Consequências de Guerra escrita por CaptainPhasma


Capítulo 2
A Treva se Aproxima




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Luke manejava seu sabre com desenvoltura. A lâmina reluzia, em movimentos pendulares. O barulho da energia pulsante do cristal fazia zun zuns no ar a cada vez que se movia. A aula de hoje eram movimentos de ataque e defesa. Crianças, meninas e meninos entre cinco de dez anos, olhavam com atenção os movimentos mostrados. Eram cerca de sete. Sete potenciais com a Força que Luke descobrira em suas viagens entre mundos. Usando o clássico manto marrom Jedi moldado sob medida, eles estavam sentados em roda a sua volta. Luke apontou para um dos pequenos que estava mais afastado dos demais. Tinha uma expressão mais fechada em seu rosto triangular e cabelos longos escuros.

— Poderia demonstrar para nós? - Falou Luke dando um sorriso para o menino humano.

O Menino ficou parado por um tempo, apenas olhava para seu mestre sem falar nada. Luke até pensou em chamar outro de seus pupilos devido a inércia do rapaz. Porém, alguns segundos depois, ele levantou e começou a se dirigir para o meio da roda. Luke chamou outro de seus aprendizes, dessa vez uma menina, uma Twi'Lek azul-marinho de nome Peku Wu. Luke entregou a cada um sabre de treinamento cuja lâmina tinha pequenos bastões verticais acoplados a volta de uma haste de metal. O menino pareceu não ficar muito feliz com a inofensividade do artefato. Luke percebeu o desconforto do aprendiz e entendia, ele mesmo era bastante impulsivo, imaginava como estaria se sentindo caso Ben Kenobi tivesse lhe dado um sabre de treinamento naquela época. Já a menina parecia radiante, alegre com a chance de demonstrar o que aprendera na aula.

— Nossos dois colegas farão uma demonstração do que aprenderam nas últimas aulas. Os demais, fiquem atentos e prestem bastante atenção nos movimentos. - Luke falou para toda sua plateia. - Confiem nos seus extintos, sintam a força lhes guiarem. Podem começar. - Dessa vez, para os dois que se preparavam para a luta.

A batalha começou lentamente, os dois se estudando. Luke prestava bastante atenção nos movimentos dos pés, na guarda e na ação dos sabres. Parecia satisfeito com o que estava vendo. Os tubos dos sabres piscavam uma luz verde a cada colisão, um efeito que imitava os sabres de luz de batalha. O menino tentou um golpe lateral, mas a Twi'Lek defendeu com o sabre ao contrário. Mais um golpe, dessa vez de cima para baixo e mais uma vez a menina defendeu, movimentando a arma circularmente. Após uma sequência de ataques por parte do rapaz, a Twi'Lek conseguiu abrir uma brecha rebatendo um golpe reto e desviando de uma investida no alto, atacando e atingindo o ombro direito do rapaz com uma força um pouco maior do que esperava. O menino recuou, pousando a mão no ombro, a cara de dor.

— Des.. desculpe. - Falou a Peku Wu com medo de ter machucado seu colega.

A máscara de dor foi substituída rapidamente por uma expressão de raiva intensa e o menino atacou com força sua oponente. A menina defendeu, mas a intensidade do ataque a jogou alguns passos para trás. O menino atacou novamente, a velocidade e força dos ataques não deixava a menina se recompor, muito menos tentar qualquer reação. Mais um ataque com muita força, dessa vez atingindo-a no braço, a derrubou no chão. O sabre voou para longe. Ele preparava-se para mais um ataque, erguendo o sabre acima de sua cabeça, seria o golpe final em sua oponente. A menina fechou os olhos, colocando as mãos a frente para proteger o rosto, mas então, o bastão parou no ar, a centímetros dela. O garoto tentava empurrar o sabre, mas parecia que algo invisível bloqueava o golpe. Os olhos da menina encontraram os do rapaz, seu olhar era assustador, era como se quisesse matá-la.

— Já chega. - A expressão de Luke era de medo. O modo como o menino agira, ele já vira isso anteriormente, fora quando lutara contra seu pai, Darth Vader na Estrela da Morte. Quando a raiva assumira o controle de seu corpo e guiava seus golpes. Quando o lado negro da Força esteve mais perto de envolvê-lo. - Acabamos a aula por hoje.

Luke aproximou-se do menino. - Me dê o sabre. - Ele baixou a guarda, a respiração era rápida, o peito subia e descia com violência e o ar era jogado pela boca. Com a cabeça baixa ainda olhando para a menina assustada aos seus pés, ele deixou cair a arma. O bastão fez um baque seco ao chocar-se com a grama do chão. A Twi'Lek se afastou, arrastando-se pelo chão, muito apavorada. A mão de Luke pousou no ombro de seu pupilo. - Acalme-se, Ben.

