Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 42
O feiticeiro do gelo


Notas iniciais do capítulo

Nestes próximos capitulos, apresento-vos uma pequena narrativa dentro da história principal, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/670836/chapter/42

A neblina agreste cobria com brutal frieza o sagrado reino de Asgard, localizado na ponta mais a Norte do globo, onde o sol jamais chegará, onde as nuvens platinadas governam como rainhas soberanas, Thor o trovão mais resplandecente que floriu nas geladas planícies pousou suavemente sobre o manto lendário, olhou em volta, o silêncio deslizava como um moribundo fantasma, assombrando a sua mente, devastando as almas dos sábios e valentes Asgardianos, silenciando a mítica árvore da vida.

— Como te atreves a perturbar a paz harmoniosa de Asgard? Como te atreves a corromper a sagrada luz do meu reino? Como te atreves a devastar a nobre e valorosa flor do Norte? Como te atreves a espalhar a tua maldade pelas férteis raízes da sagrada Árvore da Vida? – Berrou o corajoso Deus, recebendo com receio o eco fatal da sua voz, ressuando na vaga de silêncio que inundara cruelmente o sábio reino. – Mostra-te! Enfrenta o teu destino! Vive preso pela vingança de Thor, o príncipe do Trovão! – Exclamou, batendo com o seu divino martelo no chão escurecido e triste. – Uma criatura cuja alma foi forjada pela cobardia não merece pisar a lendária Asgard! Uma criatura cujo nojento sangue se mistura abundantemente com a maldade não merece misericórdia! Uma criatura que o espírito mergulhou nas mais pútridas e arrepiantes trevas não merece a dignidade e a bênção da gloriosa Árvore da Vida!

— Deves ter mais cuidado com o que desejas, jovem Thor! – Sibilou uma voz fantasmagórica, vinda das profundezas tenebrosas da escuridão. – Tombarás perante mim, Grimir o Feiticeiro do Gelo! – Exclamou, lançando na atmosfera o mesmo riso frio que manipulara o puro oceano.

— Onde te escondes? Mostra-te! – Ordenou Thor enraivecido, olhando atentamente em seu redor. – Mostra-te!

— Aqui estou. – Declarou Grimir em tom suave e malicioso.

                Um vento furioso deslizou furtivamente sobre a copa da sagrada Árvore da Vida, à medida que um homem pousava com leveza num dos ramos mais altos, um homem esguio, trajando uma pérfida armadura negra, o seu rosto estava oculto por um capacete onde brilhava a impecável forja nórdica, nas suas mãos cresciam luvas de aço iluminado pela luz infernal, pendendo de uma delas um ceptro impregnando pelas trevas, comandando as vidas dos habitantes de Asgard, jogando tranquilamente com as suas almas de guerreiros invencíveis e orgulhosos, brincando com a sua fé, destruindo as suas mais profundas crenças, dilacerando a sua magnífica luz de luta e determinação, transformando-os em mero gelo.

— O que pretendes? O que fizeste com o meu povo? O que fizeste com o meu pai? – Questionou o louro furioso, contendo a sua raiva trovejante. – Responde!

— A curiosidade é uma característica muito normal nos jovens imprudentes como tu, eu compreendo, contudo será que estou disposto para te responder. – Murmurou o cruel feiticeiro, olhando Thor com soslaio.

— Não brinques comigo! Tu não sabes do que sou capaz! – Gritou o Príncipe em voz grosseira e ameaçadora, atirando alguns trovões explosivos sobre Grimir, temendo matar a alma da Árvore da Vida, porém o horroroso feiticeiro agitou o seu demoníaco ceptro desfazendo os poderosos trovões do Deus em simples e insignificante pó luminoso.

— Como? – Interrogou o herói apreensivo, vislumbrando o seu fiel Mjlornir com atenção. – A bravura de Thor é indomável, jamais me vencerás! – Garantiu corajosamente.

— Gosto de fazer as coisas com ordem, não te preocupes o combate final não tardará, sossega o teu espírito jovem Thor. – Afirmou Grimir com calma, aperfeiçoando a voz cortante. – Há muito que escuto as inúmeras proezas realizadas por Thor o primogénito de Ódin, as diversas façanhas que o Príncipe guerreiro travou no decorrer dos séculos, as muitas histórias que fizeram de ti, Thor, uma lenda temida nos nove mundos.

