A Torre de Astronomia escrita por Li


Capítulo 27
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários :)
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671036/chapter/27

Se perguntassem a Rose Weasley se alguma vez tinha sentido uma dor de cabeça tão grande como a que estava a sentir naquele momento, a sua resposta seria não. Ela nunca sentira uma dor tão grande. Parecia que a sua cabeça ia rebentar. Parecia que o seu cérebro ia explodir. Nem quando esteve vários dias seguidos a estudar Rose teve uma dor de cabeça tão grande.

Aos poucos, Rose começou a abrir os olhos. A claridade afetava a sua visão, pelo que Rose optou por abrir os olhos devagar.

À medida que abria os olhos, Rose começou a reparar nas coisas à sua volta. Diversas mesas e cadeiras encontravam-se naquele lugar, o que indicava que ela estava numa sala de aula. O que Rose não percebia era como é que tinha ido ali parar. Rose só se lembrava de estar a caminhar em direção à biblioteca para ir estudar com Roxanne. A partir daí, só um apagão na sua memória.  

Rose olhou à sua volta e reparou que não estava sozinha na sala.

—Albus. – sussurrou Rose.

Albus encontrava-se à sua frente, com a varinha apontada para si. Os seus cabelos estavam totalmente despenteados devido ao grande tique que Albus tinha. Quando estava muito nervoso, Albus passava constantemente as mãos no cabelo. A sua gravata vermelha, com listras douradas, estava totalmente fora de sítio.

—Finalmente acordaste. – disse Albus aproximando-se da prima. Rose tentou afastar-se mas foi inútil – Agora podemos falar.

—Albus solta-me. Por favor. – pediu Rose já com as lágrimas nos olhos – Por favor.

—Desculpa Rose, mas tu não vais sair daqui enquanto eu não souber de tudo.

—Albus, por favor. – voltou a pedir Rose, agora já sem conter as lágrimas. Ela estava completamente aterrorizada. Nunca pensou que Albus fosse capaz de fazer aquilo.

De repente, Rose lembrou-se da sua varinha. Tentou desajeitadamente chegar até ao seu bolso, mas foi interrompida pela voz de Albus.

—Se estás à procura da tua varinha, não a vais encontrar. – comentou Albus mostrando a varinha de Rose na sua mão esquerda. A mão direita continuava a apontar a sua varinha para Rose.

—Albus solta-me. Tu vais arrepender-te do que estás a fazer. Por favor. Tu não és de fazer este tipo de coisa.

—Tu sabes lá do que eu sou capaz de fazer. Tu não me conheces. Eu queria que conhecesses, eu queria que fossemos amigos, mas tu simplesmente ignoraste-me. Eu nunca percebi o que fiz de tão mal para merecer um tratamento desses. Eu nunca percebi porque me trataste daquela forma desde que entramos em Hogwarts. Nós éramos melhores amigos. Melhores amigos Rose. – Albus gritou a última parte assustando Rose. Rose não conseguia parar de chorar. Ela só queria sair dali. Ela só queria que alguém a tirasse dali. Por momentos, Rose pensou em Scorpius e imaginou ele a entrar pela porta daquela sala para a salvar. Mas isso nunca aconteceria. Scorpius pensava que ela estava com Roxanne.

—Albus…por favor. – pediu Rose entre soluços.

—Sabes, eu tentei de tudo. – começou Albus ignorando o pedido desesperado de Rose – No início, andei atrás de ti para saber o que se passava. Tu tinhas deixado de falar comigo de um momento para outro e apesar de só termos onze anos, isso magoou-me imenso. Mas com o tempo, eu comecei a deixar isso um pouco de lado. Se calhar o problema não era eu, mas sim tu. Eu nunca te vi a falar com ninguém, além dos professores e por isso supus que tu eras apenas antissocial e não querias ter amigos. Pensei isto até este ano. Até que tu começaste para aí a andar de um lado para o outro com o James. Eu não conseguia perceber de onde tinha surgido tal amizade. Como é que tu tinhas começado a dar-te tão bem com o James. Será que havia precedentes? Será que tu já te davas com ele e apenas este ano te aproximaste totalmente dele? Mil e uma teorias surgiram na minha cabeça e cada uma fazia menos sentido que outra. Mas a verdadeira questão ainda continuava lá. Porquê que tu tinhas deixado de ser minha amiga? Depois da amizade com o James, surgiu a tua amizade com a Dominique. Acredito que essa amizade seja devida ao facto de seres amiga do James. A Dominique tornou-se namorada dele, logo foste praticamente obrigada a dar-te com ela.