Então, Ben desapareceu. Não só ele, em um piscar, todos os alunos desapareceram. Começou a chover, escureceu de repente, trovões rasgavam o céu com um barulho estrondoso. Raios iluminavam por milésimos de segundos o ambiente a sua frente. Onde estava? Parecia o mesmo lugar, mas ainda sim diferente. O local piscou mais uma vez com a luz de outro raio. Um suspiro escapou da boca de Luke ao reparar na situação a sua frente. Haviam diversos corpos a sua frente, muitos membros decepados. Eram todas crianças. O que mais o assustou é que reconhecera a roupa que usavam, o manto marrom da ordem. Correu em direção a chacina. Então, tudo mudou novamente. Agora estava de frente para um lago, a seus pés um corpo azul-escuro. Mesmo aparentando alguns anos a mais, reconheceu sua aluna. Peku Wu jazia morta aos seus pés.

O peso da gravidade fez tombar seus joelhos. As lágrimas caiam, misturando-se as gotas de chuva. Então, foi pego desprevenido. A cabeça puxada pelos cabelos para trás. A luz vermelha intensa do sabre pulsava a milímetros de seu pescoço. Era quente. A voz eletrônica profunda que saia da máscara escura era como um golpe de faca rasgando toda a extensão de suas costas. - Eu terminarei o que ele começou.

Não.

Luke acordou com um pulo da cama, a respiração tensa e rápida. O suor grudava os lençóis a suas costas como cola. Tremia. Os pesadelos já eram constantes há algum tempo, pensava que seriam passageiros, mas estavam cada vez piores. Cada vez mais reais. E se não forem pesadelos? Pegou-se lembrando de Dagobah, das palavras que Mestre Yoda lhe falara sobre o que sentira quando Leia e Han estavam em perigo na Cidade das Nuvens. Que um Jedi poderia ter visões do futuro, mas que as essas imagens não eram fixas, eram apenas eventos com chance de acontecer. Como saber o que é real e o que é apenas um sonho? Era uma das poucas coisas que Luke não entendia acerca da Força. Levantou da cama e foi em direção a rua. Perdera completamente o sono.

Do lado de fora, o ar era seco e o vento era forte. Não estava mais nas planícies gramadas de seu sonho e sim no terreno arenoso de Tatooine, na antiga casa de seus tios. Ainda estava escuro, entretanto, pequenos feixes alaranjados pincelavam o céu, surgindo no horizonte. Os dois sóis começavam a nascer. Uma moça do tamanho de luke, aproximou-se pousando a cabeça em seu ombro. Ela usava um vestido largo azul confortável, os cabelos vermelhos intensos balançavam ao vento. A barriga fazia uma leve saliência sobre o vestido. Era Mara Jade, sua esposa e estava grávida. - Ainda tendo pesadelos?

— Aquela criatura da máscara continua a me assombrar. Serão visões? Às vezes, penso em desistir de criar uma nova ordem, se esse for nosso futuro.

— Esqueça isso. Você sabe muito bem que nosso futuro não é determinado. Vai ficar tudo bem.

Os dois assistiram abraçados o nascer dos sóis. O evento era de beleza incomensurável, mesmo assim, cada novo dia deixava Luke preocupado. Era um dia a menos para a chegada do dia de seus sonhos. Ele beijou o couro cabeludo de sua amada. - Espero que esteja certa.

Os pingos de suor caiam em cascata pelo chão formando um caminho da academia até de volta ao seu quarto. Leia podia ver todas as impurezas que saíra de seu corpo, junto com pensamentos ruins e todo o estresse das reuniões; um rastro de culpa em seu encalço. Exercitar o corpo era uma das partes mais importantes de sua inquebrável rotina, tanto que separava momentos em meio a missões para fazer algumas flexões. Não era apenas por pura vaidade, a necessidade de estar com o corpo em dia era questão de sobrevivência. Reflexos ágeis e músculos em forma poderiam ser a diferença entre a vida e a morte em situações de perigo. O que para Leia eram muito comuns.

Puxou a toalha de seus ombros e enxugou um pouco do suor do rosto que teimava em querer cair em seus olhos. O gosto salgado tocava seus lábios. C3PO estava parado a frente da porta da suíte, ele movia-se rigidamente, um pouco apreensivo com a chegada da princesa. Quem tivesse feito o robô de protocolo podia ter colocado algumas articulações a mais, talvez assim ele não se move-se tão ridiculamente. Leia não conseguiu segurar um pequeno riso com o pensamento.

— Princesa, eu a avisei que demoraria, mas, mesmo assim, ele quis esperar.

Ele não aprende, suspirou, dando uma pequena olhada de desdém para cima. - Quem quis esperar? - Não precisou esperar a resposta do dróide para descobrir. Logo após abrir a porta, visualizou o porte grande e rigidamente militar do General Carlist Rieekan parado em frente à janela admirando a vista da cidade na noite.

