Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 41
A partida




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Quando o desconhecido ameaça a coesão pacífica do globo, somente os heróis mais poderosos da Terra lhe podem fazer frente, destrui-lo e obliterá-lo do universo, mantendo desta forma a harmonia imperturbável da humanidade, porém existem perigos inimagináveis que apenas os mais dotados e corajosos estão capacitados para enfrentar, Thor o lendário Deus do trovão é um espécime raro, quase extinto, forjado na perfeição para o confronto feroz com o inimigo dos séculos. A lua indistinta e as estrelas místicas iluminavam com mestria e admiração o seu magistral aspeto soberano, enaltecendo toda a lenda que no seu espírito vive, mitificando o poder trovejante do seu digno Mjolnir, fertilizando as competências heroicas do seu sagrado coração.

— Não tenho escolha, vejo-me obrigado a partir. Nunca, durante toda a minha infinita existência, me deparei com extraordinário poder. Apesar de ter consciência de que Asgard está protegida por todos os poderosos e sábios guerreiros de Ódin, não me deixo de sentir inquieto, como se a árvore da vida gritasse furiosamente o meu nome. – Pensava o nobre Deus alarmado, passeando-se pelo jardim da vasta mansão. – Porque é que aquele monstro utilizara a Diana como isco? Não a posso colocar outra vez em perigo, contudo acredito que ela apenas está segura junto a mim. Tenho a absoluta certeza de que não existe um Vingador capaz de fazer frente a tal indestrutível força. Por Ódin, que ameaça é esta que tem a tremenda ousadia de desafiar Thor o filho do Deus supremo, o Príncipe de Asgard, o lendário senhor dos trovões? – Cismava, à medida que cobria o rosto bonito com as mãos, pousando o seu fiel martelo sobre o manto relvado. – Asgard não tombará!

                      Diana estava deitada na sua cama, olhando o teto escuro, sentia cada osso do seu frágil corpo berrar de dor, contudo não era isso que a afligia, as perguntas cresciam na sua mente a uma velocidade impressionante, porém as respostas tardavam a chegar. Com alguma dificuldade pegou no seu telemóvel, marcava duas da manhã, ajeitou o seu pijama e os cobertores, queria dormir, no entanto o sono fugia-lhe por entre as esguias pestanas, espalhando-se pelas marés cristalinas do vasto oceano sonhador.

— O que será que decidiam na reunião de emergência? – Questionou a jovem em voz débil, apurando os ouvidos, apenas silêncio e mais silêncio. – Será que já terminou? Porque é que ninguém me diz nada?

                      Alguns passos apressados cruzaram a calmaria imperturbável do largo corredor que acessava aos quartos, uma batida suave na porta anunciou a chegada inesperada de alguém. A adolescente ergueu-se, acendeu a luz, não valia de nada fingir que estava a dormir, a curiosidade impedia-a de concretizar tal ação.

— Posso entrar? – Interrogou a voz baixa do Gavião Arqueiro, entreabrindo delicadamente a porta do confortável quarto.

— Clint, claro que podes! – Alegrou-se a morena, saltando da cama, quase tropeçando no tapete. – O que aconteceu? – Perguntou, pegando na mão do louro, sentando-o na borda da sua cama.

— Tem calma, como estás? – Inquiriu o mestre das setas em tom preocupado, olhando Diana com culpa e ressentimento.

— Eu estou bem, não te preocupes. Como correu a reunião? – Insistiu a Vingadora apreensiva, tentando ler as respostas escondidas no fechado olhar do Gavião.

— Bem, não tenho grande coisa para te dizer, nós não descobrimos grande coisa sobre o sucedido, somente sabemos que é alguém vindo de Asgard. – Explicou o herói em tom urgente, enfrentando o olhar inquisidor patente nos olhos marinhos da sua Sereia. – O Thor conseguiu salvar-te, porém não foi capaz de combater com a estranha criatura.

— Como ele está? – Questionou a jovem alarmada.

— Ele sente-se culpado com o que aconteceu, não está a passar um bom momento. – Respondeu Clint em tom distante, também muitas questões lhe perturbavam a mente, habitualmente despreocupada. – Mas isso agora não interessa, tive tanto medo de te perder, nunca mais faças uma coisa destas, por favor. – Pediu, abraçando a morena com força.

— Tens que confiar um pouco mais em mim, eu sabia o que estava a fazer. - Murmurou Diana em voz doce, beijando carinhosamente o rosto do louro.

— Promete que não te voltas a meter numa alhada destas outra vez! – Implorou o Arqueiro delicadamente, aninhando-se nas almofadas segurando a jovem junto do seu corpo, dando-lhe um leve beijo nos lábios.