—Eu não fui obrigada a dar-me com ninguém. Muito menos com a Domi. – protestou Rose tentando conter as lágrimas. Ela sabia que não era forte, mas queria tentar demonstrar força à frente de Albus.

—Mas se ela nunca tivesse começado a namorar com o James, tu nunca te tornarias amiga dela, disso eu tenho a certeza. – Albus sentou-se em frente a Rose. Esta estava totalmente encostada à parede e tremia por todos os lados. Por mais que ela tentasse, ela não se conseguia acalmar - Mas isso não foi o pior. O pior foi quando começaste a falar com o Scorpius. Como é que isso aconteceu? Eu simplesmente não consigo entender de onde veio tanta amizade. Vocês nunca falaram. Vocês nem sequer são da mesma família. Aliás, ele é filho do maior rival do teu pai. E mesmo assim vocês tornaram-se amigos.

—Nunca pensei ouvir algo assim sobre o Scorpius vindo de ti. O pai dele também era o maior rival do teu pai e isso não te impediu de te dares com ele. Como é que podes ser tão hipócrita?

—Isso não vem à conversa. A grande questão aqui é que não cabe na cabeça de ninguém a tua amizade com o Scorpius. A menos claro que ele simplesmente se dê contigo para te juntar à sua lista de conquistas. Isso sim ele seria capaz.

—Cala-te Albus. – protestou Rose. Naquele momento a sua fúria sobrepunha o seu medo – Como é que és capaz de falar assim do teu melhor amigo? Como? Sim é verdade que ele não é nenhum santo nesse quesito, mas achas mesmo que ele faria alguma coisa dessas comigo? Com uma prima de grande parte dos amigos dele? Tu achas mesmo que ele era capaz de uma coisa dessas? Ainda te dizes melhor amigo dele?

—Então foi por isso que o bilhete não funcionou. – comentou Albus sem se aperceber que tinha falado em voz alta.

—Foste tu? Foste tu que me mandaste aquele bilhete para ver se acabavas a amizade entre mim e o Scorpius? Nunca pensaste em quão mal eu poderia ficar com aquele bilhete? Nunca pensaste no mal que estavas a fazer ao Scorpius? E ainda te dizes melhor amigo dele.

—Bravo Rose! Bravo. – congratulou Albus enquanto batia palmas – É impressionante. Mal falaste enquanto estiveste aqui. Mas bastou falarmos no Scorpius para a fera em ti se soltar. Sabias que é por tua causa que eu e ele não nos estamos a falar agora? – perguntou Albus a Rose. Esta olhou para Albus sem entender a onde ele queria chegar. Albus reparou que os belos olhos azuis da prima estavam inchados devido ao choro que agora Rose tinha controlado – Então o teu grande amigo não te contou? Sim, é por tua causa que estamos chateados. Eu pedi-lhe para ele tentar saber o porquê de tu teres deixado de falar comigo e ele simplesmente negou o meu pedido. Incrível não é? Parece que a vossa amizade sobrepôs a nossa.

Rose olhava para Albus sem saber o que dizer. Era verdade que Scorpius nunca lhe tinha dito o porquê de ele e Albus não falarem, mas ela nunca pensou que a causa era ela. Isso nunca tinha passado pela sua cabeça. Scorpius simplesmente negou-se a falar disso.

Além disso, Rose reparou que Albus estava profundamente magoado com Scorpius. Rose não podia culpar Scorpius por isso, afinal este só estava a respeitá-la ao não insistir num assunto que ele sabia perfeitamente que ela não falaria se fosse pressionada. Mas agora via que Albus estava com ciúmes da sua amizade com Scorpius. Rose notou que ele sentia que ela lhe estava a roubar o seu melhor amigo.

—Não dizes nada agora? A sério, eu não te entendo. Primeiro não falavas com ninguém e agora andas amiguinha de toda a gente e eu, que sempre quis ser teu amigo, não me ligas nenhuma. Eu que sempre quis estar lá para ti e tu nunca me deixaste aproximar. Porquê Rose? Porquê? – berrou Albus a última parte.

—Está aí alguém? – perguntou uma voz do outro lado da porta. Era Octavia. Esta ia a passar por aquela porta e ouviu um berro. Aquela hora, aquela sala estava vazia daí Octavia estranhar todo aquele alarido.

—Nem te atrevas a dizer uma palavra. – sussurrou Albus para Rose. Este mantinha a sua varinha apontada a Rose.