— Admirando a vista da cidade? Não tem uma igual no seu quarto? - O homem riu, conhecia o jeito difícil de Leia. O jeito de eterna adolescente rebelde.

— Tem uma bela vista daqui. A minha dá de frente a nada recheado com concreto e metal. - Os faróis dos veículos pareciam estrelas no céu voando entre os prédios. As luzes artificiais iluminavam a praça central criando um espetáculo único sobre a fonte que jorrava água para o alto, em uma cidade que nunca dormia.

 

As feições em seu rosto cansadas e marcadas. Alguns fios de cabelo branco pipocavam em meio as madeixas castanhas. Carlist era apenas alguns anos mais velho que Leia, entretanto o estresse da guerra podia ter efeitos devastadores no processo de envelhecimento. Ele virou-se em direção a Leia que, antes mesmo de ele sequer abrir a boca, começou a falar.

— Espero que não tenha vindo me dar sermões, caso contrário saiba que perdeu seu tempo. - A porta atrás de Leia fechou-se com um clique tênue. Era uma peça enorme de madeira decorada, retirada da floresta da lua de Endor. Pegou-se lembrando da estadia no planetoide, a batalha pelo destino da galáxia, o perigo em cada esquina e o pensamento de que poderia morrer a qualquer momento. Alguns podiam pensar em como Leia superou todo esse horror, entretanto, essa era a parte divertida e a que sentia falta no momento. A adrenalina pulsando, o cheio de ozônio dos feixes passando raspando a pele. Sua boca salivava com a mera menção de voltar a ativa. Estranho jeito de se divertir, poderia se autodenominar masoquista, caso não preferisse o eufemismo aventureira. Seus pensamentos foram levados de volta a realidade quando Carlist falou.

— Vai incorporar a rebelde comigo também? - Ele levantou umas das sobrancelhas.

— Até onde eu sei, todos aqui são rebeldes. - Leia retrucou. Cruzou os braços, deixando seu corpo apoiar-se na parede.

— Está pensando que estou aqui para lhe repreender pelo pequeno show de agora pouco na reunião? - Ele deixou escapar uma risada por entre os dentes.

— Não deixarei insultarem meu planeta ou a mim. Se para ser membro do conselho, devo deixar que pisem em minha dignidade, não sei porque abandonei os campos de batalha.

— E todos sabemos que está falando a verdade. Entretanto, esse não é o assunto que me levou a lhe procurar. O império perdeu poder, ainda detém muita influência na galáxia, é verdade, mas, definitivamente, hoje estamos com a chance para a Nova República surgir de verdade. Mostramos que não eramos uma luta perdida e cada vez mais e mais sistemas se unem a nós.

— A onde quer chegar?

— Isso é aonde quero chegar. - Um cartão fino, quase transparente, voou pelo ar até chegar nas mãos de Leia. - Nossos novos amigos.

Em suas mãos, ela manipulou o objeto, era um cartão de dados. Com os dois dedos, indicador e polegar, fez o cartão expandir seu conteúdo. O holograma projetado mostrava informações sobre um Rodiano cuja face era familiar, seu de nome era Nux e ele era representante da Federação do Comércio.

— Nux… Federação do Comércio? Não foram eles que começaram com o movimento separatista da antiga república? Por que estaríamos lidando com eles novamente?

— Por que é assim que a política funciona. Precisamos deles no nosso lado.

— A federação ganhou muito dinheiro na antiga república, ganhou muito mais na era imperial e pretende ganhar ainda mais na nova república. São carrapatos, vermes que grudam onde puderem sugar mais e engordar seus estômagos gulosos. Não possuem lado a não ser o deles mesmos. Acha mesmo que se tiverem a oportunidade de nos traírem sabendo que ganhariam mais não o fariam num piscar de olhos?

— Sabia que falava com a pessoa certa. Mothma está presa ao jogo político, é justa, mas pouco firme, está cedendo gradativamente e isso é perigoso. Poderia pedir um voto de desconfiança, todavia não teria apoio e isso apenas desgastaria minha imagem.

— E onde eu entraria nisso?

— Onde você mais gosta… em campo. Preciso que investigue nosso amigo da Federação. Algo nele não me cheira bem.

— Porque você acha que eu faria isso?

— Sei que vai. Está louca para isso – Falou Rieekan enquanto saia pela porta, deixando Leia a pensar na proposta. - Fique com os arquivos, é um presente. Veja se acha algo de mais útil.


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Notas finais do capítulo

Demorou, mas está ai! A dificuldade de escrever uma obra é enorme e o tempo cada vez mais curto. Não tenho prazo para o próximo capítulo, com o TCC chegando ficará cada vez mai difícil arranjar tempo para escrever. Espero que gostem e comentem!