— Prometo que não me meto em alhadas até a próxima pessoa precisar de mim, gostas do acordo? – Brincou a adolescente sorridente, tateando nos cabelos do mestre das setas. – Devias confiar mais nas minhas capacidades.

— Vou tentar, mesmo que quisesses tu não consegues mudar, esse maravilhoso sentimento de solidariedade corre-te nas veias. – Comentou o Gavião, respirando fundo, olhando Diana deliciado como se nunca tivesse estado na presença de tal beleza hipnotizante. – És linda, tenho tanta sorte em te ter encontrado. – Sussurrou, colando os seus lábios com trago a menta aos da morena, planando nas asas azuis de um profundo e infinito beijo marinho. – Nunca te quero perder.

— Nunca me vais perder. – Garantiu a Sereia em tom delicado, aninhando-se com ternura nos braços do Arqueiro, sentindo o maravilhoso arco das suas vidas ligado por uma poderosa corda de felicidade.

— Acho que vou dormir aqui, amanhã levanto-me mais cedo e assim não saberão! O que achas? – Sugeriu Clint de forma preguiçosa, acariciando o rosto da sua namorada.

— Eu queria, porém não sei se é boa ideia. – Disse a Vingadora sinceramente, depois daquela tenebrosa noite só queria dormir protegida pelos fortes braços do Arqueiro, fortalecidos pelo seu potente e inquebrável amor.

— Não acredito…

                      Novamente o imaculado silêncio do corredor foi quebrado por passos apressados, os dois heróis entreolharam-se aterrorizados, quem seria?

— Não faças barulho. – Sussurrou a Sereia mal mexendo os lábios

— Diana posso entrar? – Perguntou a voz familiar de Steve Rogers, batendo levemente na porta do quarto.

— Claro Cap! – Exclamou a morena em tom despreocupado erguendo-se do conforto da sua cama, fazendo sinal para que Clint lhe seguisse o exemplo, sabia que o Capitão não iria gostar do que iria ver, todavia não era capaz de o enganar.

— Ela só pode estar maluca, ele não me vai deixar em paz nos próximos vinte anos! – Pensou o Arqueiro aborrecido, observando a abertura lenta da porta.

— Queria saber como estavas, mas já percebi que estás ótima! – Exclamou Steve com desdém na voz, lançando um olhar de reprovação ao Gavião.

— Steve, espera não é nada do que estás a pensar! – Precipitou-se a Sereia de forma estridente, não o podia desiludir.

— Eu não estou a pensar em nada, não me tens que dar justificações, mas acho que a vossa imprudência vos podia ter custado muito caro, imaginem que era outra pessoa a entrar aqui, por exemplo o Tony. – Avisou o super-soldado em tom reprovador, virando as costas aos dois amantes.

— Só gostava de saber qual é o mal de visitar a minha namorada. – Atirou Clint friamente, estava farto das cenas do Capitão. – Qual é o teu problema afinal? – Perguntou, à medida que se levantava, segurando Rogers pelo ombro.

— Larga-me! Só queria que fosses um pouco mais sensato, mas já percebi que não és capaz. – Retorquiu o Capitão em voz áspera, sacudindo a mão do Arqueiro. – Acho que está na altura de ires para o teu quarto, a Diana precisa de descansar! – Ordenou em tom imperativo.

— Steve entende de uma vez por todas, ela é minha namorada, minha namorada! – Gritou o mestre das setas perdendo completamente a cabeça.

— Infelizmente. – Atirou Rogers friamente.

— Esta discussão vai terminar aqui! – Impôs-se a Vingadora irritada, colocando-se rapidamente no meio dos dois teimosos. – Clint é melhor ires, amanhã falamos. – Pediu, olhando o Gavião com uma expressão de aviso.

— Espero que estejas contente, estragaste-me a noite. – Retaliou o mestre das setas com rancor a pintar cada palavra que lentamente prenunciava. – Só vou porque ela pediu, até amanhã princesa. – Despediu-se, dando um delicado beijo nos lábios da jovem, Steve bufou de indignação, preparando-se para sair do quarto.

— Steve espera! – Pediu a jovem afastando-se do Gavião.

— Isto só pode ser brincadeira! – Ripostou o Arqueiro furioso, saindo da divisão a grande velocidade, olhando Steve com profundo ódio.

— O que se passa? – Questionou Rogers em tom feroz, fitando Diana com curiosidade.

— Queria pedir-te desculpa. – Afirmou a Sereia timidamente, segurando na mão do bravo herói. – Não te queria aborrecer, contudo não posso ser responsabilizada pelas respostas do Clint.

— Jamais te responsabilizaria pelos actos de outra pessoa, fica tranquila. – Garantiu o Primeiro Vingador honestamente, afagando a cabeleira de chocolate da morena. – Promete-me somente que não o deixas pisar o risco.

