

Ele me olha.

— Eu não sei... isso tudo é tão estranho para mim — digo, olhando para o céu. Todo estrelado, lindo e impassível a qualquer angústia dos mortais. — Eu sinto que... — não tenho palavras para definir o que sinto, talvez, seja porque ainda não foi inventando uma palavra para isso. Volto meu olhar para Leon.

— Emma — ele fala calmamente olhando para mim. — Eu não posso prometer muita coisa a você... A única coisa que posso te oferecer é o divórcio.

— Divórcio?

A palavra por um instante ressoa para mim como liberdade. Liberdade. A coisa que parece mais impossível para mim nesse momento.

O rosto de Leon é sereno e pensativo. Ele coloca as mãos nos bolsos e se encosta no parapeito. Suspira, relaxando seus ombros.

— Não daqui alguns meses, não daqui um ano ou dois. Não, isso não poderá ser. Mas, daqui a algum tempo, quando você não poder suportar mais as paredes do palácio, quando respirar se tornar insuportável — as palavras são pronunciadas em um tom sério. — Quando eu for forte o suficiente. Quando minha opinião não for levada como a de um rapaz imaturo. Então, poderemos nos divorciar.

— Isso vai ser possível? Poderemos viver nossas vidas como quisermos? — de repente a ideia me enche de esperança. Eu poderei deixar para trás tudo isso. Todo esse palácio cheio de regras ficará para trás como um sonho ruim.

Leon apenas me olha.

— E quando será isso? — indago, sem desviar o olhar dele.

Ele dá os ombros.

Esses somos nós. Falando de divórcio na noite de nosso casamento.

— Quem sabe? — diz, dando um bocejo. Como ele pode agir tão despreocupadamente assim? Estamos falando de nosso futuro. 

Leon sai da sacada e se joga na cama.

Olho para o céu, que continua impassível. Não é hora para me lamentar. Tenho mais coisas para me preocupar, por exemplo, me livrar desse desconfortável vestido.

Vou até o closet. E que closet! Sinto como se estivesse em uma loja de roupas. Não qualquer loja, mas uma daquelas de marcas caras e de luxo. O closet é maior do que meu quarto. Depois de procurar por uns bons minutos, encontro uma roupa confortável. Uma camiseta e um moletom. Travo uma pequena batalha com meu vestido, até que finalmente venço a guerra, e me livro dele. Falta ainda me livrar da maquiagem, o que irá consumir um tempo precioso.

Olho para o enorme divã que fica no meio do closet. Vou descansar um pouquinho, antes de retirar toda essa maquiagem. Me deito no divã. Mas quem disse que eu consigo me levantar? Caio imediatamente no sono.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Tivemos o casamento! Que acabou... bem, acabou com Emma desmaiando de sono no closet rsrsrsrs, só ela mesma para terminar este dia assim rsrsrsrs. Mas, agora com estes dois casados... o que será que teremos pela frente?