— Estou prestes a concretizar mais uma proeza e tu assistirás ao meu triunfo! – Proferiu o Vingador de forma confiante, caminhando lentamente sobre as estrelas escuras do feiticeiro.

— As dúvidas são constantes, no entanto as certezas são corrompidas. – Declarou Grimir sabiamente, fitando o céu onde deslizavam as suas hostes da morte. – Há centenas de anos atrás, os gigantes, senhores do gelo, foram escorraçados das pacíficas paisagens do norte, encerrados na insolente e decrépita escuridão, tratados como escumalha impura e odiosa, presos e condenados pela vontade incontestável de Ódin, eu era somente uma criança, submissa aos confrontos sanguinários dos titãs e dos guerreiros Asgardianos, uma criança com sonhos, ambições, medos e temores, trancafiado num paraíso negro, frio e melancólico, estávamos abandonados à nossa própria sorte. – Narrou de forma rancorosa, colocando-se bem na frente de Thor, enfrentando aquela bravura trovejante. Vivi fortalecido pelo doce sabor da Vingança, da superioridade e da luz escura que forjou as nossas mais profundas ambições, um dia a nossa força, a nossa justiça e a nossa vontade iria crescer sobre o manto sagrado de Asgard.

— Nunca o permitirei, nunca! – Berrou o Deus colérico, batendo com o seu martelo no solo, lançando na atmosfera a sinfónica orquestra dos seus trovões.

— Não poderás fazer nada para o impedir, nada! – Exclamou o Feiticeiro em voz arrogante e segura, olhando a devastação negra que desfilava obediente a seus pés. – Eu trarei a glória dos Titãs ao lugar que eles pertencem, aniquilarei qualquer vestígio do reinado hipócrita do pai de todos!

— Como pensas fazer isso? Eu ainda estou aqui! – Garantiu Thor, analisando o próspero silêncio que nascia em cada canto. – Não irás derramar sobre Asgard a tua ganância desmedida, darei a minha vida para te impedir!

— Não é necessário atingirmos esse extremo. – Declarou Grimir com escarnio na voz gelada. – A ressurreição dos titãs floriu no momento em que a luz me alcançou, uma luz que tu nunca verás!

— Tu nunca conhecerás o real poder da verdadeira luz, apenas verás a luz dos meus trovões quando eles te transpassarem! – Ameaçou Thor indiferente ao riso agonizante que cobria a atmosfera perversa e misteriosa. – O que fizeste ao meu povo?

— Dei-lhes a vida eterna. – Respondeu o cortante feiticeiro cinicamente.

— Explica-te! – Ordenou o Deus de forma arrogante, lançando no ar o profundo e temido som dos magníficos trovões, criando uma aterradora cratera no pavimento térreo.

— Dei-lhes a imortalidade que somente o gelo pode garantir. – Afirmou Grimir, afundando-se no misterioso véu do enigma. – Tens mais perguntas ou podemos passar ao que realmente importa?

— Porque usaste a Diana como isco? – Questionou Thor tentando manter a calma a tremendo custo. – Porquê?

— Porque ela é o teu ponto fraco, quem diria que os Deuses também têm pontos fracos! – Zumbou o feiticeiro friamente, cuspindo nos pés do jovem príncipe. – Deixa-me adivinhar a tua próxima pergunta, como é que eu sabia que aquela garota era assim tão importante para ti? A tua mente é um livro aberto para os meus olhos.

— Como? – Pensou Thor confuso, olhando aquele misterioso e terrível oponente.

— Sim Thor, eu possuo a capacidade de ler pensamentos, todos os teus pensamentos. – Esclareceu o Feiticeiro em tom vitorioso, como se os pensamentos de Thor lhe garantissem a vitória plena e inequívoca daquele confronto, como se fossem as fatais armas que necessitava.

 – Não penses que te deixarei escapar impune deste combate, irei enviar-te para o buraco de onde fugiste!