— Claro que não deixo, fica descansado. – Proferiu a Vingadora em voz baixa, sentindo algo estranho agitar-se no seu mais profundo e confidencial íntimo, a isso chama-se peso na consciência!

— Como estás? Depois de tudo o que se passou esta noite, se precisares de falar eu estou aqui. – Declarou o super soldado amigavelmente, olhando o elegante reflexo da Vingadora retratado no grande espelho.

— Eu sei disso Cap. – Murmurou a Sereia emocionada, abraçando o soldado com força e determinação, se pudesse escolher jamais o largaria, será que com estes pensamentos estaria a trair Clint?

— Agora talvez seja melhor descansares. – Sugeriu o Primeiro Vingador sorridente, conduzindo a Sereia até à requintada cama. – Salta para a caminha, vamos lá! – Exclamou em tom divertido, segurando a morena com delicadeza, deitando-a carinhosamente nas almofadas, tapando-a com os cobertores, depositando naquele simples gesto toda a sua ternura. – Dorme bem. – Murmurou, dando-lhe um suave beijo na testa.

— Posso perguntar uma coisa? – Inquiriu a Sereia em tom sumido, sentindo o calor da sua cama invadir o seu espírito, o tão desejado sono estava a chegar.

— Já estava á espera, se queres saber se o teu protetor mistério apareceu esta noite, sim ele apareceu, contudo conseguiu escapar. – Respondeu Steve amavelmente, apagando a luz, saindo e fechando a porta, com a clara certeza de que nada nem ninguém teria a força suficiente para quebrar aquele fantástico laço.

                      No dia seguinte, a Vingadora acordou bastante tarde, quando entrou na sala de refeições apenas Thor estava sentado á mesa, fitando a sua taça vazia.

— Thor, estás bem? – Questionou a heroína em voz tranquila, sentando-se ao lado do Deus, agarrando-lhe o braço pousado sobre a mesa.

— Estou ótimo, e tu como estás? – Perguntou o louro de forma distante, segurando a mão fria da jovem.

— Estou bem. Sabes quem nos atacou? – Aquela pergunta saíra-lhe repentinamente pelos finos lábios.

— Ainda não. – Respondeu o príncipe de Asgard impressionado, mirando a adolescente com interesse. – Daqui a pouco partirei para Asgard, ele encontrar-me-á no meu reino, logo saberei as suas verdadeiras motivações.

— Tens mesmo que ir? – Questionou a morena tristemente.

—Não tenho escolha. Contudo gostaria de te perguntar se gostarias de vir comigo? Se gostarias de lutar a meu lado? Se gostarias de engrossar o bravo e digno exército Asgardiano? – Interrogou Thor esperançado, vislumbrando um raio de surpresa iluminar o rosto da Sereia.

— Oh Thor, eu lamento, mas, mas, mas eu não posso ir contigo, peço perdão. – Respondeu Diana de forma melancólica, desviando o seu olhar do Deus do trovão.

— Não tens que pedir perdão, nem te irei julgar, só que achei, talvez estupidamente, que apenas perto de mim estarias totalmente segura, eu é que peço perdão por não confiar nos meus companheiros. – Afirmou o louro, sentindo a desonra envenenar-lhe a alma divina, observando a profunda barreira que crescia entre ele e a bela Sereia, talvez construída por outro coração.

— Desejo-te muita sorte, eu vou estar sempre aqui à tua espera. – Prometeu a Vingadora sorrindo suavemente, olhando Thor com real carinho. – Não te demores. – Pediu.

— Já estou a contar os segundos para regressar, espero que esse lindo sorriso me guie na minha jornada. – Murmurou o louro de forma delicada, messe momento constatou que os laços que os união resistiriam, com a força de mil trovões, aos obstáculos que cruzassem os seus caminhos. – Adeus, eu não tardarei.

— Adeus Thor! – Exclamou a jovem, aquela despedida martelava-lhe fortemente no peito, no entanto sabia que era inevitável.

                      Uma estranha sombra arrepiante deslizava de forma arrogante sobre o místico reino de Asgard, arrastando a seus pés o espírito da vingança, da violência e da maldade, manchando o sagrado território lendário com a podridão e a ganância manipulada de outrora, a escuridão deambulava a seu lado, enfeitiçando o céu platinado. A esperança, a paz, a harmonia e a luz brilhavam na ponta celestial do martelo forjado pelo tempo, comandadas pela indomável bravura e vontade do astro do Norte, à medida que este planava sobre as suas devastadas terras, mergulhadas num silêncio negro e congelante. 

O que aconteceu aos habitantes de Asgard?


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