Rose viu ali a sua oportunidade de sair dali. Ela queria estar o mais longe possível de Albus. Ela tinha ali a oportunidade. Era só gritar. Mas, ao mesmo tempo, ela tinha Albus a apontar uma varinha para si. Convencida de que ele não era capaz de a atacar, Rose decidiu gritar.

—Socorro. – gritou Rose. Albus correu para perto de Rose e tapou-lhe a boca com a mão livre. Ninguém podia saber que eles estavam ali. Ele tinha de saber o porquê de Rose se ter afastado dele.

—Quem está aí? – perguntou Octavia do outro lado da porta. Mas ninguém respondeu.

Octavia tinha a certeza que estava ali alguém. E Octavia ia descobrir quem era. Octavia pegou na sua varinha decidida a abrir aquela porta.

Alohomora. – sussurrou Octavia. Mas a porta não se abriu. Quem quer que estivesse do outro lado tinha utilizado um feitiço que inutilizava o feitiço para abrir portas trancadas.

Octavia tentou pensar noutra forma de abrir aquela porta. Quem quer que estivesse do outro lado precisava de ajuda.

—Já sei. – disse Octavia para si mesma. Uma ideia tinha surgido na sua cabeça. Aquilo quase de certeza que ia funcionar. Ela só tinha a certeza que a diretora McGonagall não ia gostar nada  - Bombarda Maxima.

À frente de Octavia, a porta simplesmente explodiu. Octavia entrou entre os destroços e encontrou Albus com a varinha apontada a Rose. Octavia ergueu a sua varinha e antes que Albus dissesse alguma coisa, Octavia desarmou-o.

—Vai. – disse Octavia a Rose. Mas Albus não a largou – Potter é melhor a largares porque se não o fizeres, o próximo feitiço que sair da minha varinha não vai ser um simples Expelliarmus.

Albus acabou por deixar Rose ir. Ele sabia do que Octavia era capaz e sabia que a bem ou a mal ela conseguiria tirar Rose dali.

Ele sentia-se completamente frustrado. Mais uma vez Rose tinha escapado sem lhe contar nada.

—Quando eu pensei que já tinhas batido completamente no fundo, aparece-me isto. Como é que foste capaz de fazer isto Potter? Com a tua própria prima!

—Está calada! – gritou Albus – Tu não sabes de nada.

—Por mais que eu não saiba de nada, isto não é coisa que se faça com a família. Tu viste o estado em que deixaste a Weasley? Ela estava completamente aterrorizada! Como é que achas que ela vai reagir cada vez que te vir. Ela estará sempre com medo de te encontrar. Tu prendeste-a aqui contra a vontade dela.

—Já te disse que tu não sabes de nada! Tu não sabes de nada! – Albus deslizou pela parede deixando-se cair. Ele já não sabia o que pensar sobre tudo aquilo.

—Por mais que eu não saiba de nada, eu sei perfeitamente que isto nunca se deve fazer. Ela é tua prima! Ela faz parte da tua família! Vocês passam as festividades juntos! Como é que achas que ela vai ficar depois disto tudo. O que é que tu tens de tão grave contra ela para a fazeres passar por isto?

—EU NÃO TENHO NADA CONTRA ELA! EU APENAS QUERO QUE ELA SEJA MINHA AMIGA!

—O quê? – perguntou Octavia incrédula. De todas as respostas que imaginava que Albus poderia dar, aquela era a inimaginável. Quem é que no seu perfeito juízo trancava uma pessoa de quem queria ser amiga?, perguntava Octavia a si própria.

—Ouviste bem. Eu disse-te que não sabias de nada. Tu nunca conseguirias entender isto. Nem tu, nem ninguém.

—Não te faças de vítima Potter, quando não o és.

—Não consegues estar dois minutos sem atacar, Bale? Eu já estou na fossa o suficiente, não preciso que carregues mais na ferida. Já fizeste a tua boa ação do dia, não já? Então desaparece daqui, já não estás aqui a fazer nada.

Octavia olhou para Albus sem entender. Ele sempre, SEMPRE, provocou à espera de provocação, nunca se deixava ir abaixo com qualquer comentário dela. Mas agora ali estava Albus Potter, encostado a uma parede completamente mal. E Octavia não sabia o que fazer. Albus tinha-a mandado embora e essa era a decisão mais lógica a tomar. Mas uma voz dentro da sua cabeça dizia-lhe para ficar. Dizia para se aproximar do Potter e ouvir o que ele tinha a dizer. Sem julgamentos. Apenas para ouvir.