— Claro que sim, claro que sim! – Grunhiu Grimir, fingindo uma careta de medo, receio e insegurança. – Os preparativos já começaram, a queda de Asgard e posterior de Midgard estão próximas.

— Não te deixarei tocar em Midgard! – Gritou o bravo Deus colérico, avançando de rompante na direcção de Grimir, a fúria brilhava intensamente em cada musculo do seu corpo, faíscas de raiva brotavam dos seus lindos olhos azuis, ondas de ódio irrompiam dos seus lábios, os seus movimentos estavam envenenados pelo puro e calculista rancor, desferiu de forma feroz um golpe do seu leal martelo, tentando inutilmente almejar Grimir, porém este desviou-se, protegendo-se com o grosso tronco da Árvore da Vida. – Não!

— Tornaste-te muito previsível, jovem Thor! – Exclamou o gelado vilão de forma impiedosa, sacudindo inúmeros grãos de areia da sua armadura. – Pensei que me iria divertir um pouco mais contigo, porém já compreendi que me enganei! Não passas de um presunçoso igual a Ódin!

— Vais pagar desgraçado! – Berrou Thor furioso, observando as sombras silenciosas que se infiltravam arrogantemente no seu sagrado paraíso do Norte. – Onde estão os meus companheiros? Onde está o meu pai?

— Já te disse, dei-lhes a vida eterna. Se queres mesmo saber eles lutaram como verdadeiros heróis, bravos, leais e valorosos homens de armas, todavia os seus esforços revelaram-se um autêntico fracasso perante o meu poder. – Proferiu Grimir, banhando-se no mais decrépito orgulho.

— O que fizeste com o poderoso Heimdall? Ele jamais se deixaria derrotar por um monstro como tu. – Interrogou Thor, segurando com força a mais pequena esperança que ainda luzia no seu interior, o Guardião nunca caíra, nunca!

— Ele debateu-se com bravura, talento e valentia, contudo o seu surreal poder não passou de um sopro da leve brisa, teve o mesmo destino dos outros. – Respondeu o Titã maravilhado com o tenebroso efeito que as suas duras palavras sortiam no coração do guerreiro Asgardiano.

— Isso não é verdade! – Gritou o Deus lívido de ódio. – Não alcançarás o teu propósito!

— Não devias ser assim tão otimista, parece que a vida naquele esgoto nojento que chamas de Terra amoleceu-te o espírito de luta, então o que se passa, príncipe Thor? – Atirou Grimir com maldade, queria provocar a maior desconcentração, a maior desolação, o maior medo e o maior ressentimento na mente do poderoso Deus, desta forma atingiria a última e derradeira etapa do seu maquiavélico e sórdido plano. – Depois de ter congelado, aniquilado, humilhado e maltratado a pura Asgard, deslocar-me-ei para Midgard, aí o fantasma do gelo reinará como senhor incontestável, lançando aquele nojento mundo na escuridão permanente, num silêncio inquebrável, tornar-se-á um lugar morto, caótico e inabitável, ninguém voltará a vislumbrar a luz do sol. Depois disto, os Titãs reinarão nos nove mundos, a nossa soberania será vista como lei, como lei! – Explicou, enfeitiçando o ar com o seu pérfido riso frio.

— Nem penses, não permitirei. – Murmurou o Deus colérico, olhando com desprezo o homem que personificava o mal, a vingança e o ódio.

— Apenas me faltam dois elementos para o ritual estar completo, espera um deles está somente à distância de uma mão. – Afirmou Grimir sorrindo de malícia e prazer, elevando uma das mãos negras, segurando em algo que mudaria o rumo daquele injusto combate, algo que apagaria para todo o sempre a luz do sol.

— Não! – Gritou o príncipe do trovão, vagueando pelas margens sombrias da sorte e do desconhecido, enfrentando uma ameaça que nem o próprio Ódin foi capaz de deter.

                Quais serão os elementos que Grimir necessita para finalizar o ritual? Conseguirá ele alcançá-los? Estará Thor pronto para encarar o que ainda se esconde por de trás das misteriosas palavras do feiticeiro?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nestes capítulos inspirei-me nas bandas desenhadas mais clássicas do Thor.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ondas de uma vida roubada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.