—Potter. – chamou Octavia aproximando-se da parede onde Albus estava encostado.

—Já te disse para ires embora. Eu já estou suficientemente na merda para ainda estar a ouvir as tuas lições de moral.

—Ouve-me apenas. – Octavia sentou-se, de pernas cruzadas, em frente a Albus – É verdade que eu não entendo essa história entre ti e a tua prima. E sinceramente não sei se quero entender. – Albus olhou para Octavia com aquela cara de quem não estava a gostar do que estava a ouvir – Desculpa, saiu-me. Mas pronto. Apesar de eu não saber da história, há uma coisa que eu posso dizer com toda a certeza. Não é a prenderes a tua prima numa sala contigo que a vais fazer virar tua amiga. – Albus ia interromper mas Octavia não deixou – Espera, deixa-me acabar. Eu compreendo que queiras uma amizade com ela e tudo mais, mas a verdade é que tu não podes forçar. Tu tens de deixar as coisas fluir.

—Tu não consegues perceber. Ela deixou de falar comigo de um dia para o outro.

—Para de dizer que eu não consigo perceber. Eu estou a fazer um esforço. Eu estou a fazer um esforço de estar a falar bem contigo Potter e mesmo assim tu continuas com sete pedras na mão.

—Desculpa. – pediu Albus. Octavia tinha razão. Ela estava a tentar ajudá-lo – Eu estou tão habituado a que as pessoas me critiquem quando eu falo sobre este assunto que já ajo por instinto.

—Tu queres saber o motivo dela ter deixado de falar contigo, certo? – Albus acenou em concordância – Pelo que entendi, ela não te explica o que aconteceu, ou seja, temos de arranjar uma maneira de descobrir.

—Temos? – perguntou Albus com um sorriso de lado. Era a primeira vez, desde que estava ali com Octavia que Albus sorria.

—Sim temos. Achavas mesmo que depois de ter ouvido toda esta história, eu não ia querer ouvir o final? – perguntou Octavia mostrando uma falsa indiferença. A verdade era que ela queria mesmo ajudar Albus, mas nunca lho admitiria.

—Eu não sei como poderemos descobrir. Eu já tentei de tudo.

—Já tentaste ouvir conversas alheias? – perguntou Octavia com um sorriso de lado, sinal de que alguma ideia lhe tinha surgido. Albus olhou para ela sem entender – A sério que não percebeste Potter? Cruzes, és mesmo um gryffindor. Nós vamos estar atentos a todas as conversas dela com outras pessoas para tentarmos descobrir. Mas sem interferir nessas conversas. Certo Potter?

—Certo. – respondeu Albus já com um humor completamente diferente do início daquela conversa.

—----//-----

Rose correu pelos diversos corredores de Hogwarts. O seu pensamento era só um. A torre de Astronomia. Ela queria ir para lá o mais depressa possível. Ela queria ir para o seu refúgio. Ela precisava de chegar lá.

A noite já se tinha imposto pelo céu. A lua brilhava junto com as diversas constelações. Estava uma noite linda. Pena que o humor de Rose não estivesse adequado aquela situação. Tudo o que ela conseguia pensar era no que Albus tinha feito. Ele estava completamente louco.

Rose encontrava-se numa das varandas da torre de Astronomia. Olhava o céu em silêncio. As lágrimas deslizavam pelo seu rosto de forma constante. Ela não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido sem chorar.

De repente, fortes braços abraçaram-na por trás. Instintivamente, Rose lutou para se soltar pois julgava que era Albus para a levar outra vez à força. Mas quando se voltou, Rose viu que era Scorpius.

Scorpius estava a tentar assusta-la, mas quando viu o estado de Rose, o seu sorriso morreu. Alguma coisa se tinha passado com ela.

—O que é que aconteceu? – perguntou Scorpius completamente preocupado.

—Foi o Albus. – respondeu Rose entre soluços.

—O que é que ele fez?

—Levou-me à força para me forçar a falar.

—Sobre o porquê de…

—Sim. – respondeu Rose – Scorpius, acho que está na altura de eu falar disto com alguém.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Afinal sempre foi o Albus que levou a Rose, como muitas de vocês suspeitavam. Que acharam desta atitude dele? Que acharam da atitude da Rose quando o Albus começou a falar do Scorpius? Que acharam da atitude da Octavia? E por fim, mas não menos importante, será agora o momento da verdade? O que dirá Rose a Scorpius?
Espero encontrar-vos nos comentários :)